Moonlight escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 17
Capítulo 48




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734954/chapter/17

Capítulo 48

Mais tarde, naquela noite eu estava deitada no colo de mamãe prestes a dormir:

— Carol, agora você pode me explicar o que foi aquele grito hoje de manhã? – pergunta Esme.

Pensei que tivesse ficado bem claro para ela, mas vejo que me enganei. Agora eu imagino que todo mundo tem o poder de ler minha mente, mas eu tenho que lembrar que não é assim. Apenas Edward consegue, os outros não.

— Não sei bem como explicar de uma forma que você entenda, mãe. Se fosse o Edward seria mais fácil, ele viu tudo e compreenderia.

— Nem todos nós temos o dom de ler mentes como ele. Mas eu também posso compreender você filha, sou sua mãe agora. – Esme coloca a mão em meu queixo e com o dedo indicador contorna a minha mandíbula desde a orelha até o queixo.

Sempre que ela me toca eu sinto o trajeto que sua mão percorre em minha pele, como se fossem pegadas na areia. No início sentia arrepios por causa de sua pele fria, mas agora sinto apenas esse caminho que fica, como se ela deixasse digitais quando me tocasse, como se eu fosse vidro. Sei que na fragilidade poderia ser mesmo e é verdade. Mas depois, quando eu for vampira, ainda serei vidro, só que cortante.

— Certo, eu vou falar. Vou tentar colocar em palavras o que eu sinto... Nunca fui boa em expressar emoções.

— Você nunca pode expressar seus sentimentos. Era reprimida, eu entendo, querida; por isso você tem dificuldade em explicar. Mas eu vou me esforçar para entender, pode falar – ela diz compreensiva, me olhando com ternura.

— Na verdade eu nem falava muito o que sentia porque sabia que ou seria desprezado ou usado contra mim.

— Seus pais fizeram muitas coisas erradas, mas essa foi sem dúvida a pior. Ninguém deve usar as emoções dos outros para atacar onde mais dói. É uma covardia sem tamanho.

— Eu sinto... Bem, eu sinto que é meu dever protegê-la. De algum modo eu me sinto assim com você, eu sei que é ridículo, pode rir, você é mais forte do que eu e poderia me defender melhor do que eu jamais poderia defendê-la. Ainda bem que Carlisle pode mais do que eu e ele com certeza deve protegê-la. Mas eu me sinto assim protetora com você.

— Eu jamais riria de você querida! Sei o que você sente, eu acho. Me parece algum tipo de lealdade filial. Eu me sinto honrada. Mas deixe que eu a protejo por enquanto, não se arrisque. Você é humana ainda e eu devo e posso defendê-la se necessário. Você é minha filha e eu vou cuidar de você com todo meu esmero.

Fico emocionada com sua reação; me lembro quando meus pais humanos riram de minha insegurança quando iria começar o ensino médio. Era uma escola nova e eu estava totalmente apavorada e eles ao invés de me apoiarem, riram de mim.

— O que foi, querida? – Esme percebe que eu estou pensativa.

— Lembrei de quando eu estava com medo da escola nova e meus pais riram de mim – digo.

— Eles fizeram isso?! – Esme não acredita.

— Pode acreditar, eu entendi assim. Eu expus para eles minha preocupação e ao invés de eles me tranquilizarem com algumas palavras de conforto, eles ridicularizaram o que eu estava sentindo.

— Eles fizeram isso mesmo? Não dá para acreditar! Como eles puderam...

— Fizeram, mas isso não foi nada. Só confirmou ainda mais a minha suspeita. Eles não me queriam. Nunca quiseram.

— Não acredito que sua mãe não gostasse de você. Seu pai até pode ser, tenho certeza depois do que ele fez, mas a sua mãe parecia mesmo se importar com você ao menos um pouco, quando a vi no hospital aquele dia.

— Pode até ser verdade, mas ela não se importava comigo o suficiente para impedir que meu pai me batesse. Ela viu a primeira vez e não fez nada, ficou por isso mesmo. Cada vez pior, você viu a que ponto chegou.

— Sim, mas não pense mais nisso. De agora em diante eu vou protegê-la e nunca deixarei mais ninguém te machucar, querida.

