Os Quatro Elementos escrita por Mrs Moon


Capítulo 3
Ato II


Notas iniciais do capítulo

As vezes revisar leva mais tempo que escrever. Segue o capítulo e espero que gostem.



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    Plutão, sendo o último planeta do Sistema Solar, sempre esteve isolado, suas dimensões são inferiores a de muitos satélites, então sempre pairou a dúvida de porquê ele ter sido promovido a planeta. Os terrestres nunca tiveram resposta para esta pergunta, nas últimas décadas fizeram conferências e chegaram ao ponto de querer destituí-lo do título de planeta, mas no fundo eles sempre souberam que aquele era um planeta. Não importando o quão escuro e distante pudesse parecer e mesmo sabendo que ele se distanciava cada vez mais da órbita solar, Plutão continuaria sendo um planeta.

O que os humanos não sabem é que Plutão foi considerado um planeta por ser o melhor ponto de observação do extremo do Sistema Solar. Através dele milhares de inimigos do Milênio foram descobertos e destruídos antes de aproximarem-se demais da Lua. Se Marte é o Planeta da Guerra, Plutão é o campo de batalha mais conveniente, também por isto o planeta nunca foi povoado.

A linha de descendentes de Plutão começou em seu satélite: Caronte. A população era uma mistura dos soldados do milênio de Prata com alguns poucos viajantes nômades pacíficos de outros pontos da Via láctea. A mistura dos genes deu aos seus descendentes a habilidade de voar pelo tempo e com a ajuda da Senshi de Saturno e a benção da Rainha Serenity a caneta do Poder da Sailor Pluto foi criada. Nascia Sailor Pluto, a Guardiã do Tempo, a eterna observadora.
   

Há muitos séculos Plutão estava desabitado, nem guerras haviam ocorrido em seu solo. O planeta estava morto, mas quando recebeu sua senshi tremeu de entusiasmo e novamente estava pronto para servir de campo de batalha para as Guardiãs do Sistema Solar e ele sabia que está seria a última batalha.

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    - Onde estamos? – indagou Haruka.
    - Eu não consigo ver nada! – disse Michiru. – Onde está Setsuna?
   - Estamos no Quarto Portal do Tempo! A Porta do vazio! – disse Saturno. – Não podemos ver nada aqui.
    - Setsuna! Onde ela está?
    - Não sei.
    - A Senshi de Plutão não pode mais pisar neste solo sagrado. Ela não é mais digna. – uma voz desconhecida ressoou pelas paredes. As palavras ecoaram várias vezes na mente das guerreiras.
    Com um terror genuíno Hotaru indagou:
    - Quem é você?
    Uma risada aguda ecoou pelo aposento.
    - Você sabe quem eu sou Hotaru? Não se lembra de mim Sailor Saturn?
    A voz que antes era tão impessoal, tornou-se rouca e assustadoramente masculina, Hotaru gritou de pavor.
    - Não, você está morto. Eu o matei!
    - Mas minha filha, como pode dizer isso? Lembra-se de mim. – a voz mudara e está era muito conhecida de Hotaru.
    - Papai?
    - Sim, meu vagalume sou eu.
    A luz partiu dos olhos do Professor Tomoe e chegou até a garota, Hotaru sorriu.
    - Senti tantas saudades papai!
    A luz iluminou a mão que era estendida para a garota.
    - Venha minha filha, dê-me um abraço.
    Hotaru sorriu e o brilho de seus olhos iluminou o caminho, avançando esperançosa ela tocou a mão que lhe era estendida. Uma explosão de luz envolveu a garota, Haruka abriu os olhos e vendo o fantasma negro que segurava Hotaru gritou:
    - Não!
    A risada sinistra que seguiu o grito fez com que Hotaru abrisse os olhos assustada.
    - Agora ela é minha! Novamente minha!
    A figura desapareceu levando Hotaru consigo e deixando, atrás de si um rastro de luz.
    - Saturno!
    Michiru olhou em volta e aproximando-se de Haruka perguntou:
    - Quem era?
    - Pharaoh Ninety!
    - Mas como? Ele não foi destruído?
    - Estamos dentro do tempo, aqui ele continua vivo para sempre no passado.
    - Eu não entendo?
    - Nem eu. – murmurou Haruka. – Nem eu...

