Glacius- Habitantes do Desconhecido escrita por Alice Prince


Capítulo 4
CAPÍTULO QUATRO – O desconhecido se apresenta


Notas iniciais do capítulo

E ai minha gente amante do desconhecido ♥ Tudo bem?
Vamos a mais um capítulo de Glacius, temo dizer que estamos bem perto do fim, eu tenho 12 mil palavras, e escrevi tudo junto sabem, sem dividir em capítulos então sempre tenho dividir de uma forma que faça sentido, por isso temo que não teremos capítulo como eu disse, mas isso não é mal.
Boa leitura!



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Josh havia pegado o celular para conceder uma iluminação fraca, pois na escuridão que as escadas se encontravam era impossível dar um passo sem rolar pelos degraus, mas eu sabia o que passava pela mente dele, qualquer luz, por mais fraca que fosse naquele breu completo chamaria uma atenção que não queríamos.

Continuamos descendo com uma calma que não tínhamos, o medo parecia me abraçar tão forte naquele momento que se tornava difícil respirar e eu agradecia a cada passo firme que eu conseguia dar, pois se não fosse meu foco em continuar viva minhas pernas teriam se tornado tão moles quanto gelatina e me deixado caída lá.

— Não lembro de ter nada nesse andar além de salas de reunião, não vale nosso tempo, então vamos continuar, estamos indo muito bem.— comentou ele enquanto checava alguma coisa na tela do aparelho, ele iluminou minha face e eu pude ver que passava da meia-noite, o tempo parecia ter corrido de uma forma rápida até demais.— Só temos mais dois andares e ai esteremos lá embaixo para…

Ele parou repentinamente quando ouvimos algo vindo de uma das salas, haviam grandes janelas naquele andar, por onde pouco se podia ver da rua, mas por elas entrava uma fraca iluminação, já que o céu diferenciado não era um breu completo. No corredor em que estávamos haviam poucas portas que davam para as possíveis salas de reunião que ele citara, uma delas possuía janelas de vidro que cobriam grande parte das paredes, tendo um fim apenas alguns centímetros antes do chão, dando assim uma boa visão do interior da sala, que era exatamente de onde o barulho viera.

Escondendo o celular no bolso de sua calça ele segurou fortemente a arma e encostou o corpo na parede pondo uma das mãos em minha frente me forçando a fazer o mesmo. Tive quase certeza que ele podia sentir o meu coração batendo forte em meu peito, o barulho se intensificou como se algo estivesse andando de forma desajeitada pela sala, esbarrando nos moveis. Joshua me olhou de uma forma diferente, havia medo em seu olhar, mas pude perceber um misto de curiosidade neles, eu quis dizer algo, mas ele fez menção para que eu continuasse em silêncio e assim o fiz.

Ele escorregou o corpo pela parede agachando por completo e eu o imitei, Joshua me encarou enquanto apontava para frente onde se encontrava o arco que dava acesso à próxima escada, ficando de quatro como cães, nós começamos a engatinhar lentamente, passaríamos pelo extenso caminho por baixo das janelas da sala, e a cada “passo” que dávamos os barulhos se intensificavam, e eu podia sentir meu corpo travar a cada novo baque.

Jamais fui uma pessoa apegada a qualquer tipo de religião, talvez aquela garota que implora e promete que se aquele garoto da escola corresponder ela irá ser mais gentil e no dia seguinte esquece de tudo e segue com uma vida pacata. Não havia coisas para me agarrar naquele momento, e eu quis ter sido ensinada desde o começo a acreditar em algo, sendo real ou não a mente humana só precisa se agarrar a alguma coisa para se manter calma. Mas eu estava em um momento tão aterrorizante que sequer liguei se não acreditava, eu rezei mentalmente para que ao menos conseguíssemos sair de lá com vida.

Senti meu corpo se chocar ao de Josh quando ele repentinamente parou e me encarou prendendo a respiração, nos olhos aquele ar curioso que me assustava por completo estava ainda mais intenso. Balancei a cabeça repetidas vezes quando o vi se erguendo lentamente, eu o teria impedido, mas não podia negar que estava começando a sentir uma enorme vontade de ter noção do que estava naquela sala.

