Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 12
Tragédia ao entardecer




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— Ah, fico muito pelo meu tio Percy. Na verdade nunca tivemos muito contato...Mas ser assassinado...Mas por um Avada Kedavra?! Vocês perceberam o clima agourento na casa da vovó né?! – Matt comentava no café da manhã no Salão Principal. Ele, a irmã e Melissa estavam sentados num canto mais afastado, discutindo os últimos acontecimentos do fim de semana. A morte misteriosa de Percy Weasley, o velório na Toca, a presença de vários Aurores. O clima na casa era de mistério, medo, angústia, de conversas ao cochichos, todos com medo de uma nova onda de terror na comunidade bruxa. Desde a morte de Voldemort as maldições imperdoáveis não eram praticadas há quase 16 anos, e repentinamente o atentado contra o Vice-Ministro da Magia era um acontecimento para deixar toda a comunidade bruxa em alerta. Melissa concordou vagamente com o amigo, enquanto se servia de ovos mexidos. Na verdade a garota estava pensativa com a estranha cena que havia presenciado no enterro de Percy, nos limites das terras da família Weasley: a mãe, seu tio Rony e Harry Potter, juntos. Ela não estranhou quando o viu na Toca, pois pelos poucos comentários constrangidos que conseguiu extrair de Matt e Anne ele era íntimo da família Weasley e até pouco tempo atrás trabalhava como Auror no Ministério. Mas mesmo sua mãe praticamente evitando o encontro com o homem, não pôde deixar de notar que durante o enterro a garota a viu com tio Rony e ele como um trio, bem perto um do outro, contemplando em silêncio a descida do caixão. Não pôde perguntar nada a mãe pois imediatamente ela embarcou de volta à Hogwarts com os outros Weasley, mas desde que voltara ficara pensando em escrever uma carta e perguntar a mãe. Cartas...Esse era outro assunto que não saía da cabeça de Melissa.
— Sabe o que eu acho...Que não há motivos pra esse alarde todo – Anne começou, levantando-se da mesa para ir à aula de Transformações – Afinal Voldemort foi derrotado, essa morte deve ter motivos políticos, tio Percy não era muito querido lá no Ministério, vocês sabem...Logo os Aurores vão encontrar um desses loucos que ficam matando pra se divertir...Bom, vejo vocês no almoço.
Ela foi se encontrar com seus colegas do 3º ano. Matt acabou seu suco e levantou-se
— Vamos? Herbologia, não vi a velha prof.ª Sprount, será que aquela tosse trasgueada a deixou de cama de novo?
— Não a vi no café, pode ser que seja...Só espero que não seja o Hagrid pra substituir ela de novo...Tenho a marca dos dentes daquelas plantas carnívoras do Hawaí na minha canela até hoje...
Os dois caminharam até as estufas, conversando sobre a última vez que o amigo havia substituído a velha professora de Herbologia. Encontraram os outros colegas da Grifinória, que esperavam a professora na frente da estufa 5 junto de alguns alunos da Corvinal. De repente a pesada porta de vidro foi aberta e as conversas morreram ao ver a nova professora substituta.
Era uma mulher de uns 35 anos, tinha longos cabelos loiros e de aspecto sujo, presos numa trança mal feita. Usava uma jardineira amarela suja de terra e dos bolsos saíam pequenos pés de tomate e hortaliças diversas, além de uma varinha. Mas o que a deixava com um aspecto fora do comum eram seus olhos. Enormes e azuis claro, que deixavam a mulher com uma aura incontestável de birutice. Matt trocou olhares significativos com Danny e Cliver e os três fizeram força para não rir.
— Bom dia pequenininhos. – Ela tinha uma voz fina, baixa, quase monótona. – Me chamo Luna Lovegood, vou substituir a prof.ª Sprout, mas será por pouco tempo. Agora entrem, entrem, trouxe plantas interessantes...Ah, obrigada vocês dois! – Ela disse quando dois bruxos saíram da estufa quatro, todos fortemente agasalhados, apesar da mormacenta manhã de outono – obrigada pelo carregamento, será para a aula do pessoal do 7º ano, plantas letais – Ela comentou prosaicamente e ao ver a cara de admiração de Eleonor e Betsy continuou – Não se preocupem, elas matam só quem é relapso demais.

**********

— Dá licença professor.
— Pode entrar Anne. E não precisa me chamar de professor quando estamos sós...
— Tudo bem tio...
Harry estava em sua sala, estava terminando a correção de deveres antes de sair para o almoço quando viu uma cabeça ruiva adentrar pela sua porta. Sorriu ao ver a garota e a convidou a entrar. Ela sentou-se na primeira carteira em frente a sua mesa, cruzando as pernas de maneira familiar.
— Algum problema Anne?
— Nada tio. Só estava passando...
— Sei Anne...Transfiguração...Há 2 andares abaixo daqui.
Ela o olhou contrariada. Harry sorriu satisfeito. Tinham o mesmo ar inocente, o mesmo jeito de se fingirem de desentendidas...
— Não gosto quando me olha assim Tio. – Anne o encarou, séria. – Somos pessoas diferentes. Quer dizer, eu e minha Tia Gina...
— Eu sei, eu sei Anne! – Harry se defendeu, se chateando consigo mesmo por ser tão transparente assim. – Mas vocês são tão parecidas...E eu..eu gostava muito da sua tia... Quer dizer, todos nós gostávamos...
— Já estou acostumada com as comparações. Não me importo. Mas tem horas sabe... Só tento ser eu mesma.
Ele a olhou com ternura. Falar de Gina, pensar nela doía. Mesmo sofrido tantas perdas essa era uma das que mais sentia. E desde quando Anne nascera sabia que a menina seria igual a Gina. E aprendeu a lidar com esse sentimento estranho. Surpreendeu-se ao ver a garota o olhando profundamente.
— Posso perguntar...É que tem uma coisa que sempre quis saber...e ninguém nunca me respondeu. Na verdade nunca perguntei...
— Pode perguntar Anne. – Harry consentiu bondosamente, tentando imaginar a dúvida da garota.
— É...como ela...Como minha tia Gina morreu.
Harry teve a visão de um emaranhado de cabelos ruivos próximos de seu rosto, sangue – dele e dela – misturado, ele mal tendo forças pra se levantar, uma voz chorosa e decidida acima de sua cabeça: “Pra você matar o Harry terá que me matar primeiro!”.
— Bom...Gina morreu pra me salvar Anne.
Ouve um silêncio quase palpável na sala. Harry então olhou a garota, tentando esquecer aquela lembrança dolorida.
— Mas o que você queria me dizer Anne?
— Sabe o que é tio...É.... – Ela começou, mas parou, fechou os olhos, e quando parecia dizer algo o sinal para o almoço tocou, e pode-se ouvir o barulho de vários pés se movendo em direção ao salão principal. Apressadamente se despediu e correu para a porta. “Mas que diabos essa menina está escondendo de mim? Ah, porque eu sei que algo tem”. Ele pensou, enquanto encaminhava para o almoço.

