Único motivo para viver escrita por Musuke


Capítulo 2
Capítulo 2: O Dragão do Céu


Notas iniciais do capítulo

~Betado por Dri



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Capítulo 2 – O Dragão do Céu

 

Ela morava em uma pequena vila de agricultores, que sobrevivia dos vegetais exportados para cidade de Namimori e arredores. Por isso era fácil entender porque a Festa da Colheita era considerada tão importante, quase como algo sagrado. O fato de ter sido interrompida daquela forma, com Dragões caindo do céu, foi visto como um sinal que coisas terríveis estavam por vir. Alguns diziam que não haveria nada o que colher e que os campos secariam (o que era ridículo, os campos haviam produzido muito naquele ano, e estavam incrivelmente belos), outros que uma peste trazida pelos dragões destruiria tudo e havia aqueles que diziam que os dragões tomariam a vila.

Esse último foi o que pareceu mais plausível e realmente a assustou, mas então ela pensou de novo. O que diabos os dragões iriam querer com uma vila minúscula que não possuía nada que lhes pudesse interessar?

Depois de toda a confusão da noite anterior, as pessoas estavam temerosas em sair de casa. Isso significava que nenhum comércio foi aberto na manhã seguinte, o que era terrível já que era dia de fazer compras e não havia quase nada para comer em casa. Suspirou ao dar de cara com mais uma porta fechada.

Em Namimori as pessoas não costumavam ser tão medrosas. Elas se acostumaram a vê-los voando sobre suas cabeças de vez em quando, já que a Terra dos Dragões não ficava muito distante da cidade.  Elas tinham medo, é claro, mas seguiam suas vidas ao lado dele. Considerava essa uma atitude admirável, e achava que as pessoas da vila tinham que seguir o exemplo. Mas nem tudo é como queremos.

Teria que atravessar a floresta e ir até Namimori. O problema é que ninguém iria querer ir com ela, as cordilheiras onde os Dragões estiveram na noite anterior ficavam depois da floresta, nos arredores de Namimori. Nas poucas vezes que fazia isso nunca era sozinha, pois a floresta era perigosa para uma moça desacompanhada, era o que todos diziam. Sinceramente, ela nunca temeu realmente andar pela floresta, a conhecia como a palma da mão, então já que ninguém poderia acompanhá-la ela iria sozinha. Até porque, os Dragões já deveriam ter ido embora há muito tempo.

Ela entendia a preocupação das pessoas, embora achasse que estavam exagerando.  Talvez ela também devesse se preocupar mais, mas simplesmente não conseguia. Só conseguia pensar no maravilhoso Dragão do Céu, com seus divinos e penetrantes olhos alaranjados. Mas havia algo mais naqueles olhos, algo obscuro e ao mesmo tempo triste, que a intrigava e não a deixou nem mesmo dormir durante a noite.

E foi com a figura imponente do Dragão do Céu nos pensamentos que ela rumou em para a cidade. Andou por algum tempo na estrada de terra batida que cortava a floresta e  levava a Namimori até ver uma trilha que levava em direção ao rio. Parou por alguns instantes olhando as árvores e arbustos na borda da estrada e reconheceu o lugar. Lembranças vieram a sua mente trazendo um sorriso aos lábios.

Quando criança ela e seus amigos corriam para lá sempre que podiam para brincar no rio, mas nos últimos anos a trilha estava praticamente abandonada.  Achou que seria uma boa ideia molhar os pés antes de ir a Namimori.

Andando pela trilha, pelo canto do olhos ela percebeu uma figura dentro da mata, poucos metros da trilha.

Foi então que ela o viu.

Ele estava sentado sob uma árvore grossa e antiga, com a cabeça apoiada em seu tronco. Raios solares do final da manhã se infiltravam por entre a copa e atingiam o rosto adormecido e sereno, sua pele alva parecia brilhar sob a luz. Embora os olhos que tanto que atormentavam os pensamentos estivessem fechados, aquela visão lhe fascinou muito mais do que a anterior. Ele parecia tão tranquilo, tão puro e imaculado quanto um anjo. Era como se a imagem dele fosse tão perfeita e onírica que não devesse ser vista por simples olhos humanos, e ela quase se sentiu suja só por observá-lo.  

Por um momento a moça teve certeza de que aquilo não poderia ser real, e se sentiu observando a mais bela das pinturas. Mas a verdade, é que nem o pintor mais talentoso conseguiria reproduzir tamanha beleza celeste. Até fazia sentido ele ser um Dragão do Céu.

Pensou em se aproximar, mas tinha medo de que aquilo fosse um sonho e que pudesse cometer um erro e acabar acordando. Só nesse momento percebeu que estivera prendendo a respiração, bem devagar liberou o ar dos pulmões. Isso foi um grande erro.

Ele abriu os olhos, por um momento pareceu surpreso em vê-la, depois franziu o cenho desconfiado. A moça não pôde deixar de ficar surpresa, seus olhos não eram mais alaranjados, eles estavam castanhos, mas ainda eram belos e fascinantes.