E assim, contrariando completamente o que meu coração dizia eu ergui meu corpo o mais lento que conseguia temendo e sentindo tudo em mim ser atingido por uma intensa onda de adrenalina, a sala estava revirada, cadeiras jogadas pelo chão, alguns papéis espalhados. Meus olhos relutaram em focar no lado oposto, de onde vinham os barulhos, e eu me odiei por ceder a curiosidade; o corpo esguio, de membros maiores do que os de um ser humano se moviam de forma lenta, como se flutuassem no ar, mas ele estava muito bem postado ao chão, meus olhos se arregalaram ao notar manchas avermelhadas em alguns pontos da sala que não estava muito bem iluminada.

Busquei a mão de Josh e a apertei de forma nervosa, voltamos a nos abaixar enquanto trocamos olhares apreensivos, eu não conseguia associar aquela coisa com nada que eu já tivesse ouvido falar na vida, e podia jurar que era quase idêntico ao que eu havia visto por entre os carros.

“Vamos apenas continuar...” Ele gesticulou com os lábios sem emitir som algum, eu precisei prestar muita atenção, era difícil as vezes entender coisas do tipo quando eram na sua língua, mas uma leitura de lábios em outro idioma era um desafio ainda maior.

Joshua ergueu o corpo mais uma vez para ter certeza que aquilo ainda estava distraído, minha mão ainda apertava a sua quando ele a puxou de forma brusca, aquela coisa estava agora parada de frente as janelas, aqueles mesmos olhos luminosos esverdeados que nos encarava de uma forma profunda, por mais que apenas parecessem dois buracos sem fim, era como se pudesse enxergar muito além, havia uma fenda mais abaixo e seguida de outra logo em seguida, como nariz e boca, aquilo estava lá parado, o que deveria ser sua pele tinha uma textura diferente ao olhar, negro como carvão, parecia algo semelhante ao coro eu não saberia como explicar.

Ele ergueu o corpo por completo me levando junto sem me soltar, estávamos a poucos passos das escadas, e bom, já havíamos sido vistos e eu pegara a lanterna no bolso, se tínhamos que ser rápidos precisávamos de luz.

— Pera ai, Johsua...— Eu falei afoita quando olhei para trás.— Para onde ele foi?— Aquela coisa havia simplesmente sumido, a arma tremulava na mão dele enquanto vasculhava com o olhar em busca daquilo, não havia jeito dele ter saído sem ao menos fazer algum barulho. Ele me puxou de novo já estávamos descendo alguns degraus quando, na escuridão, dois pontos luminosos se fizeram presentes nos fazendo recuar de costas, soltei minha mão quando aquilo de aproximou e encarei o par de olhos negros do homem que estava comigo, por mais que fossemos desconhecidos uma para o outro, nós tínhamos uma boa conexão, ele compreendera o que meu olhar quis dizer, correríamos o mais rápido que conseguíssemos.

Meus pés quase não tocavam o chão a luz da lanterna balançava junto com meus braços enquanto eu me empenhava em subir um degrau após o outro, chegamos rápido no quarto andar e não tivemos tempo de pensar em nada a não ser seguir para a próxima escadaria, realmente iriamos para o terraço mais uma vez.

Eu não arriscaria olhar para trás, mas os barulhos denunciavam, aquela maldita coisa estava vindo atrás da gente, mas o que ainda me atormentava era onde o outro havia parado, em um segundo aquilo simplesmente sumiu da sala, meus pensamentos eram tantos que eu nem me dera conta quando já estava de frente a porta, minhas mãos tremiam tanto que destravá-la parecia a tarefa mais impossível do mundo.

— Tudo bem, estamos bem eu faço isso...— Josh se pôs em minha frente para abrir a porta, estávamos muito ofegantes, subir dois lances de escada num piscar de olhos em meio a uma escuridão com a certeza de que algo esta atrás de você é algo que lhe arranca todas as forças.

Assim que ele conseguiu fomos abraçados por uma brisa que não exista antes, o vento não era forte, mas parecia machucar a pele, os céus continuavam daquela forma estranha, diferenciando-se apenas por uma intensa claridade que se alastrava por grande parte das nuvens, como se algo pairasse acima delas, e se realmente fosse isso era enorme, muito mais do que três ou quatro aviões juntos.

