Família De Marttino Coração de Gelo(Degustação escrita por moni


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oiiiie achei que tinha postado e não entrou. Desculpe. Aqui está.



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Pov – Vittorio

   ―A loira não para de te olhar. Não vai lá? – Kevin me pergunta sentado ao meu lado no balcão do bar. Ele está o tempo todo pensando em mulheres. Me faz rir esse jeito que ele tem de levar a vida.

   ―Vá você.

   ―Ela é bonita.

   ―Ela mora na cidade. Se fosse pelo menos San Gimignano, mas aqui? Tão perto de casa. Nem pensar.

   ―Ok. Você é que sabe, mas ela não para de olhar. – Ele leva o copo a boca e toma um longo gole no vinho. Sirvo mais uma taça.

   ―Ela é chata, não lembro o nome, mas já jantou lá em casa uma vez, sabe como a vovó vive na empreitada de me arrumar uma esposa.

   ―Sua avó é ótima, ela agora quer me arrumar uma também. Somos jovens demais para isso. Você mais ainda.

   ―Vovó tinha parado um pouco com isso. Era o Enzo com problemas, a Kiara, mas nos últimos seis meses, depois que a Kiara casou eu voltei a ser seu alvo.

   ―Ela está feliz? Sua irmã?

   ―Sim. Dá para ver que sim.

   ―Me diverte muito o ciúme dele. Acho que provoco um pouco, mas não consigo evitar. – Kevin comenta entre risos.

   ―Confesso que me vingo do Filippo através de você. Ele é bom com ela, irritante também, mas a faz feliz do jeito provinciano deles. Sabe Deus por que alguém fica feliz em ter um par te perseguindo o resto da vida, mas ela está feliz e ele também.

   ―Não precisa ser a vida inteira. – Kevin da de ombros.

   ―Quando não se tem filhos até concordo, mas quando crianças estão envolvidas. Enzo tem o Matteo. – Que acompanho o crescimento com fotos de todos os segundos. – Kiara e Filippo estão tentando também. Provavelmente quando conseguirem vou precisar de outro celular. Então eles têm que pensar nos filhos.

   ―É pode estar certo, mais pais casados também podem tornar a vida dos filhos um inferno. É uma loteria. – Kevin tem razão, mesmo assim gosto dos meus vinhedos e da vida livre de obrigações com uma esposa.

   ―Acho que ela desistiu de mim. Os olhos estão sobre você. Por que não vai até lá?

   ―E te passar a perna? Nem pensar. Como você disse perto demais. – Acabamos rindo, ele adora me jogar no fogo, mas quando é com ele foge apavorado.

   ―Olá rapazes. – Fiorella Grossi surge ao nosso lado. Beija meu rosto e o de Kevin. – Achei que não os veria por aqui hoje. Com a colheita tão próxima pensei que estariam as voltas com as videiras.

   ―E estamos. – Eu aviso. – Trabalhamos até a pouco, viemos tomar um drink antes de voltar para a Vila. Achei que estaria voltando hoje para Roma.

   Fiorella é dona de uma rede de restaurantes que herdou dos pais. Faz negócios com os De Martino desde o tempo do pai, nos vemos as vezes, nada sério. Ela é uma mulher livre que sabe o que quer e compromisso é algo que definitivamente não interessa a ela, por isso nos damos bem. Gosto de sua liberdade. Da certeza que tem sobre si mesma, seu corpo e seus desejos.

   Com ela não tenho que ficar no jogo irritante de conquista, não tem charme, não tem flores e gentilezas, não tem nem mesmo um telefonema na manhã seguinte. Não amanhecemos na mesma cama. É só prazer. Fugaz e passageiro. Perfeito para mim.

   Não envolve sentimentos, nem os meus, nem os dela. Não preciso me preocupar em machuca-la ou ofende-la.

   ―Toma um vinho conosco? – Convido. Ela sorri, passa a língua pelos lábios de um jeito sensual.

   ―Talvez queira tomar uma taça de vinho em meu quarto. Devo partir pela manhã.

   ―Bom, eu sobrei. Acho que vou para minha velha casa sobre a mecânica. Até amanhã senhor sortudo. – Kevin me aperta a mão. Beija o rosto de Fiorella. – Deliciosamente decidida. Uma pena eu ter chegado tarde.