— O que está fazendo aqui? – perguntou com sua voz de grave. A moça engoliu em seco, a voz subitamente lhe escapando – Você é surda menina?

— Me-me desculpe – gaguejou a moça – Eu não quis incomodá-lo, Tsunayoshi-sama.

Seu rosto se franziu mais ao som de seu nome.

— Como... ? – ele interrompeu a própria pergunta, provavelmente lembrando-se que Daemon gritara seu nome furiosamente. Isso queria dizer que ele lembrava-se que ela estava lá, ele se lembrava dela. Estapeou-se mentalmente por pensar em algo tão estúpido em um momento como aquele. - O que estava fazendo? Por que correu em direção a Daemon quando eu ia ataca-lo? – havia certa desconfiança em seu tom, mas ela mal percebeu. Tudo bem, então ele realmente se lembrava dela, deveria infartar agora ou depois? Pois seu coração dizia que ia ser agora.

—Eu... Sinceramente não sei. Eu não pensei no que estava fazendo, só achei que era um homem comum em perigo – ela inspirou, tentando manter-se calma – Eu não consigo acreditar que alguém como o senhor se lembre de alguém tão simples quanto eu.

Ele a encarou em silêncio por alguns segundos como se tentasse lê-la, e novamente se sentiu presa por seus olhos. Seus olhos pareciam cansados, muito mais velhos do que o próprio homem. Olhos de alguém que já sofreu muito.

— Seu cabelo – o Dragão do Céu disse finalmente – É difícil esquecer.

Corou com o comentário, mas continuou encarando seus olhos.  O que havia por trás deles? Por que havia coisas tão nebulosas em olhos tão belos? Qual era a história daquele homem? Ele desviou o olhar e o encanto foi quebrado.   

— Saia daqui, você me incomoda– ordenou em tom grosseiro. Ela não sabia se devia obedecer ou se ofender.

— Mas eu...

—SAIA! – ele berrou. Por puro susto ela correu pra mata do outro lado da trilha. Um pequeno aviso: Nunca corra as cegas em uma floresta, má ideia. E se você estiver próximo a um rio onde animais vão para beber água e há caçadores na área... Pior ainda.

Os caçadores da área faziam diversos tipos de armadilha. Uma delas era uma buraco no chão cavado bem fundo, dentro dele haviam estacas afiadas de madeira, para que o animal morresse assim que caísse . A armadilha era escondida por folhas secas e gravetos finos. Quando criança seus amigos lhe ensinaram a reconhecer uma armadilha há metros de distância, mas de novo, seria preciso estar olhando por onde anda.  Quando percebeu que havia uma armadilha ali era tarde demais.

Gritou e agitou os braços inutilmente enquanto caia em direção as estacas. Alguma coisa agarrou-lhe o braço no último momento e lhe puxou novamente para terra firme. Com o coração batendo furiosamente encarou as estacas no fundo do buraco, os joelhos por muito pouco não suportando seu peso. A mão que lhe segurava apertou seu braço com mais firmeza, olhou para a pessoa ao seu lado e quase caiu na armadilha de novo tamanha foi a surpresa.

Era o Dragão do Céu.

— Você está bem? – perguntou ele visivelmente preocupado, assentiu lentamente, ainda em choque.

— Você me salvou! – declarou encantada. Tsunayoshi encarou a mão que a segurava como se estivesse surpreso dela estar ali, então soltou a moça – Eu nem sei como agradecer.

— Não preciso de sua gratidão, mas olhe por onde anda menina – repreendeu ele, subitamente frio.

Piscou confusa e então sorriu compreendendo.

— No fundo o senhor é incrivelmente gentil.

Ele arregalou os olhos sem entender do que ela estava falando, e foi uma expressão adorável, o que fez com que confirmasse sua teoria. Ela riu.

— Você é louca menina – ele ameaçou se afastar, mas em vez disso fechou os olhos com força e levou a mão em direção as costelas. Embaixo de sua mão o sangue escorria de um ferimento profundo. Ficou horrorizada, imaginava que alguém com aquele tipo de ferimento nem sobreviveria por tanto tempo, muito menos ficaria de pé.

— O senhor está ferido – levou a mão em direção a Tsunayoshi, mas ele recuou.

— Não! Não me toque!

—Mas... O senhor está ferido, precisa de ajuda.

— Não preciso da ajuda de ninguém, eu me viro sozinho. Já mandei você sair daqui.

Ele se virou de costas para ela e andou de volta para a árvore como se nada estivesse acontecendo. Sabia que aquilo era fingimento, pois viu sua expressão de dor há pouco.  Ele não a queria ali, talvez devesse ir embora. Mas por outro lado, ele estava ferido e ela conseguiria dormir sabendo que deixou alguém machucado sozinho na floresta, ainda mais depois dessa pessoa ter lhe salvo.