Joshua se empenhava em trancar a porta com alguma coisa que havia por perto, ele parecia tão concentrado em fazer aquilo que ainda não havia se dado conta de que estávamos no meio de algo de proporções enormes, meus olhos não conseguiam desviar daquilo no céu, estreitando os olhos com dificuldade pude ver que as nuvens em volta daquela maldita claridade eram diferentes das mais afastadas, formavam um redemoinho que girava lento e bizarramente.

— Isso é assustadoramente muito bonito...— As palavras escorregaram por meus lábios sem que eu percebesse, eu estava atraída por aquilo, fazia com que meu corpo tremesse e recebesse uma série de arrepios que percorriam cada parte como eletricidade. Eu sempre tive um medo descomunal daquilo que não pode ser explicado, mas havia beleza naquele momento, claro se não fosse pela premissa daquela coisa que havia dentro do prédio, eu ainda podia sentir o olhar daquilo em mim, o verde intenso que habitava as órbitas fundas, aquele ser tão… Eu não sabia como descrevê-lo, mas não parecia com nada do nosso mundinho.

— Sofia! O que pensa que está fazendo?— Senti as mãos de Joshua envolverem meus braços e me puxarem, foi como retomar a consciência, eu estava muito perto da beirada do terraço, não havia uma barreira de proteção e era necessário apenas mais alguns passos para que algo não muito agradável viesse a acontecer. Só que eu não me lembrava de ter andado até lá.— Isso nunca é a solução, não é porque estamos em uma merda estranha como essa que isso vá resolver…

O olhei com os olhos semicerrados e precisei sorrir quando me dera conta do que ele falava, Joshua me olhou como se eu fosse maluca e me fez andar mais alguns passos para longe.

— Eu não vou pular, Joshua.— O tranquilizei enquanto suas mãos ainda se apertavam em torno de meus braços, mas agora era mais como um afago.— Mas não pode negar, aquilo lá é diferente de tudo que já vimos, não é?

Ele finalmente pusera os olhos no maravilhoso evento, sua expressão era de surpresa, já não parecia tão assustador estar ali em cima naquele momento, mesmo que se o olhar fosse direcionado a mais distante o medo voltava, não era normal todas aquelas luzes que se moviam agora de forma lenta, mas não havia sequer um ruido, como se a cidade estivesse vazia.

— Precisamos sair daqui, nosso plano de escapar pela porta da frente não vai rolar.— comentei enquanto girava o corpo em diversas direções na procura de alguma saída alternativa, não era o maior dos terraços, e não havia nada que pudesse auxiliar, nem mesmo uma escada de emergência, como costumava ter naqueles prédios que vemos em filmes.

— Sem chance, nada de escadas em um terraço, Sofia, o único jeito seria...— a paz do momento se esvairá com tanta rapidez quando chegara, a porta estava sendo forçada de forma violenta, aquela coisa estava lá, mais uma maldita vez, eu não sabia o quanto meu coração ainda aguentaria, já não me incomodava mais a forma descompassada como ele batia em meu peito.

Joshua me puxou pela mão para o lado oposto em que estávamos, não era um prédio alto, mas era cercado por alguns menores, de quatro a três andares no máximo, aquele ponto da cidade parecia tão diferente das ruas da hospedaria em que eu estava, não era uma rua em ladeira. A porta sendo forçada se transformou em batidas insistentes, estava trancada por algum ferro que Josh tinha arrumado, nos daria um tempo, mas não adiantaria, não havia para onde correr sem dar de cara com o chão lá embaixo.

— E então, a conversa ali atrás, esse é o único jeito que eu consigo pensar.— Ele informou com a voz falhando enquanto guardava o revólver nos cós da calça, busquei seus olhos por alguns segundos e o vi morder os lábios de forma nervosa, ele encarava o prédio ao lado, e eu entendi no mesmo momento logo sentindo minhas pernas tremerem me fazendo respirar fundo, olhei para trás onde as batidas se tornavam ensurdecedoras… Eu não sabia se seria capaz de fazer aquilo.


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Notas finais do capítulo

Espero de coração que estejam gostando tanto quanto eu dessa jornadinha ♥
Nos vemos no próximo beijinhos gélidos em vcs ♥



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