Amor não Tem Jeito escrita por Crazy Tavares


Capítulo 11
Capítulo 11 - Narrador misterioso, adolescentes




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Amanhaceu e todo mundo foi acordando de cada vez, e logo a casa de Ana estava movimentada de novo. Foram para a piscina, com direito a churrasco e cerveja, só aproveitando o sol maravilhoso. Todos se encontravam dentro da piscina, menos Lucas que ficou fora para ficar cuidando das carnes e das linguiças, e é claro que todo mundo começou a fazer piadinhas com a cara do rapaz. Ana foi a primeira a fazer piada.


– Ae Lucas, me contaram que você gosta de ter muitas linguiças a sua volta.


– Vai se fuder, Ana!


– Eu soube que o Lucas adora ficar cutucando a linguiça dos outros!


– Júlia, fica quieta, sua ruiva pervertida dos infernos!


– Tô vendo que ele tá de olho na linguiça do Júninho, logo falo!


Todo mundo caía na risada, eles eram assim mesmo. Apesar do pesares, não tinha dia ruim para eles, eles faziam a felicidade deles mesmos. Riam e tiravam sarro de tudo, até dos próprios problemas, pois se não fizessem isso, não sobreviviriam um dia sequer. Eles se olhavam, felizes, só eles sabiam dos problemas que já tinham passado juntos.

Todos ali tinham uma história interessante, divertida e com momentos tristes e loucos. Ana presenciou basicamente toda a história, ela sabia disso e tirava sarro, ninguém podia mentir para ninguém ali, pois Ana sabia de tudo, sempre sabia. Ela olhou para cada um de seus amigos e então começou a lembrar de momentos trágicos e cômicos.

Como será que a amizade deles foi ficar tão forte? Cada um contará uma história diferente, então por que não contar algumas, mesmo que seja de modo resumido? Pois bem, hoje eu,- narrador misterioso cujo ninguém nem imagina quem seja -, que sei de todas as coisas que já aconteceram nesse grupo de deslocados e loucos, contarei as histórias divertidas desse grupo que traz alegria por onde passa e joga fora toda a tristeza e a solidão. Voltaremos ao início do colegial, primeiro ano do Ensino Médio, onde todos realmente começam a crescer.


Ana corria desesperada de skate entre as pessoas, atrasada como sempre para a aula. Calça jeans, all star preto, camiseta branca e casaco preto da Hollister, moicano bem em pé e lentes de contato azuis, e assim aquela butch, que estava para completar 15 anos, vestia para ir à aula. Colégio público, lógico, odiava a ideia de seus pais a colocarem num colégio particular, com aqueles riquinhos metidos a besta. Gostava de loucura, gostava de estar no meio do pessoal que realmente combinava com ela. 'Espírito de pobre', assim dizia sua mãe.

Chegou na porta do colégio, desceu do skate, pisou no skate e o pegou, a inspetora que parecia uma sapatona de tanto que gostava de tocar Ana, de repente brotou na porta do colégio e já começou a tocar a morena bem jovem, falando:


– Aniiinha, Aniiiinhaa... eu nem devia te deixar entrar, viu? Vai direto pra aula, já são 7:30 da manhã!


Ana fazia aquela cara de bunda que sempre fazia e apressava o passo para a inspetora ficar para trás e pudesse ficar sozinha. Tirou seu celular do bolso e ligou para a Mikaela, a vulga Mika, esta atendeu na hora, quase matando Ana via telemóvel.


– Porra Ana! Quase deu B.O pra mim! Já chegou no colégio? Eu to na classe já, vem logo que eu vou te matar, sua piranhuda safada!


– Calma, Mika! Já to subindo, espera!


Ana passou pelo pátio da escola e adentrou pelo corredor do lugar, subiu as escadas correndo e atravessou o enorme corredor, até que chegou na classe em que estudava e se deparou com a Mika, que tinha a expressão de que ia matar a morena ali mesmo. Carlos já estava de cabeça sobre a mesa, dormindo como se não houvesse aula, Laila estava com seu MP3, escutando as músicas que ela curtia, sem ligar para o que acontecia, e quando esta vê Ana, dá um sorriso e acena de jeito contagiante. Ana passou pela classe toda e chegou lá no tão chamado "fundão", então Mika jogou a mochila nela, enquanto a morena sentava na cadeira e deixava seu skate de lado. Até que Mika, a menina de 1,55 de altura, de cabelo castanho escuro com luzes e curto, com boné original preto da New York de aba reta para trás, bermuda jeans larga e camiseta da Armani preta e tênis da Nike todo rasgado, começou a falar descontroladamente, quase avançando na morena.


