Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 9
Catch a Grenade




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POV Elena

Mais um dia, mais um martírio. Até que ontem, não fosse a gracinha no primeiro tempo, eu diria que já me esqueceram.

Vamos, Elena, força! Estamos apenas na primeira semana. Levanta, lava o rosto, é só um colégio. Você nem é de ter muitos amigos. Conhecia as pessoas no Hilton, mas, amigos mesmo, só a Bonnie e o Tommy, que depois acabou se mostrando um babaca. Tinha o pessoal da sala também, mas, nunca fizemos nada além de conversar nos intervalos. Acho que me acostumei a ser sozinha.

Meus pais e minha irmã sempre foram tão presentes e atenciosos que eu realmente não sentia vontade de não estar com eles. E agora, isso. Tudo diferente. Kath tenta me deixar confortável aqui, e Damon é bastante gentil o tempo todo. Me esforço por eles, mas, não me sinto ambientada ainda. É tudo tão estranho.

Olho pela janela, criei um hábito, a cidade que nunca dorme. Todos parecem sempre tão apressados, correndo. Como se suas vidas estivessem em perigo e eles precisassem correr pra se salvar. Mesmo os alunos no colégio, abastados, todos. Parecem sempre preocupados com coisas que não deveriam.

Vou tomar meu banho, daqui a pouco o despertador toca.

POV Stefan

Abro os olhos tentando encontrar o despertador. Preciso voltar a me acostumar com esse horário, sinto falta de nadar antes das aulas. Levanto logo, hoje tem comida na geladeira. Tomo um banho rápido pra despertar e me movo, quase que me arrastando pra cozinha.

Não sei porque um apartamento tão grande só pra mim. Papai mal fica em casa. Não fosse esse tanto de empregado, eu já teria surtado com a solidão dessas paredes. Respiro fundo. Preparo meu café. Finalmente, vou comer algo decente.

O motorista chega pra me perguntar que horas eu quero sair. Acho que ele ainda não entendeu que eu vou a pé. Preciso de paciência, os empregados vivem sendo trocados. Acho que meu pai é neurótico demais com isso. Não deixa criar vínculos. Tirando Denise, ninguém ficou por mais de um ano por aqui. Não dá nem tempo de me acostumar com as caras e nomes deles.

— Desculpa, qual seu nome mesmo? - pergunto, sorrindo.

— George, senhor. - ele responde, com uma reverência.

— Pois bem, George, eu vou pro colégio a pé. São apenas duas quadras daqui, não tenho necessidade de carro. E, se fosse mais longe, eu iria de metrô de todo jeito. Eu quase não uso carro na cidade, então, sua função é basicamente com meu pai mesmo. Não precisa vir correndo me levar pra escola não. - repito o discurso de segunda, esperando que dessa vez ele entenda.

— Senhor, eu não sou motorista do seu pai. Ele me contratou ontem pra servir somente o senhor, como segurança e motorista. E me deu ordens expressas de não sair do seu lado.

— Ah é?! - Falo surpreso. - Essa é novidade, ele sabe muito bem que eu não ando de carro. Mas, o que houve com o.. como era mesmo o nome dele... - não lembro nem da cara, quero lembrar logo do nome - o que era meu segurança até ontem?

— Não sei responder, senhor.

Deve ter sido dispensado porque me perdeu de vista ontem, pobre coitado. Eu tenho pena deles, eu vivo fazendo isso. Deve ser por este motivo que não para ninguém aqui. Paciência. Odeio me sentir vigiado. Digo a ele o horário que vou sair de casa e ele fica me aguardando na porta.

Parece ser boa pessoa. Vou tentar evitar que perca o emprego também. Ele parece não ser muito mais velho que meu irmão. Vou ver se consigo trazer ele pro meu lado e evitar que me denuncie.

POV Elena

O corredor da morte parece menos assustador hoje, ninguém me olha como se eu fosse um bife, e alguns até nem me enxergam. Viu, Elena, era só questão de dias pra história ser esquecida. Respiro fundo e aliviada.

Vejo minha grade e sigo pra aula, hoje, de novo, não troco de sala até o almoço. Entro e percebo que está quase cheia, aquele seboso está na mesma aula de novo. Bom, estamos no mesmo ano, acredito que vai ser inevitável não termos algumas matérias junto. Pelo menos ele está sentando longe de mim. E deve ter trocado o armário também, porque nunca mais esbarramos.

Eu vejo vários grupinhos de alunos conversando e me isolo no canto da sala, próxima a janela. Pelo menos a paisagem parece interessante daqui. Dá pra ver um pedacinho do parque entre os altos prédios. Me distraio olhando, até o professor chegar.

