The Black Rose escrita por Chibi Anne


Capítulo 1
O primeiro encontro.




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The Black Rose


Capítulo 1: O primeiro encontro.


Foi numa noite de inverno, o primeiro encontro ocasional dos dois. Ela caminhava pela cidade, como já lhe era de costume. Não tinha mais do que seus 12 anos e caminhava sozinha por aí. Lembrava-se de ser inverno pelos pequenos flocos de neve que lhe preenchiam o casaco bege.Ela continuou caminhando por um tempo, até que resolveu parar, olhando na direção do céu. Que horas seriam? Não sabia. Mas suspeitava que já passava da meia-noite. Se dessem por sua falta, teria problemas. Por isso, resolveu fazer o caminho de volta.


- Pode parar...- Uma voz veio de trás de um dos becos e um homem gordo demais para o seu tamanho, olhou para ela. Ele usava um terno demasiado apertado e a garota ficou pensando como ele teria posto aquilo no próprio corpo.


- Sinto muito, mas tenho pressa pra voltar para casa. – Ela respondeu em seu tom tipicamente seco e girou nos calcanhares para caminhar na outra direção. Tinha consigo algo valioso, que escondeu com uma das mãos. Um colar de rubi com uma corrente adornada em ouro que sempre carregava, onde quer que fosse.


- Você não dita as regras aqui, loirinha. – Uma sombra esticada apareceu na frente dela e a ‘loirinha’, como a haviam tratado, pensou ter visto uma aparição esquelética. Era o perfeito contraste, um gordo e um magro. A típica dupla de idiotas que tenta roubar uma garotinha indefesa, numa parte deserta da cidade. Uma pena aquela garotinha não ser tão indefesa assim.


- Loirinha...? – Ela olhou para aparição esquelética de maneira cortante.- Não me lembro de ter dado intimidade para me chamar assim. Aliás, não sei nem porque estou perdendo meu tempo com pessoas de nível tão inferior. – Ela revirou os olhos. - Tenho que ir pra casa. – Ela encolheu os ombros e passou reto pela aparição esquelética, segurando firmemente o colar de rubi na mão direita.


- Ele já não disse que você não dita as regras aqui? – O gordo caminhou de uma maneira estranhamente rápida, que o fez parecer um pingüim naquela roupa, e passou à frente dela. – Dê-nos esta jóia agora! – O gordo puxou a mão com o colar.


- Me solta! – A loirinha disse e, não pensou duas vezes, antes de virar um forte tapa com a mão esquerda naquela face cheia de gordura. O homem gordo pigarreou para trás e ela ia sair correndo, quando o magro lhe segurou pelo pulso.


- Quem você pensa que é para nos tratar assim, loirinha?! – O homem magro – quase esquelético – perguntou em um tom de ofensa. A loirinha apenas encarou-o de maneira fria.


- Já disse pra não me chamar de loirinha, sua aparição esquelética! – A loirinha deu um forte pisão no pé do homem magro e saiu correndo dali.


- AHHHH! Não deixe ela fugir, pegue-a! – O gordo ordenou e ambos saíram correndo desajeitadamente na direção de onde a garota havia seguido.


- Grande, Anna. Você tinha que ter ido assim tão longe! – A garota murmurou para si e continuou correndo o máximo que aquelas pesadas botas lhe permitiam, até que escorregou na fina superfície de gelo que havia se formado e caiu no chão, deixando o colar de rubi escapar de seu pescoço e rolar pelo chão. – Droga...- Ela apoiou os joelhos sobre o chão e foi engatinhando até onde estava o colar, iria pegá-lo quando uma mão tão branca quanto a própria neve o fez. Uma mão esquelética de uma aparição também esquelética.


- Isso aqui vai ficar com a gente, loirinha. – O magro disse com um riso de deboche.


- Me devolve isso! – Anna partiu para cima da aparição esquelética, mas ele a jogou para trás, de encontro com um poste, onde ela bateu, caindo sentada no chão logo em seguida.


