Enquanto isso... em Hogwarts

Tudo estava detalhadamente bolado em sua cabeça, detalhe por detalhes e nada poderia dar errado. Mia tinha um plano complexo, mas estava disposta a correr o risco, ela precisava de respostas. Já tinha esse plano a um tempo, mas a revelação de Anne, a conversa com seu avô e o pesadelo, foi o bastante para ela decidir coloca-lo em pratica. Esperou alguns minutos, até que tivesse certeza que sua mãe tinha ido. Levantou fazendo o mínimo de barulho, pois não queria que as meninas acordassem. Foi até o malão e pegou a capa de invisibilidade de Thiago. Tinha pedido para ele uns dias atrás com a desculpa de que precisaria ir até a biblioteca para estudar depois o horário, a sorte é que ainda não tinha tido a oportunidade de devolver com a correria das provas.

Nem se importou se ainda estava de pijama e não tinha feito a sua higiene matinal, saiu com a capa assim mesmo, não podia perder tempo, tinha que aproveitar que era cedo e estavam todos ainda dormindo por ser sábado. Caminhou pelos corredores do castelo em passos largos, chegou ofegante nas masmorras mais especificamente na sala de poções. Quando não estava tendo aula, a sala ficava trancada, mas Mia conseguiu abrir com facilidade. Andou lentamente por todas as mesas e prateleiras da sala ainda embaixo da capa. - tem que estar aqui... - falou para si mesma – seus olhos acinzentados percorriam toda a extinção das imensas prateleiras cheias de poções. Não aguentou segurar o riso quando finalmente encontrou o que tanto estava procurando... Tirou a capa e subiu em umas das mesas que estavam próximas. Com o frasco seguro em sua mão, vestiu a capa novamente e tratou de sair da sala rapidamente, mas antes não deixou de olhar ao redor para ver se nada tinha ficado para trás. Estava tudo em ordem. 

Chegou ao dormitório encontrando Rose e Lily ainda dormindo, respirou aliviada, parecia que Merlim e até Salazar estavam do seu lado. Tirou a capa e a guardou junto com a poção muito bem escondida no fundo do seu malão. Pronto, uma parte do plano estava feito. Mesmo sem sono, sentou na cama para descansar um pouco. Começou a pensar na sua mãe, no seu pai, no seu avó, mas os pensamento não foram muito longe, já que voltou a realidade com Lily falando quase num sussurro.

— Esta se sentindo melhor, Mia? Ficamos tão preocupadas ontem!

— Estou sim, estou me sentindo bem – sorriu para a prima

— A tia Mione já foi? - Lily olhou ao redor procurando algum indicio que Hermione ainda poderia estar no castelo.

Mia assentiu - Disse que tinha que resolver um assunto importante, mas não disse o que era.

— O que você acha que pode ser? – Lily perguntou curiosa

— Eu não sei, ela disse que depois me contaria...  

Mesmo receosa Lily queria saber sobre o pesadelo que Mia tinha tido – O que sonhou ontem? Acordamos com você gritando...

Mia suspirou – Sonhei que o meu pai ameaçava matar a minha mãe. Disse que não tinha escolha, ele tinha que fazer aquilo – Lily arregalou os olhos.

— Você acha que ele pode ter se arrependido? Digo...De tudo que tinha feito?... você sabe... – Lily abaixou a cabeça

— É o que eu mais quero acreditar... Ontem Minerva me falou que não acreditava que ele agia por espontânea vontade. Disse que ele era muito novo quando se juntou ao lado das trevas – Mia sentiu um no na garganta – Mas desde o fim da guerra, nada foi encontrado nada poderia provar o contrario. – Uma possibilidade invadiu a sua mente, mas na mesma hora ela desanimou.

Mia imaginou que poderia tentar se encontrar novamente com o seu avô, ele mais do que ninguém poderia lhe contar o que realmente aconteceu, para tentar ajudar o seu pai, mas lembrou que ele esta foragido, não sabe onde ele poderia estar e ela tinha dito a ele que não contaria que o encontrou e muito menos sobre o que conversaram. Qualquer informação que ela poderia conseguir com ele, automaticamente ela estaria o entregando, porque iriam perguntar como ela tinha conseguido aquelas informações e ela não poderia mentir. 