POV Stefan

Chego no colégio vazio de novo. Guardo minhas coisas, hoje tem treino mais tarde. Entro na sala vazia e escolho o lugar de sempre. Vejo as pessoas chegando, o grupinho de sempre se aproxima. É curioso como a gente faz amigo no colégio por proximidade e não por afinidade. A maioria aqui eu não tenho nada em comum, mas, estudamos juntos desde sempre, e são como se fossem minha família. Outros, são tão idiotas que nem assim eu consigo gostar.

A menina nova entra, olha em volta e escolhe um lugar. Tento não olhar pra porta assim que ela aparece. Chega de dar motivo pra ela me odiar. Não quero que pense que tô a fim dela e faço isso pra chamar atenção.

O dia corre bem, mais duas aulas, depois do almoço, e então o treino no Central Park. É, eu gosto disso, me sinto comum. Me faz esquecer um pouco que em breve terei uma briga ferrenha quando informar ao meu pai que não entrarei pra faculdade de administração como ele pensa.

POV Elena

Hoje decidi que vou primeiro na biblioteca, e depois almoço. Tô definitivamente de saco cheio de almoçar sozinha. Nem trocar mensagens com a Bonnie tem me distraído dos olhares piadistas e alguns de pena. Não quero ser essa garota que se esconde, só que até me acostumar com esse colégio de verdade, eu preciso me tornar invisível, pelo menos por enquanto.

Adiantei a leitura de um dos livros da imensa lista que a professora passou, achei bom. A fome bateu, tentei segurar o máximo, mas, não dá mais. Vou pro refeitório. Pego a bandeja e entro na fila. Ouço umas risadinhas atrás de mim. Não quero olhar, imagino o que seja.

— Para Stefan, eu não vou comer isso tudo! - ouço uma menina reclamando. Respiro e olho de soslaio. Não é possível! Bom, pelo menos vejo que a risadinha não era de mim. Vejo ele colocando várias coisas na bandeja da menina, e ela tirando.

— Você precisa comer direito, vai morrer de inanição só com isso. - Ele fala e ela ri de novo.

Paro pra pagar meu almoço e finjo que não vi os dois. Ouço ele falando pra ela esperar um pouco, e ouço a voz dela novamente.

— Ora, se não é a miss Bikine. - Ela inclina a cabeça pra me olhar. Percebo e olho pra ela, séria.

— Bekah, não faz isso, não implica. - ele fala, acho estranho. Ela faz um muxoxo e volta a me ignorar. Acho bom. Pego meu troco e vou pra longe deles.

Talvez não seja boa ideia comer essa hora, pelo visto. Agora entendi porque não esbarrei com ele nenhum desses dias no almoço. Ele vem mais tarde. Preciso decidir o que é pior, os olhares de pena ou encontrar com esse cara.

Ainda tem mais duas aulas antes da educação física. Entro na sala, é a mesma de antes, e me sento no mesmo lugar. Mais uma matéria juntos. Respiro, vou ter que me acostumar com esse sujeito. Pelo menos ele não voltou a tentar nada.

* * *

Sexta feira, ainda bem! A semana parece que estava de grilhões nos pés e se arrastou como um caramujo velho. Só mais um dia e o fim de semana vai trazer novos assuntos pra essa galera esquecer de mim. Assim espero.

Definitivamente, acho que estou na mesma turma desse sujeitinho nojento, só não reparei isso no primeiro dia, possivelmente, porque não levantei a cabeça dos livros pra olhar em volta. Acho que não vou ter como fugir disso. Ao menos ele não olha mais pra minha cara, e estou bem assim.

Hoje não preciso trocar de sala. Ainda tô decidindo como fazer na hora do almoço. Acho que vou comprar e comer no jardim. Quase ninguém fica lá fora, assim posso ler meu livro sossegada também.

Hoje temos geografia, é a última aula, eu costumava gostar dessa matéria. Imaginando como seria viajar pelo mundo, depois de me formar. Conhecer vários lugares, culturas diferentes. Eu poderia trabalhar no médicos sem fronteias, quem sabe. A professora fala de um trabalho em grupo. Tô bem ferrada, não falo com ninguém e...

— Elena, você já tem grupo? - ela pergunta. Merda, eu poderia apenas ter um derrame agora e ir direto pro hospital.

— Não, senhora, eu.. bem, não conheço ninguém.. - ela me interrompe de novo.

— Bom, precisamos resolver isso. Stefan, querido, você pode fazer um grupo e incluir a Elena? Ela é nova e tenho certeza que você vai poder ajudar. - Meu Deus do céu! O que esses professores têm com esse cara?! Sério, né possível que só ele seja bom nessa turma inteira!

— Claro Senhorita Grey. Sem problemas. Grupo de quantos?

— Hum... Podem ser 3 ou 4, meu bem. Então está decidido, Elena., seu grupo é com Stefan e quem mais ele decidir. Semana que vem eu apresento o conteúdo do trabalho, estão dispensados, turma.

