Moonlight escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 18
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

- a historia de Jasper e Alice



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17 de dezembro de 2007

Desço para a cozinha e tomo meu café-da-manhã que Esme prepara para mim. Não precisava, eu poderia me virar, mas ela faz questão de cozinhar para mim. E eu sou magnânima para deixar que ela faça o que quer, ela não teve essa oportunidade com os outros filhos, exceto Bella, é claro. Mamãe também cozinha bem, eu não estou mal por isso, ela não come, mas cozinha tão bem como se pudesse provar a comida. Ela deve ter aprendido a sentir o cheiro ao invés do gosto. Esme tem mãos de fada para cozinhar.

— Muito bom, mãe!

— Obrigada por me falar isso, filha.

— Nem precisaria dizer em voz alta. Você sabe que cozinha tão bem, mesmo sem poder comer.

— Sim, mas é sempre bom ouvir.

— Eu não estou dizendo nada além da verdade. Você cozinha muito bem, mãe. Poderia até abrir um restaurante.

— Obrigada querida – ela abaixa a cabeça.

Termino de tomar meu café da manhã e vou até a sala assistir TV. Eu não entenderei muito mesmo, mas é melhor praticar. Tive uma surpresa quando vi Jasper sentado no sofá e dei a volta para sentar o mais distante dele possível. Eu sei que é ridículo porque se ele quisesse mesmo me fazer alguma coisa essa distância seria transposta em uma fração de segundo antes que eu pudesse sequer gritar.

Ele aumenta o volume da televisão quando percebe que eu também quero assistir.

— Não precisa se incomodar, Jasper. Eu estou bem. Vou ler as legendas apenas.

O que ele estava fazendo ali? O que ele queria comigo? Esse encontro não foi por acaso, foi planejado, porque geralmente Jasper me evita. Ele sabe que tenho medo dele por ele ser o mais novo vegetariano da família e seu desejo por sangue humano ser muito mais forte do que para os demais Cullen. Até mais do que para Bella, que é mais nova do que ele.

— Queria conversar com você, Carol. Podemos conversar alguns minutos? – ele desliga o aparelho e vira o rosto na minha direção esboçando um sorriso.

— Sim – respondo relutante. O que será que ele tem para falar comigo?

— Suponho que nossos pais não contaram a minha historia para você.

O que é isso? Rosalie e agora Jasper. Quem será o próximo? Emmett? Já sei a história de todos. Não precisam me contar todo mundo de novo. Sei o que preciso saber por enquanto, depois quando eu for da família posso saber da historia com mais detalhes.

— Não - admito.

— Gostaria de ouvir?

— Não a assuste Jazz, querido – Alice aparece de repente ao lado do marido.

— Eu não sou criança! – protesto ao comentário dela.

— Não é o que parece. Você gosta quando Carlisle a chama de criança.

— Sim, mas é diferente. Papai me chama de forma carinhosa. Eu sei muito bem quando dizem insultando. Como se fosse ruim ser criança. Meus pais humanos me diziam que eu era criança ou infantil, mas de um jeito ruim sempre me denegrindo. Ser criança também é bom, tem seu lado positivo. A inocência e a curiosidade, também a alegria com coisas simples – sei que não precisaria dar esse sermão a meus irmãos, mas eles têm de saber. Assim ninguém vai usar isso contra mim. Se bem que agora podem usar o que acabei de explicar.

— Eu sei – Alice já sabia o que eu pensava, ela só queria ver se eu teria coragem de falar.

— Eu só sei que você não teve a mesma criação que nossos irmãos – digo olhando para Jasper. – E que você morava no sul antes de encontrá-los...

— Pois bem, vou lhe mostrar – ele se levanta e para perto da janela onde a luz do sol refletida na sua pele revela as cicatrizes.

Levo a mão até a frente da boca:

— Meu Deus!

Ele sorri atravessado.

