O relógio é a única coisa a pronunciar-se. Seu tiquetaquear incessante, trazia consigo mais nervosismo para o jovem-adulto de cabelos negros — e atualmente desgrenhados — que neste exato instante, encontra-se amuado no sofá da sala de espera para que, enfim, possa encontrar seu Chefe.

A porta da sala do mesmo fora aberta e Wonwoo foi chamado.

Levantou-se rapidamente, dizendo um 'sim' apressado e trêmulo. Pegou sua pasta e ajeitou o nó da gravata que estava frouxo; suas costas suavam frio, assim como as palmas de suas mãos, além de sua testa que persistia em escorrer um filete de suor. O Jeon mesmo temeroso, adentrou na sala, pensando nas várias possibilidades de como ser despedido pelo próprio chefe, não que isso fosse acontecer (talvez), mas as chances não são nulas.

O senhor de meia-idade que estava sentado em sua cadeira giratória de couro, possuí um semblante nada amigável e mesmo tendo um aspecto físico menor do que Wonwoo, este pequeno senhor coloca medo em qualquer um.

Os cabelos grisalhos estão perfeitamente alinhados para trás com um gel caríssimo, além de um terno com um tecido de alta qualidade, assim como os sapatos sociais pretos importados da Itália. Tudo neste senhor, esbanja riqueza e auto-confiança. Não é atoa que conseguiu em menos de oito meses, se tornar o presidente da empresa, agora, seu próximo objetivo é tornar-se a maior editora do Estado.

— Está atrasado... Sr. Jeon. — Comentou o homem em uma voz ríspida, direcionando um olhar furioso para o mais novo. — Qual será a desculpa da vez?

— Desculpe-me, Chefe Hong... Meu celular não despertou e-

— Basta! — Vociferou o senhor, batendo com uma das mãos sobre a mesa, fazendo Wonwoo dar um pequeno pulo e abaixar a cabeça imediatamente, olhando para seus pés. — Eu o aceitei como meu empregado, pois seu trabalho para corrigir textos é excepcional, no entanto, há aspectos que o deixando à desejar... Como sua falta de comprometimento com o horário de trabalho! — Sr. Hong estava com a testa vermelha de tanto stress. Rapidamente pegou sua garrafa de água e bebericou generosos goles, em seguida, recostou-se na cadeira massageando as têmporas. — Escute-me com atenção, pois não irei repetir novamente... Eu já despedi muitos como você logo quando tornei-me Presidente desta empresa editorial, contudo, pelo que escuto dos outros funcionários, você é o mais esforçado. — Ouvir aquilo era um acalentar para o coração abalado do jovem Jeon. — Eu tenho uma sobrinha, esta que está para se mudar para seu prédio... Ela está aqui para passar umas férias, no entanto, os funcionários que solicitei que cuidassem dela, de alguma forma recusaram e demitiram-se no dia seguinte — Então foi por isso que um de seus colegas demitiu-se... E logo em seguida outro e mais outro. —, estou em um estado crítico, já que meus melhores funcionários saíram da empresa e muito provavelmente entraremos em uma crise. Para isso, decidi visitar empresas de amigos de outros Estados para que possam me fornecem alguns de seus empregados para trabalharem aqui e é por isso, que não poderei passar um tempo com minha sobrinha. No instante que soube que você morava no mesmo prédio que ela está para se mudar temporariamente, além dos elogios ouvidos sobre sua pessoa, decidi torná-lo tutor dela. — Neste instante, o Sr. Hong ergueu o olhar para Wonwoo que o encarava um pouco surpreso e amedrontado. — Eu não lhe darei o direito de rejeitar, pois é uma ordem e se não cumpri-la, irei demiti-lo sem pestanejar.

— S-sim! — Esbravejou Jeon em posição de sentindo e logo, curvando-se  para o Sr. Hong. — Prometo não decepcioná-lo!

— É bom que não o faça, pois é a sua última chance de provar que consegue permanecer nesta empresa. — Dito isto, ele o dispensou, porém, Wonwoo o agradeceu várias vezes até chegar de encontro com a porta.

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Após sair da sala de seu Chefe, Wonwoo já nem lembrava exatamente o que tinha que fazer. Apenas sentia-se aliviado. Não seria demitido. Sentou-se em sua cadeira de frente para a sua mesa de escritório todo sorridente. Ah... Por um breve instante, achou que seria esmagado por aquelas pequenas mãos enrugadas.

Uma das secretárias do Sr. Hong aproximou-se cautelosamente da mesa de Jeon, até um pouco tímida e o cutucou sobre o ombro, fazendo o mesmo girar bruscamente com a cadeira por conta de sua animação e a senhorita, grunhiu assustada.

— O-o... O Sr. Hong pediu-me para entregar-lhe. — É diferente do habitual. Ao invés de pilhas de papel, era apenas uma pequena folha rasgada contendo o nome da sobrinha e um número de celular. — Ele também o dispensou para que possa ir embora mais cedo.

Wonwoo encarou o papelzinho um pouco perplexo, sem entender nada! Antes que pudesse tirar alguma dúvida, a jovem já havia saído correndo para seu local de trabalho. Frustrado, pegou suas coisas e saiu, afinal, não havia o que se fazer e mesmo que pedisse alguma informação para aquela secretária tímida, não conseguiria nada, apenas mais lamúrias.

Na volta para casa, continuava a encarar o papel.

Gook Yujin — 82*******

Este é o nome e o número de celular... Logo mais, uma rajada de vento forte passou e o papel que é considerado de extrema importância, fora levado. O Jeon ficou desesperado, sem saber o que fazer, apenas corria atrás do papel que voava de um lado para o outro, parando em lugares nada convencionais e quando achava que ia conseguir pegá-lo, o papel voava novamente, até que o mesmo tomou um trágico fim. Entrou pelo buraco do bueiro. Wonwoo achava que isso apenas acontecia em filmes... Como acabou de presenciar, isso também acontece na vida real.

Quando decidiu ir embora, percebeu que, ao olhar aos arredores, encontrava-se perdido. Estava para pegar o celular, para chamar um táxi, mas novamente... O azar lhe ataca novamente. Acabou esquecendo o aparelho em casa e lembrou-se de sua existência agora que o precisa.

— INFERNO! — Gritou, assustando as pessoas ao seu redor.

Olhou em seu relógio de pulso... 15:57... Ah, onde quer que esteja, iria demorar para chegar em casa.