- Isso deve valer uma grana no mercado negro. Vamos logo embora daqui! – O gordo disse, segurando o colar de rubi e foi correndo ao lado do magro.


- Não deviam roubar as coisas de uma dama assim. – Uma voz veio próxima dali, mas Anna viu apenas uma sombra. Ainda estava desnorteada pela forte batida contra o poste.


- E quem é você pra dizer algo?! – O gordo arfava de cansaço.
– Bah, isso não importa! Pegue ele! – Ambos, o gordo e o magro, partiram para cima do detentor daquela sombra que, com alguns socos e chutes, afastou-os dali. Anna apenas ouviu ao longe, um grito do gordo de “droga, esse almofadinha estragou tudo!”


Quem é ele...?” – Ela pensava consigo, enquanto via o dono da sombra aproximar-se aos poucos. Um garoto vestindo uma roupa completamente branca, que não devia ter mais que a sua idade, talvez, no máximo um ano


- Está tudo bem, mocinha? – O garoto de cabelos castanhos perguntou, apoiando um joelho no chão e ficou a olha-la. – Aqui está o seu colar. Tome mais cuidado. – Colocou o colar sobre o pescoço de Anna e manteve o olhar no dela. Um olhar penetrante, o qual ela nunca havia visto em toda a sua vida.


- Quem é...- Ia perguntar algo, quando ele levou o dedo indicador até seus lábios.


- Não sou ninguém tão importante assim que você deva se recordar. – Ele disse com um sorrisinho nos lábios e deu-lhe um tenro beijo na testa. – Peço apenas para que se cuide e cuide melhor deste colar. Ele é precioso para você, não é? – Ela assentiu com a cabeça, ele abriu ainda mais o sorriso.


- Você...- Anna tentou perguntar algo, mas acabou por desacordar nos braços do garoto.


O garoto apenas sorriu e pegou-a nos braços, caminhando com ela na direção do centro da cidade. Deixou-a aos cuidados de um bom policial e saiu caminhando pela noite escura.


X


Despertou como se estivesse sendo sufocada. Anna sentou-se na cama rapidamente e levou uma das mãos à testa, dando um longo suspiro. Olhou em volta e viu um belo quarto, um quarto todo branco, com móveis também brancos e uma cama coberta com um pano de seda roxo para contrastar. Estava em seu quarto. Tentou relembrar dos acontecimentos da última noite e a última lembrança que lhe veio à mente, foi o rosto daquele garoto que a tinha salvo daquela dupla de idiotas.


- Até que enfim despertou, minha filha! – Um homem beirando os 38 anos adentrou no quarto, ajeitando os óculos brevemente. Era um homem muito elegante.


- Ah, papai...- Anna murmurou com aquele típico mal humor e olhou na direção do pai por alguns instantes, ainda se sentia meio zonza por ter despertado tão bruscamente.


- Onde é que você se meteu na noite passada, Anna? Eu tive que colocar toda a polícia de Paris atrás de você, minha filha! – Um pai preocupado contestou. Anna já estava cansada de ouvir tudo aquilo milhões de vezes, mas geralmente não tinha a parte do policial traze-la para casa. Voltava sozinha, mesmo quando a polícia de Paris estava toda atrás de si.


- Eu apenas saí para caminhar. – Anna respondeu como faria com qualquer um e ergueu-se da cama.


- Você é um caso perdido. – O pai deu um longo suspiro e cruzou os braços. – Sua mãe não se orgulharia de ver que um garoto te trouxe até um policial porque te encontrou sozinha e desacordada no meio da rua!


- Devo ter me cansado de andar e aquele cavalheiro me acompanhou. – Ela respondeu da maneira que uma filha jamais responderia um pai. Mas estava cansada de tudo aquilo, ainda mais quando o pai citava a falecida mãe no meio da conversa.


- Pois isso não voltará a se repetir, entendeu bem?! Eu...-Anna fechou os olhos no instante em que o pai começou a falar.


