A Lenda dos Dragões escrita por Hakiny


Capítulo 12
O Duque Thomas


Notas iniciais do capítulo

Vamos falar do Zaru?



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Uma caminhada silenciosa de cerca de 40 minutos possibilitou a chegada do grupo até a vila. Karin passou todo esse tempo pensando no que havia acontecido, a inquietação da viagem e a forma séria com que Nicholas a respondeu. Não era como se ela o conhecesse há muito tempo, mas sentia a sua alma pesada, sentiu como se não estivesse mais diante do cara que havia conhecido no dia anterior.

— Chegamos! O casarão do Duque Thomas. — Chow dizia com entusiasmo.

Os garotos seguiram até a entrada do lugar e tocaram a aldrava de bronze que ornamentava a porta. Não foram necessários muitos segundos até que fossem atendidos.

— Posso ajudá-los? — Uma criada sorriu para o grupo.

— Queremos falar com o duque Thomas. — Jean tomou a frente.

A mulher o olhou com certa desconfiança, era óbvio que ver alguém importante sem nenhum motivo válido, não seria fácil.

— Eu me chamo Karin. — A garota tomou a frente do lobo — Sou princesa do país do dragão, no oriente. Vim visitar a nobreza de seu continente, há algum problema nisso?

Os olhos da mulher se arregalaram, uma outra criada que se escondia do outro lado da porta semi-aberta deixou escapar um ruído de surpresa.

— Entrem, por favor! — A mulher dizia um pouco sem graça.

Depois da declaração de Karin, eles foram muito bem recebidos.

— Finalmente uma vantagem de ter uma princesa na jornada. — Chow cochichou.

— Finalmente? — Karin se mostrava indignada.

— Sentem-se aqui, por favor, vou avisar ao duque da presença de vocês.

Não demorou muito para que o velho gordo aparecesse na sala.

— Olá! Povo do oriente! — Thomas falava de forma silábica e gesticulava com exageros.

— Nós falamos o seu idioma senhor. — Chow dizia de forma educada.

— Melhor assim. — O velho sorriu um pouco sem graça e sentou junto dos convidados — Em que posso ajudá-los?

— Viemos falar sobre Zaru.

Chow jogou o assunto sem hesitação.

— Ah! Claro… — O duque sorriu com certa arrogância — Os jovens sempre aparecem atrás dessa história.

— O senhor o matou há cerca de 40 anos, certo? — O guerreiro se apoiou sobre seus próprios joelhos.

— Sim, eu era muito jovem e cheio de vigor! — O velho gargalhava com orgulho.

— Como foi a batalha? — Karin estava empolgada, se tudo o que diziam sobre Zaru era real, ela estava claramente diante de um guerreiro formidável.

— Bom, tudo aconteceu em uma noite de domingo quando o encontrei em uma taverna aos arredores do castelo do falecido rei da época. Zaru estava badernando como de costume e já havia derrubado vários soldados que vieram impedí-lo…

Uma aura de cor avermelhada envolvia o duque, mas estava visível somente para os olhos celestiais de Karin.

— … E por fim eu cravei a minha espada em seu estômago e ele caiu agonizando no chão. — O duque completava a sua história com um sorriso de triunfo em seu rosto.

— Uau! — Jean se recostava em sua cadeira, ele se sentiu honrado de estar diante de um homem tão poderoso.

— A sua história não faz sentido. — Chow entrou na conversa.

— O que? — O duque tremeu.

— Caso o senhor não saiba, além da força monstruosa, a maior vantagem de Zaru era a sua pele privilegiada. — O guerreiro acrescentou.

— P-privilegiada? — O duque gaguejou.

— O senhor ao menos sabe o que ele era? — Chow pressionou.

— A história inteira é falsa. — Karin se pôs na discussão.

— Que audácia! — Thomas se levantou.

— Pessoas, acalmem seus ânimos… — Jean tentava apaziguar a situação.

— Caso o senhor não saiba, Zaru era um dragão celestial. O dragão de ferro! A pele dele era completamente imune ao ferro. Então, a não ser que o senhor tivesse um estoque de sangue de dragão negro na época, sua espada jamais atravessaria o corpo dele. — Karin também havia levantado — Mas o senhor não mentiu somente nisso. Mentiu sobre tudo!

— Vocês são como ele… não são?

O velho se sentou, aparentemente mais calmo. A pergunta dele foi inesperada para os convidados

— Sim.

Chow se prontificou a responder.

— Pois bem. Não vou mentir, desconfiei desde o momento em que entraram nessa casa. — O duque dava de ombros — Talvez eu tenha me tornado um velho traumatizado com pessoas de olhos pequenos!

Todos permaneceram em silêncio e Thomas continuou.

— Zaru não era apenas um homem e eu sempre soube disso. Nenhum humano seria capaz de fazer o que ele fazia, eu o vi ser alvejado de flechas e sair ileso com um sorriso no rosto.
Eu tinha 18 anos quando fui para o exército real. Eu era jovem e sonhava em me casar, precisava de dinheiro e a realeza pagava muito bem. Como podem ver, eu nunca fui um homem muito grande e nem nunca fui forte, na época eu era apenas um garoto raquítico que se escondia atrás dos soldados mais fortes. Lembro que fui enviado em algumas missões para deter Zaru, mas eu nunca entrava em batalha, normalmente eu assistia escondido de algum lugar seguro. — Thomas sorriu um pouco sem graça. — Mas era demais para um moleque! Ele era implacável e costumava derrubar cinco soldados com apenas um brandir de espada.

— Duque Thomas, não há do que se envergonhar. O senhor era apenas um garoto, diante de um ser celestial, não há nada de errado em sentir medo.

Jean sorriu para o velho, que pela primeira vez em muito tempo se sentiu acolhido.

— Foi o senhor mesmo que o matou? — Karin encarou o velho curiosa.

— Sim…Bom, é difícil explicar. — O velho coçava a cabeça — Eu fui beber em uma taverna. Eu estava realmente triste pelos resultados das batalhas e as minhas conquistas não estavam sendo vastas, logo não me casaria tão cedo. Foi quando Zaru entrou na taverna, ele estava caindo de bêbado. Aparentemente tinha começado cedo, alguns bebuns burros foram encrencar com ele. Lembro de ouvir a dona da taverna gritar para ele brigar do lado de fora, pois ela não queria que quebrassem nada. Acho que ele tinha alguma consideração pela mulher, pois saiu imediatamente. — Thomas suspirou e continuou — Eu lembro de ter bebido muito, e talvez isso tenha me dado coragem para me juntar aos bêbados que compraram briga com ele. Eu o vi derrubar alguns sem esforço nenhum. Eu pensei em correr e me esconder, mas lembrei de todas as vezes que Zaru fez com que eu me sentisse pequeno e miserável. Então eu corri em direção a ele, e já preparado para a morte, o soquei no rosto. Sabe Deus como consegui alcançar o rosto daquele gigante, talvez eu nem tenha alcançado, eu estava de olhos fechados, apenas senti meu punho se chocar com aquela pele dura. Foi então, que já de olhos abertos o vi cambalear e cair em um pequeno lago que cercava a caverna. E bom… ele não conseguiu mais se levantar, até morrer


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Notas finais do capítulo

Deixa um comentário pra tia! De coração hauhauhua



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