   ―Um conquistador esse nosso amigo. – Fiorella brinca com ele.

   ―Incorrigível. – Eu a ajudo. Toco o ombro de Kevin e deixo o bar com Fiorella. Minha mão descansa em suas costas quando atravessamos a rua. O hotel fica em frente ao bar. A cidade é tão pequena que tudo se concentra em uma ou duas ruas.

   Subimos pelo elevador. O prédio tem apenas três andares, mas é a melhor hospedaria da região. Onde meus clientes se hospedam quando vem ao escritório e Fiorella vem algumas vezes ao ano.

   Seu quarto é confortável, não tem o luxo que o apartamento dela em Roma ostenta, mas é adequado para as poucas noites que passa por aqui.

   ―Vou servir um vinho. – Pego a garrafa sobre a mesa e duas taças. Fiorella tira os sapatos e a camisa branca de seda, fica com a lingerie branca e a saia justa até os joelhos preta. – Tem um corpo lindo.

   ―Adoro quando você tenta ser gentil. – Ela ri caminhando em minha direção. – Dez anos mais velha que você. Esse corpo é fruto de muito trabalho.

   ―Está perfeito para mim. Não deixa nada a desejar as garotas da minha idade. Sabe que não tenho nenhuma paciência para elas. – Ofereço a taça. – Vinho?

   ― Sexo. – Ela responde tirando a taça da minha mão e colocando sobre o móvel.

   ―Como quiser. – Mergulho em seu pescoço enquanto ela corre os dedos pelos botões da minha camisa.

   Com Fiorella o prazer físico é o ponto alto, ela sabe como conseguir o que quer e não tem medo de mostrar ou exigir. Isso não me intimida. Não gastamos tempo com palavras, gemidos expressam melhor o que sentimos. Depois caímos lado a lado na cama. Meu corpo voltando ao normal.

   Fiorella pega um cigarro na cômoda. Está aí o seu defeito. Detesto cigarros. Ela ri depois de tragar o cigarro, solta a fumaça e me encara um momento.

   ―Não reclame. Podia ser pior, eu podia estar agora deitada no seu peito implorando por afagos e palavras doces.

   ―Tem razão. Podia ser pior. – Me movo para olhar para ela. Assisto quando traga o cigarro mais uma vez e solta a fumaça.

   ―É apenas um cigarro depois do sexo, sabe que só fumo nessa ocasião.

   ―Vá em frente. – Digo rindo. – Vai para Roma? Achei que seguiria para Milão. É sempre para lá que vai depois daqui.

   ―Setembro em Milão. Quem dera. – Ela apaga o cigarro. Deixa a cama completamente nua e vai até as taças de vinho ainda intocadas, pega as duas e retorna, me entrega uma e volta a se acomodar ao meu lado. Dá uns goles na bebida. – Estou as voltas com um dos meus chefs. Um arrogante grosseiro que se acha um artista que sabe mais de restaurantes que eu. Nasci em um. Aquele idiota me tira do sério.

   ―Parece que alguém se apaixonou.

   ―Não seja ridículo. Ele não passa de um cozinheiro teimoso.

   ―Deus! Isso é amor verdadeiro. – Rio da cara irritada dela, mas tem qualquer coisa de brilho nos seus olhos. – Então foi fisgada?

   ―Vittorio você está errado. Embora minha mãe já tenha feito a mesma observação.

   Dou um gole no vinho. Deixo a taça sobre a cômoda ao meu lado e me ponho de pé.

   ―Tenho que ir. Volte para o cozinheiro e divirta-se. – Começo a me vestir. Ela revira os olhos. – Como sabe tenho muito trabalho pela frente.

   ―Boa sorte. Vou ter um desconto no meu lote?

   ―Não. – Aviso abotoando a camisa, ela ri. – Mas envio uma garrafa especial para servir ao seu cozinheiro quando se entenderem. Com os meus cumprimentos.

   ―Você é cínico. Deliciosamente cínico.

   ―Viu meus sapatos? – Pergunto enquanto caço os sapatos pelo quarto.