Se eu disse o nome do Senhor em vão estou ferrada, vou para o inferno com certeza. Eu não acredito que o inferno seja um lugar especifico, por isso não creio que os Cullen estejam condenados. O inferno não existe. É mais um estado de espírito ou situação. Para mim eles têm alma sim, porque estão vivos de certa forma. Se uma alma corresponde a cada pessoa na terra eles estão aqui, então eles têm sim alma.

— Eu nasci no ano de 1844 em Houston no Texas. – Lembro que Esme disse que ele era mais velho que ela e às vezes era estranho ser seu filho, mas nenhum dos dois parece ter maiores problemas com isso. - Quando eu tinha 17 anos me alistei no exército confederado, eu era mais alto do que a minha idade e por isso foi fácil mentir que eu já poderia lutar. Ou a minha capacidade de persuasão, meu carisma, me ajudou. Eu logo fui conquistando posições mais altas na hierarquia e em 1863 era o mais jovem major do exército.

— Você era major, que legal! - me empolgo.

Jasper sorri com meu entusiasmo:

— Sim senhorita, Major Jasper Whitlock às suas ordens. – ele fez uma mesura e eu me senti uma lady. - Eu concordo um pouco com você. Era o que eu queria e eu gostava de fazer isso.

‘Mas uma noite no ano de 1863 quando eu voltava de Galveston depois de ter evacuado a cidade e me certificado de que todos estavam em segurança, retornei para Houston. E a pouco mais de um quilômetro da cidade encontrei três mulheres a pé. Elas eram muito bonitas, mas não fiquei com medo delas ainda.  Imediatamente eu desci do meu cavalo e ofereci ajuda. Fui criado para proteger, não para ter medo das mulheres. Talvez esse tenha sido meu erro, subestimá-las...

— Você agiu certo, Jazz – Alice conforta o marido. – Ninguém adivinharia o que elas eram. Você não teve culpa do que elas fizeram.

— As três discutiam sobre qual delas iria me transformar, hoje eu sei disso. A morena veio até mim enquanto as outras duas correram para longe e desapareceram na noite como dois fantasmas. A vampira, que se chamava Maria, sussurrou em meu ouvido que esperava que eu sobrevivesse e então me mordeu.

 Tentei imaginar a situação: Jasper com a melhor das intenções e assim que ele foi retribuído?! Isso foi uma covardia; pior, foi uma traição.

Jasper e Carlisle foram ambos atacados, mas papai ao menos tinha uma vaga ideia do que estava fazendo ao caçar vampiros de verdade. Porém, Jasper não sabia o que estava acontecendo até poucos instantes antes de ser mordido e o instinto humano alertar.

Eu estava atônita então não consegui dizer nada e ele continuou com seu relato:

— Maria estava planejando formar um exército poderoso de vampiros recém-criados e por isso escolhia muito bem aqueles a quem iria transformar. Eu fui muito útil por ser militar, mas ainda mais por minha capacidade de manipular as emoções e sentimentos dos outros...

Jasper se interrompe e me faz uma pergunta:

— Esme já lhe contou dos recém-criados de Victória?

— Sim, mamãe já me contou isso.

Eu acho que a obsessão por vingança dela foi desnecessária. Se James a amasse não teria deixado-a. Por que ela se deu ao trabalho de vingar sua morte? Não tem sentido para mim, mas ela nem deve ter analisado assim tão racionalmente na hora. Agiu por impulso e se deu mal.

— Melhor assim, você sabe por que um exército de vampiros novos é mais forte. Foi de lá do sul que Victória tirou a ideia... Mas voltando para minha história, os vampiros eram criados e destruídos conforme a necessidade e o fato de não serem mais úteis, pois depois que passavam do primeiro ano, sua força diminuía. Cabia a mim cuidar dos vampiros novos e por isso eu tenho as marcas que você viu.

— Essas marcas são de... – hesito por um instante e a minha voz sai esganiçada. - mordidas?

— Sim, a única coisa que pode nos ferir são dentes afiados. E a cicatriz permanece devido ao nosso veneno. Nada pode curar.

— Eu tenho uma igual de quando James me mordeu – diz Bella entrando na sala e abruptamente na conversa.

— Sei essa história, mamãe também já me contou.

— Argh! – geme Rosalie. – Você chama ela de mamãe?