— Você é tão pequena mamãe, eu me preocupo com você.

— Não precisa se preocupar, eu sei que você me ama e por isso se importa com a minha segurança, mas não precisa. Eu entendo seu sentimento por mim e agradeço, mas eu não sou assim tão vulnerável como você imagina, querida.

— Se eu visse você caçar eu entenderia.

— Você não pode me ver caçar porque não temos controle quando caçamos. Aliás, isso é intencional, nós precisamos deixar os instintos tomarem conta. Não quero correr o risco de machucá-la... – Esme afaga meus cabelos. – Mas agora durma, querida. Vou ficar aqui zelando pelo seu sono.

Aos poucos vou caindo no sono em seus braços. A inconsciência me envolve e não consigo mais manter os olhos abertos. Desisto dessa luta, afinal eu não vou dormir por muito mais tempo então tenho que aproveitar, pois quando for imortal não irei mais fazer isso. Nem precisarei sonhar acordada, como costumava, porque minha vida será meu sonho.

 

Dream

[De repente estou na floresta caçando com meus pais, quando um imenso lobo negro vem para cima de mim e me ataca. Eu caio no chão sob suas patas enquanto seguro sua bocarra longe de mim para que seus dentes não me firam. O quê que aconteceu? Porque ele veio para cima de nós? A resposta surge em minha mente: ultrapassamos a fronteira.

Image 1

‘Socorro’ – eu grito, mas ninguém me ouve. Viro a cabeça para os lados e vejo que Esme e Carlisle também estão na mesma situação que eu sob lobos igualmente enormes e assustadores.

Os dois parecem a ponto de ser mordidos, eu me distraio de minha própria situação ao ver a deles.

‘Socorro!’ – grito novamente, mas a minha voz não sai da garganta.

Minha mão escorrega e o lobo se aproveita para desferir o golpe mortal.

Vejo tudo preto e acordo imediatamente sobressaltada e suando muito.]

Ao que parece o grito não saia no meu sonho, mas sim na realidade. Ou meus pais perceberam a minha inquietação logo antes de eu acordar.

— Filha! Filha, acorde! – Esme me sacode gentilmente. – É só um pesadelo!

Eu estava chorando, minha respiração ofegante e a pulsação acelerada.

— Querida! Você está bem, criança? – papai entra no quarto de repente, ele deve ter ouvido a minha frequência cardíaca.

— Foi só um pesadelo, querida! – Esme me aninha ainda mais em seu peito. – Pronto, pronto, já passou. Você está bem.

Eu soluço ainda de encontro ao seio dela, estou tão assustada que nem fiquei constrangida por estar ali. Certamente eu teria ficado preocupada com isso se não estivesse tão nervosa. Carlisle afaga meus cabelos do topo da cabeça até minhas costas para me tranquilizar e demonstrar que ele está aqui e me passar segurança.

De repente tenho um insight e percebo como a situação deve ser vista por Esme. É algo que ela sempre quis, mas nunca pode fazer com nenhum dos filhos, pois todos eram vampiros quando os conheceu ou já estavam quase morrendo e teriam de ser transformados imediatamente, não sobreviveriam de outra forma. Nenhum deles, exceto eu, que ainda sou humana e posso proporcionar isso para ela; sinto-me feliz por poder fazer isso.

Ainda demora um pouco até que eu me acalme, mas isso é mais fácil com eles dois me confortando. Durante todo esse tempo Esme me abraçava contra o peito enquanto Carlisle me fazia cafuné nos cabelos:

— Mamãe... – me esforço a dizer e minha voz sai abafada pelo corpo dela e entrecortada por causa de minha tensão. - ...Não quero mais dormir. Me morda agora!

— Não, querida. Você não está pensando direito e está assustada. Não sabe o que está dizendo.

Me esforço para virar para trás meu pescoço:

— Papai, por favor!

— Querida, não faça isso comigo! Não posso fazer isso com você, não agora.

Image 2

— Não quero dormir de novo e encontrar o lobo gigante. Ele vai me matar!

(Ainda bem que eu conheci os outros lobos Quileutes depois quando eu já não era mais uma humana frágil. Seria como a realização do meu pesadelo.)

