Quimera escrita por iago90


Capítulo 14
Capitulo 14 = A luz no fim do túnel é um trem


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaaaaaaa

2 meses sem postar nada...e ngm se importou :'(

Bem...se vc é um dos poucos q le essa fict, deixe-me saber. Mande um review



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...

Quando acordei, Rafaela dizia que já tinham se passado mais de 24 horas provavelmente, mas era difícil de dizer, visto que estávamos sem a luz do sol. A fogueira agora era necessária para a iluminação, então tratamos de criar outras usando pedaços de um corpo. Will cortou seus braços e suas pernas fora, e depois de enrolar pedaços de roupas nos mesmos, colocamos os 4 membros nos cantos do estacionamento. E repetimos esse processo com mais 3 corpos, totalizando 16 tochas no total. Nossa saída de ar continuava aberta, visto que vinha de um espaço aberto entre as pedras que rolaram para dentro do estacionamento. Grande o suficiente para o ar entrar, pequeno demais para qualquer um de nós sair. Mas até que as coisas não estavam tão ruins assim...pelo menos não pra mim.

—-Essas são pessoas sabia? E se nos prenderem pelo o que fizemos?

—-Sério que você ta preocupada com sermos presos? Rafaela, eu nem sei se vamos sair daqui vivos—disse Venera

—-Sim né! Eu tenho filhos pra cuidar sabia!?

—-Jura?—falou Wellington claramente num tom sarcástico—Ninguém se importa

—-O que você disse neguinho?

—-Você ouviu muito bem vadia

—-Hey! Nada de brigar e gastar o pouco de ar que nós temos!—gritei me metendo no meio dos dois. As tensões iam aumentando a cada minuto que passava. E para piorar, um tremor sacudiu o local. O silencio de nós foi absoluto. O chão e o teto tremiam.—Todos, sem excluir ninguém...dirijam-se ao ônibus pela mesma passagem que

—-Só tem aquela passagem mesmo

—-Calado Leandro!—gritei mas logo me calei—Só vão...rápido e sem pisar muito forte

Tarde demais. O teto cedeu e esmagou a “tocha que ficava mais ao longe do estacionamento, levantando toneladas de poeira.

—-CORRAM, TODOS VOCÊS, CORRAM!—Gritei enquanto ordenava todos fugirem, que não pensaram duas vezes e dispararam para o ônibus. Fui o último a ir, e isso me fez ganhar um tremendo corte no braço direito de uma pedra que estava caindo. Ela acertou ele em cheio, fazendo um corte na vertical enquanto eu corria que foi do meu ombro até o cotovelo. Assim que eu passei pela entrada, eu olhei para trás bem a tempo de ver nossa ultima fogueira ser extinta por um pedregulho gigante. A poeira agora estava em todo o lugar. E estávamos de novo sem agua, comida e agora também sem esperança.

...

—-VAI PRO INFERNO MENDIGO! VAI SE FUDER SEU GRANDE FILHO DA PUTA!—Gritava Leandro para mim—QUEM DISSE QUE VOCÊ ESTA NO COMANDO HEIN?

—-Ninguém, mas sua ideia é idiota! Você acha mesmo que vai conseguir empurrar a merda da parede!? E pra que!?

—-A PORRA DA VIDA É MINHA CARALHO!—gritou ele por fim se distanciando—SE VOCÊ QUER MORRER AQUI, OKAY, MAS EU NÃO VOU SAIR DAQUI SEM LUTAR!

5 horas se passaram desde que perdemos nossa fonte de agua, luz e comida. Estávamos a 30 horas ali embaixo. Agora estávamos usando um único celular que achamos perdido no meio de um corpo e como fonte de luz. Rafaela tinha entrando num estado de pânico quase que completo. Venera e Wellington estavam ambos quietos. Extremamente quietos. E Leandro...bem...ele tinha surtado de vez. William estava focado no bebe, talvez para tentar distrair a cabeça, talvez para fugir do mundo...não importava muito agora.

E não demorou muito...os tremores voltaram

—-O que é isso?

—-Venera, meu amor, assim que descobrir eu te falo okay? Porra!—gritei com raiva já

Não iria demorar muito para os tremores acabarem por criar algum deslizamento novo. Mas usar minhas habilidades em publico ainda estavam definitivamente fora de questão.

—-Puta merda, vamos todos morrer—gritou Rafaela se agachando e segurando os joelhos enquanto se desfazia em lagrimas—Eu não quero morrer. Eu não posso morrer agora. Deus, por favor, não me deixe morrer

Venera começou a falar em italiano, o que parecia ser uma oração, ou um mantra, quem sabe. Leandro se jogou com a parede mais próxima, tentando numa atitude no mínimo patética segurar a mesma e tentar parar os tremores. Will só me olhava enquanto segurava o bebe.

