O Segundo Antes do Sol Voltar escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

A época dos Marotos é ouro pronto pra ser manejado na mão de fanfiqueiro.

É muito gostosa a sensação de poder criar situações que levem a pequenos e pontuais momentos deixados pela J.K, e a melhor parte é a gama de personagens que pode ser criada, e a exploração da adolescência que o Harry teve que pular. Não li todas, não sou viciada em ler histórias dessa época, mas há muitas grandes histórias sobre o quarteto parada dura, como Os Cinco Marotos (que até inclui personagem original), ou as focadas em um Maroto, como Prongs, About Sirius Black...

Acho que tentar ver toda essa época que é descrita como incrível, onde tudo é possível, com os olhos de alguém pobre, solitário, tímido e com um ‘probleminha peludo’ não é uma tarefa fácil (na verdade pra mim que adoro dramatizar até o café caindo na xícara, sim, é fácil).

Então aqui está mais uma história sobre os Marotos, mas, desta vez, pela personalidade mais complexa, eu diria. Não é uma história triste, mas também não é das mais animadas, eu tenho uma visão bem triste (mas não mórbida) sobre o personagem. Eu vou passar muito rápido pelos anos, não vai ser uma fanfic longa.

Espero que você goste.

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=dHwBFZSl6x0&feature=youtu.be
Personagens: https://bluemoonrisingtonight.tumblr.com/



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Remus ficou na ponta dos pés, quase atravessando seu rosto através da janela.

Tomou cuidado, segurando firmemente as cortinas, caso as crianças o vissem. Ele semicerrou os olhos, acompanhando o snap explosivo ir de um canto para outro nas mãos das crianças. Eles corriam animados com o objeto em chamas, como se nada pudesse acontecer. A garota loura caiu e Remus segurou o riso enquanto os outros gargalhavam. Sua mente traçava um plano perfeito para que eles vencessem a partida, mas a garota negra era muito mais inteligente que ele.

O garoto passou a mão pela janela desesperado, tirando as gotículas que sua respiração fizera contra a janela, e prendeu a respiração, encostando sua testa na janela, ansioso para ver qual seria a próxima jogada da garota de cachos crespos. Ela vai pegá-lo desprevenido, sussurrou Remus para si mesmo, olhando para a garota com confiança. Ela tinha dentes brancos perfeitos.

Droga, Miranda! — gritou o garoto quando recebeu o snap bem nas costas. — Isso doeu!

O Lupin deve ter rido mais que Miranda, que comemorava correndo pela rua de terra. O garoto sentiu-se frustrado em seguida ao ver que eles estavam se preparando para ir ao riacho não muito longe dali. Estava tão calor que eles já não estavam mais passando muito tempo na rua brincando, e sim perto do riacho. Ele daria qualquer coisa para poder ir com eles, não era a mesma coisa que ir no meio da noite com seus pais.

Remus sentou-se no sofá onde estava de pé e voltou a colorir seu livro, tentando sentir um pouco de raiva de seus pais, mas sentiu apenas compadecimento. Guardou seus lápis de cor e caderno, indo para a cozinha. Ele não gostava muito daquela nova casa, na verdade, ele nunca gostava de nenhuma casa. Já mudara de vizinhança sete vezes durante onze anos e as sete casas sempre eram pequenas e aparentemente assombrosas.

Antes, tinham o ‘quartinho da vergonha’ (apelidado mentalmente por Remus), era lá que ele se transformava. Agora seu pai tinha que procurar casas com porão, onde ele realmente se sentia um monstro.

— Mãe, posso fazer uma maçã caramelada? — indagou Remus para a mulher fazendo um cruza palavras, sentada ao lado do rádio antigo. Levantou seus olhos cor de mel e sorriu gentilmente para a criança.

— Claro. Só tome cuidado com o fogo.

— Tudo bem. — Remus puxou características quase esquemáticas de seus pais: Ele era teimoso como o pai, mas paciente como a mãe. Introspectivo como o pai, mas não era tímido, assim como sua mãe. Ele olhou para o calendário pendurado na parede azul descascada e fechou os olhos com força, como se sentisse preguiça da consulta do dentista que estava muito próxima.

Na verdade, Remus tinha uma consulta com a Lua.

Todos os meses, desde seus quatro anos. Ele não lembra como foi a primeira vez, na verdade ele não se lembra de nada muito bem, apenas de mudanças durante a madrugada, o frio que sentia ao acordar nu em um quarto destruído, crianças brincando na rua enquanto observa pela janela e muitas, muitas viagens de mudanças.

— Remus, você quer tocar fogo na casa? A maçã já está dourada, preste atenção! — sua mãe lhe deu um breve empurrão e desligou o fogo, cravando a maçã com uma faca e esfregando-a contra o caramelado que o açúcar havia virado. Colocou em um prato e encheu a panela usada de água para lavar depois. — Você é tão desligado...

— Eu estava vendo o calendário...

— Com o fogo ligado? — ela abriu as janelas por conta do vapor que o açúcar soltara. Bufou e sentou-se novamente, voltando para suas palavras cruzadas. — Como é mesmo o nome do Ministro da Magia?

Remus riu de sua mãe e sentou-se para ajudá-la após pegar a maçã caramelizada no prato. Por sua mãe ser trouxa, ele fazia as coisas mais manualmente do que seu pai. E o fato de Remus ter seu problema, eles já tinham determinado que ele seria educado em casa, mas era complicado para sua mãe ensiná-lo sobre o mundo bruxo, então ele sabia quem era o Primeiro Ministro, mas mal se lembrava do Ministro da Magia.