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    O espaço do Tempo é um enorme labirinto, com dezenas de portas fechadas e janelas de vidro sem trancas. As portas levam ao passado, futuro e presente e as janelas apenas mostravam o que acontece, aconteceu ou acontecerá.
    A primeira Sailor Pluto possuía o poder de olhar as janelas do presente e abrir as portas do passado. Seu poder era limitado mas concreto, sua única maneira de controlar o tempo era voltando nele, entretanto jamais saberia o que enfrentaria ao chegar no futuro. Afinal, todas as vezes que olhava para as janelas, elas estavam opacas. A segunda Sailor Pluto via janelas límpidas e transparentes como o cristal, porém ela não possuía o dom de abrir porta alguma. Com as décadas olhando pelas janelas sua sabedoria cresceu formidavelmente e bastava por si só.

A Sailor seguinte, mãe de Setsuna, possuía o dom de olhar pelas janelas e atravessar qualquer um dos portais, seu poder era absoluto e ela foi consumida por ele. A Rainha Serenity percebendo a gravidade da situação, destituiu-a de seu posto colocando a filha em seu lugar.

Setsuna, a atual Sailor Pluto, podia abrir todos os Portais e olhar pelas janelas do passado e futuro, jamais do presente. A vontade da rainha era que a Sailor sempre conheceria o futuro, porém jamais saberia com precisão o dia e a hora em que ele ocorreria. Algumas outras regras foram impostas pela Rainha a Setsuna, mas o que ela jamais soube é que Setsuna atingiu o 4° Portal. Portal que lhe garantia o domínio eterno de todas as linhas temporais. O Portal da Previsão, que lhe permitia descobrir no presente o que ocorreria, sem precisar olhar em janela alguma. Recebeu o dom sagrado da previsão. Dom este que Setsuna Meioh abdicou ao levar suas amigas ao Portal secreto. Lá elas seria testadas e enfrentariam seus maiores medos, a esperança da Senshi de Plutão era que suas amigas conseguissem adquirir todo potencial de suas almas e acessar o poder de seus planetas para derrotar os elementos.

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    Haruka e Michiru pensaram que o rastro de luz deixado por Hotaru desapareceria em poucos minutos, foi com espanto que perceberam que o contrário ocorrera. A luz arroxeada tornou-se prateada e de um simples clarão se transformou em um sol fulgurante que iluminava o sombrio Portal.

O Quarto Portal era gigantesco, impenetrável e sombrio. Ele representava o próprio tempo. Mesmo intensamente iluminado às trevas do desconhecido não poderiam ser eliminadas. Os seres humanos e suas emoções influenciavam a aparência do Portal. A raça humana teme o futuro, esquece o presente e se ressente o passado. Todas essas emoções contraditórias geram uma aura fantasmagórica que se concentra no Portal Proibido.

Haruka e Michiru não puderam evitar o pânico ao olhá-lo na claridade. Como naturalmente acontecia, Haruka perguntou ansiosa:

    - Como se faz para abrir isso?
    A bela Sailor Neptune abriu os olhos em espanto e sorrindo para a companheira concluiu:
    - Acho que só Setsuna pode abrir!
    - Então não podemos entrar?
    - Nós já entramos Haruka, mas não podemos sair.
    - Isso não faz sentido! Se temos um inimigo tão poderoso para enfrentar porque estamos perdendo tempo aqui?
    - Não sei. Ninguém além da Sailor Pluto sabe algo sobre os Portais do Tempo, talvez Hotaru soubesse, mas ela não está mais aqui.
    - Sim, deve ter sido por isso que levaram Hotaru, para que não descobríssemos.
    - Haruka!
    A Sailor Urano olhou para Michiru, ela estava acostumada a olhá-la. Há anos sua imagem não saia de sua cabeça, não parava de ouvir o som de sua voz, sua respiração. Jamais deixaria de aguardar pela próxima palavra, o próximo sorriso, a próxima vez que diria seu nome. Agora uma dor angustiante transpassava-se pelo seu peito e o comprimia. As lágrimas queriam chegar até seus olhos, mas mais uma vez ela as reprimiu. Michiru não a veria chorar, não agora, não por medo. Por tudo menos por medo, obrigou-se a sorrir e disse a amante:
    - Vamos ficar juntas não é? – apertando o braço de Michiru, Haruka confirmou: - Para sempre?
    - Claro. Juntas para sempre.

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    A dor sempre foi uma constante para Hotaru Tomoe, sempre sentira uma parcela dela em cada momento de sua vida. A maioria das pessoas teme mais uma pontada no coração causada por um desgosto do que um corte no dedo, desprezam a dor física comparada a dor emocional. Hotaru nunca pensou assim, sempre temera desesperadamente a dor física, por estar sempre predisposta a ela, e enfrentava com coragem a dor da alma. Acreditava que quando o corpo dói o coração cala, a mente fica atordoada e você deixa de ser uma pessoa para se tornar uma sensação agonizante.
    Anos e anos exposta a sucessivas torturas físicas, a princípio brandas e no fim avassaladoras, começou a odiar com todas as forças toda a espécie de dor, buscando na magia a maneira de curá-la. Seu dom de cura Saturniano expandiu-se além de qualquer escala conhecida nos tempos do Milênio de Prata e hoje até poderia salvar vidas com um simples gesto. Ver a dor era-lhe insuportável, fugia dela deixando de combatê-la. Sua utilidade como sailor senshi desaparecera, não alcançara todo seu potencial mágico transportando-o para a cura e sem conseguir lidar com o trauma que a fazia temera dor dos outros, também este dom lhe era inútil. Acometida pela dor a mais poderosa das Outer Senshi era uma garota assustada e completamente inútil.
    Frente ao Portal do Futuro Hotaru sentiu medo de continuar, a luz era cegante e queimava-lhe os olhos, que pareciam duas brasas ardentes, e as lágrimas que derramava sobre a queimadura assemelhavam-se ao ácido. Não! Ela não podia ir adiante, doeria muito e se a luz não queimasse apenas os seus olhos? E se queimasse o corpo todo? Não iria resistir.
    - Não eu não posso! – gritou voltando-se e caiu no chão machucando o joelho.
    - Desculpe, você se machucou por minha causa.
    A voz era familiar e reconfortante com esforço Hotaru abriu os olhos:
    - Chibiusa! Você está aqui?
    - Claro, minha casa é logo ali. Mamãe está nos esperando com bolo vamos!
    A garotinha de cabelos rosáceos puxou Hotaru pelas mãos e introduziu-a pelo Portal, a garota ainda fez um gesto para voltar, mas a mão da amiga a deteve.
    - Venha! Quero que conheça minha mãe!
    Hotaru concordou e entrou com a Small Lady dento do Portal do Futuro e a luz as envolveu por completo.

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    - Eu sempre gostei dos seus olhos!
    - O quê? – perguntou Haruka inclinando-se sobre a amiga que estava deitada em seus braços.
   - Eu sempre adorei seus olhos. Quando era menina só tinha bonecas de olhos azuis. Sempre quis ter olhos azuis como a água, mas os meus são verdes, sempre tive muita raiva por ter olhos verdes.
    Haruka sorriu e disse:
    - Seus olhos combinam com seus cabelos!
    Michiru riu baixinho e respondeu:
    - Agora eu não me importo mais! Se você tem olhos azuis é como se eu tivesse também.
    - Claro, eu só sei olhar com seus olhos.
    - Não. Eu quero que me olhe com seus olhos. – Michiru levantou-se e ficou frente a Haruka e murmurou: - Quero que olhe só a mim! - selou o pacto com um beijo suave sobre as pálpebras de Haruka.
    Haruka levantou as pálpebras lentamente, por alguns instantes seus olhos estavam cegos com o brilho deixado por Netuno. Sorriu tornando a fechar os olhos e voltando a abri-los. Agora com a visão nítida não encontrava a companheira.
    - Michiru! – gritou Haruka. Lágrimas rolaram dos enormes olhos da senshi de Uranu ao não ver mais a amiga ao seu lado.

