10 anos depois escrita por LightHunter


Capítulo 6
Capítulo 6 - Nina




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/735903/chapter/6

12 anos atrás

A primeira semana de aulas passou rápida, e antes que pudéssemos nos dar conta, a festa do BB havia chegado.

Olho no espelho enquanto passo um batom escuro e coloco minha jaqueta jeans, a música no celular alta a ponto de não conseguir ouvir o que se passava fora do meu quarto. Procuro pela minha palheta da sorte, e coloco atrás da capinha do celular. Pego a minha bolsa e meu violão no momento em que a música é substituída pela abertura de Friends, o toque do meu celular.

— Já estamos aqui embaixo.

— OK, estou descendo.

Saio do quarto, pausando a música, e abro a porta da casa, não sem antes ouvir:

— Volte antes das onze, querida.

— Certo, mãe, qualquer coisa te ligo. – Suspiro e passo pela porta, fechando-a atrás de mim. Espero pelo elevador quando recebo outra chamada. – Caralho, Lena, eu já to descendo. – Deixo o celular tocar até cair na caixa postal. O elevador chega e desço para o térreo.

Vejo o carro branco estacionado na frente do meu prédio e caminho até lá, tomando cuidado com o violão.

— Demorou hein? – Lena se ajeita no banco pra conseguir me olhar. Penso em uma resposta, mas então lembro da mãe dela no banco do motorista, e decido apenas revirar os olhos.

Chegamos na festa dez minutos depois. Assim como eu, BB também morava em prédio, então o barulho alto da música e o som de copos quebrando não era perceptível. Respiro fundo, já sabendo pelo que esperar, e agradeço a mãe de Lena pela carona. Ela e eu descemos do carro e entramos no condomínio.

Cinco minutos depois, o elevador abre e imediatamente sentimos o calor que emana da festa. O forno estava aberto, e tinha gente demais pra espaço de menos. Agarro meu violão e começo a empurrar as pessoas até conseguir achar um banco livre. Quando consigo apoiar meu violão na parede e sentar, recebo um abraço por trás e quase caio no chão.

— AHHHHHH QUE BOM QUE VOCÊS VIERAM! – BB me larga e abraça Lena, que tem a mesma sensação de sufocamento que eu. Percebo que ele está bêbado, e em uma das mãos uma garrafa de vodka se pendura entre seus dedos. Tiro a garrafa dele, e sob muitos gritos e protestos, coloco em um lugar longe. – Acho que você já bebeu demais por hoje.

Vejo um brilho loiro sentado no sofá e vou até lá, enquanto BB tenta alcançar a garrafa de bebida. Encontro Lara e Maya conversando, totalmente absortas na discussão, e cumprimento as duas. Era surpreendente como a garota nova havia se enturmado tão bem conosco, e em tão pouco tempo. O vínculo que ela e Maya tinham criado era incrível, e tinha se passado apenas uma semana de aulas.

— Olha, vocês não estão bêbadas, graças a Deus. Acho que somos as únicas daqui. – Olho para o drinque que Maya segurava, mas decidi não me importar. Ela era responsável, diferente de certas pessoas.

— Eu não bebo. Sempre me senti como a “mãe do grupo”. Quando formos maiores de idade, acho que eu ficarei responsável por levar todo mundo pra casa depois do bar. – Lara sorri para mim, afastando uma mecha loira de cabelo do rosto.

— Somos duas então. Tirando a parte da carona. Eles que se virem. – Olho em volta e vejo pessoas caindo, chorando, rindo, ou vomitando por tudo quanto é lado.

— Quer se juntar à conversa? Estávamos falando de SKAM. – Lara tinha ido para o lado, abrindo espaço para que eu pudesse sentar.

— Saúde. E acho que não, preciso falar co… - O barulho de vidro quebrando me chama a atenção, e olho para trás. BB havia quebrado um copo tentando alcançar a garrafa. Olho de novo para as duas garotas, que estavam rindo. – Um minutinho.

Empurro dois caras que estão se beijando e chego até BB, que está tentando limpar o chão arrastanto os cacos de vidro com o pé, gargalhando. Era por esses e outros motivos que eu mantinha toda e qualquer gota de álcool fora do meu organismo.

— Baby, eu sei que é sua casa, mas você tá quebrando tudo e precisa arrumar isso até amanhã de noite pra sua mãe não desconfiar da festa. – Suspiro. Isso era o que acontecia quando pessoas de quinze anos bebiam. Pego a garrafa que havia deixado em cima de uma estante e entrego para Lena. – Não deixe que ele beba mais do que o necessário, OK?

— Pode deixar. – Ela diz, e volta a conversar com Letícia.

Depois de vinte minutos, as duas estão em cima da mesa com duas garrafas de tequila pela metade e cantando Like a Virgin.

— Jeez. Eu criei um monstro. – Uma ideia surge na minha cabeça, e pego o violão. Expulso as duas da mesa, peço para abaixarem a música e sento em um banco, apoiando as pernas na mesa agora vazia. – Acho que o melhor jeito de vocês liberarem esses hormônios é com uma boa música. Espero.

Respiro fundo e começo a tocar, e a sala fica em um silêncio quase total.

— Twenty-five years and my life is still

  Trying to get that great big hill of hope 

  For a destination 

Não demora para que todos comecem a cantar também, e a sala se torna um coro enquanto a música flui, e por um momento esquecemos dos problemas existênciais da adolescência ou de todo o resto. Olho em volta. Vejo Lena deitada no colo de Vic, cantando; Maya e Lara sentadas seguindo o coro de vozes; e Gus, Letícia e BB, de pé e abraçados, tentando acompanhar a música rápida de mais para a bebida associar, então eles só soltam grunhidos e riem.

Com a música quase no fim, a porta se abre e uma garota entra pela porta, um ar de arrogância preenchendo a sala. Só ouço o amargo da voz de Lara pronunciando seu nome, e percebo que coisa boa não vai sair daí.

— Gabrielle.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "10 anos depois" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.