Por alguns momentos pensou no que poderia fazer, não demorou muito para tomar a decisão. Voltou para a trilha e correu em direção a Namimori (dessa vez prestando atenção no caminho, é claro).

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Observou os árvores ao redor, a vegetação rasteira macia embaixo de si e o vento que soprava com serenidade. Tímidos raios de sol entravam pela copa caiam sobre ele  e lhe aqueciam confortavelmente. Há alguns metros dali, o rio corria e Tsuna conseguia ouvir sua doce melodia. Suspirou se sentindo mais calmo agora, sempre amou a natureza e a energia pacífica que ela lhe transmitia.

Pensou na garota de bonito rosto ovalado, voz tão suave quanto plumas, olhos verdes e brilhantes como esmeraldas e fascinantes cabelos curtos cor de.... Sacudiu a cabeça para se livrar de pensamentos idiotas. Não precisava de outra humana em sua vida. Estava muito bem do jeito que estava, muito obrigado!

De qualquer forma havia se livrado da garota. Fechou os olhos e voltou a dormir, a ferida iria se curar em poucos dias, mas para isso era preciso que repousasse muito. Poderia fazer isso em seu castelo onde teria tudo o que precisava, mas não queria que mais ninguém visse que estava fraco. Ninguém nunca mais iria se aproveitar de sua fragilidade.

Cerca de duas horas depois ouviu uma farfalhar de folhas que lhe despertou, abriu os olhos vendo a menina ali parada abraçada a uma cesta, ela moveu o peso do corpo de um pé para o outro e sorriu nervosamente.

— Oi – ela disse.

— O que está fazendo aqui?

— O senhor só sabe perguntar isso? – piscou surpreso com sua resposta audaciosa, fazia muito tempo que alguém não lhe respondia assim. Ela logo se arrependeu do que disse – Me desculpe, eu não quis ser grosseira.

Suspirou cansado.

— Só vá embora antes que eu te mate – disse com tranquilidade, mas não com menos seriedade. A moça se assustou com a ameaça, e por um instante pareceu que iria sair dali correndo. Ela realmente correu, mas na direção errada. Correu na direção do Dragão.

— Eu não posso ir embora – disse parando há um metro de distância caindo sobre os joelhos  e colocando a cesta entre os dois - O senhor me salvou, então trouxe isso para o senhor.  

Encarou a certa com frieza, dentro dela havia água, comida, medicamentos e material para fazer curativos.

— Já disse que não preciso.

— Eu só quero ajudar. Por que não confia em mim? – ele soltou uma risada amarga.

— A pessoa que eu mais confiava no mundo era meu irmão e até ele mentiu para mim. Por que acha que eu confiaria em você, uma completa estranha?

A moça abaixou o rosto encarando o chão. Pegou a cesta, mas em vez de leva-la embora pegou um pedaço de cada alimento que continha a cesta e colocou na boca, mal mastigando antes de engolir.  Ele a observou tentando entender o que ela estava fazendo. Por fim a moça pegou a água, bebeu um gole e depois se voltou para ele.

— Pronto, se estiver envenenado eu também morrerei – disse séria. Tsuna teve que se conter para não dar uma risada. Ela se levantou e foi embora.

Mas no dia seguinte, lá estava ela novamente. Assustou-se ao ouvi-la entrar na trilha, quase a atacou pensando ser algum inimigo, não esperava ver a moça novamente. Ela trazia outra cesta e sorriu largamente ao ver que ele havia comido o que estava na primeira, embora não tivesse tocado nos remédios. Tsunayoshi não queria comer, mas a fome havia falado mais alto e ele não pôde evitar. Um Dragão poderia ficar alguns dias sem comer, mas estando ferido, seu corpo pedia por comida.

— Você não precisava vir – disse quando ela começou a se aproximar – Sua dívida já está paga. Deixe-me sozinho.

Ela se sentou diante dele.

— Não posso fazer isso.  Por favor, eu imploro que me deixe ajudá-lo.

Franziu o cenho confuso e surpreso, ninguém conseguira lhe surpreender tanto em tão pouco tempo fazia muitos anos.

— Por que quer tanto me ajudar?

— Porque é o certo a se fazer – declarou com uma convicção férrea.

Droga Giotto, por que se arriscar tanto para proteger essas pessoas? Elas não pertencem ao seu reino, nem são da nossa espécie e jamais serão gratas a você, a voz de G veio em sua mente, sendo acompanhada pelo sorriso radiante de Giotto antes dele responder:  Porque é o certo a se fazer.

— O senhor está bem? – a voz preocupada da moça lhe trouxe de volta ao presente. Fechou os olhos e suspirou.

— Tudo bem, mas é a última vez, menina.

Ela riu colocando os lindos cabelos ruivos atrás da orelha.

— Enma, meu nome é Enma.

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O moreno se aproximou do homem que estava sentado de frente ao rio o observando.

— Hayato – chamou ganhando a atenção do prateado. Abriu um largo sorriso e coçou a cabeça sem saber como contar aquilo – Eu acabei de ver uma coisa muito interessante.

