Hisoka, assassino compulsivo escrita por Malk


Capítulo 11
Under the bridge


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Chegar até a Cidade do Meteoro não era uma tarefa simples. Primeiramente, sua localização era desconhecida, você não a encontra em mapas ou atlas e segundo muitos, ela não passa de uma lenda. Porém, com um pouco de insistência, Hisoka conseguiu informações orais, mais precisamente por parte de um grupo de extermínio que descarta cadáveres na tal cidade, e enfim soube como chegar. Outro problema é o caminho em si, cheio de perigos e obstáculos, principalmente para extrangeiros como o seu caso.

Mas o mágico conseguiu superar tudo e, em uma tarde ensolarada, finalmente chegou à entrada da Cidade. Era o lugar mais feio no qual havia estado até hoje, cercado por montanhas de lixo e nem é necessário dizer que o cheiro era quase insuportável. Havia pessoas andando por lá, a maioria revirando o lixo, porém alguns jogavam coisas e fugiam rapidamente para bem longe.

Apesar deste cenário, Hisoka não se intimidou, passou tranquilamente pelo lixão inicial e adentrou à cidade. Como era de se esperar, ele estava sendo observado afinal, era comum forasteiros jogarem coisas e depois saírem, a própria cidade – atualmente com a população de um país – nasceu e cresceu com o que os outros não queriam mais, porém um homem de fora simplesmente entrar era algo bastante raro.

Depois de andar algumas centenas de metros, um bando formado por três homens e duas mulheres, todos maltrapilhos e armados com correntes e porretes, abordou o estranho.

— O que você quer? Não gostamos de tipos como você - ameaçou um deles.

Hisoka os analisou. Não parecia ser perigosos e tinha certeza que poderia eliminá-los facilmente, contudo o grande problema não era a força quase nula deles, e sim a quantidade. Não do bando de cinco mulambos que o abordou, e sim dos milhões de habitantes da cidade que o rodeavam.

— Vocês aceitam tudo, só não leve nada de volta, não é isso? - o mágico, com perspicácia, citou o lema da Cidade do Meteroro, conhecido por poucos de fora.

— Ah… bem…

Eles não estavam preparados para esta declaração e não sabiam o que fazer. Instantes depois, chegou outro homem com um cabelo moicano, vestindo estilosas, apesar de velhas, roupas e couro e pilotando uma moto que apesar de parecer feita de sucata era bastante veloz.

— O deixem entrar.

O bando, ao ver o motoqueiro, não falou mais nada e rapidamente correram para dentro de buracos.

— Obrigado – Hisoka agradeceu.

— Você parece inteligente. Realmente aceitamos tudo no nosso lar, então se você se acha um lixo e veio se jogar aqui, quem sou eu pra recusar, não é? - ele começou a rir da própria piada – E qual é o seu nome?

— Hisoka, e o seu?

— Me chamam de Sentinela. Você é bonitão e bem arrumado, se meteu com pessoas erradas e veio se esconder aqui não é? Não responda, uma coisa que ninguém de fora sabe é que, além de aceitarmos tudo e não permitir que ninguém leve nada, também não perguntamos nada. Matou sua própria mãe? Não quero saber.

— Hum.

— Em poucas horas vai anoitecer, de dia aqui é quente mas de noite faz um frio desgraçado, então sugiro que encontre abrigo. Se alguém te atacar ou tentar te roubar você pode se defender, mas se um recém chegado matar um irmão nem que seja por legítima defesa, vai ser esquartejado em praça pública. Além disso… sei lá, o resto você vai aprender sozinho. Toma cuidado! - o Sentinela parou de falar, subiu novamente na moto e saiu em disparada.

Ainda naquela tarde, Hisoka montou um barraco improvisado com algumas coisas que encontrou e nos dias que se seguiram, se ambientou com aquela cidade e seus habitantes. A Cidade do Meteoro é um lugar bastante peculiar. Não há um governo formal, porém não se trata necessariamente de uma anarquia, existem regras a serem cumpridas onde todos são fiscais e juízes, em uma estrutura difícil de entender para quem veio de fora. Mas apesar disso tudo, há uma hierarquia, com os misteriosos patriarcas - respeitados por todos, nunca vistos por ninguém – no topo. Outro grupo muito famoso e de especial interesse para o nosso assassino é a Genei Rhyodan. Sempre que se fala sobre as aranhas pelo mundo afora, logo as pessoas lembram de roubos, assassinatos e muito medo. Na Cidade do Meteoro é bem diferente, eles são considerados heróis, daqueles que as crianças querem ser quando crescer. É muito provável que o grande desenvolvimento da cidade nos últimos anos tenha sido finaciado pela Genei Rhyodan, mas isso é apenas uma suposição.

Depois de se misturar aos cidadãos, o próximo passo que o Hisoka queria dar era encontrar Chrollo e para isso, ele precisaria partir rumo ao centro da cidade. Após dias de caminhada finalmente ele chegou à uma espécie de capital, muito mais próspera do que a pereferia, provando que até na lixeira do mundo existe uma grande desigualdade.

No centro, conseguiu informações de que as aranhas ficam a maior parte do tempo fora da cidade, mas que quando vinham eram saudados publicamente, então o mágico decidiu apenas esperar pacientemente até alguma dessas aparições públicas.