...proíbo você de sair todas as noites, a partir desta! E nem pense que desta vez eu irei amolecer e deixar que você saia novamente! Vou colocar dois guardas na porta do seu quarto pra ter certeza...” – Anna pensava em todo aquele texto que já havia decorado.


- ...de que você não irá sair novamente sem a minha permissão. Estamos entendidos, Anna? – O pai perguntou tendo aquele olhar tipicamente sério.


- Sim, papai. – Ela respondeu, indiferente à situação.


- Então é bom que vá se arrumar, Anna. – O pai disse, ajeitando o terno. – Nós iremos sair daqui há alguns minutos.


- Sair? Mas eu acabei de acordar, papai. – Anna olhou para o pai e deu um longo suspiro ao notar o olhar nada feliz dele.


- Esteja pronta. – Foi o que ele disse antes de sair do quarto.


- Sair...aposto que é mais um daqueles encontros onde os nobres se reúnem para discutir quem faz o melhor chá. – Anna revirou os olhos e foi até o armário, pegar um dos vestidos reservados para tal ocasião. Preferia algo que não fosse tão espalhafatoso, mas haviam tirado seus vestidos favoritos do armário. – Odeio quando mexem nas minhas coisas. – Anna bufou e pegou um vestido branco sem tantas rendas e vestiu-o, descendo as escadas da grande mansão onde morava. – Estou pronta, papai.


- Muito bem, Anna. O carro nos espera. – O homem limitou-se a dizer isso e ambos saíram pela porta principal da casa. Carros não eram coisas muito comuns naquela época, apenas as pessoas mais ricas possuíam tal coisa.


X


O caminho pelo qual seguiram, era bastante tranqüilo e até bom. Anna não parecia prender muito a atenção nas praças ou nas pessoas que passeavam pelas ruas. Estavam já bem longe da propriedade dos Kyouyama. O motorista fazia um percurso, agora, desconhecido por Anna, e despertou a atenção dela quando viu uma enorme mansão, talvez do mesmo tamanho da sua ou até maior.


- Onde estamos? – Falou pela primeira vez depois que saíram de casa.


- Vai dizer que não se lembra daqui, Anna? – O pai olhou para ela e abriu um sorrisinho. – Mas também não me admira, há muito tempo nós não aparecemos na propriedade dos
Asakura.


- Asakura? – A garota olhou para o pai, tentando processar aquele nome. – Não é essa a família que veio do Japão com prósperos negócios para a França, papai? - Anna perguntou, mas sem muito interesse aparente.


- Sim, Anna. – Ele respondeu. – Além da nossa família, a família Asakura é uma das famílias japonesas mais ricas de toda a França. Mas eles estão aqui há, pelo menos, três gerações. – Comentou, enquanto saía do carro com ela.


- Entendo. – Ela disse com calma. Não perguntou o motivo de estarem ali. Apenas acompanhou o pai até a porta da frente daquela mansão. Tinha mesmo razão: aquela casa era muito maior que a sua.


- Sejam bem vindos! – Um homem disse alegremente quando abriu as portas. Anna o conhecia de alguma festa ou outra, mas nunca prestou muita atenção. Mikihisa Asakura, o detentor de toda a fortuna da família, depois da morte da esposa por uma doença rara. Diziam que o sogro era quem cuidava dos negócios no exterior, mas ali, na França, ele cuidava de tudo. – Há quanto tempo não os vejo! E...nossa! Essa é a Anninha? – O homem disse a olhar para Anna com um sorriso. – Como cresceu!


- Não me chame de Anninha...- Anna disse entredentes e deu um longo suspiro para não dizer nada fora do padrão formal que tanto odiava.


- Anna! – O pai lhe apertou o braço com certa força e ela o olhou de canto, como se dissesse que não suportaria aqueles apelidos. – Desculpe-me, Miki. É que a Anna não gosta muito de apelidos ou coisas assim.