— Do que está falando? – perguntou Hayato impaciente (como sempre).

— Você não vai acreditar, eu vi e não acredito, mas...

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O homem observava a Terra dos Dragões do Leste da torre do castelo, mas embora seus olhos castanhos claros estivessem na direção daquelas vastas terras, sua mente vagava muito longe dali.

Ele pensava no garotinho que certa vez conhecera, o garoto doce e tímido, tão frágil que ele tinha vontade proteger, como faria com um irmãozinho. O garoto que se tornou um adolescente que um dia bateu a sua porta cheio de ódio e que ele, juntamente com Reborn, treinaram. Talvez se tivesse feito algo naquela época as coisas não teriam ido tão longe, e hoje Tsuna não seria um homem em uma busca louca por vingança, que poderia destruí-lo. Isso se já não estivesse destruindo, envenenando pouco a pouco o seu bom coração.

Se ele ao menos pudesse fazer alguma coisa, mas Tsuna não lhe dava ouvidos. Giotto, sinceramente não sei o que fazer, me desculpe. Queria que você estivesse aqui com seus bons conselhos. Pensou, esfregando as têmporas enquanto suspirava cansado. Foi então que o inferno começou.

Gritos ecoaram pelos corredores do castelo. O homem correu em direção aos gritos, desceu as escadas pulando vários degraus de uma vez e foi para o salão principal.

Era o salão de seu castelo. Um salão amplo, com paredes altas pintadas de branco e dourado, um teto abobadado vários metros acima do chão, algumas estátuas de dragões lá em cima e um gigantesco lustre de cristais no centro. Era o mesmo salão, só que tudo estava diferente.

Por um momento o choque o paralisou. As paredes manchadas de sangue, meia dúzia os corpos estavam no chão espalhados e dilacerados. Alguns dragões ainda estavam de pé, outros nem conseguiam mais lutar e estavam na forma humana com membros arrancados e feridas das quais o sangue extravasava.

No centro de todo aquele caos havia três pessoas que ele não conhecia. Um homem de cabelos vermelhos e olhar psicótico, outro de longos esverdeados e sorriso terrivelmente tranquilo e uma garotinha de cabelos azuis. Eles matavam as pessoas do castelo, Dragões experientes e bem treinados, como se aquilo fosse uma grande brincadeira.

— Olha só quem chegou para festa, o convidado de honra - riu a garotinha. - Dino Cavallone.

O jeito como a menina falava, aquela diversão sórdida e doentia em sua voz fez com que a raiva se apossasse do loiro. Aqueles eram seus companheiros, a família que ele tanto se esforçava para proteger e ninguém tinha o direito de machucá-los.

—Saiam daqui! - gritou aos sobreviventes.

— Mas senhor…- um dos feridos tentou argumentar.

— É uma ordem - falou com firmeza e eles obedeceram. Os sobreviventes estavam muito feridos, não poderiam lutar e ele não suportava a ideia de perder mais nenhum de seus subordinados. Os três não fizeram nada para tentar impedir os sobreviventes de escaparem, só os observaram correr como se os visse como um bando de ratos.

Enquanto seus homens espacavam, Dino tomou sua forma alada avançou sobre eles totalmente cheio de fúria.

Atacou o de longos cabelos, mas ele escapou com uma velocidade inacreditável.

—Resolvemos começar por você dessa vez  - disse o homem e mesmo em meio a raiva, ele entendeu. Byakuran, ele estava de volta. E era óbvio que as informações que havia coletado eram verdadeiras: Ele havia se unido a um grupo de Dragões muito fortes, mercenários que venderam a alma a criaturas sombrias em troca de poder.

Cada investida que dava contra eles era inútil, pois eles escavam de seus ataques com uma facilidade irritante e isso só deixava Dino mais furioso. Eles não se transformaram, aquilo era como dizer que poderiam derrotá-lo estando em suas formas mais fracas. Eles veriam que era um grande erro subestimar um Dragão do Céu.

Rugiu e cuspiu suas chamas do Céu em direção ao grupo, o fogo se alastrou para todos as direção. As altas labaredas ofuscaram todo o ambiente, mas seus inimigos facilmente escaparam dele, as chamas logo se apagariam por não terem o que queimar. Mas aquele não era o verdadeiro ataque.

O homem de longos cabelos verdes saltou para a lado, exatamente onde Dino queria que ele estivesse. Quando percebeu o ataque já era tarde e ele inutilmente tentou escapar, Dino atravessou seu corpo com seus dentes afiados, partindo seu corpo ao meio, as duas metades laceradas caíram inertes no chão.

— Kikyo! - a garotinha gritou furiosa - Maldito Cavalonne!

Sorriu, da  bocarra escorria sangue do maldito que ousara atacar sua família. A menina logo se transformou em um Dragão da Chuva azul e o atacou. Ela era forte, isso era inegável, mas….

Seu rugido ecoou por todo o salão quando Dino lhe arrancou o braço. A menina caiu no chão, voltando a forma humanoide e era óbvio que ele venceria a luta.

