Obscuramente escrita por Dreamer Girl


Capítulo 5
Capítulo 5




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10 coisas para fazer antes de morrer

 

1. Tacar o foda-se

2. Beijar alguém na chuva

3. Dançar na praia

4. Não pagar a conta do restaurante

5. Aprender a cantar uma música de reggae

6. Roubar a loja de conveniência mais uma vez

7. Ser feliz durante um dia inteiro

8. Fazer sexo em um lugar inusitado

9. Ver o pôr do sol.

10. Esquecer o passado e seguir em frente 

 

 

 

Pronto, eu havia terminado minha lista de 10 coisas para fazer antes de morrer. Agora só precisava colocar tudo em prática. O foda-se eu já tinha ligado desde o momento que saí de casa. Eu ainda estava chateada com Álvaro pela maneira de como ele havia falado comigo, porém quando vi estacionando em frente ao praia não resisti. O chamei para dar uma volta.

— Você está bem? – Ele perguntou sentado na areia. Suas pernas estavam esticadas e os cotovelos apoiados no chão.

— Estou e você?

— Sinto sua falta na escola. Agora todas as meninas de lá me atormentam – Nós começamos a sorrir.

— Eu só quero que você entenda que eu precisava fazer isso. – Expliquei ficando seria novamente. Ele encarou a imensidão do oceano e não falou nada.

— Carpe diem, lembra? – Dei um sorriso sem mostrar os dentes.

Eu levantei e comecei a dançar. Meus pensamentos estavam tão altos. Eu tinha Álvaro, eu tinha tudo. Acreditei. Como uma pessoa pode ter tanto poder sobre a outra ponto de sua vida depender dela? Eu beijei Álvaro antes dele ir embora e falei que o aguardaria, que ele poderia voltar quando quisessem. E então ele partiu.

Era uma tarde chuvosa, o parque Dona Lindu e a praia estavam desertos. Eu observava a chuva cair na parte coberta, perto do teatro.
Estava encostada em uma parede de vidro quando vi Álvaro estacionar o carro.
Corri em sua direção com um sorriso no rosto.

— Você pode vim aqui? – Pedi.

— Eu não vou descer, vou ficar encharcado.

— Por favor – Insisti.

Ele abriu a porta e desceu. Imediatamente sua camiseta vermelha ficou colada ao corpo por conta da chuva e seus cabelos grudavam no rosto.

E então eu o beijei. Foi uma cena parecida de filme.

— Foi pra isso que me chamou aqui? – Ele perguntou sorrindo. Eu afirmei com a cabeça e ele voltou a me beijar. Entramos no carro.

Mal tinha espaço para nós dois no banco, mesma assim não se importamos. Tirei minha camiseta molhada e ele a dele. Estávamos ofegante, mas eu não conseguia parar. Eu o amava tanto e acreditava que isso era recíproco.

— Você que sair comigo amanhã para almoçar? – Perguntou ele depois de alguns minutos de silêncio. Eu estava com a cabeça encostada no seu peito. – Eu posso te pegar amanhã.

— Claro – foi tudo o que disse enquanto me ajeitava naquele pequeno banco.

Eu estava na parte de trás do Lindu fumando maconha com Válter e alguns skatistas. Eu estava aprendendo a letra de um reggae. Tentando cantar junto com a letra que tocava no celular de um dos garotos.

Eu já estava brisada quando Álvaro apareceu. Nós íamos almoçar juntos. Quando ele chegou eu joguei o cigarro no chão e fingi que estava tudo bem.

— Vamos? – Perguntou ele logo depois que eu o beijei.

— Sim, eu já estou pronta – Ele olhou para as minhas roupas que eram as mesmas de sempre. Uma calça jeans, uma camiseta branca e o casaco amarelo com detalhes vermelhos que eu havia ganhado de Válter. – Eu posso chamar meu amigo para ir conosco? – Perguntei animada demais por conta da droga.

— Claro. – Ele deu de ombros.

Então entramos no carro, Álvaro no banco do motorista, eu no do passageiro e Válter no banco de trás.

— Antes de irmos quero passar em casa. Eu tenho um presente para você lá – Anunciou Álvaro me fazendo sorrir.

Válter ficou mudo o caminho inteiro, passou a maior parte do tempo observando a paisagem passar rapidamente pela janela do carro. Quando chegamos no apartamento, ele estava vazio como da última vez que eu estive ali.

Olhei para o sofá lembrando do que havia acontecido, eu havia perdido a virgindade no sofá da sala de Álvaro. Comecei a rir abobalhada com aqueles pensamentos.

— O presente está no quarto.
— Álvaro indicou o caminho.