Apesar de acreditar que Lucius estava arrependido de tudo que tinha feito, não concordava com a covardia dele de preferir se esconder, ao invés de assumir seus erros e sofrer as consequências, por mais duras que elas fossem. Estava se sentindo totalmente em cima do muro. Não sabia o que deveria fazer, não queria que seu avô ficasse por ai se escondendo até da própria sombra, mas ao mesmo tempo ela não iria entrega-lo, já era duro demais imaginar tudo o que o seu pai pode estar sofrendo em Azkaban, não queria que seu avô sofresse também. Não iria desistir de nenhum deles, mas tudo ao seu tempo, agora o seu foco era Draco Malfoy. O jeito era manter o plano e seja o que Merlim quiser.

— Se tivesse alguém que poderia ajudar, sei la, algum amigo dele... Sem ser a Parkinson é claro... – Comentou Lily – Talvez pudessem dar alguma informação. – As duas pensaram por alguns minutos...

— ZABINIII – Gritaram. Rose acordou na mesma hora assustada

— O QUE FOI? – perguntou Rose sentando na cama ofegante. – Vocês querem me matar de susto??? – Mia e Lily riram

—  Claro... Como não pensei nisso antes? – Harry e Hermione tinham comentado com as duas durante uma conversa aleatória que tinham salvado Draco e Zabini na sala precisa em Hogwarts.

— Talvez ele saiba de algo que possa ajudar o seu pai, Mia – Lily deu um sorriso empolgada.

— Vou falar com ele o quanto antes... – Mia levantou correndo da cama para se arrumar.

— Do que vocês estão falando? – Perguntou Rose confusa. Ainda estava atordoada pelo sono e pelo susto.

— É que Mia vai tentar falar com o Vitor, para ver se o pai dele pode ter alguma informação sobre o que pode ter acontecido com o Draco, afinal os dois eram amigos quando eram mais novos... – esclareceu Lily

— Vitor? Vitor Zabini? – Rose tentava se lembrar de que Vitor Lily estava falando.

— Esse mesmo... – repondeu Lily

— Mas olha, é segredo, ninguém pode saber... – Advertiu Mia, saindo do banheiro – Minha mãe já esta mal por tudo o que aconteceu, se ela souber, ela me mata.

— Vocês conversaram?, Ela falou mais alguma coisa sobre o Draco? – perguntou Rose, já totalmente despertada.

— Ontem ela me pediu desculpas por não ter me contado que o meu pai era um Comensal da Morte – aquele termo a machucava – Ficou sentida pela forma que eu descobrir. Disse que ainda não sabia lidar com tudo isso, por isso não tinha me contado a verdade – Estava se sentindo triste por agir em segredo. Não sentia raiva de sua mãe por ter escondido algo sobre o seu pai, mas não iria desistir de seus planos, ela precisava seguir o seu coração e fazer o que achava ser o certo, mesmo que sua mãe pudesse ficar chateada.

— Esta chateada com ela? – Perguntou Lily

— Sabe... Eu poderia sim, ficar com muita raiva dela por ter me escondido algo como isso, mas eu a entendo. Nossos pais passaram por coisas muito difíceis naquela guerra e o meu pai, eu gostando ou não, teve uma parcela dessa culpa. Ele magoou a minha mãe e entendo que ela so queria nos proteger esse tempo todo. Eu sei que ela ainda sente algo por ele, mesmo que seja algo doloroso e difícil de lidar.  

— O que estava sentindo pelo seu pai, depois que descobriu que ele foi um... Comensal da Morte? Ainda vai lutar por ele? – Perguntou Rose receosa.

— Ele é meu pai, Rose. Eu nunca iria desistir da minha família. Por mais que tenha feito coisas horríveis, eu não posso desistir. Eu sinto – colocou a mão no peito – que tem algo errado nessa historia toda.

— O que pretende fazer?

— primeiro vou tentar falar com o pai do Zabini, depois eu vejo o que eu faço. – Não iria revelar o seu plano, por mais que sabia que podia confiar nelas plenamente. Mas a principio tinha que guarda-lo apenas para si.   

