A Lenda dos Dragões escrita por Hakiny


Capítulo 2
O Homem das Lendas


Notas iniciais do capítulo

E finalmente vamos ter o nosso primeiro contato com o Dragão Negro Ancestral



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Depois de atravessar o salão, Ana e Karin foram levadas até a entrada de uma espécie de porta secreta, lá encontraram o rei e outros membros da nobreza.

— Fiquem quietos, um grupo de soldados irá averiguar a saída inferior do castelo, assim que for confirmado que está seguro alguém virá aqui buscar vocês.

— Chow? — Karin segurou a mão do guerreiro, impedindo que ele se afastasse.

— Eu vou ficar bem. — Chow sorriu.

Com o coração apertado, a garota permitiu que seu estimado amigo voltasse para o campo de guerra.

Com a porta fechada os gritos lá fora estavam abafados, mas ainda audíveis.

— Estão todos morrendo… — Karin sussurrava.

— Tape os ouvidos querida. — O rei acariciava os cabelos da filha.

— Tapar os ouvidos? — Karin estava indignada — São seus súditos…

— Não temos outra opção… — O rei evitava olhar nos olhos da filha.

— Aqui tem espaço pra mais da metade da cidade… confortavelmente! — Karin retirava a mão do rei de seus cabelos.

O rei permaneceu calado. O silêncio predominou até o momento que Karin abriu a porta do esconderijo e correu para fora.

— KARIN! — O rei se esticava na tentativa de segurar a garota, falhando.

— Ana! — Kishan puxou o braço da sacerdotisa — Traga ela de volta.

— Sim, majestade.

Ana estava um pouco assustada, mas seguiu para fora do esconderijo em busca de Karin.

Após alcançar uma distância considerável, Karin parou e tomou fôlego.

Ela estava ciente do quanto havia sido atrevida em sua decisão, mas preferia manter sua consciência em paz, mesmo que isso custasse uma guerra contra seu pai.

Após recuperar o controle de sua respiração, Karin começou a guiar todas as pessoas que encontrava, para o local onde a nobreza se escondia.

O caos havia se instalado na cidade. Pela primeira vez desde o início de toda aquela agitação, Karin parou para observar os inimigos. Eram como panteras vestidas de sombra, corriam tão depressa, que deixavam um rastro negro por onde passavam.

Foi então que a princesa sentiu uma mão puxar o seu braço com força e a arremessar no chão com brutalidade. Ela estava pronta para reclamar da dor no traseiro, quando viu uma fera cair degolada aos seus pés. Diante dela um guerreiro coberto de sangue e poeira guardava a espada em sua bainha e estendia a mão para ela.

— O que está fazendo no meio dessa confusão? Achei que a nobreza estivesse segura. — Jean perguntava enquanto observava a garota se recompor.

— Estou cuidando da população. — Karin tentava se mostrar tranquila, quando na verdade estava a beira de um ataque.

— Princesa… volte pro esconderijo! Eu os outros guerreiros estamos cuidando disso.

— Não, você e os outros guerreiros, estão cuidando dos monstros. Eu estou cuidando das pessoas assustadas que sofrem no meio da guerra. — Com essas palavras, Karin se afastou de Jean e foi até outro civil.

— Princesa Karin, eu não tenho tempo para cuidar de você agora! — Jean a seguia.

— Jean, eu entendo a sua posição. Mas não pode me pedir para que feche os olhos diante dessa desgraça. Não pode pedir para que eu me esconda e fique segura, enquanto outros perecem. Acha mesmo que um título me dá esse direito de viver e o tira dos outros? — Os olhos de Karin penetraram os de Jean com tanta confiança e determinação, que ele foi incapaz de questioná-la. — Se não pode me ajudar, peço que por favor não tente me impedir.

Karin se afastou mais uma vez, Jean a seguiu, mas dessa vez em silêncio, assumindo o papel de guarda-costas.

Fora do salão, a cidade caía, dezenas de pessoas tendo suas almas sugadas pelas bestas demoníacas. Muitos guerreiros lutavam bravamente contra os monstros, mas eles estavam em maior número e devoravam a cidade como um incêndio.

— KISHAN!

Uma voz grave estremeceu por toda a cidade. O grito prolongado em um eco ensurdecedor fez tremer a espinha de qualquer um ali presente.

— O que foi isso? — Ana, que estava muito perto dali, se segurava em uma das pilastras, enquanto sentia suas pernas falharem. Pelo seu corpo passava uma sensação de horror indescritível. Então esse era o homem das lendas? Que tipo demônio ele era?

O desconhecido marchava em direção ao salão quando um grupo de soldados o cercou, com apenas o brandir de sua espada todos estavam no chão.

— KISHAN! — Ele gritava mais uma vez — QUANTOS DOS SEUS VÃO MORRER ATÉ QUE SAIA DE SUA TOCA?

A voz do homem estava ainda mais pesada e assustadora.

Ana engatinhava para longe do inimigo, quando sentiu o vapor de uma baforada em seu rosto, no chão uma baba espessa escorria até os seus dedos. Com o coração acelerado, a garota levantou seu rosto lentamente para a origem daquilo e se deparou com uma besta gigantesca a sua frente.