— Pode ir, eu espero aqui – Válter se sentou no sofá o que não me deixou muito feliz.

Eu o considerava um território santo. Então comecei a pensar no tanto de pessoas que haviam sentado aquele sofa. Entrei no seu quarto sem questionar e tinha uma sacola em cima da cama. Abri e me deparei com um vestido vermelho.

— Espero que goste.

— Eu vou vesti-lo agora? – Eu já estava tirando o casaco.

— Por que você não toma um banho? – Ele apontou para a suíte do seu quarto.

Entrei no banheiro pensando em qual foi a última vez que eu havia tomado banho, comido comida de verdade e dormido em um lugar confortável. Há um tempo eu não tinha nenhum conforto, mas pelo menos eu podia ser eu mesma sem ninguém me julgar ou tentar me colocar para baixo. A água bateu na minha pele e toda a sujeira acumulada desceu pela ralo.

Ouvi a porta abri, mas não dei muita importância até abri os olhos e ver Álvaro sem roupa na minha frente. Ele entrou dentro do box de vidro e começou a se lavar.

Quando percebi já estávamos nos beijando. Seus beijos desceram da minha boca e começaram a se espalhar pelo meu corpo. A sensação era tão boa que parecia que eu iria explodir em pedacinhos.

Então virei para a parede, a água do chuveiro escorrendo pelo meu corpo enquanto Álvaro percorria os seus dedos por toda a minhas costas. Eu desejei que aquele momento durasse para sempre. Eu nunca mais queria ficar longe dele.

Deixei o banheiro e ele foi atrás de mim. Terminamos o que havíamos começado no chuveiro, na cama.

Levantei contra vontade, eu não queria deixar aquela cama confortável, só queria dormir ali ao lado de Álvaro. Eu estava amando ele e podia sentir isso em cada pequena célula do meu corpo. O beijei e tirei os lençóis de cima de mim. Ele me olhava ainda deitado com um ar de malícia.

Coloquei o vestido enquanto ele subia uma calça jeans nas pernas e abotoava uma camisa social preta. Ele ficava ainda mais lindo com aqueles trajes. Terminamos de nós arrumar e voltamos para sala. A cena que vi foi Válter dormindo no sofá e um pacote de biscoito vazio em cima do centro acompanhado de alguns farelos. O acordei e fomos almoçar.

O restaurante exalava um cheiro maravilhoso e eu e Válter que afirmou nunca ter ido a um lugar daquele, estávamos famintos por conta da maconha que fumamos mais cedo. Quando nossas comidas chegaram a quantidade nos decepcionou.

— O prato é comestível? – Perguntou Válter quando o garçom depositou o prato em cima da mesa. – Porque tem mais prato que comida aqui.
— Nós dois começamos a rir e Álvaro continuava serio como se nada daquilo tivesse graça.

Passei o dedo no chocolate que havia ficado no prato e o levei a boca em seguida olhei para meu amigo com um olhar de " você está pronto?" Ele meneou com a cabeça e então contamos juntos até três e em seguida levantamos da mesa e saímos correndo do restaurante. As outras pessoas nos olhávamos como se fossemos doidos e talvez nos fossemos mesmo. Corremos de volta para o parque. Eu tinha outra coisa feita para marcar na minha lista.

Horas depois Álvaro me encontrou. Ele parecia furioso. Jogou minhas roupas antigas em cima de mim e quando fui tentar abraça-lo ele se esquivou.

— O que você fez no restaurante foi irresponsável e imaturo. Você sabe o que poderia acontecer se eu não tivesse pago a conta? – Ele falava bravo. Então era por isso que estava com raiva.
— Você deveria melhorar suas atitudes Émile. O mundo não é colorido do jeito que você pensa.

— Claro que não, eu já experimentei desse mundo e não gostei. – Sussurrei.

— Sinto muito mais ninguém está aqui para agrada-la, na vida você terá boas experiências e ruins também. Você deveria encarar seus momentos ruins de frente e não ficar se escondendo em um parque fumando maconha com mendigos.

Mais uma vez foi difícil escutar suas palavras e sua opinião sobre mim. Eu me senti culpada tudo o que eu fazia era errado, até quando eu queria acertar eu errava. Por que eu insistia em viver se não valia mais a pena. Eu implorei mentalmente para a morte vim, mas ela parecia não escutar.

— Você tem vergonha de mim? – Gritei. – Você não quer que eu continuei aqui fazendo tudo isso porque têm vergonha de mim.

Ele não respondeu e as lágrimas começaram a brotar dos meus olhos. Peguei minhas coisas e me afastei. Deitei no gramado que havia atrás do parque chorando desesperadamente. Se eu não tinha mais Álvaro então qual era o sentido em continuar vivendo?


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