Obscuro escrita por Helena Lourenço


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

:)



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⫷Prólogo⫸
Festa do Negro

Não me provoque, tenho armas escondidas...
Não me manipule, nasci para ser livre...
Não me engane, posso não resistir...
Não grite, tenho o péssimo hábito de revidar...
Não me magoe, meu coração já tem muitas mágoas...
— Clarisse Lispector —

 

Odiava festas.

  Apesar de ter crescido com a influência festeira de Alice Cullen, eu não era a melhor pessoa para se chamar para se ir a uma festa, seja ela grande ou pequena. Talvez isso se deva ao fato de que em todas as festas que vou, automaticamente eu me torno o centro das atenções. Genética boa, o que eu posso fazer?

Exatamente, evitá-las.

  Mas, minha adorada e nada irritante tia Alice insistira em organizar uma enorme festa para comemorar a finalização do meu crescimento. Eu não estava contente com isso, mas ela parecia não ouvir. Na verdade, eu não era a única que não queria essa festa, Bella e Edward tentaram negociar com ela, mas a baixinha era irredutível. Nem mesmo Jasper podia com ela.

  No dia que antecedeu meu aniversario, ela e Rosalie me arrastaram para Port Angeles, onde me enfiaram em um salão de beleza. Mulheres desconhecidas mexiam, cortavam e alisavam meu cabelo não ligando nenhum pouco para o que eu queria que fizessem com ele.

  Duas horas depois elas finalizaram o corte, o deixando pouco abaixo dos seios. Moldaram meus cachos e ondulações perfeitas e realçaram o tom de cobre do meu cabelo. Eu tinha que admitir, tinha ficado bonito.

  Voltamos para Forks em seguida. As nuvens de chuva ameaçavam cair, nenhuma novidade para nós, moradores permanentes da Península de Olympic. Alice dirigia a plenos pneus enquanto trocava informações sobre minha festa com Rosalie, sentada ao seu lado.

  Quando chegamos à estrada de terra que levava a Mansão, Alice acelerou ainda mais seu Porshe amarelo, que ela tinha trazido da Itália alguns anos antes. Ela costumava se gabar pelo feito, não era algo que eu achasse correto. — eu era neta de um xerife, crescida e criada naquela delegacia, afinal.

  Eu me lembro de entrar na casa dos meus avos e me deparar com Jacob sentado, conversando com Bella. Lembro de ter dito a minha mãe que não queria conversa com ele e que gostaria que ele se retirasse. Lembro que ela me perguntou o porquê daquilo e eu agradeci a ausência de Edward. Jacob continuava com aquela cara de inocente. Lembro de Bella acusar que eu estava sendo insensível com ele e que Jacob tinha se arrependido.

Ela estava do lado dele depois de tudo?

  Depois daquilo eu subi para o antigo quarto de Edward e lá fiquei até que Alice me arrastasse para o chalé, onde elas começariam a tratar de mim, para a festa que só aconteceria no outro dia, à noite. Era ridículo como elas eram exageradas.

  Alice preparou um banho quente enquanto Rosalie me fazia massagem nas costas. Senti-me instantaneamente relaxada e tratei de livrar minha mente de qualquer problema, Jacob, minha mãe... Tudo. Segui até o banheiro, com ambas me acompanhando. Tirei o roupão de seda que tinha meu nome atrás e adentrei a banheira de água quente e, nossa.

 Era maravilhosa a sensação de paz que a água quente trazia.

  Alice e Rosalie me deixaram sozinha e eu aproveitei para me afundar na água da banheira. Amanhã meu crescimento pararia e eu seria, oficialmente, uma imortal. Edward e Bella ainda teriam controle sobre mim? Eu não podia contar com a sorte. Não mesmo.

Toquei minha barriga levemente saliente com as pontas dos dedos, sentindo alguma coisa mexendo dentro de mim. Ergui meu corpo da água, olhando para minha barriga, leves ondulações podiam ser vistas e, pela primeira vez desde que descobri a gravidez, eu sorri.

⫷~⫸

Alice trouxe meu vestido embrulhado em um protetor preto.

Ela me deixou na curiosidade desde que tinha comprando ele. Eu tinha medo que o vestido ficasse apertado, por causa dos quilinhos que ganhei, graças à gravidez. Por sorte, isso não aconteceu. O vestido era lindo, de um azul bem clarinho, quase branco, de alças um pouco grossas e que arrastava ao chão, com uma fenda na perna direita. Tinha um leve decote, mas nada muito extravagante.

Sentei na cadeira enfrente ao espelho enquanto Alice trabalhava em minha maquiagem. Disse que queria algo leve, por sorte ela me ouviu. Ela me presenteou com um par de sapatos, prateados, e ordenou que eu o usasse. Eu estava pronta. Olhei-me no espelho, pensando que aquela garota esbelta não estaria tão esbelta assim em alguns dias.

Suspirei.

— Tenho um presente para você, queria — Rosalie disse, estendendo uma caixinha vermelha. Peguei-a, retirando a gargantilha de pedras.

— É lindo, Rose, obrigada — dei-o para Alice colocá-lo em mim — Eu adorei.

Abracei-a.

— Esperamos você lá embaixo — Alice falou, arrastando Rose dali.

