Todo o mundo escrita por fiore


Capítulo 2
Os enganos




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Bia encarou-me em silêncio, parecia em expectativa. Tentei não focar muito em seus olhos, senão ficaria incapaz de fazer o que era preciso. 

— Vim terminar tudo de uma vez— Disse ela decidida, a voz falhou, denunciando que se esforçava muito para controlar-se. Eu já ouvira tantas vezes aquela frase que tive vontade de rir. 

Aproximei-me mais ao perceber que quase não conseguia desviar os olhos de meus seios nus. Pensei então em todos os momentos em que Bia fazia mais que olhar, quando tocava-me ou beijava-me tão calorosamente que acabava deixando marcas. Se eu não me sentisse tão morta, provavelmente minha face ficaria rubra. 

— Bem — forcei um sorriso. O mais descarado possível – se não percebeu não precisava vir aqui pra fazer isso. Ou não viu a minha amiga? 

Bia contorceu-se na cama. Sentando-se a minha frente sobre os joelhos. 

— Você é cruel. Acha que isso me fere, por isso esfrega na minha cara. 

— Pois se não fere estou mais certa ainda! Você já tinha acabado tudo, Bia. Fez isso vinte vezes em dois meses. Não… — aproximei-me mais fazendo meu mamilho roçar em seu braço. Falei-lhe ao ouvido— Você veio aqui por que você sente saudades. Confessa… ele não dá conta da sua bocetinha rosa. Não é? 

Gargalhei amarga. Uma faca furando-me as costelas. 

Bia empedrou-se. Eu tinha conseguido o que queria. 

— você é um mostro! — disse-me ela, vermelha, parecia não acreditar no que ouvia. 

— ah, não se faça de inocente! – parei um instante, procurando algo que a provocasse mais— Será que ele já fez você gozar? 

Seus olhos se arregalaram. 

Gargalhei mais. 

— Meu Deus! É por isso que vai me trocar? 

Por dentro a faca afundou-se mais. Meu coração trasbordava em dor, eu sangrava por dentro. Mas não deixaria que ela percebesse. Faria com que sentisse o mesmo. 

— Sua estúpida! – gritou, me dando um soco. Estava vermelha de raiva, não de vergonha. Senti a dor do soco com eco por causa da bebida. Minha cabeça pendeu pro lado mas logo me recompus, sorri e a encarei. 

— Garota violenta, muito bem. É assim que eu gosto. 

Percebi que Bia ofegava. A respiração estava curta e contida, como se doesse respirar. 

— você é impossível! — gritou ela, me empurrando. Caí de costas no colchão, no limite da borda da cama— você não entende! Prefere ficar aqui excluída da vida real. Acha que me atinge ficando com essas vagabundas!?— ela riu, os olhos brilhando em lágrimas— Está errada. Me atinge, me magoa mesmo é ver você tentando se preencher com isso. Mesmo que não funcione. Dói por me sentir responsável com isso. Dói porque não posso fazer nada. Dói porque estou aqui, e não consigo ir embora. Não consigo mesmo que isso seja o certo. 

Levantei-me rapidamente. 

— você me faz sofrer e acha que ir é o certo? — exasperei-me indo pra cima dela, perscrutando seus olhos em busca de uma resposta — se me ama tanto, porque vai? Porque não me escolhe, porra?! Você que ir? Vai de vez e não volta! Quando estou prestes a me acostumar você volta! O que diabos você quer? Quer que te espere sozinha nessa porra de vida, enquanto você pousa de namoradinha feliz?! Pro caralho! 

Parei para ouvir o que havia acabado de dizer. Sofria por antecipação toda vez que estavamos juntas, porque sabia que ela sempre ia. Mas nunca era uma certeza se ela voltaria. 

Bia olhou-me por um instante, mas sem conseguir manter o olhar desviou-o para as mãos. 

— Me perdoa... — sussurrou. 

Engoli em seco. Ela ia de verdade dessa vez? 

Tive vontade de rolar no chão e implorar que vivesse comigo. Que não levasse consigo tudo de bom que eu tinha. 

Ela.


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