—Cavalo Selvagem! - chamou uma voz atrás de si. Virou-se vendo o homem ruivo segurando pelo pescoço outro homem completamente ferido. Romário, ele reconheceu com terror seu amigo e braço direito, o ruivo sorriu - Diga adeus.

Correu em direção ao amigo, mas era tarde demais, o ruivo quebrara o pescoço de Romário, que morreu de imediato.

Sentiu o ódio se espalhar por cada centímetro de seu ser,  Dino continuou correndo na direção do ruivo totalmente cego, cada pedaço de si implorando pelo sangue daquele bastardo. Nada mais existia no mundo, só um ruivo que iria conhecer a morte da forma mais dolorosa possível.

Aquela era sua família, e ninguém iria machucá-la e sair impune.

Foi então que ele surgiu aparentemente do nada, vindo de algum ponto acima dele. Talvez ele estivesse ali o tempo inteiro, esperando o momento certo, mas Dino estava tão cego e desesperado para proteger sua família que não o viu. Fora um grande idiota!

Um Dragão branco pulou em cima dele, cavando as enormes presas na parte de trás de seu pescoço. O sangue jorrou para todos os lados. Inútil,  pensou o Dragão enquanto observava o corpo sem vida de seu amigo a medida que sua visão se tornava turva, Eu sou um inútil, nem mesmo consegui proteger aqueles que dependiam de mim. Suas pernas falharam, o Dragão branco o soltou, e Dino viu a si mesmo cair sem nada poder fazer.

Dino voltou a sua forma humana. Caído em decúbito ventral e sem conseguir se mover, uma poça vermelho-escuro se formava no chão e ele sentia que ia se afogar no próprio sangue. Isso se a hemorragia não o matasse antes, mas tudo que ele conseguia pensar era nos corpos de seus amigos caídos. Me perdoem.

— Isso é pelo que fez comigo e Kikyo - cuspiu a menina furiosa segurando o local onde o sangue escorria, e onde deveria haver um braço. Ela chutou sua barriga, fazendo, embora não intencionalmente, com que ele mudasse de posição e parasse de engolir o próprio sangue.  Ela se preparou para chutá-lo novamente, mas um homem de cabelos brancos a puxou pelo braço restante e a empurrou para longe.

— Não seja grosseira com nosso amigo, Bluebell - disse o homem com um sorriso doentio, mas havia uma ameaça por trás de voz aparentemente tranquila.

— Byakuran! - vociferou entre dentes, usando praticamente toda a sua força naquela palavra. Byakuran ficou de cócoras ao seu lado.

— Olá, Dino-kun - cumprimentou Byakuran alegremente, se pudesse ao menos arrancar aquele maldito sorriso de seu rosto... - Quer saber o porquê de começarmos com você dessa vez? Seja bonzinho que lhe digo.

Se Byakuran pensava que ele iria implorar pela vida estava muito enganado. Morreria com a dignidade de um Dragão do Céu. Com um sacrifício enorme que a sua condição permitia, cuspiu sangue e saliva no rosto do maldito.

— Vá para o inferno.

Isso fez com que seu sorriso se desfilasse por milésimos de segundo, e ele secou o rosto usando a manga com raiva. Só isso já fez o esforço valer a pena.

— Ora, ora, mas que reizinho mal educado. Dragões do Céu e seu estúpido orgulho - Byakuran o puxou pelos cabelos, erguendo seu tronco a fim de que ficassem na mesma altura, isso permitiu que visse novamente o corpo de Romário, e a culpa lhe atingiu dolorosamente.

Byakuran seguiu seu olhar e riu, Dino odiou aquele homem mais do que já odiou qualquer coisa na vida.

— Sabe qual é seu problema, Dino-kun? Você é fraco. É uma Dragão poderoso, mas é fraco, pois se deixa levar por seus sentimentos, assim como Giotto. - voltou seu olhar para o bastardo infeliz, e nem pôde acreditar no esforço que precisou fazer - Sabe o que é mais engraçado? Eu o subestimei, se não tivesse tão afundado em seus sentimentos, tão cego por sua raiva de ver seus companheiros mortos teria vencido os meus amigos.

— Seu covarde…

— Oh não! Covarde não.Eu poderia vencê-lo, só que achei melhor usar o caminho mais curto. Eu sabia que você se deixaria levar por seu coração mole, pela afeição que sente pelos seus subordinados - ele inclinou a cabeça e sorriu - Isso me leva a razão de estar aqui.

Observou Byakuran e mesmo com os raciocínio embotado pela perda de sangue, ele entendeu.

— Tsuna!

— Bingo! - disse animadamente - Ele é um pouco como você, também se deixa levar pelas emoções. Prova disso é que está perseguindo a mim e a Daemon há seis anos. - ele riu, como desejava conseguir se mover para arrancar aquele sorriso de seu maldito rosto - Sabe qual o segredo de uma vitória fácil? Use a fraqueza do inimigo contra ele, assim ele ficará furioso, estando furioso ele não conseguirá pensar com clareza, se não pensar comete erros e ele mesmo traça seu caminho para a morte.

