Hisoka, assassino compulsivo escrita por Malk


Capítulo 6
Hey Jude!


Notas iniciais do capítulo

Demorou mais do que eu queria, mas aí está. Boa leitura!



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Após ter assassinado a maioria dos antigos companheiros de circo, Hisoka fugiu daquela cidade. Ele era forte, mas depois de dois dias correndo e com uma bala alojada na barriga, o rapaz começou a sucumbir ao cansaço e acima de tudo ao ferimento.

— É assim que acaba a minha trajetória? Não posso me queixar, fui um mágico prodígio e um exímio assassino, embora ainda há uma coisa que eu quero fazer antes de morrer, tantos lugares para conhecer, tantas pessoas para matar...

Hisoka não fazia ideia de onde estava, ele apenas caminhava com dificuldade por uma longa estrada praticamente deserta que atravessava uma espécie de serrado. Sem forças, ele apenas deitou de barriga para cima no meio da estrada e permaneceu desta maneira até perder a consciência.

****

Hisoka acordou em uma mesa de cirurgia. Não sabia como chegou ali e se sentia tonto e enjoado, contudo conseguiu ver uma médica acompanhada por dois enfermeiros.

— Com todo respeito doutora, é loucura tentar tirar a bala, ele pode morrer – um dos enfermeiros estava preocupado.

— Se a bala continuar aí é que ele morre – ela suava, então deu um longo suspiro – Seja o que Bog quiser.

A médica cortou ainda mais profundamente os órgãos internos do paciente e retirou a bala com uma pinça cirúrgica. Hisoka estava consciente, porém não sentia dor tampouco conseguia falar ou se mexer. Mas o que mais o surpreendeu não foi a retirada da bala e sim o que veio depois, a mulher colocou as mãos poucos centímetros acima do ferimento e uma luz prateada saiu dela. Logo em seguida, o paciente dormiu novamente.

*****

Quando Hisoka acordou novamente, ele já estava no quarto. Pouco depois uma enfermeira passou em frente e o viu desperto.

— Ah menino, finalmente acordou! Vou chamar a doutora, ela quer falar com você.

Ele não disse nada, mas estava ansioso para falar com a médica que o operou.

Dez minutos depois uma mulher de aproximadamente quarenta anos de idade, cabelos loiros curtos e usando as tradicionais roupas e jaleco brancos entrou no quarto.

— Que bom que está acordado! Sabe que você foi operado, não é?

— Percebi – ele colocou a mão sobre o curativo.

— Eu sou a doutora Jude, fui eu quem te operei. Qual é o seu nome?

— Hisoka.

— Então Hisoka, posso saber como você levou aquele tiro?

— Eu não lembro – ele mentiu.

— Julgando por onde você foi encontrado e pela maquiagem que estava usando, acredito que seja um sobrevivente do massacre do circo. Não vou te forçar, mas se quiser falar sobre o assunto me procure.

— Obrigado!

A médica se despediu e já estava saindo do quarto quando Hisoka a chamou.

— Doutora Jude.

— Sim.

— Que luz era aquela que saiu das suas mãos quando você estava me operando?

Jude se espantou. Não sabia que o garoto estava acordado naquele momento e muito menos que conseguia ver sua habilidade.

— Por acaso você é usuário de nen?

— Nen? O que é isso?

— Intrigante... - ela colocou a mão no queixo, pensativa – quando você tiver alta teremos uma conversa.

Os dias foram passando. Ficar confinado em um quarto de hospital era torturante para alguém como o Hisoka e mesmo já se sentindo bem para fugir dali, ele aguentou firme pensando sobre o que viu na mesa de cirurgia e sobre a tal conversa que a doutora Jude disse que teria após sua alta. Nen... o que seria isso?

Cinco dias após a cirurgia, Hisoka estava comendo geleia de morango no seu leito quando recebeu a visita da médica.

— Olá Hisoka, como você está?

— Muito bem e pronto pra sair daqui!

— Ansioso não é? Fique tranquilo, eu já assinei a sua alta. Você tem família ou algum lugar para onde ir?

— Eu dou meu jeito.

— Você quem sabe. Agora eu tenho que ver outros pacientes, foi bom te conhecer— ela começou a andar rumo à saída.

— Hey Jude!

— Pois não?

— Você me prometeu uma conversa sobre aquela luz que saiu da sua mão quando estava me operando e também sobre o tal nen.

— Verdade, eu tinha me esquecido disso. Meu plantão acaba às sete da noite, me espere no portão principal do hospital.

