Amor não Tem Jeito escrita por Crazy Tavares


Capítulo 10
Capítulo 10 - Amigo é tudo




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Ana sai andando e deixa Carla e as amigas dela falando sozinhas, voltou para o seu grupo de amigos e Júlia já veio tentando acalmar a fera que já conhecia, quer dizer, conhecia em partes. Ana começou a xingar, até sua bermuda estava suja, então esta olhou para Carla com raiva, querendo ir lá e quebrar a cara dela, mas não ia fazer isso... não valia a pena. Júlia ficou acalmando Ana com vários beijinhos no rosto, sussurrando no ouvido dela coisas muito interessantes, e tudo voltou ao normal... para os outros. Ana e Carla ainda estavam tentando acreditar naquele encontro inesperado, praticamente pegadinha do destino, mas não era uma pegadinha engraçada. Carla foi até a cantina pegar outro suco, e tentava não encarar a Ana, pegou o suco e rapidamente voltou para perto das amigas e tentou se distrair com elas, conversando outros assuntos, e já tinha prometido pra elas que contaria o resto da história depois da aula.

O sinal tocou, hora de voltar para a aula, Carla e as meninas passaram pelo pátio, e claro, Ana e Carla se olharam, a morena com raiva e a loira com tristeza, e então os olhares se perderam e a conexão foi cortada por parte de Ana. A nova discussão era: eles iam ou não iam pra aula?

- Vamos todos pra minha casa, galera, eu to suja e não quero ver aula, vamos ficar tocando lá no estúdio mesmo e pronto!

Concordaram na hora com a Ana, então foram embora da universidade. Carlos, Mika e Laila foram no carro do rapaz, enquanto Ana e Júlia foram de moto. Foi a maior brincadeira até chegar na casa de Ana, todo mundo ria, zoava, Ana mostrava o dedo do meio para eles, Júlia dançava sensualmente na garupa da moto e os três dentro do carro assobiavam e a chamavam de gostosa, Carlos colocava o som no último volume e todos começavam a cantar. Dentre tantas brincadeiras, Júlia ia provocando Ana, passando a mão em sua barriga, apertando seu quadril, e a morena só ia ficando inquieta, pertubada por desejos maliciosos e indecentes. Chegaram na casa de Ana, e esta era bem mais luxuosa e maior que o apartamento que Ana tinha levado Carla, aquela realmente era sua casa, o apartamento era realmente quando Ana queria levar desconhecidas para a cama, e nunca levaria elas para o seu lar... que custava muito, muito dinheiro. Ficou furiosa, o porteiro estava dormindo e o segurança com a namorada, deu uma bronca nos dois, era inadmissível que eles fossem tão irresponsáveis. Carlos estacionou o carro do lado da moto de Ana e todos foram aos berros para dentro da casa da morena, foram na cozinha e fizeram a festa, comeram até não ter mais fôlego, foram para a sala de jogos e ficaram jogando Left 4 Dead 2 no Xbox 360. Ana pegou o telefone sem fio e chamou o Lucas, peguete de Carlos, e chamou um casal de gays que conhecia desde o colegial, Renato e Júnior. Ligou para o porteiro e passou os nomes, mandando ele permitir a passagem de seus amigos. A farra estava formada, e assim estava formado o grupo mais badalado de todos os tempos: Ana, Júlia, Mika, Laila, Carlos, Renato e Júnior. Era o mesmo grupo de sempre, e a zoeira era sempre garantida, e ninguém deixava ninguém na mão ali.

Renato, Júnior e Lucas chegaram juntos, beleza! Todo mundo resolveu ir para a sala de música, onde havia todos os instrumentos que Ana sabia tocar, e começaram a tirar um som, com a morena na guitarra soltando a voz, cantando Venus Doom, de HIM. Ana resolveu deixar o pessoal se divertir tocando, ou tentando tocar até o piano dela, e pegou Júlia pelos braços e a agarrou com vontade e a beijou, então deitaram no sofá que tinha na sala e ficaram rindo enquanto se beijavam, pois achavam engraçado a Mika tentando cantar em inglês e o Lucas tocar bateria. Júlia começa a tirar a camiseta manchada de suco de Ana, mordia o lábio dela e a chamou para jogar uma água no corpo, é lógico que a morena aceitou o convite e todo mundo começou a gritar, chamando-as de safadas.

