Broken Crowns escrita por Space Ace


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Três dias haviam se passado e durante esse tempo, Lance não teve muitas oportunidades para conversar com Shiro, mas ele vira Keith várias vezes vagando pelo castelo.

— Olá, Keith. — Ele sempre o cumprimentava. — Como vai?

— Ah, olá, Vossa Alteza. — Ele sempre respondia a mesma coisa, com uma reverência. — Eu vou bem, obrigado.

Keith não falava muito, e Lance percebera imediatamente. No início, ele ficou com receio de incomodar o galra por falar demais, mas pouco a pouco essa preocupação foi sendo esquecida pelo príncipe depois de seus vários encontros no curto período de três dias.

Assim como Shiro, Keith passeava muito pelos corredores; a única diferença era que Shiro o fazia de dia, enquanto Keith sempre resolvia deixar seus aposentos e andar sem rumo à noite. Coincidentemente, Lance também costumava andar para se distrair de seus pensamentos, que sempre pareciam ficar mais altos à noite, quando estava deitado em sua cama e todo o ambiente estava escuro. Pensamentos ruins iam e viam durante o dia, mas sempre pioravam quando o sol se punha. Às vezes, os pensamentos se tornavam flashes de memórias que Lance preferiria enterrar nos fundos de sua mente e nunca mais lembrar-se deles novamente.

Os dois não conversavam muito durante suas andanças pelo castelo. Quando Lance via Keith, simplesmente começava a andar ao seu lado, e o mesmo acontecia quando o galra encontrava o alteano. Os dois andavam em silêncio, perdidos em seus próprios pensamentos, mas completamente cientes do silêncio desconfortável entre eles. Não era problema; a situação constrangedora ficava seus pés no chão quando suas mentes viajavam para lugares longe demais.

Em uma dessas andanças silenciosas, os dois acabaram chegando na biblioteca. O rosto de Lance se iluminou quando ele percebeu onde estava, e ele abriu as portas sem cerimônia alguma, puxando Keith para dentro do cômodo.

— Você não viu nossa biblioteca ainda, certo, Keith?

— Não tive a oportunidade, Vossa Alteza.

— Então se prepare para.... — Ele disse, gesticulando ao redor. — A biblioteca real alteana!

No instante em que Lance terminara sua frase, os pequenos cristais fincados nas paredes começaram a brilhar com mais intensidade, iluminando melhor o ambiente em que estavam. O queixo de Keith caiu ao perceber o quão grande era a biblioteca, abarrotada de livros até o teto. Ele olhou para Lance, que sorria enquanto olhava para ele. — Você gosta de ler, Keith?

— Anh... Eu... — Keith gaguejou, sentindo seu rosto corar. — Eu.... Não sei ler, Vossa Alteza.

— Oh. — Os olhos de Lance se arregalaram por um instante, surpresos, mas logo ele voltou a sorrir. — Eu poderia te ensinar. Não tenho nada a fazer à noite, de qualquer maneira.

— E dormir? Não tem que dormir à noite, Vossa Alteza? — Keith perguntou, franzindo as sobrancelhas.

— Dormir não é tão importante quando se há algo melhor e mais útil a fazer! — Disse Lance, se dirigindo até uma das prateleiras. — Além do mais, eu não acordo antes do meio-dia, então temos tempo!

Então, as andanças noturnas dos dois se tornaram aulas para Keith, que nunca se interessara muito por leitura antes, mas que se esforçava para que Lance não pensasse mal dele. Afinal de contas, teria que agradar a família real se quisesse permanecer em seu espaçoso aposento, e não em uma jaula nas masmorras.

A leitura, porém, não era tão difícil quando Keith esperava. Ele conseguiu aprender bem rápido, e embora soubesse que era uma de suas características mais marcantes – o rápido aprendizado – Lance insistia que era porque tinha um professor maravilhoso. O galra revirava os olhos toda vez que o príncipe dizia isso, mas um pequeno sorriso brotava em seus lábios. Era bom ter um relacionamento como aquele com alguém, ainda que os dois não se conhecessem realmente. Lance o fazia companhia e o ensinava a ler, mas raramente falava sobre algo que Keith realmente queria ouvir. As perguntas do soldado continuavam sem resposta, e ele não sabia se era apropriado mencionar todas as suas suspeitas e dúvidas para o outro. Provavelmente não era. Keith não queria ficar sozinho na presença do Lance frio e duro, que parecia incapaz de expressar emoções.

— Hey, Keith.... — Lance um dia perguntou, enquanto Keith lia um livro em voz alta para o príncipe. — Como é o reino de Doom?