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    - Uma atitude muito corajosa! Não imaginava que a Sailor Neptune fosse assim tão madura.
    Setsuna voltou-se e deparou com a figura etérea da Rainha Serenity em sua frente, não poderia deixar de ficar surpresa, mas nada além de uma voz tremula demonstrou o fato:
    - Majestade!
    - Ao que tudo indica Luna passou o recado.
    - Sim, majestade. Mas elas não estavam preparadas e eu precisei...
    - Fez o correto Sailor Pluto. Elas estão mais maduras do que imaginávamos, talvez consigam. Sabe o que farei se não conseguirem, não é?
    - Sei majestade. Espero que não seja preciso.
    - Eu também, Pluto. – dando uma volta pelo planeta. A rainha voltou-se e com voz indiferente perguntou: - Mas e quanto a você?
    Os olhos da senshi arregalaram-se e ela fitou-os na rainha, com a voz rouca ainda tremula murmurou:
    - Eu já passei por isso.
    - Sim, mas isso foi há muito tempo. Será que continua preparada, SailorPluto? Melhor do que ninguém deveria saber que o tempo muda muito as coisas. Acha mesmo que está preparada?
    - Não sei, majestade. Mas eu vou tentar com todas as minhas forças.
    A Rainha sorriu triunfante flutuou sobre Setsuna e afastou-se da senshi. Mirando-a de longe disse:
    - Faça isso,Setsuna! Vai precisar de todas as suas forças para conseguir. – a Rainha Serenity ergueu uma das mãos e tocou o sinal da lua em sua testa, um raio dourado partiu da testa da rainha e atingiu a fronte  Setsuna. Atravessando a guerreira e carregando consigo a caneta desfazendo a transformação da Sailor Pluto.

    A Rainha ergueu as mãos, lentamente a caneta flutuou até ela, os olhos de Setsuna brilharam e com um gemido de pavor implorou:
    - Não majestade!
    - Você me desobedeceu, Sailor Pluto, e por desobedecer ao pacto de lealdade das sailor senshi com sua rainha terá seu posto destituído. – sorrindo a Rainha completou. – Não deveria se surpreender, os portais do Tempo já à baniram o Milênio fará o mesmo.
    - Majestade! – murmurou Setsuna soltando sua última súplica. – Piedade! Minha missão...
   - Terá de cumpri-la como Setsuna Meioh. – a caneta chegou até as mãos da rainha e com um singelo toque despedaçou-se em milhões de pedaços. Setsuna abaixou a cabeça e engoliu o gemido, algumas lágrimas caíram sobre o solo seco de Plutão. Serenity emitiu um suspiro e com um sorriso quase imperceptível elevou a voz no tom imperioso que era natural dos membros da família real. – Porque Sailor Pluto não existe mais.
    Setsuna fechou os olhos, o fracasso e o peso de sua culpa caíram sobre ela, o peso de seu corpo era excessivo para suas pernas, juntou o pouco da dignidade que lhe restava e olhou para sua rainha. A Rainha Serenity devolveu-lhe um olhar frio e desapareceu, Setsuna deixou seus sentimentos prevalecerem e caiu de joelhos no solo de seu planeta Natal. E tanto suas lágrimas como seu sangue devolveram a fertilidade antiga ao planeta.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e deixem seus comentários.
Observação: os olhos da Michiru ficaram verdes para funcionar melhor no contexto.



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