Amor nos Tempos da HYDRA escrita por DrixySB


Capítulo 16
Capítulo 16




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Hunter engatilhou uma das armas e apontou na direção de Fitz que sentiu o coração dar um ligeiro salto, mas não ousou transparecer em sua expressão. O ex-mercenário analisou o artefato, seu peso, seu equilíbrio, a praticidade em manuseá-la.

— Hmm... Parece boa – disse, com certa indiferença, recusando-se a elogiar o trabalho do Doctor.

Fitz cruzou os braços em frente ao corpo e deu um suspiro.

— Creio que estão bem equipados agora. Mas vão precisar de mais recursos – disse, dirigindo-se a Trip e Hunter em uma improvisada sala de armamento da base. Tinha Jemma ao seu lado, enquanto Ward assistia a cena a uma distância considerável de onde eles estavam; recostado em uma parede, os observando atentamente – um aparato militar mais sofisticado se encontra em um dos meus apartamentos. Barbara conhece a localização. Ninguém mais sabe a respeito disso além de mim e da agente Morse.

Trip arqueou as sobrancelhas.

— Ninguém mesmo?

— Ninguém. Aqueles que sabiam... – Fitz desviou o olhar, a culpa e a vergonha o consumindo naquele momento.

— Ah, claro! – tornou o agente, compreendendo aonde o outro queria chegar – foram executados, não?

Fitz não respondeu. Limitou-se a encarar seu interlocutor de modo penetrante e revelador. Não era necessário verbalizar uma confirmação. Ele evitou olhar para Jemma naquele momento. Sabia exatamente que expressão ela sustentava em seu rosto e, por certo, não se julgava forte o suficiente para encarar a decepção e indignação nos olhos da mulher que amava.

Após meio minuto mergulhados no mais sombrio silêncio, o Doctor tornou a falar.

— Vão encontrar tudo o que precisam para se armar adequadamente para essa guerra.

Hunter cruzou os braços, austero e impassível.

— Ok, você alega garantia de que iremos vencer essa guerra, mas estaremos lutando de igual para igual. O poder bélico de que dispomos, levando em conta o aparato militar em seu apartamento, corresponde ao mesmo que se encontra na Hydra. Provavelmente, eles vão lutar com as mesmas armas. As armas que você construiu, Doctor! – argumentou, apontando na direção de Fitz – As armas com as quais vem abastecendo a Hydra nos últimos dez anos.

— Aí que você se engana – tornou Fitz em um tom firme e resoluto – antes de abandonar a sede da Hydra e vir para cá com Barbara, eu... Bem, eu sabotei grande parte dos artefatos contidos no setor armamentício da Hydra.

Trip e Hunter não conseguiram evitar que suas bocas se entreabrissem e suas pupilas dilatassem em total espanto.

— Portanto, estão pelo menos dez vezes mais bem equipados e abastecidos do que os soldados da Hydra. Não há por que se preocuparem. Essa guerra está ganha – completou, de modo claro e pausado, o semblante plácido e sereno de um diplomata, não mais o olhar cáustico e frio de um assassino voraz.

Consciente de sua expressão de choque e surpresa, Hunter fechou imediatamente a boca e sacudiu a cabeça, levemente constrangido pelo seu súbito espanto.

— Ok! Isso é demais para assimilar... – Hunter jogou as mãos para o alto, dando uma risada sem humor – vão me perdoar, mas podem me dizer de fato o que está acontecendo? Porque alguns de vocês aqui sabem a verdade, mas não querem revelar – disse, olhando de Jemma para Ward cujos rostos permaneciam insondáveis – por que diabos está nos ajudando? – indagou, tornando a encarar Fitz.

O Doctor respirou fundo.

— Eu já disse. Houve um momento em que passei a questionar minhas ações e... Agora estou procurando compensar.

— Para! – o outro o interrompeu, rindo com sarcasmo – Eu não acredito nessas histórias de revelação divina e nem de amor à primeira vista entre vocês dois – comentou, apontando de Jemma para Fitz e assumindo um tom debochado de repente – que bastou olhar para ela, se apaixonar e se redimir de todos os seus pecados, como se o amor verdadeiro transformasse um assassino em bom samaritano. Não me enganam com essa conversa.

Fitz desviou o olhar de Hunter para Jemma, a encarando firmemente por um momento. Ela devolveu seu olhar, então ele sorriu com ternura.