- Entendo. – O homem deixou escapar um riso. – Ela é muito parecida com a mãe, não é? Tem até o mesmo corte de cabelo!


- Sim, sim. – O pai de Anna disse com um sorriso estampado no rosto e repousou uma das mãos levemente sobre o ombro dela. – Mas onde está o Yoh para que comecemos com as apresentações, Miki?


- Estou aqui! – Um garoto sorridente respondeu do topo da escadaria. Anna olhou-o de relance e tomou um susto ao ver aquela feição. Tão idêntica...seria possível? O garoto desceu as escadas com calma e parou à frente de Anna, com um sorrisinho bobo.


- Para que isso tudo, papai? – Anna olhou para o pai de canto. Não estava gostando nada daquela reunião. Não haviam mais nobres além deles. Aquilo definitivamente não era bom sinal.


- Ah...então você também não disse a ela? – Mikihisa olhou para Anna e depois para Yoh, deixando escapar um riso. – Acho que é melhor deixarmos a enrolação de lado então, não é?


- Sim, você tem razão, Miki. – O pai de Anna suspirou pesadamente e todos foram até uma salinha, onde se sentaram. No centro da mesa haviam algumas xícaras e chá que permaneceram intocadas por parte de Anna e Yoh. A garota sentia-se incomodada com a presença dele. Seria ele mesmo? O mesmo garoto que a havia salvado na noite passada?


- Bom...- Mikihisa começou, tomando um longo gole do chá.

– Nós dois decidimos que seria melhor para as nossas famílias, se houvesse uma união por parte delas. – Uma breve pausa que deixaria um silêncio incômodo se Anna não tivesse interferido.


- Que espécie de união? – Ela perguntou sem rodeios. Odiava quando as pessoas tentavam enrolar para falar algo. Especialmente para ela, que era uma garota tão perspicaz.


- Nós decidimos que vocês dois irão se casar. – O pai de Anna foi direto ao ponto e Yoh, que havia acabado de tomar um gole do chá, o cuspiu em cima do futuro sogro.


- CASAR?! – Anna e Yoh disseram em uníssono e um sogro muito ensopado olhou para os dois atônito.


- Yoh! – Mikihisa exclamou. – Que modos são esses que eu não lhe ensinei?! – Ele ergueu-se rapidamente e pegou um lenço para secar o rosto do outro. – Eu sinto muito. Sinto muito mesmo. É que o Yoh não esperava a notícia e...


- Espera aí. Como assim casar? – Anna perguntou incrédula e colocou-se de pé. – Vocês armaram tudo isso sem nem sequer nos consultar?


-Nós decidimos assim porque será melhor para as nossas famílias, Anna. – O pai dela respondeu, enquanto terminava de secar o rosto sujo de chá.


- Mas...mas...e quanto a nós? – Yoh tentou contra argumentar, o que não deu muito certo.


- Vocês terão tempo até que casório se arranje. – Mikihisa respondeu. – Até lá, vocês poderão se conhecer melhor. Mas já deveriam esperar por algo assim, sendo de famílias tão importantes.


- Isso não...- Anna ia dizer algo, mas o pai lhe impediu.


- Já está decidido, Anna. – Ele disse seriamente e, desta vez, nem toda a sua lábia seria o suficiente para persuadir o próprio pai.


- Isso é injusto! – A garota saiu caminhando daquela sala em passos rápidos, na direção do jardim.


- Anna! – Yoh saiu correndo atrás da, agora, noiva.


- Volte aqui, Anna! – O pai ordenou e já estava pronto para segui-la, quando Mikihisa o barrou.


- É melhor deixar que os dois se conheçam. Não sabemos como eles vão reagir perante a situação, mas vai ser melhor que as coisas ocorram naturalmente. – Mikihisa respondeu com um sorriso. – Aceita um bom uísque? – E foi caminhando até a garrafa.


- Claro...- Respondeu com certo pesar. Seria certo fazer isso com a própria filha? Afinal, os dois eram apenas...crianças.


