"Você é livre para escolher, mas não está livre das consequências da escolha."

Depois de passarmos no meio de tantas bundas bêbadas, Kate encontrou com Elliot no meio do caminho. Eles se beijaram e eu fiquei lá, parada, olhando pra qualquer lado, completamente sem graça de estar segurando vela pro casalzinho. 

 "Baby" Kate falou entre o beijo. Ela se separou dele e virou-se para mim. "Essa é minha amiga Ana, quem eu falei que ia trazer." 

 Elliot estendeu sua mão para mim. Eu a tomei, educadamente. 

 "Prazer, Elliot." 

 "Ana." eu soltei a sua mão. 

 "Fique a vontade Ana. Tem bebida na cozinha e alguns petiscos, mas eu não os recomendo muito porque não foi eu que fiz." ele riu. 

 "Eu vou me lembrar disso." eu sorri também. 

 "Baby podemos subir agora? Eu quero ver aquela surpresa que você me falou mais cedo." Kate perguntou, enrolando seus braços ao redor do pescoço dele. Seus olhos se encararam, carregados de segundas intenções. 

 Eu percebi e sorri internamente. Surpresa... Eu não era tão inocente quanto parecia. E você vai ver que estou falando a verdade até o fim dessa história. 

 "É claro, baby." Elliot respondeu, dando um selinho nela. 

 Kate virou-se para mim de novo. 

 "Eu prometo que não vou demorar, está bem?" 

 Eu concordei, sem falar nada. O que eu ia falar? Katherine Agnes Kavanagh, você não me trouxe pra uma festa como essa pra agora me deixar sozinha porque você e o seu namorado querem transar! 

Tinha cinquenta por cento de chances dela esquecer os seus planos e não me deixar sozinha naquele lugar e também tinha cinquenta por cento de chances dela me chamar pra servi de plateia, bem o jeito Katherine de ser. 

 Eu assisti os dois subindo as escadas. E então comecei a pensar no que faria a seguir pra não ficar plantada naquela sala. 

 "Hey, você quer?" uma voz masculina surgiu por trás de mim. Eu me virei de frente e encontrei dois pares de olhos cinzas mais sedutores e misteriosos que eu já vi na minha vida, me fitando. Meus olhos percorreu por aquele garoto de cima em baixo. Alto e atraente. Seus braços torneados de alguém que dedica a fazer flexões. Muito atraente, puta merda! 

 "O que é isso?" eu perguntei, olhando por cima as bebidas na bandeja. 

 "Vodka."

 "Colorida?" eu olhei para ele, com o cenho franzido. 

 Ele riu. 

 "Você nunca bebeu, não é?" ele levantou suas sobrancelhas. 

 "Está tão obvio assim?" 

 "Sim." ele riu de novo. Aquele conjunto de dentes brancos. "Eu posso te arranjar outra coisa se não quiser beber álcool. Apesar de não parecer, eu tenho certeza que naquela cozinha água tem pelo menos." 

 "Ok." eu concordei. Não tinha nada a perder mesmo. Pelo menos de garganta seca não ficaria. E agora eu tinha uma companhia pra me fazer enquanto Kate não deixava aquele quarto. 

 Eu o seguir até a cozinha reparando o quão bem o seu corpo tinha ficado dentro daquela blusa branca de mangas, calça preta de couro e botas. Bonito. Atraente e estiloso. Definitivamente o meu tipo. Ele pegou um copo vermelho de plástico e me serviu água da torneira. 

 "Sou Christian, a propósito." 

 "Ana." me apresentei. "Obrigada pela água Christian." 

 Christian me encarou, apoiando-se de costas no balcão de frente para mim. Seus olhos cinzas cerrados. 

Eu já estava ficando sem graça. 

 "Christian!" uma voz fina de mulher o chamou. A dona da voz se aproximou e entrou na minha frente como se eu nem existisse ali. "Chuck vai fazer verdade ou desafio, vamos brincar? Vai ser interessante..." ela foi para beijar a sua boca, mas ele virou o rosto e seus lábios tocaram em sua bochecha. 

 "Ok eu já vou." 

 "Te espero lá babe." ela piscou pra ele e virou-se para mim, percebendo a minha presença pela primeira vez. Ela me olhou dos pés a cabeça e fez careta, como se fosse superior a mim. Ela sacudiu seus cabelos loiros e saiu rebolando em sua saia preta de couro. 

 "Você vai brincar?" Christian perguntou. 

 Eu olhei pra ele de volta. Como ele não estava olhando pra aquela garota rebolando daquele jeito? 

 "Ah, acho que não..." 

 "Você não está sozinha?" 

 "Tecnicamente, sim." balancei meus ombros. 

 "Então vamos se divertir um pouco." Christian piscou. Eu pensei que ele estava flertando, mas um pouco mais tarde naquela noite, eu percebi que tinha segundas intenções naquela frase. 

 A mão rodopiou a garrafa de cerveja no chão e após algumas giradas, parou em direção a duas pessoas.

 "De Nate para Christian." Chuck falou para todos ouvirem. 

"Verdade ou Desafio?" Nate perguntou. 

"Verdade." 

 "De zero a dez, que nota você dá para o desempenho de Sydney na cama?" Nate perguntou sorrindo de lado, fazendo todos presentes começarem um coro de "uuhhhh". 

 Eu olhei para Christian. Ele passou a língua em seu lábio e se curvou pra frente, apoiando seu braço em cima da perna. 

 "Seis." 

 Eu sentir vontade de ri. Mas eu também fiquei um pouco indignada pela nota. Se algum garoto me desse a merda de um mísero seis, eu juro que quebraria a garrafa em sua cabeça. 

 "A porra de um SEIS?!" a conhecida voz fina falou. Céus, é ela. A loira da cozinha. 

 "É a minha nota, Syd." Christian levantou os ombros.

Mais risos no ambiente. 

 "Não me chama de Syd! Vai se foder Grey!" ela lhe enviou o seu dedo do meio para ele e saiu pisando duro. 

 "Não precisava ser tão cruel, seu idiota." uma menina ruiva falou, se retirando também da brincadeira e indo atrás de Sydney. Deveria ser amiga dela. 

 Eu observei em silêncio outras rodadas. Depois de Christian, qualquer verdade ou desafio foram mais leves comparado ao dele. E na sexta rodada da garrafa, eu não acreditei que ela parou em minha direção. Eu quis desistir de brincar. Eu quis nunca ter aceitado estar ali. 

 "Eu e você Ana." Christian sorriu de lado. Ele tinha gostado disso e não fez questão em esconder. "Verdade ou Desafio?" 

 Puta merda. 

 "Desafio."