Moonlight escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 1
Prólogo




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Dezembro de 2007

Esme é tão perceptiva e vê que eu estou muito quieta e pensativa na minha poltrona.  Mesmo sendo uma pessoa mais reservada estava muito quieta até para mim.

— Está com medo de andar de avião, filha? – ela me pergunta. – É seguro. Não tem porque se preocupar.

— Não mamãe, não é isso. Na verdade eu estou imaginando no que meus irmãos vão pensar de mim quando me conhecerem. Será que eles vão gostar de mim? – me preocupo mesmo sabendo que o importante é meus pais me amarem independente do que meus irmãos vão achar de mim. Mas eu não quero ser rejeitada por ninguém e não quero ser uma imposição.

(Até parece que eu já estava pressentindo o comportamento de Rosalie.)

— Você não está preocupada porque vai conhecer vampiros, mas se eles vão gostar de você? Não tenha medo, querida. Você está conosco – reafirma Esme. – Além do mais, seus irmãos já devem meio que conhecer você. Lembra que Alice já viu você antes de nos encontrarmos? E ela deve ter contado para o irmão e marido Jasper. Edward também deve ter visto na mente da irmã e deve ter contado para a esposa e para a filha.

— Ainda acho um pouco estranho serem todos irmãos e casados um com o outro. Ainda vou levar algum tempo para me acostumar com isso.

— Teremos muito tempo, filha. – Esme me diz, será que ela está indiretamente se referindo à promessa que ela vai mesmo cumprir? – Não é tão estranho, querida, porque eles nem são irmãos de verdade, são irmãos adotivos.

— É mesmo, mãe. Esse detalhe faz toda a diferença.

Me ajeito na cadeira e reclino minha cabeça no ombro dela.

...XXX...

 

Saímos de Foz do Iguaçu por volta das 11 horas da manhã e chegamos a Lima por volta das quatro da tarde. O avião vai apenas reabastecer e depois continuaremos a viagem. Um dia eu espero poder conhecer as ruínas de Macchu Picchu. Tempo terei de sobra quando for uma vampira para conhecer o mundo inteiro.

Aproveito que a aeronave ainda está em terra firme para ir ao banheiro e Esme me acompanha quando eu me levanto. Ela e Carlisle apenas fingem estar dormindo, ficando de olhos fechados, mas eles estão atentos a tudo que acontece em torno. Eles ouvem tudo. Quando volto para o meu assento já estamos decolando novamente.

...XXX...

 

Eu não acordei quando o avião fez outra parada em Guadalajara por volta da uma hora da madrugada. Eu estava dormindo tão profundamente que nem percebi. Não tem problema, às vezes vou apenas uma vez ao banheiro de noite, não preciso ir de novo.

...XXX...

 

Na manhã seguinte eu acordo revigorada depois de ter dormido tanto. Agora são 4 e meia da madrugada e estamos sobrevoando Los Angeles e logo estaremos em Seattle. Já estamos no espaço aéreo dos Estados Unidos e meu coração começa a bater mais forte:

— Vai dar tudo certo, filha. Não se preocupe – Esme me tranquiliza. Ela e Carlisle devem estar ouvindo a minha frequência cardíaca e perceberam a mudança. – Bom dia, querida! Quer dizer, good morning, sweetie!

Good morning, mamma! Será que eu vou conseguir falar direito, mãe? – pergunto preocupada.

— Nós estudamos esses meses, acredite, você vai conseguir.

— Queria acreditar em mim tanto quanto você.

— Não precisa falar se não estiver pronta, pode deixar que eu falo por você.

— Obrigada, mãe. Thank you, mom.

Esme sorri para mim ao me ouvir falar inglês -parece que meu inglês nem é tão ruim quanto penso; tenho mais medo do que o fato de não saber falar, eu sei não deveria ter ficado nervosa mas não pude evitar. Sempre fui insegura, não é culpa minha. Nunca tive estabilidade, meus pais humanos não me proporcionaram segurança.

Na verdade eles ironizavam e debochavam do que eu sentia e fazia. Por isso fiquei retraída e com medo de demonstrar o que eu sinto de verdade. Eu sabia que não seria compreendido meu sentimento, então guardava minhas emoções só para mim.

Ela responde:

— You’re welcome, my dear.

...XXX...

 

Assim que desembarcamos no aeroporto já avisto minha nova família. Só podem ser eles, sua beleza se destaca no meio da multidão. Mesmo que eles queiram e se esforcem para passar despercebidos eles são diferentes, não há como disfarçar.

Eles são extremamente pálidos, mas estarrecedora e inumanamente lindos. Já estava acostumada com a aparência de meus pais, mas não pude evitar me surpreender com meus irmãos. Eu sou tão simples comparada a eles, eles não irão me querer por perto. Não poderiam ser vistos com alguém tão pouco atraente como eu.