X


- Ei, Anna! Não vá por aí! – Yoh saiu correndo atrás da garota, ao ver que ela entrava no labirinto que havia na mansão. – Você vai acabar se perdendo!


- Me deixa em paz! – Ela disse seriamente, seguindo labirinto adentro. Ao que tudo indicava, ele não se lembrava de si. Mas aquele rosto...tinha certeza que era igual ao do garoto que havia visto.


- Por favor, me escuta! – Yoh ia seguindo a voz dela. – Eu também não sabia disso tudo, você viu! Nossos pais armaram o casório sem nos consultar!


Então ela parou. Parou no centro do labirinto próxima à uma fonte que havia ali. Sentiu vontade de mergulhar a própria cabeça dentro desta, para ver se esquecia aquilo tudo.


Maldita seja a nobreza.” – Se amaldiçoou por não ter nascido em uma família pobre e deu um longo suspiro, abaixando a cabeça. – Eles não podem fazer isso com a gente, Yoh.


- Eu sei...eu entendo. – Yoh abaixou o rosto e deu um longo suspiro, sentando-se em um dos bancos de praça que haviam ali, ao lado de Anna.


- Não importa para eles como nós nos sentimos. É tudo pela maldita nobreza. – Anna disse com certa repudia e sentou-se ao lado de Yoh, enlaçando os dedos.


- A nobreza pode parecer ruim, mas existem nobres bons também. – Yoh disse com um sorriso. – A minha mãe era muito boa, sabe? Ela adorava ajudar os orfanatos e ir até eles, para ficar com as crianças. – O garoto baixou o rosto por alguns instantes. – Ela amava viajar, mas acontece que...por causa da doença dela, ela não podia ir muito longe. Na verdade, o médico havia proibido ela até de sair de casa.


Anna ficou em silêncio, apenas ouvindo o que ele falava. Olhar para ele era tão estranho...a impressão que ele lhe passava era completamente diferente da impressão que havia tido na noite passada. Talvez fosse porque estava desnorteada na outra noite? Havia a possibilidade de ele não se lembrar do que havia acontecido? Anna tentou afastar esses pensamentos o máximo possível e fez sinal para que ele prosseguisse.


- Noblesse Oblige. – Yoh disse baixinho e abriu um sorrisinho triste. – Mamãe sempre me ensinou isso.


- Noblesse Oblige? – Anna perguntou para Yoh. Já havia escutado sobre aquilo alguma vez, mas, ou não prestou atenção ou não se lembrava naquele momento.


- Sim. – Yoh respondeu. – É ajudar as pessoas sem querer nada em troca, foi o que minha mãe ensinou. O ato de fazer o próximo feliz, sem desejar nada em troca disto. É isso o que eu procuro seguir, sendo um nobre.


- Bobagem. – Anna disse, indiferente.


- Talvez. – Yoh abriu um sorriso dócil para ela. – Mas eu acredito que isso possa funcionar, sabe? É por isso que eu não quero abandonar esse sonho da minha mãe. Eu procuro o meu próprio Noblesse Oblige enquanto eu ajudo os pobres nos orfanatos ou faço eventos beneficentes, coisas do tipo.


- Isso tudo é fachada das pessoas nobres, apenas para parecerem boas aos olhos dos outros. – Anna respondeu com rispidez.


- Bom, isso depende muito do ponto de vista. – Yoh disse com calma. – Eu me esforço muito para que pessoas possam ter uma boa vida. Eu só quero que elas sejam felizes. – Respondeu com um sorriso, que Anna julgou ser tão inocente que chegava a ser sincero até demais. – Eu concordo com você que existem muitos nobres que fazem isso, mas...também existem nobres bons. Ninguém é completamente bom ou completamente ruim! – Ele deu um riso. – Mamãe me ensinou isso também.


- É...talvez. – Anna deu um longo suspiro a pensar. Talvez ele fosse mesmo o cavalheiro que havia lhe resgatado naquela noite. Talvez aquilo tudo não passasse de um sonho louco. Talvez ele não se lembrasse. Apenas talvezes em sua mente. Precisava de certezas.