– Sua filha da puta! Nunca mais esqueça sua mochila na minha casa e peça pra eu trazer no outro dia, quase deu B.O pra mim! Cheguei nessa bosta de colégio com sua mochila e a diretora queria saber porque eu estava com duas mochilas e queria ver o tinha dentro da sua mochila! Você é louca? To com vontade de arrancar todos os seus piercings e cortar esse seu moicano! Você tá com muita maconha aí, cara!


Ana fez expressão de aflição, colocando a mão na boca, onde tinha um piercing no meio do lábio inferior e um no canto direito, e a outra mão na sobrancelha, onde tinha um piercing e tentou esconder a argola que tinha no nariz. Então, quando a aflição passou, falou tentando se defender.


– Cala a boca, Mika, quer que alguém escute? Olhe,eu sei que fiz merda, eu não queria ter esquecido na tua casa... eu vou me livrar disso hoje, aliás, nós vamos nos livrar disso hoje. Bora bolar isso no intervalo e depois da saída?


– Bora, porra, acha que vou recusar? Neeem fudendo!


Sentaram juntas, do lado de Carlos, que roncava baixinho. Aula de matemática, Ana odiava essa matéria... mas a professora era gostosa e jovem, sem contar que era nova na escola. E a Helena, a tal professora, resolveu aparecer de saia pra dar aula e claro que Ana e Mika piraram nas coxas da coitada da professora que nem imaginava que era fetiche sexual de duas lésbicas que estavam praticamente na flor da juventude e com hormônios em fúria. Carlos já havia acordado e copiava sem parar tudo o que a Helena colocava na lousa, e fazia anotações a mais para deixar tudo explicado e não se perder na hora de estudar. Com as mesas coladas, os três conversavam e jogavam bolinha de papel nos outros, falavam palavrão, mas na hora que a professora virava para trás para olhar a bagunça, os três paravam na hora e faziam cara de quem prestava muita atenção.


– Ana, você pode vir até aqui na frente e resolver na lousa esse exercício?


– Prof. Helena... não é uma boa ideia...


– Então me diga: qual é o valor exato de pi?


– Hmmm... ééér... aaahn...


– Ok, Ana. Por favor, não atrapalhe a aula, tá bom? Dessa vez eu não farei nenhum boletim contra você... Opa!


A professora esbarra na própria mesa e cai o apagador, e agora pra abaixar, com aquela saia? Abaixou né, fazer o quê? Ana arregalou os olhos na hora em que conseguiu ver uma certa peça vermelha ali e deu graças à Deus pelo apagador ter caído. Claro que não foi só ela que foi à loucura, os outros garotos também piraram, até porque o decote acabou ficando mais à mostra quando Helena se abaixou. Esta levantou rapidamente, então Ana falou toda encantada.


– Obrigada, Prof. Helena... é por isso que te admiro tanto...


Para a infelicidade de todos os garotos e de Ana e Mika, acabou a aula de matemática e apareceu o professor de geografia, que já começou a passar matéria na lousa, fazendo todos copiarem frenéticamente. Então, Mika, Ana e Carlos, ainda com as mesas coladas uma na outra, montando um trio de pestinhas, começaram a conversar baixinho, Carlos começando o assunto.


– Ana, você viu a Laila hoje? Ela não para de te olhar, ela quer seu corpo...


Carlos começou a rir baixinho, para que a Laila não escutasse, então Ana olhou para o rapaz moreno de olhos verdes e deu risada também. Gay folgado, adorava dar uma de cupido da putaria pra cima de Ana, que já começava a ter fama de pegadora de garotinhas. Mika olhou para os dois e deu risada, mas completou o que Carlos disse.


– Acho justo você tentar ficar com ela, sei lá! Puxa um papo com ela depois, não sei...


– Tá, eu preciso passar no cabeleireiro pra passar máquina 1 nas laterais de novo, já tá meio grandinho e talz... mas depois eu vejo se encontro ela e depooois encontro vocês dois na casa do Carlito, e depois vamos pra minha casa que eu quero jogar videogame com vocês dois.


Ficaram conversando sobre a Laila, ela era uma menina de cabelo bem escuro e longo, ondulado, de dar inveja nas meninas que passavam horas tentando deixar o cabelo, no mínimo, apresentável, tinha uma pele branca, mas bronzeada, olhos castanhos esverdeados, lindos, 1,54 de altura, tinha um corpo muito bonito aos olhos de qualquer um, e para finalizar tinha uma cara de inocente, de quem não aprontava nem sob tortura. Ana adorava esse tipo de garota, afinal, adorava levar as pessoas para o mal caminho desde pequena. Hora do intervalo! Logo, os três safados pilantras ficaram fumando maconha no fundo do pátio, escondidos, rindo e falando besteiras. Quando acabaram, acenderam um cigarro para disfarçar o cheiro, e a fome chegou, então foram para a cantina e atacaram diversos salgados e tomaram suco de laranja. Voltaram do intervalo e assistiram o resto das aulas, e antes da saída, Ana logo se juntou na Laila e puxou assunto, bem direta e reta.