— Tecnicamente, não foi amor à primeira vista.

Jemma retribuiu seu gesto, sorrindo de volta para ele. Ambos permaneceram assim, fitando um ao outro, como se tudo e todos ao redor deles houvessem desaparecido. Trip e Hunter se entreolharam. O primeiro fez uma careta de indignação e revirou os olhos. Já Lance Hunter colocou o dedo na boca, indo em direção à garganta, simulando ânsia. Atitudes que passaram despercebidas, tanto pelo Doctor quanto pela bioquímica.

— Ora, vamos! – falou Trip rompendo de imediato a bolha que pareceu envolver o casal – queremos respostas. Não a mesma história da carochinha que você vem contando desde o começo. Por que está nos ajudando?

— Pelo visto é somente por causa da Doutora Simmons. Nunca duvide do poder de uma mulher – concluiu Hunter, com ironia.

— Pode parar com o comentário sexista? – rebateu Jemma, amofinada – não importa o motivo, o que importa é que ele está nos ajudando.

— Você vai me desculpar, Doutora – disse Trip, imprimindo um ar galante em seu tom ao se referir a ela pelo título – mas precisamos, sim, saber o motivo. Nada disso faz sentido. Não é da noite para o dia que as pessoas mudam assim – estalou os dedos – não se passa de vilão a herói em um piscar de olhos.

— Logo, nada disso vai importar para vocês... – respondeu Jemma com veemência.

— Olha, nós vamos aceitar a ajuda por hora, afinal, recursos são sempre bem vindos. Vamos nos preparar, sim, para essa guerra com as armas que você nos ofereceu gentilmente— novamente, o escárnio se destacou na voz de Hunter – mas, cedo ou tarde, você vai ter de explicar o que significa tudo isso. E sem evasivas, sem historinha de conto de fadas, de paixão avassaladora ou luz divina que recaiu sobre você. Uma hora, nós vamos querer explicações plausíveis!

Jemma e Fitz se entreolharam. Cedo ou tarde, eles iriam exigir explicações. Mas não haveria tarde para ambos. Logo, eles estariam longe dali, em outro mundo. De volta ao mundo real...

Trip pegou a arma na mão, analisando-a tal qual seu amigo havia feito minutos antes. Arqueou a sobrancelha com uma expressão avaliadora, então ergueu o olhar na direção de Ward.

— Irmão, você é o maior detrator do Doctor que eu já conheci. Vai me dizer se confia na colaboração desse cara para nos fornecer recursos para lutar?

Ward encarou Fitz com um semblante inexpressivo por um momento. Então voltou o olhar para Hunter e Trip que pareciam depender de sua aprovação para, só então, oficializarem seu acordo com o Doctor.

Suspirou.

— Por mais estranho que isso vá soar para os ouvidos de vocês dois... Eu confio. Digo mais: seria estupidez não aceitar os recursos que ele nos oferece nesse momento.

Hunter e Trip trocaram um novo olhar, confusos, mas assentiram – mesmo que um tanto contrariados.

— Vocês vão lutar com a gente? – indagou Lance, dirigindo-se à Jemma.

— Nós... Temos outra missão – ela respondeu, reticente

— Que seria...?

— É confidencial, Hunter – intercedeu Ward, surpreendendo Jemma.

Hunter deu um assobio.

— Muitos segredos por aqui. Não sinto que somos de fato uma equipe.

— Certamente não! – Trip ecoou o ar recriminatório de Lance.

Jemma deu um longo suspiro.

— Olha, eu entendo que é horrível se sentir no escuro quanto ao que está acontecendo ao redor, mas acredite quando eu digo que é melhor assim. Às vezes, eu preferia estar no lugar de vocês. A ignorância é, de fato, é uma benção. É tudo muito complicado, mas o que posso dizer é que não há apenas uma guerra para lutar. Somos duas frentes dentro dessa base. Vocês lutarão contra a supremacia da Hydra e nós – ela relanceou o olhar na direção de Fitz – estaremos lutando contra um inimigo maior.

— Maior que a Hydra? – Perguntou Trip, um tanto cético.

Simmons assentiu.

— Estamos lutando contra o tempo e contra a uma falsa ideia de realidade.

Trip e Hunter se encararam novamente, sem entender.

— É difícil de explicar – concluiu.

— Bem... Você! – exclamou Hunter, dirigindo-se a Ward – em que frente vai lutar? A deles ou a nossa?