Esme e Carlisle andavam comigo, mas eu sei o que as pessoas pensavam deles. Não quero ter que fazer isso com mais ninguém. Sei que eles me querem, mas meus irmãos não são obrigados a ter de ficar comigo. Me sinto como uma filha ilegítima. Será que meus irmãos irão me aceitar? Se eu fosse uma vampira acho que seria mais fácil, mas eu vou ser. Não sei por que meus pais quiseram que os conhecesse ainda humana. Não entendo.

São quatro moças e quatro rapazes. Um dos meninos é diferente dos outros e a cor de sua pele é acastanhada e bronzeada pelo sol – que raramente aparece por aqui, e agora está mesmo chovendo como eu ouvi falar que o clima da Península de Olympic é assim, chuvoso e frio.

— Coloque um casaco filha, está frio! – Eu estava com meu vestido apenas, mas Esme tira seu casaco para colocar em mim. – Como eu pude me esquecer?!

Não é totalmente imperdoável, pois Esme não pode prever o futuro como a filha - e minha irmã agora, Alice. Ela poderia imaginar que eu iria precisar do casaco, porque sabia que era inverno aqui no norte.

O tecido está gelado por causa da pele dela, mas vai aquecendo com meu corpo. É uma jaqueta daquelas bem quentinhas e apenas uma é suficiente.

O menino de pele escura tem os olhos pretos, uma cor normal. Ele deve ser humano - não exatamente; eu me enganei, mas é quase. Os demais tem os olhos de um tom de dourado, embora a cor dos cabelos varie. Eles parecem realmente terem algum parentesco, só parece, porque a verdade é que todos eles são vampiros e isso os faz parecidos por terem isso em comum

São diversos estilos e cores e tamanhos diferentes. A menina mais alta é loira e tem os cabelos compridos, ela está ao lado de um rapaz musculoso de cabelos castanhos. O tamanho dele me faz recuar, mas mamãe aperta minha mão, demonstrando que não preciso ter medo, pois ela e papai estão comigo.

Ao lado dos dois está uma jovem incrível que parece uma bonequinha de porcelana ou uma fada, com os cabelos pretos espetados em todas as direções. Ela deve ser Alice. Esme me disse que cortaram o cabelo dela na clínica, pouco antes de ela ser transformada. Os cabelos não crescem mais, mas de todo modo, assim está bom para ela. Tem personalidade.

Se eu cortasse meu cabelo demoraria uma eternidade para crescer por isso eu não deixo ninguém mexer. Além do mais ter o cabelo curtinho não combina com meu jeito de ser. Eu gosto de meu cabelo assim, e ondulado quando está úmido (realmente agora meu cabelo está muito cacheado) e liso ou quase quando o clima está seco. Meu cabelo é acobreado, uma cor muito próxima a de minha nova mãe, o que me deixa lisonjeada.

Minha irmã sorri ao perceber que eu estou olhando para ela e eu retribuo o gesto de linguagem universal, que todo mundo em qualquer lugar do planeta entenderia. Não precisa tradução. Com as mãos nos ombros dela está um rapaz alto e loiro. Um pouco parecido com Carlisle, realmente pode se passar por filho de papai, mas ele tem os cabelos em um tom mais escuro e cacheado.

Ele deve ser Jasper.

Ele não parece ser tão perigoso quanto Esme me disse (eu ainda não via suas cicatrizes aterrorizantes), mas pode ser que ele tenha aprendido a se comportar melhor depois do incidente com Bella há quase dois anos. Mas ainda vou ficar com um pouco de reserva com ele, eu sei que os vampiros podem ser agressivos. Mesmo que tentem ser mais tranquilos como a minha nova família, imagino do que eles são capazes.

Próximo deles estão os dois de olhos negros e mais dois de olhos amarelos. Uma jovem não muito mais velha do que eu – nenhum deles parece ter mais de 20 anos – segura no colo uma garotinha.  A pele dessa menina não é tão clara como a dos outros, tem um tom mais parecido com a minha cor.

Ela deve ser Renesmee e a mulher jovem que a sustenta nos braços deve ser Bella. O vampiro ao lado dela deve ser Edward, mas o outro menino eu não sei quem é. Mamãe e papai não me falaram sobre ele.

Volto-me para trás para olhar para Esme com essa interrogação no rosto:

— Quem é aquele rapaz? – me esforço para não apontar.

Minha mãe humana me ensinou que não é educado, mas Esme percebe a direção do meu olhar e responde:

— Ele é Jacob  um... amigo da sua irmã.