Às vezes ele parava e tentava se imaginar adulto, traçar um plano do que faria, mas sabia que mesmo achando uma profissão, não poderia se manter nela. Quando era menor, tinha certeza de que seria um pesquisador assim como seu pai, mas aos poucos foi situando-se, aceitando sua realidade.

Talvez virasse hippie e ficasse viajando até morrer.

— Isso é tão engraçado! — riu Hope Lupin para a partida de gobstones que estava tendo com Remus. Lyall estava tão concentrado na televisão que nem conseguia olhar esposa e filho. Ele adorava assistir os filmes de ação quando chegava de seu projeto (ele tinha agonia a palavra trabalho, na verdade, ele ia até o Ministério apenas escrever seus artigos e entregar, não era bem um trabalho), já Hope gostava de jogar qualquer jogo bruxo com o filho, mais empolgada que o garoto a cada explosão ou manifestação mágica.

— Mãe, presta atenção, você vai bater de novo! — ela engoliu o feijãozinho mágico e mirou o sua bolinha para uma de seu filho, enquanto Remus mastigava o bolinho de cenoura. Acabou errando e a bolinha soltou um líquido malcheiroso em sua direção. Remus gargalhou enquanto Hope tossia, cuspindo o feijãozinho mágico junto.

— Jesus, tinha gosto de terra! — agonizou ela, desviando-se da fumaça esverdeada. — Argh!

A brincadeira, e até mesmo a TV, fora interrompida pelas batidas na porta. Lyall soube na hora que era alguém importante, pois a TV queimara no momento da batida. A magia dele e de Remus não era o suficiente para quebrar artefatos trouxas. Engoliu seco e levantou-se, assim como Hope, e ambos foram até o olho mágico da porta, tentando ver quem era. O Lupin deu um passo para trás, tenso.

Quem é? — sussurrou ela. Olhou para Remus e com a comunicação mental treinada entre os dois, o garoto levantou-se e correu para seu quarto, encostando a porta, ainda olhando pela fresta, ansioso.

— É Albus Dumbledore! — sussurrou Lyall, ignorando as três batidas pacientes que ele dera na porta. O homem passou a mão em suas madeixas castanhas, extremamente tenso. Remus congelou ali mesmo, onde estava. Ele era o diretor de Hogwarts, uma escola de magia. Assistiu seu pai abrir a porta e colocar a cabeça para fora da porta, abrindo lentamente, de má vontade. Hope entrou na frente e Remus não pode ver o homem direito por estar escuro do lado de fora.

Um homem grisalho com uma barba extremamente longa entrou na casa, rindo de algo, enquanto seu pai fechava a porta. Remus abriu a porta lentamente, trêmulo, esquecendo-se da ordem de sua mãe. Sempre muito desligado para se lembrar das coisas.

— Ah, você deve ser o pequeno Remus. — o homem idoso caminhou até ele animado, dando-lhe a mão para que apertasse. O garoto estava tão tenso que ainda ficou alguns segundos apenas observando cada ruga em seu rosto, só então tocou-se de que deveria apertar sua mão. Era quatro vezes maior que a sua, mas calorosa e macia. Deixou Remus mais calmo. — Era você que estava jogando gobstones?

Remus assentiu lentamente, assistindo o homem sentar-se no tapete gasto de frente para a lareira. Ele ficou tão nervoso que começou a desfiar seu suéter remendado, quase suando frio, tinha medo até de respirar. Buscou apoio em seus pais, mas sua mãe estava fascinada em conhecer um bruxo poderoso como ele, mas Lyall parecia a ponto de enfartar.

Albus Dumbledore olhou para Remus, sorridente.

— Não vai jogar comigo? — O garoto piscou algumas vezes, antes de começar a andar em direção do tapete. — Eu sei que é um garoto inteligente. — ele sorriu ao ver Remus mirar a bolinha em direção de uma das dele. Pegou um bolinho no prato ao lado de Remus e mordeu, erguendo a sobrancelhas, parecendo saborear o doce.  — Aposto que vai para a Corvinal.

Remus olhou-o rapidamente, não entendendo.

— Bem, ele não vai para Hog...

— Senhor Lupin, quer mesmo que seu filho perca os melhores anos de sua vida? — riu Dumbledore, mas seu tom era sério. Ele mordeu mais um pedaço do bolinho, lembrando-se de tirar seu chapéu pontudo. Remus olhou admirado, nunca tinha visto um de perto, seu pai não gostava de usar chapéus. — Espere eu terminar essa partida e conversamos.

Remus olhou seus pais, visivelmente abalados, e então olhou os olhos azuis tranquilos de Dumbledore, planejando mais uma jogada enquanto mastigava o bolinho feito por Hope. Olhou para suas bolinhas, risonho.

Ele iria ganhar a partida.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu reformulei a história, ela já tinha sido publicada, mas só os dois primeiros capítulos se não me engano, enfim, eu mudei várias coisas. Esse começo foi quase dado de mão beijada pela J.K, no Pottermore, mas não tem mta info sobre o Remus na época dos Marotos. Não sei porque ela não desenvolve direito essa história dos Marotos, vai saber...


Aqui tem a soundtrack (muito boa inclusive) da história: https://open.spotify.com/user/sheelanagig01/playlist/1ioTlfGxTrznlPtS6B1ayX


Bjos.



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