Por outro lado, Carla e as meninas ficaram na aula, e quando iam embora, Carla contou todo o resto da história, e a Sandra ficou de boca aberta, quer dizer, todas as meninas pareciam não acreditar na história que a loira tinha acabado de contar. Então, Kátia resolveu quebrar o gelo e falar.

- Cá... você está dizendo que... aquela menina que esbarrou em você no pátio... é a menina que você teve sua primeira aventura fora do seu normal? Gatinha ela...

- Sério, Kátia? Você realmente me ajuda, chamando-a de gatinha... Mas bem que ela é mesmo... 

Então a Aline deu uma risada e entrou no assunto, toda descontraída, olhando para as amigas.

- É, mas essa Ana aí tem uma fama enorme entre as sapatas e as bis... sem contar sua grande aptidão para música, eu já fui num show em que ela abriu, ela canta e toca muito bem. Eu soube que na sexta ela vai fazer um show numa balada GLS aí de uma amiga dela, eu peguei um panfleto, tem até uma foto dela.

- Eu, Kátia, tenho que ressaltar que se apaixonar por ela é a maior roubada, ela não se prende por ninguém, ela é livre, linda e tem dinheiro pra caralho, além dela ser outras coisas fazem qualquer garota se ajoelhar aos pés dela.

Sandra, a morena de cabelos compridos, corpo de dançarina profissional e olhos castanhos claros, que era mais ligada em coisas materiais, lembrou de outro fato.

- Essa Ana aí... eu soube por uma amiga que ela tem uma grana preta! Essa bolsa da Gucci aí não foi nada pra ela, pra ela foi como comprar uma carteirinha de loja de 1,99. Coitada dela se namorasse a Kátia, né, porque essa aí adora gastar!

Sandra caiu na risada e Kátia fez cara feia, mostrando a língua. Carla olhava para as amigas e dava risada, elas realmente, querendo ou não, ajudavam ela. Saíram da universidade, rumo casa de Carla, era dia de passar a noite lá fofocando e dando gargalhada com a Aline tentando imitar um golfinho. E assim foram, no carro da Kátia, ouvindo Black Eyed Peas no último volume, dançando e cantando, felizes e brincando como se nada realmente importante, como se Carla realmente tivesse parado de pensar em Ana. Chegaram na casa da Carla e foi aquela alegria, Rosalie se envolveu com elas no quarto de Carla e ficaram conversando sobre moda, vida alheia de conhecidas e novelas. A mãe de Carla, Rosalie, era assim mesmo: descontraída, adorava estar com as amigas da filha e adorava ser amiga da filha, mas mesmo assim era rígida, e Carla sempre foi uma ótima filha e cumpria todas as regras que a mãe impunha. Rosalie fez um lanchinho para todo mundo, vários sanduíches numa bandeja e suco de laranja natural numa jarra enorme. Esperaram a mãe e o pai de Carla dormir e colocaram o DVD da primeira temporada de The L Word e ficaram assistindo, comendo lanche e bebendo suco, todas em silêncio absoluto, derretidas com a Shane. Esse era um dos melhores programas para Carla: comer lanchinho da mãe, esperar ela e o pai dormir, e ficar vendo coisas de lésbicas em seu DVD. Sua vida era pacata e cheia de regras... Ana, no fundo, estava certa, porém ela gostava da sua vida, disso tinha certeza.

Era um pouco mais de 23:30 horas e todo mundo estava na sala de estar vendo filme, todos em casais: Carlos e Lucas, Mika e Laila, Renato e Júnior, e Ana e Júlia. Todos rindo, vendo A Casa das Coelhinhas e comendo pipoca. Quando o filme acabou, colocaram música pra tocar e ficaram conversando sobre futuras tatuagens, e Ana ficava agarrada em Júlia, trocando beijos e mordidas. O contato delas era assim: atração total, elas não conseguiam ficar muito tempo sem se beijar, se agarrar, é assim desde a primeira vez que se viam. Todos ali tinham uma história juntos e uma história sozinhos, e sempre estavam ali para se apoiar. Ana e Júlia sentaram no balcão da cozinha e ficaram bebendo suco de uva, então começaram a conversar entre si.