Ironicamente, isso lembrava uma frase que Giotto gostava de repetir. O ódio é uma força poderosa, mas muito perigosa. Muitas vezes ele se volta contra você mesmo.

— Você já tirou tudo dele, ele já está furioso.

— Não o suficiente. Matar Daemon deve ter feito bem a ele - Ele não é como você maldito, Dino queria gritar, mas estava ficando cada vez mais difícil falar - Eu preciso dele espumando de raiva. O que seria melhor do que matar você? - Dino ficou confuso - Ora não seja tolo, Dino. Você é o mais próximo de uma família que ele ainda tem. O substituto do irmão mais velho que ele adotou. Se você morrer, ele desaba e então será todo meu. O que acha que ele fará quando descobrir que alguém morreu novamente por sua culpa?

A compressão lhe atingiu como uma bomba. Irmãozinho não seja tolo como eu, por favor, não caia nos truques desse maldito infeliz.

— Então me mate de uma vez, seu bastardo - Byakuran riu e levou a mão livre em direção ao seu pescoço. Sentiu o calor das chamas e pensou que morreria naquele momento, manteve a expressão firme.

— Não seja impaciente. Gosto do seu jeito orgulhoso, Dino-kun. Sorte a sua. - Byakuran sorriu e afastou a mão, só então percebeu que Byakuran havia cauterizado a ferida, estancando a hemorragia.

— O que está fazendo? - perguntou chocado.

— Calma, Dino-kun. Você não irá morrer, quero ver quanto tempo dura esse seu ar altivo - ele sorriu cruelmente e acariciou os cabelos loiros de Dino - Vamos brincar um pouco.



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Já fazia uma semana que Enma estava visitando Tsuna. Sim agora ele era Tsuna. Ela disse que o nome dele era muito grande e que chamaria ele assim, pois era mais fácil. Pensou que ele reclamaria, mas ele apenas sorriu (o sorriso mais lindo do mundo, por sinal).

Ficou impressionada com rapidez com que o ferimento dele se curava, mesmo sem grandes cuidados. Dragões do Céu eram seres realmente incríveis.

 

No terceiro dia ele tentou lhe expulsar, mas a ruiva se recusou a ir embora, depois do quarto dia ele não falava mais nada quanto a isso. Apenas pegava a comida e comia silenciosamente.

Tudo o que ela queria era saber mais sobre aquele misterioso homem, mas Tsuna ainda não confiava nela, e isso era doloroso. Sempre que ela perguntava alguma coisa suas respostas eram curtas, ou ele simplesmente se calava sério. Por exemplo:

—Como é o clima na terra dos dragões?

—Bom.

Ou:

— O pão está gostoso?
— Sim

Mas a pior delas foi quando resolveu fazer uma pergunta mais pessoal:

O senhor uma vez disse que tinha um irmão - Tsuna se enrijeceu e ela deveria ter entendido e calado a boca na hora, mas como a boa idiota que era continuou - Como ele é?

O homem lhe lançou um olhar com uma frieza tão profunda que quase sentiu o sangue congelar.

Não ouse falar do meu irmão — e depois disse ele se calou pelo resto do dia. Ficou com medo dele ficar com raiva dela e nunca mais tentou tocar em nenhum assunto de sua vida pessoal.

Ela sabia que ele carregava um grande fardo. Pensava que se ao menos pudesse conhecer sua história ela poderia de alguma forma ajudá-lo ou simplesmente entendê-lo. Mas ele não lhe contaria, então era melhor não forçar ou ele se zangaria.

Um dia, depois de deixar comida e água para Tsuna, ela conversou com ele (isso se você considera conversa ela tagarelar sozinha por meia hora enquanto ele a observava calmamente). Falou sobre seu vilarejo, sua bondosa família e sobre bobagens do seu dia. E isso pareceu, por alguma razão, deixa-lo mais feliz, e isso era o que a deixava feliz. Por essa razão ela estava voltando saltitante para casa nesse dia, e nem reparou que estava sendo seguida.  

Na verdade, ela não repararia nem se quisesse, e mesmo que reparasse não adiantaria nada.

De repente, um vulto incrivelmente rápido pulou sobre ela. Uma mão lhe cobriu a boca e um braço passou a sua volta, prendendo seus braços junto ao corpo. Debateu-se entre os braços fortes de seu atacante, mas foi completamente inútil. Era como se ela fosse um passarinho que tenta lutar contra uma gaiola de ferro.

Tsuna-san, socorro! Gritou em pensamento. Seu agressor a ergueu como se ela fosse leve como uma pena, e correu para longe dali. As lágrimas escorriam por seu rosto enquanto o pânico se apossava dela.

Seu sequestrador só parou ao chegar em uma clareira, onde um homem alto e moreno aguardava sorrindo. Seu sorriso se desmanchou quando a viu.