- E a sua mãe, Anna? – Yoh perguntou casualmente, para não deixar o assunto morrer. Afinal, já estavam prometidos e tinham que aceitar o fato.


- A minha mãe? – Ela levantou o olhar para ele. Era um olhar completamente diferente do olhar da noite passada. Talvez...não fosse ele. – Ela morreu quando eu nasci. – A garota disse com indiferença. – A única lembrança que eu tenho dela, é isso. – Mostrou o colar de rubi que sempre carregava consigo para Yoh e ele ficou a admirar durante um longo tempo.


- É lindo...- Ele murmurou e estendeu uma das mãos para tocar o colar, que foi recolhido por Anna com essa mínima menção. – E eu sinto muito pela sua mãe mas...tenho certeza que ela deve se orgulhar muito de você! – Ele respondeu com um sorriso nos lábios. Talvez...só talvez...quisesse acreditar que era ele.


- É...talvez. – Anna fechou os olhos por alguns instantes, mas acabou por erguer-se. – É melhor voltarmos logo. Conhecendo...


- ...o meu pai do jeito que eu conheço, com certeza ele vai querer dar uma festa para celebrar o noivado. – Disseram em uníssono. Yoh riu e Anna apenas virou o rosto de lado, deixando escapar um meio sorriso.


X


O noivado realmente aconteceu numa grande festa, como os dois haviam previsto. Não era algo que agradava a Yoh ou a Anna, mas ambos pareciam estar aceitando o noivado, apenas pareciam. Anna havia se convencido de que, o garoto que havia visto naquela noite, era Yoh. Achava estranho o fato de ele não se lembrar quando mencionou algo do gênero mas, mesmo assim, queria acreditar que aquele garoto era ele. Queria acreditar nisso para aceitar aquela idéia maluca de casamento entre nobres.


Yoh parecia levar tudo muito tranqüilamente. Começava a achar a idéia de noivado algo divertido. Claro que, com o tempo, mudaria de idéia. Mas, por enquanto, parecia divertido. Pensava que assim poderia alcançar o seu Noblesse Oblige. Gostava de Anna, ela era uma garota com quem gostava de conversar, apesar de toda a frieza.

Naquela noite, ambos pareciam estar interagindo muito bem com as pessoas da festa que ocorria na casa dos Asakura a pedido de Mikihisa.


- Você ouviu falar? Parece que o tal bandido, Rosa Negra, atacou de novo. – Anna ouviu a mulher de um dono de cassino comentar.


- Rosa Negra? – Ela perguntou de maneira descontraída e todos os olhares do círculo de conversa se voltaram para ela.

– O quê? Disse algo ofensivo? – Falou em tom de ironia.


- Vai dizer que não conhece o famoso ladrão, Rosa Negra! – Uma das mulheres exclamou.


- Na verdade, eu só disse para chamar a atenção. – O sarcasmo reinou naquela frase e a mulher apenas abaixou a cabeça, pedindo licença para dar atenção a outro nobre qualquer.


- Rosa Negra é um famoso bandido. Uma espécie de Robin Hood, sabe? – Uma das mulheres começou a dizer.


- Sim, ele rouba dos ricos para dar aos pobres. – Uma outra mulher disse.


- Um bandido, em suma. – Anna disse, indiferente à admiração ou ao terror que certas pessoas pareciam produzir ao simples som daquele nome, que lhe soava zombeteiro: Rosa Negra. – “Patético.” – Ela pensou nos confins de sua mente.


- Há quem diga que sim, mas há controvérsias sobre esta afirmação, minha jovem. – Uma velha senhora aproximou-se da roda e ficou no centro dela, ajeitando os óculos escuros. Anna a reconheceu de imediato como Kino Asakura, a avó de seu noivo, uma palavra que ainda lhe soava estranha aos ouvidos. – Eu, particularmente, acho que ele não passa de um ladrãozinho. – Kino disse com indiferença.