— Pode contar com a gente se precisar! – disse Lily sorrindo

— É, estamos com você! – disse Rose

— Muito obrigada meninas – sorriu para elas agradecida – Melhor arrumarmos tudo isso aqui para descer, já estou ficando com fome – riu. As três arrumaram o quarto, tocaram de roupa e desceram para o café.

Quando estavam quase chagando na porta do salão, Mia viu Zabini no caminho oposto, correu em sua direção antes que ele entrasse, não queria chamar a atenção dos outros alunos. Puxou ele, antes que entrasse no salão, ele a olhou assustado.

— Que susto Mia, ficou maluca? – disse arregalando os olhos para ela. Vitor Zabini era parecido com o seu pai.

— Desculpa Vitor, não queria te assustar. Preciso muito falar com você. – Olhou ao redor para ver se não tinha nenhum aluno chegando.

— Mia, nos vemos depois – Disse Lily puxando Rose para irem para o salão. Mia assentiu e voltou a olhar para Vitor

— Vem, vamos sair daqui. – a arrastou até uma sala mais próxima.

— O que foi que aconteceu? – perguntou vendo- a fechar a porta da sala.

— Preciso da sua ajuda – Vitor assentiu – o seu pai esta em casa agora pela manhã? – Zabini a olhou confuso.

— Hey, eu não fiz nada de errado, não tem o que me dedurar para o meu pai, Malfoy – Vitor riu debochado. Malfoy... Mia sorriu em ser chamada pelo sobrenome de seu pai, era a primeira vez que isso acontecia. Até então, era chamada apenas de Granger.

— Não seja bobo Zabini – Mia riu – preciso conversar com ele a respeito do meu pai, eles foram amigos...

— Eu entendo – sorriu com compaixão – Hoje o meu pai não ira para o Ministério, então acredito que ele esteja em casa... Saiba que achei horrível o que a Parkinson fez na biblioteca, eu não estava la, mas você sabe... Fiquei sabendo. Aqui as noticias correm rápido.

— Ela não tinha o direito de fazer aquelas acusações. – disse cabisbaixa

— Sabe... o meu pai também foi um Comensal da morte – Mia o encarou incrédula – Infelizmente ele não tinha outra opção, já que a minha avó também era. Ele tinha aprendido que os ideais de Voldemort era o certo, mas depois da guerra, ele viu que estava agindo de maneira errada e se arrependeu.  

— Eu não sabia disso... – Mia se perguntava como ele não tinha sido condenado como o seu pai, não que ela quisesse que algo de ruim acontecesse com Zabini, ela apenas queria entender, mas não iria perguntar para não ser rude, afinal Vitor sempre foi muito legal com ela, mesmo não se falando muito, eles tinham uma boa relação.

— Eu sei o que deve estar sentindo, foi muito difícil também pra mim, quando o meu pai me contou... Ele so não foi preso, porque não agia diretamente nos planos de Voldemort, apenas o apoiava por influencia da minha avó e participava de algumas reuniões. Ele diz que se pudesse apagaria aquela época de sua vida, mas é algo que terá que conviver.

— Ele já te contou alguma coisa a respeito do meu pai? – Mia não resistiu perguntar. Estava se sentindo aliviada por ter alguém que de certa forma a entendia. Desejava mais do que nunca que seu pai também tenha se arrependido como o pai do Vitor.

— Pra ser sincero, eu nunca cheguei a perguntar para ele daquela época, ele nunca gosta de lembrar, mas acho que ele ira conversar com você. Você é filha do amigo dele, ele não ira te deixar de mãos fazias. – Vitor sorriu

— Obrigada – Mia retribuiu o sorriso

— Não se preocupe, não irei contar para ninguém. Eu imagino o quando deve ser importante para você, eu também faria a mesma coisa...

— Não faz ideia...

— Não ligue para o que a Parkinson ou qualquer pessoa diz a respeito do seu pai. As pessoas julgam as outras muito facilmente. Tenho certeza que ele deve ter se arrependido, assim como o meu pai. Bom... acho melhor irmos para o salão, daqui a pouco não ira sobrar mais nada – Mia riu

— Vamos – os dois saíram a caminho do salão principal, se Mia já estava com fome, agora, era capaz de comer um boi. Se separaram ao chegarem na porta, ela foi para a mesa da Grifinória e ele foi para a mesa da Sonserina, mas não deixaram de darem um abraço ao se despedirem.