— Por que fez isso? Coitada da garota, solta ela  – pediu o moreno ao seu sequestrador.

— Eu não podia me arriscar a ela gritar, ele nos mataria se soubesse que estamos aqui. - disse seu sequestrador, mas não a soltou. Eles estavam falando de Tsuna? Será que queriam fazer algum mal a ele? Novamente tentou se livrar de seu sequestrador debatendo-se em seus braços, precisava avisar Tsuna sobre eles – Viu? Ela não fica quieta.

O moreno a encarou e sorriu docemente.  

— Por favor, fique calma. Não vamos machucar você, eu prometo. Só queremos conversar – a voz calma do homem lhe tranquilizou o suficiente para que parasse de se debater– Ela se acalmou. Por favor, solta ela.

Seu sequestrador fez um som de irritação.

— Só se prometer não gritar. Até nessa distância ele poderia nos ouvir. Promete? –  estava a quilômetros de Tsuna, como ele poderia ouvir? Mesmo assim assentiu e ele cumpriu sua palavra. Recuou alguns passos a fim de tomar distância dos dois, sabia que não adiantaria correr pela velocidade que seu sequestrador lhe atacou.

— O que querem comigo?

— Só conversar, eu já disse – respondeu sorrindo o homem moreno.

— Querem fazer algum mal a Tsuna? Eu não vou permitir! – pelo jeito desconfiado de Tsuna ela imaginou que ele tivesse muitos inimigos.

Os dois pareceram absolutamente surpresos, e o moreno novamente sorriu.

— Nunca faríamos mal a ele. Tudo que queremos é o bem dele, somos amigos – o homem parecia sincero e isso fez com que relaxasse. – Desculpe a falta de educação. Meu nome é Yamamoto Takeshi, mas você pode me chamar de Takeshi.  – Takeshi apontou com o polegar para o homem de cabelos prateados que tinha lhe sequestrado – Esse é Gokudera Hayato. Você pode chamá-lo de Hayato.

— Não, pode não – respondeu o prateado irritado. Ignorou.

— Se vocês são amigos, então por que me atacar desse jeito?

— Pra você não gritar como uma cacatua louca – respondeu Gokudera mal humorado, Enma piscou.

— Qual o problema dele? – perguntou a Takeshi, que sorriu e se aproximou um pouco falando em tom de confidência:

— Acho que ele está de TPM. - riu com a brincadeira, mas Gokudera não achou a menor graça.

— Eu ouvi seu maldito! Você vai ver a TPM quando eu quebrar os seus dentes! - gritou o prateado e Takeshi riu.

— Lá no fundo ele é uma boa pessoa - disse o moreno a Enma ignorando o olhar de ódio que Gokudera lhe lançava - Bem no fundo mesmo.

— Para de enrolar, vamos direto ao assunto. Quem é você? O que quer com Tsuna? Por que Tsuna permitiu sua aproximação?

Ela não entendia porque estava sendo bombardeada de perguntas, mas era óbvio que aqueles dois se importavam muito com Tsuna, e isso fez com que gostasse deles (mesmo que um deles a tivesse sequestrado, mas isso já era passado).

— Hayato acha que você é bruxa que enfeitiçou Tsuna – disse Takeshi ainda sorrindo, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo de se dizer – Você é uma bruxa?

— Não seja idiota, se ela fosse uma bruxa não contaria tão fácil!

— Não?  - Takeshi inclinou a cabeça para o lado ainda sorrindo inocentemente. Não pôde evitar o sorriso. Gokudera rodou os olhos.

— Eu sou só uma garota comum. Meu nome é Enma.

 

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Takeshi lhe contou que estavam escondidos na floresta para ajudar Tsuna caso ele precisasse, mas o Dragão do Céu não poderia saber, já que queria se cuidar sozinho.

— Sabemos que ele é perfeitamente capaz, só queremos ter certeza de que ele não irá precisar de nada - declarou o moreno.

A moça também contara tudo a eles. Contara como conhecera Tsuna, que o encontrara na floresta quando ia a Namimori e que ele havia lhe salvado, por isso estava cuidando dele (claro que não era única razão, mas ela não tinha coragem de contar a eles que estava fascinada e curiosa com aquele homem misterioso).

— Ainda não entendo - declarou Gokudera, parecendo estar falando consigo mesmo - Isso não faz sentido, por que ele deixou ela se aproximar depois de tudo o que aconteceu?

— O que quer dizer Gokudera-san? - achou que receberia mais um dos olhares raivosos de Gokudera, mas em vez disso o prateado deu um meio sorriso triste.

— Não importa. Já faz muito tempo.

Ela olhou de um para o outro e tomou uma decisão.

— Tsuna-san parece alguém que passou por coisas terríveis. - ambos desviaram o olhar, até Takeshi ficou sério e ela entendeu aquilo como uma resposta positiva - Eu quero ajudá-lo.

— E como faria isso? - Gokudera franziu o cenho.