Não demorou a que meu pai viesse me buscar.

Ele vestia um terno cinza e sapatos da mesma cor. Seu cabelo continuava desalinhado, o que não agradara Alice nenhum pouco. Ele ficou parado, me olhando, por longos segundos, então caminhou em minha direção e me abraçou.

— Está tão linda — disse. Ele afagou meu rosto, delicadamente — minha filha.

  Toquei sua mão ainda no meu rosto, mostrando o quanto eu estava feliz por tê-lo. Meu pai deu um de seus sorrisos tortos, e me guiou até o topo da escada, onde eu entraria sozinha, para então encontrá-lo no fim da escada.

  De onde estava pude finalmente ver a decoração da festa – alguns dos moveis foram removidos, para dar mais espaços para a locomoção dos convidados. Grandes cortinas negras foram colocadas nas grandes paredes de vidro da sala dos Cullen. Pessoas espalhadas pela sala. Todos de negro. Apenas um ponto iluminava todo aquele mar de escuridão. Eu e meu vestido azul claro.

  Delicadamente e com medo de cair, desci os degraus, um por um, diretamente para os braços de meu pai. Quando Alice começou a organizar a festa, seria para os braços de Jacob que eu iria, mas os planos foram impedidos.

  Meu pai segurou minha mão, no instante em que uma musica lenta começou a tocar. Eu dançaria com um representante de cada clã que fora convidado, o que significava que eu teria que dançar com algum Volturi. — Alice disse que seria importante convidá-los, para que me vissem marcar o final de meu crescimento. Eu sabia que ela achava que aquilo selaria a paz entre nossos clãs, mas eu tinha duvidas.

  Meu pai me guiou por toda a dança, quando, enfim, me entregou a meu avô Carlisle, que me entregou a Charlie, então Phill – marido de minha avó Renée – seguido por Seth – que veio representando os lobos – Eleazar Denali, Peter, Garrett, Nahuel, Benjamim, Liam e por fim, o Volturi.

  A dança com o Volturi foi, sem duvida, a mais longa de toda a minha festa. O rapaz a minha frente era duro, não tinha expressão e parecia entediado. Uma vez ou outra ele mexia no cabelo, tirando a franja morena dos olhos. 

— Você não muda de expressão nunca?

Ele finalmente me encarou.

— Você sempre faz perguntas obvias? — Respondeu ele, sem mudar a expressão tediosa em seu rosto.

Quando finalmente a musica acabou, ele deixou-me, voltando para perto dos Volturi.

— Hora dos parabéns! — Alice gritou entrando na sala, vinda da cozinha com Emmett, que trazia um bolo enorme – puro desperdício, metade das pessoas aqui presentes não comeria.

  Posicionei-me atrás do bolo para a torturante sessão de fotos com todos. Primeiro meus pais, depois os tios, seguidos por meus avos – Renée, Charlie, Carlisle e Esme de uma só vez – e todos paravam depois das fotos para felicitar-me por meu dia. Quando Aro chegou perto, senti-me enjoada instantaneamente.

— Doce Renesmee, feliz aniversário — ele disse, com sua falsa cordialidade. Aro, assim com todos na festa, vestia um terno preto, que contrastava com seu extravagante pingente em V.

— Obrigada, Aro.

  Ele posicionou-se ao meu lado, então o flash da câmera de Alice disparou. Ele se afastou, não antes de desejar novamente felicitações. A festa continuou do lado de fora, mas não demorou a que o bolo que tinha comido fizesse seu trabalho de querer voltar. Disfarçadamente, corri para a clareira, onde deixei que tudo que estava dentro de mim saísse em forma de um liquido branco e fedorento.

— Está bem?

  Uma voz masculina e levemente conhecida falou às minhas costas. Virei-me para o Volturi que tinha dançado comigo. Fiz menção de respondê-lo, mas uma tontura atingiu-me e eu caí. O Volturi segurou-me nos braços, impedindo que eu batesse minha cabeça no chão.

— Estou... — comecei a respondê-lo — eu acho.

— O que aconteceu?

— Por que se importa?

Vi quando um relance de incredulidade brincou em seus olhos vermelhos.

— Tem razão, não me importo. — ele me colocou no chão e virou as costas para ir embora.

Algo em mim embrulhou-se novamente e eu senti minha barriga doer. Gritei.

— O que está... — olhei para ele que me olhava com espanto. — Mas que droga é essa?

Olhei para onde ele olhava e eu tenho certeza que minha expressão foi parecida com a dele. Minha barriga tinha crescido gradativamente, tanto que rasgou o vestido.

— Oh meu Deus! — exclamei, então comecei a chorar.

O Volturi se aproximou.

— Você está...

— Grávida? Sim, estou. E agora Edward vai me matar.

— Ele não faria isso.

— Sim, ele faria — eu ainda chorava — Deus, o que eu faço.

— Posso ajudá-la.

Encarei-o, cética, o Volturi a minha frente, notando então que eu não sabia seu nome.

— Eu nem sei seu nome. — murmurei envergonhada.

Ele riu.

— Resolvemos isso agora. Alec Volturi. — ele estendeu sua mão para mim — vai me deixar ajudá-la agora?

Encarei sua mão estendida e, no final, acabei pegando-a. 


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Notas finais do capítulo

:)



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