Aquele derrame não é má ideia. Um AVC, pode ser uma crise epilética, senhor, apenas me leva daqui, nunca pedi nada. Junto minhas coisas sem olhar pra trás. Eu imagino a cara debochada que esse ridículo tá fazendo agora. Eu só quero morrer. Saio da sala achando que o dia terminou, caminho dois passos e dou de cara com o orientador.

— Senhorita Pierce. Como vai?

— Senhor Morgan, vou bem, obrigada.

— Como estão as aulas, alguma dificuldade, está acompanhando bem? Já conseguiu seu monitor?

Ele me bombardeia de perguntas, consigo responder com a cabeça e a última verbalizo.

— Ainda não, senhor. Os alunos não tem sido muito simpáticos.

— Como assim? - Ele me olha indignado. - Salvatore! Vem cá! - congelo e me viro pra ver quem é, pelo menos não é o tal do Stefan e... MAS QUE CARALHOS, SÓ TEM ESSE SUJEITO NO COLÉGIO INTEIRO PRA ME AJUDAR? Volto a olhar pra frente, esperando que ele não venha.

— Oi Sr. Morgan.

— Como foi o intercâmbio? - todo mundo interessado nesse intercâmbio dele, pfff

— Foi ótimo senhor, aprendi muita coisa. Foi bem produtivo. - ô sujeitinho arrogante.

— Salvatore, você tá monitorando alguém esse ano? - ele nem aguarda a resposta e eu rezo pra que ele já tenha alguém. - Pierce é nova no colégio, veio transferida e precisa de um monitor. Você pode fazer isso?

— Claro, Sr. Morgan, não tem ninguém comigo esse ano não. Será uma honra. - permaneço encolhida com meus livros, sem nem olhar pra ele

— Ótimo! Vou te dar uns créditos extras por isso. - o orientador fala dando um tapa no ombro dele, e piscando. Reviro meus olhos, quero mesmo morrer. Será que se eu pedir com muita vontade, consigo?

— Quem tá seguindo quem agora? - ele se coloca na minha frente e pergunta, com um sorriso debochado, e as mãos na cintura. Antes que eu abra a boca ele continua. - Refeitório amanhã, ao meio dia. Traz tudo o que você tem de matéria do ano passado, preciso saber o que você estudou pra definir o que falta. - e sai, andando como se tivesse ganho um troféu. Que ódio!

POV Stefan

Chego na sala, vazia, de novo. Sento no lugar habitual, lá vem a estressadinha. É, definitivamente, ela está na mesma turma. Senta no canto, e se vira pra janela. Evito observá-la, mas, eu tô mesmo preocupado. Essa garota não tem amigo, e se continuar assim, vai sair de miss bikine pra miss esquisita num pulo.

O dia foi tranquilo, as aulas divertidas. O último tempo, no finzinho, a professora me pede pra fazer um grupo logo com quem. Eu tô achando engraçado demais isso. Ela com certeza tá odiando o tanto quanto. Eu sempre sou referência pra aluno novo, desde a oitava série. O melhor aluno, as melhores notas. Começou com a obrigação de ser um Salvatore, acabou ficando divertido aprender e ser o queridinho dos professores.

Vou incluir a Lexi nesse grupo, semana que vem ela volta e nem fudendo vou ficar sozinho com essa louca. Além do mais, certeza que ela vai transformar essa garota num projeto pessoal.

— Hey, eu quero – Andy me cutuca e cochicha paralelo a professora. Olho confuso. Com cara de interrogação. Ele responde. - Ser do seu grupo. - faço um gesto de duvida – Miss Bikine! - ele responde sorrindo e apontando. Reviro os olhos. Tá fechado então, meu grande grupo.

Pronto, a aula acabou.

Os caras ficam me zoando, dizendo que tô me dando bem com a miss bikine. Se a Rebekah ouvir essas merdas vai querer assassinar a menina. Me defendo, e peço pra não chamarem ela assim e pioro as coisas pra mim mesmo.

— Ah, já tá apaixonado. - já quero bater em meia dúzia, e me afasto deles, empurrando.

— Salvatore! - Olho o orientador me chamando. Ele tá segurando a nervosinha. Tô com medo de me aproximar, mas, se não for, pior.

É, me fudi, vou ter que monitorar essa guria. Porra, será que não tem nenhum outro pra essa tarefa não? É, não, eu sou o melhor e mais paciente. Isso está sendo uma cruz, nesse momento. Pelo menos eu ganho uns créditos extras.

Não resisto em lembrar a frase que ela gritou no primeiro dia. Me sinto vingado por isso. Marco a hora depois do treino de amanhã. Vai ser um longo dia.




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