—-Alex

—-Não. Não posso fazer nada.

—-Cara, você sabe muito bem o que fazer. Se não fizer, estamos mortos. Entendeu?—Foi só Will terminar de falar que um pedaço enorme de detrito despencou do teto e por pouco não acertou Will, mas esmagou a perna de Wellington que gritou de dor.

—-LEANDRO! LARGA ESSA PAREDE E VEM ME AJUDAR AQUI PORRA!—gritei para ver se aquele imprestável vinha fazer alguma coisa. Tentamos levantar a pedra, mas sem sucesso. E os tremores ficavam cada vez maiores. Não demorou muito e logo toda a nossa “caverna” estava desmoronando.

—-Eu não quero morrer!!!—gritava Rafaela

—-Deus! Oh Deus, Oh Deus, Oh Deus!!! MINHA PERNA!!!—gritava Wellington

Venera estava em um total silencio agora. Os olhos estavam sem qualquer emoção. Parecia que ela já estava morta. O bebe no colo agora de Will estava chorando, assim como Leandro que estava de joelhos se desfazendo em lagrimas

—-Merda—falei estendendo ambos os braços para os lados, como um grande “T” e rapidamente comecei a dobrar o sangue dos corpos que ainda estavam ali e depois, movi meus braços ao redor de todos, girando em torno de mim mesmo enquanto uma cúpula  de sangue envolvia a todos. Mas de repente, meus ossos começaram a estalar. Como quando eu tentei salvar o ônibus. E os estalos foram ficando maiores e mais graves. E com eles veio a dor. Uma dor imensa agora habitava em meu corpo conforme ele se quebrava e mudava para algo novo. A cúpula de sangue estava quase feita. Esta usava o sangue apenas como liga, tendo como material bruto os detritos que estavam na caverna. E então, aconteceu. Um forte e ensurdecedor estrondo atingiu meu corpo com tamanha violência que eu cheguei a perder por alguns segundos o foco e o equilíbrio, mas não cheguei a cair e a bolha pareceu não se alterar. O primeiro pedaço do teto despencou com força sobre a mesma. Eu pude sentir a pressão que o enorme pedregulho de concreto e metal retorcido estava exercendo na bolha. Aquilo era insano. Não demorou muito e o resto do teto seguiu o exemplo do pedregulho. Em instantes, estávamos soterrados novamente, mas agora num espaço de 2m², presos dentro de uma bolha de sangue e sujeira. Literalmente sangue e sujeira. Rafaela ainda estava gritando e implorando por Deus, para ser salva. Wellington tinha desmaiado devido a dor, Venera estava ainda vegetando e Leandro...Leandro estava agora com uma viga de metal atravessada pela sua cabeça. Chegava a ser meio que engraçado, pois sua cabeça manteve o formato, apenas tendo o meio destruído. “tsc, parece um pudim...Mas o que diabos eu to dizendo!?”

—-Alex, seu corpo mano...

—-Eu sei!—gritei tentando distrair a dor excruciante que vinha dos meus ossos. Will estava menor? Eu podia jurar que ele estava menor em altura.—Mas que merda essas porras não vão parar nuncaaaa!!!—gritei enquanto a dor agora vinha para a minha cabeça. Minha boca e meus olhos ardiam

—-Cara...você...

—-Che cosa diavolo è che la? —Disse Venera, que eu não entendi nada. Mas ela estava apontando para mim.

E diferente de como vieram, o deslizamento parou de repente. Mas desfazer a bolha seria o mesmo que decretar morte por intoxicação. Expandi-la seria também burrice. Estávamos agora presos em um espaço minúsculo que eventualmente, iria ficar sem ar puro para respirar. Se sair para a superfície estava difícil, agora estava praticamente impossível. A escuridão ao nosso redor parecia englobar a esfera, fazendo as sombras dançarem como demônios à espreita, prontos para nos devorar no momento em que eu cede-se e a bolha falha-se. Os poucos raios de luz q chegavam agora da superfície. Eu não estava louco ainda. Aquelas luzes só podiam ser de lanternas, pois deveria ser no mínimo 21h. Eu estava ouvindo vozes...vozes vindas de cima? Mas isso era coisa da minha cabeça...será?

—-Alex? O que é...

Olhei para Will. Na fraca luz da superfície seu rosto estampava uma única emoção: terror. Foi quando olhei para mim mesmo. Em primeiro lugar, como eu poderia estar vendo tão bem no escuro? Segundo, em meus ouvidos um ritmo de batida estava alto e claro. Não um. Mas vários. Cada um com seu próprio ritmo mas todos com o som perfeito. E em terceiro. Eu. Eu estava com minha pele negra. Uma negritude não humana, com um pouco de cinza. Eu estava sem duvida mais alto.