– Topa dar uma volta comigo, Laila?


– Nossa... mas você nunca foi de conversar comigo...


– Ah, as coisas mudam, né? Mas e aí, topa ou não?


– Topo sim... onde?


– Eu te busco em casa, pode ser?


Laila, cuja tinha amor platônico por Ana desde o primeiro dia de aula, passou rapidamente o endereço de sua casa para a morena butch e marcaram um horário. Era naquele dia que Ana ia provar da inocência de Laila, é claro que Mika e Carlos só davam risada, porque a Ana não era fácil de se brincar... ela era bem difícil de se lidar na hora do "vamo vê". Ana voltou para seus amigos e só soltou um "Ela tá no papo!", logo deram risada, e quando saíram, fumaram mais maconha e acabaram com tudo que havia na mochila da morena. Voltou para a casa de skate, brigou com a sua mãe sobre o fato de não querer que ninguém arrume seu quarto, pois depois não sabia onde estava suas coisas, almoçou e saiu para o cabeleireiro, raspou as laterais da cabeça novamente e decidiu voltar para casa. Tomou um banho e escolheu vestir uma calça jeans preta, um tênis de skatista preto original da DC, uma camiseta branca da Cavalera e levantou seu pequeno moicano (afinal, não curtia ter moicano grande), colocou as lentes de contato azuis e saiu para encontrar Laila. Chegou na casa dela, ela estava sozinha! Ana deu gargalhadas em seus pensamentos, e ocorreu o que era óbvio: acabou pegando a menina sem nem darem uma volta pelo quarteirão. A menina alegou que Ana era a primeira menina com quem ela ficava, então o ego da morena aumentou o bastante para ficar mais com a senhorita inocência. Droga! Negou sexo, alegou ser virgem e deixou Ana na mão, não literalmente, lógico. Depois de três horas na pegação, Ana resolveu ir embora, dizendo que tinha que encontrar o pai em casa para sair com ele. Foi embora, deixando Laila meio triste, ela queria mais e mais a Ana, isso ela deixava claro, e então partiu para a casa de Carlos e Mika já estava lá, esperando pra ir jogar videogame, toda desesperada. Ana pegou a BMX do Carlos e os outros dois foram de skates, todos rumo casa da menina prodígio pilantra e ainda por cima rica.

Chegaram na casa de Ana e foi aquela festa: salgadinho, Coca Cola, sorvete, pizza e muito videogame. Então começaram a conversar sobre o que houve entre Ana e Laila, é claro que quem começou o assunto foi Ana.


– Ela é daora... quente, mas inocente e tudo mais, tudo bem, eu gosto de mina assim. Ela não quis dar pra mim logo de primeira, mas acho que rola da próxima vez que eu for pra lá, e ela beija bem pra caralho.


– Você não presta, sua danada! Coitada da menina, queria que ela desse assim, logo de cara?


– Ué, Carlos... é assim que funciona, você tem que esperar tudo de uma pessoa, senão você se decepciona, entende? Eu esperei tudo e por isso estou de boa, sacas... Não é assim que tem que ser, Mika?


– É sim, Ana, é sim...


Mika estava desanimada, não queria lá conversar sobre o encontro de Ana e Laila, não se sentia bem falando naquilo. Olhou para os amigos e deu um sorriso, enquanto matava Ana e falava que era a vez de Carlos. Os dois olharam para Mika e perguntaram ao mesmo tempo, numa sincronia perfeita.


– O que você tem, Mika?


– Nada...


– Fala, porra!


– EU SOU APAIXONADA PELA LAILA DESDE O COMEÇO DO ANO, SÓ ISSO!


Então rolou aquele silêncio absoluto e aquele constrangimento nível 1000, Ana ficou roxa de vergonha e começou a falar "Por que você não me contou, filha da puta?" e ficou desesperada, olhava para a cara de Mika e tinha vontade de chorar, pois se sentia uma fura olho da sua própria melhor amiga, e isso a machucava demais. Carlos puxou Ana para conversarem sozinhos, fora do quarto, longe de Mika, então depois de confabularem rapidamente, chegaram numa conclusão e falaram juntos como grito de guerra, mas baixinho para Mika não ouvir:


– Vamos fazer elas ficarem juntas!


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