Aquela pergunta pegara Keith de surpresa. Nunca esperava responder uma pergunta como aquela, talvez porque nunca esperava que realmente fosse capaz de deixar sua terra algum dia. — É muito diferente de Altea, com certeza. — Ele respondeu. — As pessoas são muito pobres, quase miseráveis, passando fome enquanto as pessoas do castelo vomitam para que possam comer mais.

O nariz de Lance se retorceu ao ouvir aquilo, e ele franziu o cenho. Parecia enojado e confuso, ao mesmo tempo. — O rei não se importa com o seu povo? — Ele perguntou.

— Há muito tempo ele deixou de se importar. — Suspirou Keith. — Vossa Alteza, o reino de Doom já foi um lugar agradável, mas com certeza foi muito antes de meu nascimento, e muito antes do reinado de Zarkon.

— Me impressiona a maneira que você se refere ao rei pelo primeiro nome.

— Bem, me impressiona a maneira que os diplomatas se referem a Vossa Alteza pelo primeiro nome.

— Pidge e Hunk? Os conheço desde que eu era criança. — Lance sorriu. — Costumávamos brincar juntos.

— Um príncipe galra nunca brincaria com plebeus. — Disse Keith. — Na verdade, creio que um príncipe galra nem ao menos brincaria.

— Por que não?

— Os galras são brutais, Vossa Alteza, sejam soldados ou não. Uma vida difícil muda uma criança inocente. Quando os jovens entram para o exército, não têm mais esperanças de saírem vivos dali. Alguns até preferem sua morte a continuar em um lugar violento como as tropas. — Ele suspirou. — Somos criados desde a infância para que nos tornemos armas. Brutais, sempre no limite, paranoicos, impulsivos.

— Tu não pareces ser assim. — Lance disse, deitando sua cabeça em seus braços, que estavam dobrados por cima da mesa. Aquilo pegou Keith desprevenido. Como deveria responder àquilo?

— Ah.... Obrigado?

Uma risada escapou dos lábios de Lance. — Por nada, paladino escarlate.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos até que Lance suspirou.

— Uma vida difícil muda uma criança inocente, huh? — Ele murmurou. — Quem me dera ter descoberto isso da maneira simples.

× ֍ × ֎ ×

O aniversário de Lady Isabella estava chegando. Faltava cerca de uma semana para a comemoração, e o tempo dos soldados estava acabando.

O castelo estava um caos. Serventes correndo de um lado para o outro, guardas carregando vasos de flores e metros de tecidos para as decorações do castelo. Keith e Shiro viram, por exemplo, Sir Holt balançando a cabeça para dois soldados, dizendo que os gerânios não podiam ficar no lugar onde estavam, e que as cortinas deviam combinar com as toalhas de mesa. Os dois riram vendo aquilo, e quase tiveram um ataque do coração quando perceberam que Pidge estava ao seu lado.

— Não se preocupem, eu não direi nada. Devo admitir que é engraçado vê-lo desse jeito. — Holt dissera.

Coran não parava em um lugar por mais de cinco segundos. Ele andava de um lado para o outro instruindo os serventes e os guardas, dizendo onde deveriam colocar cada coisa, vetando certos tecidos e flores com a ajuda de Sir Holt. Não demorou muito para que ele percebesse a presença de Shiro e o chamasse para ajudar, perguntando como os guardanapos deveriam ser dobrados.

Shiro havia corado, sem saber o que responder. Allura e Bianca, que passavam com Dante por perto da cena, riram da falta de jeito do soldado, que só corou ainda mais. — Cisne, talvez? — Ele arriscou, olhando para os guardanapos.

— Claro! Como não pensei nisso antes?! — Coran exclamou, batendo no ombro de Shiro, orgulhoso. — Eu havia pensado em fazê-los em forma de flores, mas já temos flores em todos os lugares!

Com a aprovação de Coran, Shiro relaxou visivelmente, ficando mais confiante para responder as perguntas do homem. Por mais que não fosse um especialista, havia comparecido em inúmeras festas da família real de Doom, e ouvira algumas coisas dos organizadores dos eventos.

— É melhor escolher flores que não soltem muito pólen, — Ele dissera. — Algumas pessoas são alérgicas e não queremos que nossos convidados fiquem espirrando o tempo todo, não?

Coran estava visivelmente orgulhoso do soldado. Keith tentava segurar o riso.

— Hey, Keith! — Ele ouviu uma voz infantil o chamando. Dante estava a sua frente, com os olhos brilhando. Havia se separado da mãe e da tia, mas nenhuma das duas parecia notar a ausência do garoto. — Brinca comigo?

— Anh…. Claro.... Do que quer brincar? — Ele perguntou, se ajoelhando na frente do menino.