—-Will—minha voz estava grave. Bem mais grave—ainda sou eu. Não precisa ter medo

—-Fácil falar...Como vamos sair daqui?

—-Eu tenho uma ideia, mas é arriscada

—-Qualquer coisa é melhor que aqui. Seja o que for, faça—disse Will enquanto se encolhia para proteger o bebe do pior

Mover aquilo tudo para o alto. Eu não sabia o quão abaixo da terra eu estava, ou sequer o que nos aguardava lá em cima. “Ah foda-se” Pensei enquanto forçava a bolha a se expandir e começar a subir levando consigo o pedaço de chão. A visão minha estava quase toda inutilizável devido a quantidade de detritos no ar, mas eu continuei a subir. E subir, e subir e subir...até que o meu corpo se cansou e a bolha se desfez. Estávamos caindo de novo. A ultima coisa que me lembro de ter sentido era meu corpo batendo com brutalidade contra alguma coisa que estava na horizontal, e sentir pequenas vibrações logo depois de mim. A dor que exalava de cada nervo e musculo. Meus olhos fitavam o vazio da escuridão e estava preste a desmaiar quando eu vi alguma coisa se mexendo na escuridão. Tinha a forma humana e parecia socar alguma coisa para longe. Aquilo me olhou. E tudo que vi eram duas esferas vermelhas me observando.

—-Olhem ali! Sobreviventes!

—-Da onde vieram? Não estavam ali a agora a pouco

—-Isso importa? Tirem eles de la agora!

E depois dessas vozes, eu apaguei.

...

 “--Estamos com um dos sobreviventes, o que aconteceu?

—-Meu Deus, Meu Deus, eu não estou conseguindo ver!!

—-Rápido! E afastem essa merda de repórter daqui”

...

“--É tão obvio que aquilo foi um conduite de gas

—-Um conduite de Gás senhor secretario?

—-Sim, nós avaliamos e vimos que um dos canos de gás que passam por baixo da catedral se rompeu e...”

...

“—Foi horrível. Eu estava trabalhando e do nada eu senti o tremor. Parecia como uma bomba, e então veio a onda de choque. Nossa...Explodiu todos os vidros sabe? Todos. De uma única vez. Um dos estilhaços pegou no Inácio. Direto na garganta. O velho caiu na hora...e depois veio a poeira. Mesmo estando no 5º andar, ela pareceu nos encobrir. A noite se instaurou naquele andar, se não naquele prédio

—-Você teve medo?

—-Claro que sim

—-Por que?

—-Acho que...por que no final do dia...ninguém quer morrer. E eu tinha minha filha pra cuidar...Ela só tem a mim sabe...e...desculpe é só que...”

...

“—Aquilo foi uma bomba. Eu tenho certeza absoluta

—-Como o senhor pode ter tanta certeza?

—-Minha querida, eu só sei. Aquela força...aquela força não pode ter vindo de um cano de gás.

—-Mas as autoridades disseram que...

—-As autoridades ja disseram que a ditadura era boa. E ae? Vai acreditar nelas?

...

“11/06/2014, uma válvula de segurança contra gás deu um defeito na base da catedral. E o gás acumulado gerou uma pressão enorme, que, quando finalmente rompeu os canos, se expandiu de forma tão violenta que apenas o atrito com as pequenas partículas de poeira e pó foram o suficiente para uma explosão gigante. O número de mortos oficial está em 348 pessoas, mas as pessoas especulam em mais de mil mortos. Os feridos passaram da casa dos milhares. Centro da cidade está inoperante, enquanto empresas lutam por outros locais para trabalhar. Hoje são 11 de setembro de 2014, e hoje fazem 3 meses desde de a explosão da catedral.”

Isso era as notícias. O rio de janeiro havia sido remodelado. Aquilo tinha sido uma bomba. Só poderia ser. E mesmo assim, as autoridades estavam escondendo os fatos. Me pergunto por que...

Will e eu nos separamos depois de eu ter desmaiado. Faço a menor ideia de onde ele esteja agora. Coincidência ou não, fui enviado para o mesmo hospital que Venera. Eu como sempre, estava curado em menos de algumas horas. Apesar de que agora, fome de carne e sangue me consumiam. Sim. Meus medos se tornaram concretos. Aquelas visões não eram alucinações ou loucuras ou sequer devaneios de uma mente sem nutrientes. Eu não era humano. O que me subiu a cabeça mais ainda era perguntas das quais eu precisava responder. Primeira: “O que eu era exatamente?” Segunda: “O que diabos aconteceu com aqueles 14?” e a terceira pergunta: “Quem eu sou afinal? Ou quem eu fui? ”


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Notas finais do capítulo

Mande um review bro ou Broa. N tem problema se n gostar. Apenas me diga aonde posso melhorar ^^ Tenha um bom dia



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