- Ai, Aninha... é tão engraçado ficar com você... te conheço há pouco tempo, aliás, eu conheci vocês há pouco mais de um ano e vocês já me tratam como você se tratam entre si... A única e grande diferença é que vocês se conhecem há uns dez anos...

- É, no meu aniversário de 20 anos, a gente completará 14 anos de amizade... É que eles viram que te considero pra caralho, Jú, por isso eles te consideram muito também.

- Vocês devem ter passado por muitas coisas juntos já, né Aninha?

- Lógico, eles me ajudam pra caralho e eu ajudo eles pra caralho, tudo o que apronto eles acabam envolvidos, chega a ser engraçado.

- Sem amigos, não seríamos nada, não conseguiríamos fazer nada... amigo é simplesmente tudo.

- As pessoas que a gente gosta, que a gente adora, que a gente ama... são tudo...

Então Ana atacou os lábios de Júlia, e esta derreteu em seus braços. Cada casal começou a tomar um espaço para ficar namorar, beijar, transar, fazer o que quisesse fazer. As meninas foram para o quarto de hóspedes, Renato e Júnior ficaram no sofá da sala, Carlos e Lucas resolveram invadir a cozinha, então Ana puxou Júlia para o seu quarto, no primeiro andar. Passaram por roupas espalhadas pela casa e entrando no quarto de Ana, deram risada ao ouvir Mika e Laila transando, já que Laila gemia descontroladamente.

- Ainda bem que não me desconcentro, senão tava fudida...

- Nunca vou deixar minha butch deliciosa se desconcentrar...

- Ah é, ruivinha gostosa? Então vem cá me fazer pirar...

A porta foi fechada, a roupa foi tirada e loucuras foram cometidas naquele quarto a noite inteira. Júlia era apaixonada por Ana, mas não ficava correndo atrás dela, Ana era do tipo que ia embora, mas sempre acabava voltando, não se podia prender aquela morena butch, senão ela se revoltava e fugia, e conseqüentemente não voltava mais. Viviam num relacionamento não-relacionamento estável, namoravam e não namoravam. Era bem complicado, as únicas pessoas que realmente compreendiam eram os amigos de Ana, mas o resto sempre que tinha oportunidade, criticava a situação em que Ana e Júlia se encontravam. Porém, falavam foda-se para todo mundo, elas estavam bem daquele jeito, não se iludindo e aproveitando todos os momentos em que passavam juntas, eram amigas que sentiam atração uma pela outra... de certo modo, se amavam e não tinham noção disso.

Não é fácil para ninguém passar pelas coisas da vida sem amigos. Precisamos deles, sempre precisaremos no final das contas. Às vezes, o fato deles darem risada de sua desgraça, faz você rir, e isso já te ajuda muito. Amigos são a família que escolhemos, a família de coração, de compatibilidade de ideias e gostos, é a diversão e a tristeza, é quase um namoro, quase um casamento, mas é algo bem forte que isso. Amizade não tem fronteiras, não tem limites, não tem dogmas. Você ama e é amado, respeita e é respeitado, ajuda e é ajudado. Se fôssemos simplesmente indivíduos, não sobreviveríamos nem um dia nesse mundo, que querendo ou não, é cruel. Dê uma olhada a sua volta, veja seu amigo e abrace-o e diga o quanto o ama e o quanto está feliz por tê-lo como amigo. Amizade é para a vida inteira, é eterno, além da vida. Amigos às vezes te tiram do sério, mas isso acontece com qualquer pessoa, então não deixe de falar com eles por conta disso... pense que eles podem estar precisando de você nesse exato momento, ou que lá no fundo você está precisando deles mais do que imagina. Então ame seus amigos, porque de certa forma, eles são sua alma gêmea.


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