— De cavaleiro! — Ele exclamou. — Eu vou ser o cavaleiro e você vai ser o vilão!

Os dois começaram a brincar. Dante tinha duas espadas feitas de madeira, e dera uma delas para Keith. Era pequena demais para ele, mas o soldado não reclamou.

— Eu não te deixarei destruir meu reino, vilão! — Dante gritou, correndo atrás de Keith, que começou a correr na direção contrária, para fugir do garotinho. Os dois se afastaram do local onde o aniversário de Isabella estava sendo planejado, e começaram a brincar. Keith era bom com a espada, mesmo que fosse duas vezes menor que sua espada de costume, e tentava pegar leve com o menino.

— Eu destruirei tudo que ama! — Keith ameaçou, com uma voz engraçada. Dante segurou o riso, tentando golpeá-lo na barriga. Keith bloqueou sem esforço.

Então, depois de alguns golpes de Keith – bloqueados por Dante, porque eram lentos demais – Dante acertou a perna do soldado, que caiu no chão, agonizando. — Não! — Ele sibilou, com sua voz forçada de vilão. — Por que, Sir Dante, por que?

Então, Dante apontou sua espada para o peito de Keith. — Não! Por favor! — Ele pediu. — Por favor, Sir Dante! Me perdoe!

— Cale-se, vilão! — Dante exclamou. — Não mereces o perdão depois de cometer tantas atrocidades!

Então, o menino encostou a ponta da escada no peito de Keith, que parou de se mover. — Sir Dante venceu mais uma vez! — Ele exclamou. Então, rindo, se virou para Keith. — Pode se levantar agora, Keith!

Mas o soldado não se mexeu. A última fala de Dante havia acendido suas preocupações novamente. Ele não merecia o perdão; não depois de ter feito tantas coisas horríveis. Não importava o que fizesse para ganhar a confiança da família real, ele continuaria sendo o temido Paladino Escarlate, responsável pelo sangue derramado de tantos inocentes, a mando da família real galra.

— Keith? — O menino perguntava. — Tio Lance! Eu matei Keith! Me ajude, tio Lance!

Keith correu os olhos pelo jardim, procurando pelo príncipe. Realmente, lá estava Príncipe Lance, com uma de suas mãos sobre a boca, observando os dois. Os cantos de seus olhos estavam puxados pelo sorriso que ele escondia atrás de sua mão. O príncipe se aproximou dos dois, enquanto Dante morria de preocupação por Keith. — Como estás, cavaleiro? — Lance perguntou, sorrindo, se ajoelhando ao lado do soldado.

— Morto. — Ele disse. Lance riu enquanto Keith se levantava, lançando um sorriso para Dante.

— Keith! — O menino se jogou no paladino, evolvendo-o num abraço.

Keith, sem jeito, devolveu o abraço.

— Dante! — Uma voz gritou ao longe. Era Bianca, procurando por seu filho. Allura estava ao seu lado, e parecia infinitamente mais preocupada do que a própria mãe do garoto.

— Estou indo, mamãe! — Dante exclamou, soltando Keith. — Tchau, tio Lance! Tchau, Keith!

Lance riu enquanto o garoto corria de volta para a mãe, que lançou um sorriso aos dois homens sentados na grama. O príncipe sorriu de volta enquanto Keith corava e acenava brevemente para ela. Allura, por outro lado, carregava uma expressão muito diferente de Bianca.

— Parece que Princesa Allura não gosta de mim. — Keith suspirou.

— Ela não aceita muito pessoas vindas de nações inimigas. — Lance deu de ombros, se sentando com as pernas cruzadas ao lado de Keith. — Não se preocupe, com o tempo ela vai aprender a gostar de você e de Shiro. Aliás, ele parecia bem familiar com decorações.

— Shiro gosta de escutar conversas que não interessam a ele. — Keith bufou. — Nós dois já trabalhamos como guardas em banquetes reais quando ainda estávamos em Doom. Ele ficava rondando o salão, ouvindo os organizadores reclamarem que as flores não combinavam com o vestido de Haggar, e que as cortinas estavam curtas demais, ou que os guardanapos estavam mal dobrados, ou que as flores tinham o cheiro muito forte, ou que o carpete não combinava com a cor do bolo. — Ele revirou os olhos.

— Que as roupas do príncipe não podem ser da mesma cor que as toalhas de mesa, mas também não podem ser muito diferentes dela. — Comentou Lance.

— É tudo muito exagerado. — Suspirou Keith. — É só um banquete.

— Ou só uma festa de aniversário. — Disse Lance. — Se bem que, devo admitir, gostaria que tudo fosse perfeito na festa de minha sobrinha. Ela merece.