— Sim - ela não sabe porque, ela não conhece minha vida e não lhe devo satisfação.

Percebo que Rosalie gostaria que alguém a chamasse de mamãe, no fundo ela sente inveja da relação que Esme tem comigo. No entanto, ela não gostaria de fazer mais alguém virar vampiro. Fico imaginando, se ela foi egoísta o suficiente para pedir para Carlisle transformar Emmett para si, porque não seria capaz de pedir que papai fizesse isso novamente para que ela tivesse um filho ou filha? Nada a impediria a não ser sua vontade própria.

Nesse momento Emmett e Edward entram em casa se empurrando e rindo. Renesmee e Jacob vem atrás deles. Quando percebo mãos já estão ao meu redor, Esme chegou. Carlisle está ao nosso lado. Todos eles –exceto Jasper e Alice- tinham saído para caçar.

— Espero que você não tenha assustado sua irmã, Jazz – diz Esme. –  E ela tenha pesadelos essa noite.

— Tenho certeza que não terá – diz Alice segura.

— Mamãe...

— Sim, querida? – Esme afaga meu rosto.

— Você acha que eu vou conseguir sobreviver?

— Ah!  - ela suspira aliviada. – Você está preocupada com isso? Claro que você vai sobreviver. Só pessoas muito velhas ou bebês muito novos não resistem à dor causada pelo veneno.

— Eu vou continuar sendo eu mesma, mãe? Não quero esquecer quem sou e nem deixar de amar você e papai.

— Não tenha medo, sweetie. Você vai ser você mesma, só um pouco menos vulnerável.

— Eu vou ser tão descontrolada e sedenta de sangue?

— Talvez, mas cada pessoa reage de um jeito diferente à mudança. Não se preocupe com isso, eu e Carlisle não deixaremos que você se magoe.

— Eu não quero decepcionar vocês se eu cometer um deslize.

— Nós sabemos disso e não iremos deixar que você faça algo ruim.

— Obrigada, fico mais tranquila.

— Nós sempre estaremos com você, criança – diz Carlisle.

— Jasper... – me viro para olhar para meu irmão mais velho. Eu fico surpresa que não tenha mais medo dele. Sinto até um pouco de compaixão, na verdade. O conhecimento provoca mudanças de opinião. Por isso não devemos julgar ninguém antes de saber os motivos.

— Sim – ele se vira para me encarar no mesmo instante em que o chamei.

— Gostaria de saber como você e Alice se conheceram.

— Eu sabia que ela iria querer saber isso. Eu vi. Eu disse para você – diz Alice quase quicando no sofá de tanta animação.

Tenho a impressão de que eles fizeram uma aposta sobre isso. Claramente ela venceu. Não sei qual o sentido de se apostar contra Alice. Não é muito racional fazer isso, mas ainda assim parece que Jasper apostou. Ou ele sabia que iria perder e mesmo assim quis apostar para ver a esposa feliz.

— Jasper e eu nos conhecemos na Philadelphia, Pennsylvania no ano de 1948.

— É claro que muito antes de me encontrar ela já tinha me visto. Mas foi paciente e soube esperar até que eu estivesse pronto. Era um dia nublado porque havia chovido mais cedo e, portanto, eu podia sair durante o dia sem chamar atenção – me sobressalto porque a cor dos olhos também seria destacável, não apenas o brilho da pele no sol. Ele percebe e acrescenta:

— É claro que meus olhos estavam escuros o suficiente para que passasse despercebido. No entanto isso era ruim, pois significava que eu estava com sede e poderia perder o controle perto das pessoas. Eu estava enfraquecido e não gostava de me sentir vulnerável – isso é compreensível para alguém como Jasper que é geralmente um terrível vampiro e muito forte. Até mesmo eu às vezes fico exasperada por ser uma humana fraca, que dirá ele que não está acostumado com essa sensação?

‘Começou a chover e eu poderia ter ficado ali na chuva, mas isso chamaria a atenção das pessoas que passavam, então eu entrei num pequeno café-bar... Ela estava esperando por mim, naturalmente – ele olha de relance para Alice.