— De vocês.

— Mas a Skye...?

— Infelizmente, estamos em guerras diferentes – tornou ele, pesaroso.

— Muito bem. Devemos nos preparar, então. Cada um para a sua guerra – finalizou o ex-mercenário.

*

Não muito longe dali, Daisy, May e Coulson também enfrentavam dificuldades em convencer um membro do time. Mas se tratava de Mack, que não queria acompanhá-los em uma suposta missão de reconhecimento, quando podia estar utilizando seu potencial e sua força física em campo, na guerra contra a Hydra.

— Isso é perda de tempo. Missão de reconhecimento? Agora? Que local é esse afinal?

— Acreditamos que, nesse local, encontraremos a solução para o fim de toda essa guerra – tentou Coulson, mesmo sabendo que não estava soando convincente.

— A solução para o fim de toda essa guerra é ir para o campo e lutar. Mesmo que seja com as armas daquele maníaco filho da mãe.

— Do pai, na verdade – comentou Daisy, sem conseguir evitar o gracejo.

Tanto May quanto Coulson giraram a cabeça na direção dela, censurando-a com o olhar.

— Desculpa, eu não conseguir me conter... – ela fez uma breve pausa, então dirigiu-se a Mack, com um olhar súplice – Mack, precisamos de você. Essa missão também faz parte da nossa luta contra a Hydra. Vamos evitar que essa guerra atinja proporções avassaladoras. Confie em mim.

Ele a fitou por um longo instante. Intensamente. Daisy, no entanto, não conseguiu decifrar seu olhar.

— Precisamos de toda a ajuda que pudermos para ir até lá. A maior parte do time irá se concentrar em ir a campo, na batalha contra a Hydra. Somos poucos os que podemos ir até esse local, resolver esse impasse.

May sabia que Mack ainda não a via com bons olhos após o que aconteceu na sede da Hydra. Ele não se esqueceria tão cedo do quanto a agente parecia satisfeita ao ver Hope ser interrogada pelo Doctor em pessoa e, posteriormente, ao vê-lo apontar uma arma para a cabeça de sua filha.

— Por que mesmo eu deveria confiar em você?

Ela inalou profundamente, erguendo a cabeça para encará-lo nos olhos, sem vacilar em suas palavras.

— Não deveria. Mas deveria confiar nela – disse, acenando na direção de Daisy – ela arriscou a própria pele por você naquele dia. Foi até mesmo... Tola. E acabou capturada.

De imediato, veio-lhe à mente a lembrança de Skye lhe dizendo algo incompreensível. Como se eles fossem parte de uma mesma equipe (e, de fato, eram agora, mas como ele poderia saber?); ainda que nunca houvesse visto aquela garota em toda a sua vida. Mas ela parecia confiar nele... E ele próprio foi usado como isca para atraí-la para um ardil. Posteriormente, ao vê-la ser capturada e tendo o conhecimento de que ela estava sob tortura até ser resgatada por May, Mack sentira-se imensamente culpado. Ainda que tivesse a justificativa de ter feito o que fez unicamente pelo bem de sua pequena Hope. Por isso se unira à SHIELD. Na tentativa de reparar o que havia feito...

Por fim, ele assentiu, sentindo-se até mesmo vencido, derrotado.

— Olha, eu tenho uma dívida com você, garota – disse, aproximando-se de Daisy com um olhar penetrante – sem querer, eu a atraí para um emboscada. Sinto muito.

Ele ficou em silêncio por um momento, imperturbável. Daisy não se atreveu a falar. Acreditou que era melhor deixá-lo se expressar da maneira que melhor lhe aprouvesse.

— E se é você quem está pedindo e se é assim tão importante... Eu não posso mesmo me negar a ir com vocês. Ela está certa – disse, referindo-se à May.

— Obrigada, Mack – tornou Daisy, sorrindo – juro que não vai se arrepender. Pelo contrário. Sei que está confuso quanto a muitas coisas. Eu prometo que, desse modo, irá encontrar respostas para muitas de suas dúvidas.

Ainda que um tanto desorientado mediante aquele último comentário da inumana, Mack assentiu. Afinal, ele lhe devia isso. E, sim, também gostaria de entender que diabos estava acontecendo.

Afinal, alguns deles pareciam saber, mas não ousavam, de forma alguma, revelar.


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