No fim do dia, quando Jude estava saindo do seu hospital, Hisoka a esperava conforme o combinado.

— Vejo que realmente está interessado. Venha comigo.

O rapaz foi com a médica até o estacionamento, onde ela o mandou entrar no seu carro. Ela dirigiu por vinte minutos e os dois trocaram poucas palavras durante o trajeto. Hisoka estava curioso sobre o que doutora tinha a dizer, mas não a ponto de demonstrar ansiedade.

— Chegamos – Jude estacionou na garagem de uma casa pequena, porém muito bonita e logo depois eles entraram na casa.

— Então Hisoka, o que você viu exatamente durante a cirurgia que chamou sua atenção?

— A senhora estava conversando com os seus ajudantes, algo como ser perigoso retirar a bala, mas você insistiu e depois de retirar, colocou a mão em cima do corte e aí saiu aquela luz que te falei.

— Intrigante... Tem certeza de que não sabe o que é nen?

— Absoluta.

— Está vendo alguma coisa diferente em mim agora?

Hisoka olhou cuidadosamente para Jude.

— Tem uma silhueta estranha, parece... Uma neblina ou coisa assim.

— Exato. Você é um usuário de nen nato, um raro prodígio. Mas ainda assim vou começar pelo começo.

Assim, Jude começou a ensiná-lo sobre nen. Os dois combinaram de que, sempre ao fim dos plantões no hospital, eles se encontrariam para que ela desse mais lições ao garoto. Hisoka não tinha para onde ir e tampouco pediu moradia para sua nova mestra, mas ele deu o seu jeito de viver do que a natureza oferecia.

*****

Dois meses se passaram. Hisoka já dominava as quatro técnicas básicas de nen e estava em um dos treinos com a sua mestra.

— Doutora Jude.

— O que é?

— A senhora ainda não me contou como usou nen para fazer a cirurgia em mim.

— Eu retirei a bala do seu corpo como faria qualquer médico, o problema é que ela estava alojada em um órgão vital e a chance de você sangrar até morrer era grande, então eu usei uma leve rajada do meu nen para cauterizar o corte.

— Interessante. Outra curiosidade, será possível utilizar o nen em algo como uma luta?

— Sim e é o que a maioria dos hunters fazem.

— Hunters?

— Nunca ouviu falar na Associação Hunter?

— Apenas por alto.

—–Como o próprio nome diz, hunters são caçadores licenciados. Em tese buscamos qualquer coisa, tesouros, animais, pessoas. Eu sou uma Hunter médica, já rodei o mundo buscando cura de doenças, mas agora resolvi sossegar e fico apenas no hospital como cirurgiã, uso meu nen apenas em casos extremos como o seu. E por falar em nen, eu descumpri uma norma da associação te ensinando sobre isso, mas não poderia perder a oportunidade de treinar um talento como você.

— Fico agradecido.

— Tenho certeza de que se um dia você prestar o exame Hunter será aprovado sem muita dificuldade. Mas não vou falar sobre isso agora, você já está pronto para saber qual é o seu tipo de nen. Lembra de uma aula que te dei sobre isso?

— É claro.

— Então vamos ao que interessa – Jude foi até a cozinha e voltou pouco depois com dois copos d’água com um pequeno pedaço de papel boiando em cada um deles – veja isso.

Jude colocou suas mãos sobre o copo e usou ren, então a água ficou azul instantaneamente.

— A água mudou de cor, isso quer dizer que o meu nen é de emissão. Agora faça você.

Hisoka fez o que a mestra solicitou, porém não viu diferença alguma na água.

— Não aconteceu nada? O que isso significa?

— Prove a água.

O rapaz provou um gole da água e sentiu um forte sabor de chiclete de morango. Animado, terminou de beber.

— Vejo que a água ficou bem gostosa – a mulher deu uma risada.

— É verdade, sabor de infância.

— Seu nen é de transformação, você possui a capacidade de mudar as propriedades da sua aura. Você poderá criar um hatsu bastante interessante, será muito útil se quiser entrar para outro grande circo.

Hisoka sorriu ligeiramente, pensando em todas as possibilidades que transformar sua aura traria.

*****

Mais dois meses se passaram, tempo no qual Jude ensinou técnicas avançadas de nen ao seu discípulo. Secretamente, Hisoka desenvolveu as técnicas bungee gum e textura enganosa.

Um dia, diferente da forma costumeira, Jude marcou de encontrar o discípulo no topo do monte mais alto daquela cidade. Quando ela chegou, Hisoka já a esperava.