‘Ela levantou e veio em minha direção assim que eu entrei. No começo eu fiquei tenso pensando que ela fosse me atacar; era o único significado que minha vida pregressa tinha para sua atitude. Porém os sentimentos que vinham dela não eram nada hostis, pelo contrário, eram de alegria.

— “Você me deixou esperando tempo demais” - disse Alice sorrindo repetindo exatamente o que havia dito. - E você me disse “Me desculpe, senhora” inclinando a cabeça como um bom cavalheiro do sul.

— Peguei a mão dela, – Jasper segura a mão da esposa para me demonstrar. – e pela primeira vez em mais de cem anos eu senti esperança.

Alice sorriu:

— Eu fiquei muito aliviada, pensei que você não fosse chegar nunca!

Eles se entreolharam por alguns instantes e depois Jasper continuou olhando para mim:

— Ela me disse sobre a família de Carlisle...

Eu abaixei a cabeça quando ele me encarou.

— ... e como eles viviam como parentes de verdade e não como um clã apenas. Alice me disse quais eram seus planos que me envolviam também, e como ela pretendia se unir a eles como filha adotiva e eu como filho adotivo também. Por nossa livre escolha.

Nós não somos parentes de sangue, biologicamente falando; mas de certa forma somos sim unidos por um laço de sangue. Fico um pouco abismada com essa constatação, mas é a verdade.

— Eu não acreditava que poderia existir vampiros que vivessem dessa maneira sem estar em constante guerra, mas Alice me deixou esperançoso e então partimos ao encontro dos Cullen.

— Nos assustaram quando chegaram, isso sim – diz Edward de repente. -  Ele apareceu enquanto eu estava caçando com Emmett, acompanhado por essa fada vidente – ele olha para a irmã de relance e depois volta a me encarar. – que nos conhecia pelo nome até antes de sabermos quem era ela e ela já queria saber qual era seu quarto... – ele sacode a cabeça em desaprovação.

Jasper e Alice se entreolharam e sorriem da lembrança do irmão mais novo. Em certo sentido. Mas eu serei mais nova que Edward pelas duas perspectivas, tanto em idade quanto em tempo de vida como vampira. Cansei de ser a filha mais velha e agora quero aproveitar ser a filha caçula por algum tempo.

— Encontrei todas as minhas coisas na garagem – continua Edward. – ela escolheu bem o meu quarto para se instalar!

Tento imaginar se fosse eu no lugar dele. eu iria ficar no minimo magoada.

— Você sabe que eu fiz isso porque seu quarto tinha a melhor vista...

Penso: E ainda mais por esse motivo tão fútil! Eu preferiria que ela tivesse pedido antes de jogar minhas coisas dessa forma. Foi muito desrespeito! O que ela tem de baixinha tem de inescrupulosa quando ela quer alguma coisa ela vai lá e faz sem hesitar. A sua estatura é inversamente proporcional à ousadia.

Edward sorri ao meu pensamento, o que demonstra que ele concorda em alguma medida. Ainda bem que ela não saberá do que eu pensei. Ou será que ela já sabia? Se sabia, ela não se incomodou.

Alice prossegue:

— ...e eu sabia que você não iria querer brigar.

Claro que Edward não seria idiota. Jasper iria defender a companheira e Edward perderia. Com todas as cicatrizes que Jasper tem ele é assustador até para vampiros, que dirá se humanos pudessem ver também? Eu vi só algumas por causa da luz, mas dizem que ele tem muito mais. Até Emmett tem receio do irmão, mesmo sendo grande ele quase tem medo de Jasper. Se Emmett que é vampiro tem medo, tem razão eu ainda humana ter medo de Jasper.

— É uma historia bonita!

Jasper me olha interrogativamente questionando se eu tenho o juízo perfeito - eu acho que não, nunca me senti normal:

— Quando Alice chegou, quer dizer.

— Sim. Ela fez toda a diferença – diz Jasper e beija a esposa.

...XXX...


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Notas finais do capítulo

fotos do capítulo 49:
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