Ele parece estar bravo, o rosto dele sempre parece estar assim desse jeito com cara de poucos amigos. Nada amistoso, eu é que não me aproximaria dele se ele não estivesse com a minha família. Se eu o encontrasse sozinha na rua iria sair correndo.

— Amigo?!

— Na verdade, ele é também um ser sobrenatural como nós.

Fico olhando para ele, tento disfarçar, mas ele percebe que o estou encarando e ele ergue a cabeça presunçoso. Tento imaginar que criatura ele pode ser e a resposta aparece quase que instantaneamente na minha cabeça. Ele é um daqueles lobisomens! Mas lobisomens não são inimigos de vampiros?

Papai percebe minha perplexidade:

— Ele é um índio daquela tribo que falamos para você, filha – diz Carlisle.

Isso explica a cor da pele e confirma a minha suspeita. Ele é mesmo um daqueles lobos gigantes.

— Ele vira um lobo gigante, aqueles que podem matar vampiros? Mas vampiros e lobisomens não são inimigos naturais? – falo mais alto do que minha atitude normal. Mas ainda bem que estou falando português e ninguém ao redor parece entender nada do que eu digo.

— Não tecnicamente – responde Carlisle. – Eles não são os lobisomens das lendas que só podem se transformar com a lua cheia e só se morderem outra pessoa passam essa capacidade de se transformar. Os Quileutes têm controle sobre quando querem mudar e não dependem apenas da fase da lua para isso, e sua capacidade de transformação é passada de pai para filho geneticamente.

‘Nem nós somos aquele tipo de vampiro dos filmes. Não iríamos ser amigos dos lobisomens de verdade porque eles não iriam ser nossos amigos. Nossas espécies são inimigas, eles poderiam nos matar, assim como os Quileutes podem, mas todos os seres que podem nos despedaçar podem fazer isso.’

Minha expressão de espanto alerta mamãe que intervem:

— Não se preocupe conosco, sweetie — Esme afaga meu ombro. – Na verdade é por causa dele que nós ainda estamos...  vivos. Seu pai fez um acordo com a tribo dele há muitos anos, depois vamos lhe contar mais. Mas agora devemos ir, não vamos deixar seus irmãos esperando.

Deixo ela passar na minha frente e me coloco atrás dela e de papai. Agora terei que falar meu inglês, espero que não seja muito ruim e eles riam de mim. Eu não aguentaria e iria morrer de vergonha.

Andamos até onde eles estão, e eles por sua vez não se moveram nenhum centímetro. Suponho que para não me assustar. Papai é o primeiro que rompe o silêncio, e quando ele começa a falar em inglês fico ainda mais deslumbrada. É esse o sotaque britânico? OMG!

—  Kids, we have to present you our new daughter, Caroline.

Quando ele disse meu nome eu quase desmaiei - "Que coisa mais idiota, como eu sou boba!", me auto-censuro. Não preciso me sentir assim desse jeito, mas não pude evitar. Meu nome pareceu tão natural na voz dele como se eu fosse mesmo inglesa. É, acho que nasci para ser inglesa ou americana. Ou isso é apenas impressão porque meu nome é de origem inglesa.

— Daddy, don’t need to be so formal. We already know her.— o menino que eu pensei se chamar Edward, e é mesmo, diz e olha para mim. – Bem-vinda Carol!

Quase tenho um ataque cardíaco e morrendo de vergonha me escondo atrás de Esme.

— This girl...— ouço uma voz feminina falar com desprezo. Não deve ter sido Alice, não posso ter me enganado desse jeito; ela parecia tão legal, uma boa pessoa... Mas as aparências podem enganar, eu deveria saber disso. Porém ainda não acredito que tenha sido ela. Ou será que foi a outra morena? Ou a loira? - ...you chose her to our family?

Rosalie!— ouço uma voz masculina de censura tão forte como um estrondo de trovão e fico tão assustada que pulo de susto. Deve ter sido aquele rapaz grandalhão que falou.

— Our parents decided and we shouldn’t have to question it. — diz Edward. – Just accept.

— Hi dear Carol!— Alice encontra uma brecha e vem até mim e me dá um abraço.

Eu fico tão atônita quanto meus pais. Eles ficam espantados por ela ter conseguido passar por eles, mas isso não é completamente ruim. Ela não iria me fazer mal.

— Alice – diz a mulher atrás dela. Ela veio tão rápido que nem a vi. Mas eu já deveria estar acostumada, Esme e Carlisle andam assim perto de mim, eu pedi que eles não agissem como humanos comigo. Afinal eles tem só a casa para poder ser quem eles são e não  seria justo eu impedir eles só por estar lá.

...XXX...


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Notas finais do capítulo

fotos do capítulo:
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