   ―Ali. – Ela aponta o móvel perto da janela. Me calço. Ajeito a camisa e sorrio para Fiorella ainda na cama com sua taça de vinho.

   ―Foi uma ótima noite. Boa viagem.

   ―Boa colheita. – Ela responde. – Entregue meus vinhos no prazo senhor De Martino ou aciono meus advogados.

   ―Conte com minha eficiência. Tchau. – Aceno da porta, ela acena de volta e deixo o quarto.

     Caminho até o estacionamento da empresa e deixo a cidade rumo a Vila. São pouco mais de quatro da manhã. A madrugada está quente.

   O outono está chegando. Setembro é o mês de colheita. Começo de outono. Quando a vila fica cheia de movimento e vida. Quando realizamos a festa da colheita com muito vinho, música e alegria. Os colonos adoram. Vovó fica no céu.

   Estaciono na garagem, Rosso e seu irmão abanando o rabo animados com minha chegada. Afago os pelos dos dois que ficam brigando por um pouco mais de atenção passando na frente um do outro.

   ―Sentiram minha falta? Desculpem ter saído tão cedo. Vamos correr o vinhedo? O que acham?

   Caminho com eles assistindo o dia amanhecer enquanto percorro as ruelas entre as videiras, os dois a minha frente. Vez por outra param de caminhar a minha espera quando me junto a eles volta a andar à minha frente.

   ―O dia está bonito. – Falo sozinho. Normalmente falar sozinho é mais fácil que falar com as pessoas. Falar com meus cães.

   Atiro um graveto. Rosso me olha um tanto cansado. Se ele não vai o irmão mais novo também não, me lembro de Filippo tentando convence-los a buscar a bolinha. Definitivamente são livres e só fazem o que querem.

   Depois de uma hora caminhando eu pego o caminho de volta. Passo por alguns poucos colonos já circulando. Olho para o casarão de pedra construído há uma eternidade. Cheio de segredos que aos poucos foram sendo desvendados, mas ainda falta tanto a ser descoberto.

   Quanto tempo passei achando que minha mãe tinha me deixado por pura falta de amor. Que tinha partido com meus dois irmãos menores, me tirado eles e me deixado apenas por que não me queria. Não foi assim.

   Antonella me amou, amou como amou Enzo e Kiara. Apenas fui arrancado dela. Meu pai quis se vingar dela impedindo nossa convivência, esqueceu que eu tinha sentimentos. Ele não sabia que essas coisas existiam. Que pessoas são capazes de amar.

   Fiquei sem meus irmãos menores. Sem minha mãe. Sem poder chorar por que homens não choram. Aprendi tudo sobre a terra, as uvas e o vinho. A mim foi negado o direito de ser criança e sonhar. Nasci adulto. Ele me exigiu isso desde muito cedo e eu aceitei.

   Eu o via como um herói. Um resistente que foi abandonado, que viu a esposa deixa-lo, levar os dois filhos mais novos e deixar o mais velho e pensei que ele sofria. Explicava sua frieza. Explicava por que me exigia tanto, por que me proibia de falar com ela e mais tarde me afastava tanto de Enzo e Kiara.

   Agora sei que não era amargura. Era rancor. Meu pai passou por cima dos filhos por rancor, por que ela exigia o justo. Exigia que ele desse nome a uma filha ilegítima. Valentina. Uma irmã que está por aí e que apesar de todos os esforços nem sinal de seu paradeiro.

   O que surgiu foi um grande abismo. A história é bem simples, bem mundana. Sem grandes lances. Só a história de uma família infeliz. Meu pai traiu minha mãe, teve uma filha que não assumiu. Mamãe descobriu. O casamento se deteriorou muito rápido. Eles se separaram, vingativo, meu pai me proibiu de ir embora com minha mãe. Sob o risco dela perder também os outros dois caso insistisse, Kiara, minha irmã mais nova era um bebê que ainda precisava da mãe para se alimentar e ela cedeu. A filha bastarda ficou perdida, eu e meus outros dois irmãos separados. Minha mãe se casou de novo, teve um outro filho. Um meio irmão que não conheci, um meio irmão que só vi uma vez, pouco antes de sua morte violenta. Morreu em meus braços enquanto lutava por ele. Foi tarde demais para nós dois.