— Não precisa ter medo, querida – diz Esme. – Nós não deixaremos nada de mal acontecer com você.

— Mãe, pai, os lobos estavam vencendo e iriam matar nós três. O sonho parecia tão real... Não quero mais fechar os olhos.

— Filha, nada ruim vai acontecer – diz Carlisle. – Você só ficou surpresa com o tamanho de Jacob em forma de lobo. Por isso que o sonho pareceu tão real, mas foi apenas isso, um sonho ruim. Nada vai acontecer com você, nós não permitiríamos. Defenderíamos você com nossa vida se fosse necessário.

— Obrigada papai! – me lembro subitamente do que Rosalie me fez, mas depois disso meus pais prometeram que nunca mais ninguém me ferirá. E eu acredito neles.

Ele assente.

— Não tenha medo, querida. Eu vou ficar aqui do seu lado essa noite, está bem?

— Obrigada, mãe.

— De nada. Agora tente dormir, pois ainda são três horas da madrugada.

Fico em silêncio enquanto ela canta uma cantiga de ninar antiga que provavelmente ela já entoou para meu irmão Collin. Demora um pouco, mas por fim o cansaço vence meu medo e eu adormeço.

Naquela noite eu tive medo que sonhasse de novo com o lobo enorme, porém tive outros sonhos que eu me lembre. Num deles eu tive uma imagem erótica em que por fim eu fazia o que sempre imaginei meus pais fazerem. Não acredito que estou fazendo sexo! Edward vai ver tudo na minha mente, pensei depois que acordei, claro. No sonho eu não tinha nenhuma consciência e tudo aconteceu até que eu senti dor e acabou ali.

O outro sonho foi muito mais simples e nele eu estava com Esme e chamava ela de mãe. Parecia que nós duas estávamos em uma fazenda no final do século XIX e eu ajudava ela a colher milho.

Image 3

Não sei se nós éramos humanas ou vampiras, não importa. Estávamos juntas e eu acordei feliz quando o despertador tocou.

— Bom dia mamãe! – digo para Esme que estava sentada na poltrona que fica no meu quarto enquanto lia um livro. Estava escuro para mim, mas sei que ela não tinha nenhuma dificuldade com a iluminação e enxergava tudo.

Cumprimento ela sem me importar que tenha bafo matinal. Acho que parte do mau cheiro é culpa do refluxo. Eu sinto o ácido queimar minha garganta e se eu não for transformada em vampira logo, acho que vou morrer por causa disso.

— Bom dia querida! – ela me encara sorridente. – Você está feliz.

Não foi uma pergunta, ela tinha certeza do que estava dizendo.

— Tive um sonho bom. Maravilhoso, na verdade. – Não existem palavras para descrever como eu me sentia.

— Que bom! – ela levanta e vem ao meu lado em menos de um segundo.

Image 4

— Você estava tão aterrorizada mais cedo... Viu? O sonho pode ser ruim, mas também existem sonhos bons. Posso saber que sonho foi esse que a deixou tão alegre?

— Pode sim, mãe.Você estava nele, então tem o direito de saber.

— Eu?

— Sim, mãe. No meu sonho nós duas estávamos colhendo milho, era final do século XIX eu acho. As roupas são como eu vi nos filmes as roupas dessa época, as mangas da camisa.

— Sim, era assim no final de 1800 e começo do século XX quando eu era humana. Mas como você sabia?

— Eu assisti um filme dessa época: Sweet land. A protagonista me lembrou muito você.

— Mas porque você ficou feliz com isso, querida?

— Eu a chamei de mãe e você sorriu. Foi tão lindo! Eu não sei como explicar o que sinto, estou tão contente!

— Eu posso imaginar querida! Você me ama tanto em seu coração que até em sonhos me considera sua mãe. Eu me sinto honrada. Obrigada querida.

— Não precisa me agradecer, mãe. Você merece por causa do que você faz.

— Oh, querida! Vamos descer para tomar seu café-da-manhã.

— Claro mamãe – me levanto e fico em pé.

Caminho para seu lado e descemos as escadas rumo à cozinha onde ela prepara meu desjejum.

Image 5

...XXX...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Moonlight" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.