— Olá Hisoka!

— Olá mestra!

— Desta vez resolvi marcar aqui monte Pyton onde te darei a última lição.

— Hum.

— Estamos no ponto mais alto desta cidade, dê uma boa olhada em trezentos e sessenta graus.

Hisoka olhou atentamente ao seu redor.

— Esse é o mundo, explore-o. Se quiser voltar a ser artista de circo, viaje com ele pelo mundo, se quiser ser Hunter, vá a caçada! Você ainda é jovem e terá muitas oportunidades de descobrir quem você é.

— Eu já sei quem eu sou.

— Isso é bom.

— Sou um assassino.

Jude ficou em silêncio, então Hisoka prosseguiu.

— Eu não sou um sobrevivente do massacre do Viva La Vida, eu sou o assassino. Arrependida de ter salvo minha vida?

— Não. Fiz um juramento de salvar não importa a quem, e acredite, nos meus quase vinte anos de Hunter já lidei com todo tipo de mal elemento.

— Então já que esta é minha última lição, gostaria de desafiá–la para um combate mortal.

— É sério? – ela não conteve a gargalhada – volte daqui a uns dez anos e quem sabe você tenha alguma chance.

Sem dizer nada, Hisoka deu um chute na barriga da Jude. A mestra evitou o golpe se defendendo com suas mãos, mas mesmo assim ela foi arremessada alguns metros, caindo em pé apenas porque era muito habilidosa.

— Nada mal para um moleque que acabou de aprender nen, não acha? – Hisoka perguntou ironicamente.

— Não imaginei que você já utilizava técnicas de reforço, muito bem. Já que quer lutar a vera, vamos nessa!

Jude realizou uma sequência de socos rápidos e potentes. Hisoka conseguiu se defender de alguns, porém foi atingido pela maioria.

— Ainda quer continuar? – perguntou a mulher, vendo o discípulo agachado e bastante ferido.

— Ha há há, você caiu na minha armadilha.

— Como?

— Grudei minha bungee gum em você. Se não acredita, olhe para seu peito com gyo.

Jude, intrigada, fez o que Hisoka falou e constatou que havia uma espécie de goma cor de rosa feita de nen grudada no seu tórax.

— É, você me pegou! – a mestra ainda sorria.

— Eu achei que ia ser mais divertido, mas enfim, vamos acabar logo com isso.

Hisoka puxou sua goma de volta com uma incrível força. Enquanto era puxada, Jude apontou seu dedo indicador na direção do adversário e atirou um raio de energia contra ele. O rapaz, mesmo machucado conseguiu se esquivar.

— Estou decepcionado doutora Jude, um tiro tão fraco...

Antes que terminasse a fala, Hisoka percebeu que o tiro emitido pela mestra provocou um recuo que superou a força com a qual ele a puxava. Em frações de segundos, ela parou a cerca de vinte metros de distância dele.

— Você pode correr, mas não pode se esconder – gritou Hisoka.

— Correr?

Jude concentrou seu nen na sua mão direita e, valendo do conhecimento de que usuários de transformação têm dificuldade em projetar sua aura, cortou a bungee gum.

— O que estava dizendo? – ela irozinou.

Hisoka, apesar de talentoso, ainda era inexperiente e não contava com esta estratégia por parte da adversária. Sabia que precisava se aproximar dela então começou a correr em sua direção, quando repentinamente teve seu movimento interrompido.

— O que? – ele se espantou, não conseguindo mover suas pernas.

— Olhe para baixo.

Ele o fez e viu suas pernas presas por simples musgos.

— Você quem fez isso, não é?

— Um pouco de manipulação, um pouco de emissão e muito mais experiência em lutas do que você imagina. Foi divertido te treinar e lutar com você, mas sou uma mulher ocupada, então adeus.

Jude disparou um poderoso tiro de nen contra Hisoka, que não teve a menor chance de defesa. Logo depois ela chegou perto do discípulo que estava extremamente ferido, porém consciente.

— Não vou te dar o golpe de misericórdia, mas também não vou te curar de novo, então se não conseguir sair dessa sozinho, não merece viver. Adeus.

Ela se virou e partiu. Hisoka estava quase morto, sentindo pela primeira vez o gosto amargo da derrota. Todavia, de uma maneira contraditória, ele ria por dentro por ter tido uma luta digna e sabia que se quisesse enfrentar sua mestra novamente, ainda teria que aprender muita coisa.


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Notas finais do capítulo

Não dá pra ganhar todas, não é Hisoka?



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