   Éramos de dois mundos opostos. Giovanna vivia num mundo urbano, de frente com a violência, as drogas e as gangues, se enredou no mundo obscuro do crime e eu o perdi. Eu sempre vivi num mundo de silencio, natureza. Opostos, mesmo assim irmãos e cheguei tarde para ele.

   Sua morte de algum modo uniu o resto de nós. Kiara que um dia foi a coisa mais especial que eu tinha, um bebê que adorava dormir em meus braços. Enzo, meu irmão peralta que me dava trabalho para cuidar, mas que me fazia sentir importante por ser muitas vezes o responsável por ele. Fomos ficando distantes, criando imagens uns dos outros que iam se distorcendo com o tempo até sermos quase estranhos. Foi Giovanne com sua morte que de algum modo nos uniu.

   Está tentando nos unir. Eu não sou como eles gostariam, vejo como tentam, mas tem tantas marcas em mim. Das magoas do passado, de como eu os invejei por anos. Amava a lembrança que tinha deles, odiava a ideia de que eles tinham o amor da minha mãe e eu não. Senti saudades dela todos os dias da minha vida e isso não mudou. Apenas escondi isso. Tão fundo que por muito tempo eu nem sabia o que era aquele sentimento que me apertava o peito e me punha a parte do mundo. Só quando a verdade veio a tona foi que me dei conta.

   Chego a soleira da porta, escuto o movimento dentro de casa. Estão todos aqui. Enzo com a esposa Bianca e o filho Matteo. Kiara e o marido Filippo. Vieram para o fim de semana.

   Vovó ama recebe-los. Vó Pietra ajudou a terminar de me criar, eu a amo, agradeço seu esforço, não a vejo como mãe, mesmo tendo recebido seus cuidados, mesmo assim eu a amo mais que qualquer outra pessoa. Meus irmãos seguiram suas vidas e me sinto responsável por ela.

   Fiquei responsável por gerir os bens da família. O vinhedo e todo o resto. Muito trabalho. Pelo menos não gasto muito tempo com lembranças amargas como agora.

   Rosso e seu irmão mais novo, o cão de pelos amarelos que adotei quando ele estava sendo abandonado pelo antigo dono que fez a gentileza de dar um nome ridículo ao cão me olham esperançosos.

   ―Sinto muito, mas vocês ficam aqui fora. Vó Pietra não quer vocês dentro da casa e a casa é dela. – Afago os pelos dos dois. Rosso com seu pelo alaranjado e orelhas longas. Um cão de linhagem que os De Martino criaram através de gerações e o labrador amarelo de olhos chocolate. – um dia construo uma cabana para mim em qualquer parte desse mundo de terra e vão poder entrar e sair quando quiserem. Agora vão fazer qualquer coisa que cães fazem quando humanos não estão olhando.

   Abro a porta e assim que entro escuto mais claramente a conversa em torno da mesa do café da manhã.

   ―Não voltou desde ontem pela manhã. Saiu para trabalhar no escritório e por lá ficou. – Vovó comenta.

   ―É mulher vovó. – Filippo responde. – Queria ver ele pegando alguém. A senhora está muito lenta vovó. Cadê uma noiva para Vittorio?

   ―Por que não cuida da sua vida Filippo. – Digo entrando na sala de jantar. Todos eles me olham. – Bom dia.

   ―Bom dia tio Vittorio. – Matteo diz acenando. Ele é mesmo muito engraçadinho. O problema é que não tenho qualquer jeito com crianças. Aceno para o menino. – Mamãe pode ir na piscina?

   ―Quando esquentar mais um pouquinho. – Bianca diz ao pequeno.

   ―Sente para o café Vittorio.

   ―Vou tomar um banho e descansar um pouco. Vejo vocês no almoço.

   Ninguém insiste muito. O que é bom, virei a noite e me sinto meio esgotado.

   Acordo com Kiara me tocando o ombro. Esse esforço deles em me agradar na maior parte do tempo me deixa sem saber como reagir. Não sei dizer de modo claro que estamos bem e que podem parar com isso.

   ―Vamos almoçar. Você não vem?

   ―Vou. – Respondo tentando despertar.

   ―Depois do almoço partimos.