- Mas acontece que o Rosa Negra não rouba de qualquer um, não é? – Uma das mulheres perguntou.


- É isso mesmo. Ele só rouba de nobres que conseguem o seu dinheiro através de trapaças ou que conseguem alguma obra a partir do mercado negro. Na grande maioria das vezes, ele rouba pessoas que a polícia não pode alcançar por causa de sua grande influência e poder. Por isso, ele é considerado um herói entre o povo. – Kino disse calmamente.


- Ouvi dizer que ele estava em Londres há algum tempo atrás. Parece que ele desmascarou um nobre que não podia ser interrogado pela polícia, justamente por ser um nobre juiz. – Uma das mulheres mencionou. – Mas parece que ele não está mais por lá agora. Parece que já partiu para outro país.


- Será que ele veio pra cá? – Uma outra mulher sugeriu. – Imagine como seria ter o Rosa Negra aqui, em nossa bela Paris!


- Nossa! Eu adoraria e... – Anna abandonou a conversa, sem nem sequer se explicar, e foi para o lado de fora da casa, dando um longo suspiro.


- Rosa Negra...que nome mais patético para um ladrão. – Anna balançou levemente o copo de suco que segurava nas mãos e viu o gelo derreter sobre este. Deixou-o sobre uma muretinha, onde debruçou-se.


- Você acha, é? – Ouviu uma voz vir da entrada do hall e viu Yoh surgir dali.


- E não é? – Anna comentou de maneira indiferente e tornou a fitar o jardim. Já era de noite e, por isso, só via vagamente a luz dos vaga-lumes que passeavam entre as flores.


- Eu acho bastante original para um bandido que usa rosas negras como cartão de visita. – Yoh abriu um largo sorriso e debruçou na muretinha, ao lado de Anna.


- Rosa Negra...- Anna suspirou pesadamente. – Não passa de um ladrão, no fim das contas.


- Ele rouba dos nobres para ajudar aos pobres. Mas também devolve verdadeiras obras aos seus verdadeiros donos. – Yoh disse de maneira tranqüila. – Eu não gosto do modo que ele age, mas acho bastante nobre o que ele tenta fazer. É o Noblesse Oblige dele, Anna.


- Noblesse Oblige... – Ela repetiu e girou nos calcanhares para voltar para dentro. – Acho melhor nós entrarmos, Yoh. Devem anunciar o noivado em um último brinde. – Anna disse com indiferença e foi caminhando em passos lentos para dentro daquele mundo ao qual achava não pertencer: O mundo da nobreza.


- Ah! Ali estão os noivos! – Mikihisa disse em um tom alegre, enchendo uma das taças com o mais antigo vinho do porto que possuía em sua casa. – Atenção, convidados! – Mikihisa chamou a atenção de todos eles quando Yoh e Anna já estavam ao seu lado. – Essa festa, como vocês já sabem, foi organizada para promover a união entre duas grandes famílias que começaram pequenas aqui na França e foram crescendo aos poucos.


- Já chega de enrolações, papai. – Yoh sussurrou para ele, tendo um sorrisinho meio sem jeito, ao notar que as pessoas já estavam dormindo com tantas baboseiras a serem ditas.


-Bem ahn...um brinde aos noivos! – Mikihisa levantou a taça e todos o acompanharam dizendo: “um brinde!”

Parabéns, Anna. Esse é o mundo de falsidades onde você vive. Você acaba de selar o seu destino ao lado desse garoto.” – Anna lançou um olhar na direção de Yoh, que distribuía sorrisos para a multidão.


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Notas finais do capítulo

Esse é o primeiro capítulo da fic que eu escrevi pra tia Cookiee postei no fanfiction. Sim, infelizmente, ele é meio enrolado. Mas no segundo capítulo vem a parte legal, portanto, não parem de ler!

Ps: Beijos pra minha tia Cookie que sempre me atura çç



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