— E ai, como foi? – perguntou Rose desesperada, nem esperou Mia se sentar

— Conversamos um pouco, ele disse que o pai dele esta em casa agora pela amanhã. Ele me contou que Blasio também tinha sido um Comensal da Morte – Disse chegando bem próximo a elas para que ninguém escutasse. As duas se olharam espantadas. – disse também que ele se arrependeu e so não foi preso porque não tinha cometido nenhum crime, apenas participava de algumas reuniões, mas ficava na dele. Espero tanto que ele possa me ajudar. – Disse tomando um pouco de suco de abobora. 

— Vai dar tudo certo, Você vai ver – disse Rose a encorajando. – Mas como assim, agora pela manhã? Você não esta pensando...

— Eu vou até la, depois de tomar café, quando mais rápido eu descobri alguma coisa melhor...

— Mas Mia, você ficou louca? E se a tia Mione aparecer por aqui? O que falaremos? -  disse Lily um pouco preocupada com a possibilidade – Se ela souber que você saiu sem autorização ela nos mata..

— Ei, relaxa... não vai acontecer nada, não vou demorar la. – Disse confiante – se ela aparecer vocês inventam alguma coisa...

— Você so deve ter fumado a pedra filosofal, so pode. Você sabe que ninguém engana a sua mãe Mia – disse Rose

— Eu preciso fazer isso, não tem outro jeito, se quiserem podem até dizer a verdade... Depois eu me viro com ela, mas tentem por favor... Eu preciso ir...

— Ok ok... Pode contar com a gente vamos dar um jeito – Disse Lily receosa

— Obrigada meninas... – sorriu agradecida – Mudando de assunto, eu perdi alguma coisa, enquanto estava fora?   

— Bom... apenas que a  Parkinson não para de nos encarar, acho que foi pouco a surra que você deu – disse Rose rindo 

— Ela que se atreva a fala novamente do meu pai, para ela ver so. – Virou para a mesa da Sonserina rapidamente.

— aah outra coisas, já íamos esquecendo – disse Rose – Minerva passou um comunicado dizendo que a saída para Hogsmeade foi adiantada, ia ser depois das provas, mas ela preferiu adiantar, por causa do frio que vai ser bem rigoroso nesse inverno. Então mudou a data para essa semana...

— Ela disse quando iremos? – Mia perguntou ansiosa  

— Terça-Feira... – respondeu Lily.

Ótimo... pensou Mia. Reorganizou os planos mentalmente. Agora ela iria até a casa de Zabini pela Rede Flu na sala da Minerva, chegando la tentaria conseguir o máximo de informações possíveis. Voltaria para Hogwarts e inventaria uma desculpa para poder ir para a casa e pegar umas roupas. Teria que estar tudo pronto para Terça, nada poderia dar errado.

— Miaaa, Mia esta me ouvindo? – foi ai que ela saiu de seus pensamentos. – estou te chamando a um tempãooo – disse Lily passando a mão na frente de seu rosto – Acorda, minha filha – riu

— aaah Desculpa, não ouvi. – piscou algumas vezes, voltando a realidade – o que estavam falando?

— Perguntei se a tia Mione, já assinou a sua autorização! – repetiu Lily

— Eu vou ter que ir correndo até o corujal para avisar o meu pai ou a minha mãe para assinarem, esqueci completamente. – disse Rose – Não vou perder essa saída por nada...

— Putz – bateu a mão na testa – Eu também esqueci – disse se xingando mentalmente por ter esquecido desse pequeno/grande detalhe, se bem que já era uma desculpa para sua mãe ir até Hogwarts e aproveitando a levaria para casa. Pensou satisfeita. – Vão indo que depois eu mando uma carta para a minha mãe pedindo para ela vir assinar para mim...   

— Tudo bem... boa sorte la com o Zabini – disse Lily – depois nos conte como foi...

— Pode deixar, obrigada meninas – sorriu, saindo correndo em direção ao salão comunal para pegar a capa de invisibilidade. Estava tão eufórica, o plano parecia estar  perfeito, alias ele tinha que estar, afinal, a vida de seu pai estava em suas mãos.