Ana gritou estridentemente, enquanto corria o mais rápido que suas pernas conseguiam suportar, mas antes que pudesse chegar a algum lugar sentiu seu corpo ser arrastado. Não havia bestas, ou qualquer humano ali, ela estava sendo arrastada por uma fumaça negra que a cobria por inteiro. A sacerdotisa se debatia e gritava por ajuda, mas aquilo só parou quando seu braço foi agarrado. Com os olhos cheios de lágrimas e tomada pelo completo desespero, Ana se virou para ver o rosto de seu raptor. O desconhecido tinha seu rosto coberto por um elmo negro, de onde só era possível ver seus olhos vermelhos como fogo, tinha cabelos escuros que alcançavam seus ombros e uma estatura alta. Vestia uma armadura negra velha, parcialmente destruída e carregava uma espada maior do que ele, que movimentava de um lado para o outro sem esforço algum.

— KISHAN! — O homem demônio gritou mais uma vez — EU TENHO A ESTRANGEIRA QUE ABRIGA, KISHAN.

Os olhos de Ana estavam quase pulando de suas órbitas e seu coração parecia que iria parar a qualquer segundo.

Do outro lado do salão escondida atrás de uma pilastra, Karin tentava se livrar do domínio de Jean.

— Me larga! — A princesa se debatia.

— Acalme-se Karin, eu não sei quem é esse cara, ou como ele conseguiu essa informação, mas se ele sabe da sacerdotisa, sem dúvidas saberá que você é filha do rei. — Jean sussurrava.

— Ele vai matar a Ana!

— Precisamos pensar em alguma coisa, mas se você for lá agora é capaz de ele matá-la de qualquer maneira, e com você em mãos, atrair a atenção de seu pai e aí já serão duas mortes, contando com a sua, três. — Jean explicava.

— KISHAN!

A terra inteira tremia diante do berro ensurdecedor do inimigo. Foi então que se ouviu um estalo, seguido de um grito de agonia.

O desconhecido havia quebrado o braço esquerdo de Ana como se fosse um galho seco.

— ANA…

Jean interrompeu os gritos de Karin tapando sua boca.

O choro da sacerdotisa era tão alto e atormentador que nenhum morador daquela cidade foi poupado de ouví-lo.

— Kishan… o sangue dessa mulher estará em suas mãos.

— Não, não estará!

A espada de Chow decepou o braço do inimigo que limitava os movimentos  de Ana. A garota caiu de joelhos, mas rapidamente se levantou e correu para perto de seu salvador.

O invasor, olhou para o local ferido com certo desdém.

— Sangue de dragão… — Ele sussurrou.

Chow permaneceu em silêncio, suas pernas estavam trêmulas e sua respiração confusa.

— Então sabe o que eu sou… A pergunta é: O que você é? — O inimigo se aproximava dos dois.

— Sou um dragão! Um dragão negro, como você. — Chow empunhava sua espada tentando transparecer a coragem que não tinha naquele momento. O sangue escorrendo de seu braço direito, era o mesmo em que a sua claymore havia sido banhada antes de cortar a pele do inimigo.

— Mesmo que tenha sangue sagrado correndo em suas veias, ele não será desperto até que eu morra, e nós sabemos quem cairá nessa batalha.

Chow não teve tempo de responder ou sequer pensar, a espada do inimigo veio em direção ao seu rosto com uma velocidade indescritível. Instintivamente, o guerreiro usou sua espada para bloquear o ataque, sua defesa impediu um ferimento grave, porém seu corpo ainda foi empurrado para trás com facilidade. O dragão negro seguia atacando, como se duela-se com uma criança, golpe atrás de golpe, fazia com que Chow recuasse. A diferença de força era tão grande, que o jovem guerreiro sentia suas mãos dormentes e seus braços latejarem. O último golpe do inimigo quebrou a claymore em duas partes, rasgou a armadura de Chow como se fosse papel, e o lançou para longe.

Desarmado e ferido, Chow rastejava para longe do inimigo, que continuava a avançar. Agora, diante do guerreiro indefeso o dragão ergueu sua espada gigante e desferiu um golpe poderoso.

— CHOW!

Um grito estridente fez desviar a atenção do inimigo, acertando o chão ao lado do rapaz, abrindo uma cratera gigantesca.

Jean mantinha-se escondido atrás da pilastra, enquanto Karin corria para o campo de batalha. Ela havia escapado do domínio dele, quando ambos foram atacados por um Devorador, Jean lidou com o inimigo, mas a princesa conseguiu se livrar.

De frente para o inimigo, Karin tomava a frente de Chow, o guerreiro tentou se levantar para impedir que a garota se ferisse, mas antes que pudesse tomar qualquer atitude, o dragão negro ergueu sua espada pela segunda vez, e desferiu outro golpe.

Um impacto estrondoso fez ruir as paredes da cidade. Envolta por uma energia pálida, Karin havia repelido o ataque inimigo. A espada do invasor havia se transformado em pó, e a princesa carregava uma expressão de raiva em seu rosto iluminado.

— Afaste-se dele. — Karin avançou em direção ao inimigo. — Afaste-se da minha cidade.

O dragão negro recuou alguns passos, em silêncio.

— SAIA! — A garota gritou, enquanto uma enorme massa de energia se convertia a imagem de um dragão branco rugindo de forma tão poderosa, que todos os devoradores foram desintegrados.

A aura branca permanecia ao redor da princesa, que encarava o inimigo de forma desafiadora. Os olhos da princesa brilhavam uma luz branca tão forte que era difícil encará-la. O dragão negro trazia insatisfação em seu rosto.

— Herege. — Ele sussurrou antes de sair em passos lentos, para fora da cidade.

Todos os habitantes permaneceram em silêncio enquanto o viam ir, implorando aos céus para que ele não desistisse de sua partida. Mas o dragão negro, apenas sumiu na escuridão da recém chegada noite.

 


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Notas finais do capítulo

Postei antes do tempo que eu planejava hahahha
não sirvo pra ter capitulo guardado



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