— Eu não sei - falou sinceramente, e então suspirou - Mas eu quero saber o que aconteceu com ele. Talvez eu… não sei. Eu só quero ajudar.

— Você não sabe no que está se metendo, menina - alertou Gokudera. Por que todo Dragão que encontrava ficava chamando-a de “menina”? Isso já estava ficando irritante.

— Ei pare de me tratar como se eu fosse uma criança retardada okay? - esbravejou com as mãos na cintura - Eu tenho 18 anos, você não é muito mais velho do que eu. Por que não acreditam em mim? Poxa, todos vocês são tão desconfiados. Eu não quero fazer mal a ninguém.

Os dois a encararam surpresos por um longo tempo, e ela se arrependeu por perder as estribeiras. Foi Gokudera quem quebrou o silêncio de uma forma que ela não esperava. Com uma gargalhada.

— Que garota abusada. Agora entendo o que ele viu nela - ele falou para Takeshi que sorria. A moça corou violentamente - Estou quase acreditando em você, Enma.

Ela sorriu animada, Gokudera voltou a ficar sério.

— Eu disse quase.

— Hayato vamos conversar um instante. Com licença, Enma-san.

 

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—Não! Não iremos contar nada a ela, não devemos confiar. E depois, eu gosto da minha cabeça presa ao meu corpo, obrigado.

— Eu sei, mas...

— Se Tsuna-sama quiser, ele mesmo conta.

— Você sabe que ele nunca faria isso - Gokudera suspirou. É claro que Takeshi estava certo, Tsuna nunca falava sobre o ocorrido.

— Ainda não entendo - suspirou - Depois daquela coisa terrível que aconteceu com Kyoko, achei que ele nunca mais deixaria ninguém se aproximar. Especialmente outra humana.

— Eu também. Mas isso não quer dizer que ela é especial? - ele apontou para a moça sentada em uma pedra - Qualquer pessoa normal teria fugido enquanto conversamos, ela é muito corajosa.

Gokudera olhou para a moça, realmente corajosa ela era.

— Tsuna também considerava aquela mulher especial, mas ela se foi e nada disso importa mais.

— Você a viu Hayato. A forma como ela nos enfrentou quando achou que machucaríamos Tsuna…

— Ela pode estar fingindo - diante desse argumento Takeshi se calou - Ele não iria querer que nós contássemos. Não podemos descumprir suas ordens.

— Já estamos fazendo isso.

— É diferente, estamos protegendo ele. Chega desse assunto - Takeshi suspirou, aquele ar jovial que ele sempre teve de repente se esvaiu, e ele pareceu muito triste. Isso foi tão preocupante, que Gokudera mudou de ideia e decidiu ouvir o que ele tinha a dizer. - Por que acha que deveríamos contar a ela?

—Tsuna está cada dia mais frio, isso me assusta. Ela conseguiu fazer mais em uma semana do que conseguimos em seis anos. Talvez se ela souber a verdade ela possa ajudar.

—E se ela for uma traidora? Repito que não podemos desobedecê-lo - Takeshi desviou o olhar.

— Você está certo Hayato.

Mas o prateado não tinha certeza disso. Lembrou-se das palavras de um certo ruivo nervosinho: Um subordinado deve obedecer e apoiar seu chefe em tudo, mas um amigo, deve ajudar mesmo quando a pessoa acha que não precisa de ajuda. Um amigo não serve para passar a mão na cabeça, e sim para ajudar a encontrar o caminho certo.

Suspirou irritado.

— Espero não estar cometendo um erro. - Takeshi franziu o cenho.

— Isso quer dizer…

— Contamos - Taksehi sorriu novamente, e ele não pôde deixar de achar aquilo tranquilizador. Estava cansado de ver pessoas mudando - Ele vai nos matar.

— Sim - disse o moreno alargando o sorriso - Provavelmente sim.

Os dois caminharam até Enma que se levantou com a aproximação dos Dragões. Ela parecia ansiosa.

— E então?

— Contaremos a você tudo o que aconteceu - disse Takeshi e Enma arregalou os olhos, como se pensasse que piscar poderia fazê-la perder alguma coisa.  

Os dois se sentaram na grama, em frente a ela.

— Mas antes, vamos esclarecer uma coisa: Se você for uma espiã, ou coisa do gênero, te perseguirei até os confins da terra, te encontrarei, pouco a pouco arrancarei as suas vísceras enquanto você observa e te farei engoli-las. Você me entendeu? - disse Gokudera em tom sombrio, para que ela tivesse certeza que aquilo não era uma ameaça, era uma promessa.

A moça engoliu em seco, e se encolheu assustada. Por um momento achou que ela fosse fugir, mas em vez disso apenas assentiu. Realmente ela era corajosa.

Takeshi abriu um de seus sorrisos radiantes, como se estivessem falando de flores e borboletas.

— Já que está tudo claro agora podemos começar.  


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Notas finais do capítulo

Oi. Tem alguém lendo isso? rsrs

Beijos :*



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