Certo dia, cerca de um mês após sua chegada, Hisoka estava revirando uma lixeira quando encontrou um jornal local, surpreendentemente bem produzido, onde na manchete estava escrito “O anjo Chrollo Lúcifer voltará para casa no próxima sexta, com desfile na rua central”. Isso deixou o assassino em êxtase, mal podia esperar até o dia da aparição pública do seu futuro oponente, de forma que na noite anterior ele dormiu na tal rua central para não correr o risco de não conseguir encontrá-lo.

Realmente, já na manhã da sexta feira as ruas já estavam lotadas. Ao meio dia, anunciaram em um alto falante que Chrollo estava prestes a passar e em poucos minutos, o homem de cabelos negros passou em um antigo carro conversível, sorrindo e acenando para o público. Sua expressão era serena, algum desavisado nunca imaginaria se tratar de um assassino com uma extensa ficha criminal. Junto com ele estava, além do motorista, uma mulher loira com um nariz bastante avantajado, um ser indefinido, provavelmente humano, vestindo uma espécie de manto e com o rosto coberto pelos cabelos e a bela Machi.

Depois da breve passagem, Hisoka seguiu o quarteto, que desceu do carro e entrou em um pequeno prédio de três andares, que ainda assim era um dos maiores da cidade. O mágico ficou fazendo vigília do lado de fora e assim que anoiteceu, entrou no imóvel sem dificulade.

Andou pelos corredores, sem se importar com aqueles que tentaram impedi-lo de prosseguir. Obviamente uma confusão se armou, até que a Machi surgiu.

— Você de novo? - ela não parecia surpresa.

— Sabia que estava com saudades de mim - ele disse galantemente.

— Não é possível que tenha vindo até aqui só pra me ver… fala logo o que te trouxe até a Cidade do Meteoro.

— Ora, eu sou um grande fã de vocês.

Neste momento, Chrollo apareceu.

— O que está acontecendo? - ele perguntou.

— Não é nada danchou, ele já está de saída...

Hisoka nunca esteve tão perto do seu objetivo. Chegou a pensar em iniciar uma luta ali mesmo, porém ele era louco, não burro. Chrollo era um lutador excepcional, Machi não ficava tão atrás e talvez os outros dois, que estavam em algum lugar daquele prédio, fossem tão bons quanto ela. Ele tinha que ser paciente, e só havia uma maneira de, em algum momento, ficar a sós com o cabeça das aranhas.

— Senhor Chrollo Lúcifer, eu gostaria de me unir à Genei Rhyodan.

Todos ficaram chocados, exceto a Machi, que já esperava por isso de alguma forma. As outras pessoas dispersaram, deixando os três sozinhos.

— Você é bastante destemido – Chrollo analisou – é usuário de nen?

— Há mais de dez anos. Transformação.

— Hum… infelizmente, ninguém morreu recentemente e estamos sem vagas.

— Eu gostaria de desafiar uma aranha por seu posto.

Machi olhou para Hisoka com cara de “você é maluco”. Já Chrollo sorriu.

— Pelas nossas regras ninguém é obrigado a aceitar o desafio, mas entrarei em contato com todos, certamente alguém vai querer uma diversão inesperada. Machi, pegue o contato deste estanho pro caso de termos que marcar a peleja.

Assim, Chrollo se retirou, deixando o casal a sós.

— Já que só podemos esperar mesmo, posso te levar pra sair? - pediu Hisoka.

— Eu não confio em você e acho que não quer boa coisa entrando pra Genei Rhyodan – Machi suspirou e continuou, mudando totalmente de humor – mas essa é a minha cidade, eu é quem vou te levar pra sair.

E assim foi feito. Hisoka pensava que havia aprendido tudo sobre a Cidade do Meteoro durante o mês em que esteve ali, mas ao sair para o passeio com a nativa percebeu que cometera um grande erro. Comeram uma sopa de péssima aparência e sabor divino na pensão da Dona Moça, jogaram futecôco com um grupo de crianças e de noite foram a uma casa de jogos onde Hisoka, acostumado com cartas, ganhou um bom dinheiro e não quebrou a banca apenas por que não queria chamar tanta atenção.

— Hora de partir – disse Machi – preciso do seu telefone para o danchou marcar o desafio.

— Eu não uso telefones, mas se quiser me ver, me procure pelos becos – Hisoka jogou um às de copas na direção da mulher, que segurou prontamente.

Já quase de madrugada e assim, Machi voltou para o prédio e Hisoka para o beco que temporariamente chamava de casa. Eles eram um casal? Depende do ponto de vista. Mas naquele momento, o que mais excitava o assassino era o desafio digno que estava cada vez mais próximo.

E não demorou. Três dias depois, enquanto se protegia do escaldante sol da Cidade do Meteoro em baixo de uma ponte, Hisoka recebeu uma visita já esperada.

— Boas notícias – Machi já chegou anunciando.

— Alguém aceitou, não é? Deixa eu advinhar, é aquela mulher do narigão?

— Ninguém que você conheça. Venha comigo, o danchou vai dar os detalhes.


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Notas finais do capítulo

Deu até vontade de escrever uma fic toda na Cidade do Meteoro, quem sabe um dia.



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