   ―Pensei que ficariam até amanhã. – Eles sempre voltam na segunda-feira pela manhã.

   ―Descobrimos que vai ter um leilão beneficente a noite no salão da igreja em San Gimignano.

   ―Espertos.

   ―Já encontro vocês. – Ela sorri. Acena e deixa o quarto. Quando me sento à mesa o assunto é o leilão.

   ―Esperava que fossemos todos. – Vovó diz aos netos.

   ―Temos uma reunião importante logo cedo amanhã vovó. – Enzo mente descaradamente.

   ―Então vamos apenas eu e Vittorio?

   ―Eu?

   ―Sim. As pessoas esperam que os De Martino estejam presentes.

   ―A senhora é uma De Martino. Pode nos representar a todos.

   ―Vittorio. Você vem comigo. Prometo ficar só o necessário. Não quero ir sozinha. Antônio vai nos levar.

   ―Vovó o motorista vai leva-la, então não preciso ir.

   ―Está decidido. Vão ter muitas moças para conhecer. E vai assinar alguns cheques.

   ―Vittorio. Vai deixar a vovó ir sozinha?

   ―Não Filippo, talvez eu peça a Kiara que fique e acompanhe a avó dela.

   ―Venceu. Me calei.

   ―Assunto resolvido. Vittorio me acompanha. Alguma novidade no caso da Valentina?

   ―Nada vovó. O avô dela veio trabalhar aqui muito jovem. No tempo do vovô. Naquela época os contratos de trabalho eram feitos de boca, sem um documento. Os poucos funcionários que ainda trabalham aqui e viveram naquele tempo não sabem muito. Ninguém lembra um sobrenome ou qualquer coisa sobre o paradeiro delas. Tudo que apuramos é que mãe e filha deixaram a vila numa manhã depois da colheita. Um homem que viveu aqui na época se lembra de quando ela trouxe Valentina. Ela não ficou, deixou a menina e ficou o dia todo na cidade. Estou vendo se por lá alguém tem noticias. Até agora nada.

   ―Redes sociais ajudariam. – Filippo comenta. – Podíamos criar uma campanha.

   ―Baby e em dois dias teríamos uma fila de mulheres se dizendo herdeiras De Martino. Seria o caos.

   ―Se não encontrarmos nos próximos meses é isso que vamos fazer e eu aguento o tranco. – Vovó decide.

   Uma hora depois do almoço os meus irmãos partem de helicóptero. Por volta de sete da noite minha avó está bem vestida, cheia de joias a me sorrir na porta do escritório.

   ―Vovó....

   ―Antônio nos espera. Leve seu computador e vá trabalhando no caminho.

   ―Uma hora vovó. Apenas isso que vamos ficar.

   Claro que dura no mínimo três horas. Gasto muito dinheiro com coisas inúteis que vovó não precisa, incluindo arrematar um vinho da minha própria marca. É surreal. Ele nem mesmo vem com a gente. Vovó presentei o padre com o vinho que doou para o leilão e me fez arrematar por cinco vezes seu valor. Me sento a seu lado no carro abro o computador.

   ―Meia noite. Isso lá é hora de estar na rua?

   ―Não seja ridículo.

   ―Eu não queria vir. Se lembra que me obrigou?

   ―Você precisa viver um pouco Vittorio.

   ―Um leilão cheio de idosos e moças casadouras não é o que chamo de viver. – Ignoro minha avó e me concentro nos relatórios que eu podia ter terminado de estudar há algumas horas.

   A estrada está vazia e silenciosa como de costume. Antônio dirige com cuidado na noite escura.

   ―O que está acontecendo ali? – Vovó questiona. Ergo meus olhos. Um pouco a frente um carro de polícia está parado, um policial parece meio agitado conversando um uma mulher que tem uma criança no colo. – Pare o carro Antônio. A jovem parece nervosa.

   ―Siga em frente Antônio. O policial está resolvendo.

   ―Pare o carro Antônio. Você trabalha para mim, não para o Vittorio. – Fica claro que é exatamente isso quando ele obedece minha avó parando ao lado do carro de polícia.

                                  


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Notas finais do capítulo

BEIJOSSSSSSSSSSSSS