— Merece. — Assentiu Keith. Dante e Isabella eram, de longe, as pessoas que mais gostavam de Shiro e Keith, e frequentemente os procuravam para brincar. Eles preenchiam o tempo vago que os dois soldados tinham quando não estavam discutindo estratégias de guerra, ou conversando com Coran – ou melhor, ouvindo-o em seus monólogos – ou tentando impressionar Allura e Alfor. Bianca e Leonardo pareciam já ter se conformado com a estadia dos dois soldados no castelo, e eram mais tranquilos quando conversavam com os dois galras. Allura, por outro lado, encarava os dois agressivamente, embora nunca fizesse ou dissesse nada.

— Como estão indo as reuniões de guerra? — Lance perguntou subitamente, mudando de assunto. Ele parecia sério naquele momento, e todo o brilho havia desaparecido de seus olhos. Ele olhava para Dante, que perseguia uma borboleta e tropeçava em seus próprios pés, mas não parecia realmente registrar aquela cena. Não havia sorriso algum em seus lábios, como geralmente havia quando falava ou observava seus sobrinhos.

E, novamente, Lance havia se tornado um mistério para Keith. O príncipe mudava de humor muito rápido, e ninguém nunca era capaz de prever quando ele o faria. Em um minuto estava rindo do exagero das preparações reais para comemorações, em outro, estava com um tom frio e sombrio sobre a guerra, o que deixava Keith totalmente desamparado, sem saber como agir ao redor dele.

— Vão bem. Estamos avançando, Vossa Alteza. — O tom de Keith mudou, ficando mais sério. — As informações que eu e Shiro entregamos parecem ser de grande ajuda para Rei Alfor, e Sir Holt.

— Você acha que seremos capazes de vencer a guerra? — Lance perguntou, sem olhar para o soldado ao seu lado.

O que Keith poderia responder? Que sim, ele pensava que era possível que Altea vencesse a guerra? Ou que não, que os galras ainda pareciam brutais demais? Ele não sabia se deveria mentir ou deixar que o príncipe soubesse de sua sincera opinião sobre a diferença das tropas dos dois reinos. Optou pela segunda opção, já que Príncipe Lance perguntara o que ele achava.

— É difícil dizer. Em minha opinião, embora o exército alteano vença em número, acho que perde em técnica e brutalidade. — Ele suspirou. — Os galras não jogam limpo. Usam meios injustos para alcançar seus objetivos e vencerem a guerra. Matam inocentes, crianças, idosos.... Nada fica em seu caminho.

Lance ficou em silêncio, e Keith não soube dizer se sua resposta fora a correta.

— Vamos vencer. — O príncipe murmurou. — Precisamos vencer. Nem que eu tenha que acabar com Zarkon com minhas próprias mãos. — Ele finalmente olhou para Keith. Haviam olheiras em seu rosto, e ele parecia exausto, embora sua expressão indicasse apenas frieza.

— Não deveria sujar suas mãos de sangue, Vossa Alteza. — Keith disse. — Matar deixa cicatrizes em sua mente que nunca serão capazes de se curar. Os momentos voltam em pesadelos e às vezes, durante o dia. Não é agradável carregar o peso da morte das pessoas, por menos merecedoras de perdão que elas sejam.

Lance encarou o soldado. Keith não conseguiu decifrar o que se passava por trás daqueles olhos azuis. — Minhas mãos já estão sujas de sangue há muito tempo, Paladino Escarlate, ainda que indiretamente. — O príncipe suspirou, se levantando. — E já tenho muitas cicatrizes em minha mente. Mais uma não fará diferença.

E então, Keith se lembrou dos murmúrios sobre o que acontecera quando a rainha morrera. Se lembrou das palavras de Allura e dos diplomatas, mencionado a culpa que Lance sentia pela morte de sua mãe. Mais do que nunca, Keith queria descobrir o que acontecera, o que fizera com que Lance se tornasse uma pessoa de dupla personalidade. O que acontecera para deixa-lo como uma espada de dois gumes? Por que ele se culpava pela morte da rainha, se muitas vezes Keith ouvira os outros dizerem que Lance não poderia impedir tal acontecimento? Aqueles segredos poderiam ser bem escondidos do público, mas no castelo, todos sabiam de tudo. As paredes tinham ouvidos e os serventes falavam pelos cotovelos. Até mesmo os guardas murmuravam sobre o assunto uns com os outros, sempre que o humor de Lance mudava na frente deles.

Era como se todos no castelo soubessem de um segredo que só era escondido de Keith e Shiro.

Isso irritava o Paladino Escarlate.


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