**********

Melissa caminhou silenciosamente a extensão dos jardins em direção à cabana de Hagrid. Era final de tarde e ela queria fazer uma visita ao amigo pois este estava dando um polimento todo especial à sua Firebolt, um polimento à base de pó de chifre de unicórnio, que deixava o cabo brilhante, afinal o 1º jogo era no próximo Sábado e seria contra Sonserina, contra Malfoy.
Ela viu que o sol já ia se pôr dentro de uma hora mais ou menos e apressou o passo, afinal se fosse pega depois do anoitecer fora do castelo teria uma detenção. Ao chegar na cabana viu que Hagrid estava saindo.
— Melissa, tinha me esquecido que você viria! Preciso dar uma ajudinha lá na estufa, a nova professora tá tento probleminhas com as suas novas plantas...Ah, quem diria que a Luna seria professora...Você me espera aqui, o Pierrô faz companhia pra você – Ele abriu a porta da sua cabana e um enorme cão branco pulou na direção da garota, fazendo festa enquanto ela tentava coçar suas orelhas.
Enquanto esperava por Hagrid ela sentou-se nos degraus de pedra da cabana do amigo. Pierrô cansou-se de brincar com ela e entrou novamente. A garota ficou mirando a floresta, os pensamentos em sua vassoura e em como ela estaria bonita. Ouviu então um barulho a direita da cabana, e quando foi ver o que era deu de cara com Lionel Malfoy saindo da floresta.
— Posso saber o que o senhor faz lá? – Ela começou autoritária, indicando a floresta. – A essa hora saindo da floresta proibida.
— E isso lhe interessa Granger?! Cuida da sua vida...
— Se te pegam te dão uma detenção!
— E a você não Granger??! Só porque está visitando aquele seu amiguinho filhote de baleia orca se acha diferente dos demais. – Ele riu-se, virando as costas para a garota. Melissa sentiu o sangue ferver.
— Pelo menos eu tenho amigos não puxa-sacos intragáveis...
Ele parou e ela sorriu triunfante. Sabia que tinha pego num ponto fraco do rapaz. Lionel virou-se lentamente. Estava muito suado, suas camisa grudada no corpo, seus cabelos se soltando do seu costumeiro rabo-de-cavalo.
— Como sempre falando idiotices Granger. Virou detetive pra saber da minha vida?!!
— Ah Malfoy, todo mundo sabe que aqueles seus amiguinhos só te bajulam, que na verdade não gostam de você, não te suportam...
A garota estava encostada numa árvores próxima, ele se aproximou. Seus olhos se estreitaram.
— Isso não é verdade Granger!
— Será mesmo Malfoy?! Ninguém te suporta, tentando ser sabe-tudo, fazendo pose...Estão perto de você só pelo seu dinheiro! Ou pior, pelo passado do seu pai...
— Isso é MENTIRA!!!
Lionel prensou-a na árvore, uma fúria em seus olhos nunca vista antes pela garota. Seus rostos estavam a centímetros um do outro, ele a havia prendido pelos dois braços, não conseguia alcançar a varinha. Melissa sentia um misto de surpresa e raiva, milhões de coisas explodiam em sua cabeça. Mas a coisa que disse no segundo seguinte foi uma das mais idiotas que já havia passado pela sua cabeça.
— Sabel Malfoy...você cheira a aula do prof.º Neville...
— O que??? – Surpreso ele a largou e ela recuou uns bons centímetros. Houveram alguns momentos de silêncio entre os dois. A raiva de Malfoy aos poucos foi se dissipando.
— Mas que coisa mais idiota de se dizer Granger...
— Dessa vez concordo com você... – Melissa não sabia o porque havia dito isso mas o cheiro que exalava do corpo de Malfoy lembrava a ela da última aula do prof.º Neville, que estava explicando a eles como preparar uma poção particularmente difícil que borbulhava num caldeirão no centro da sala, mas que se tornara comentário por vários dias, a poção Felix Felicis.
Então, sem explicação, ambos caíram na gargalhada. Uma gargalhada gostosa, longa, de fazer os dois se dobrarem de tanto rir. Mas esse momento foi encerrado com gritos femininos vindos do lado das estufas. Imediatamente os dois correram naquela direção. A visão que tiveram ao chegar na estufa 4 fez Melissa segurar instintivamente o braço de Lionel: uma mulher de longos cabelos loiros sujos toda suja de sangue chorava num canto apontando para um homem enorme estirado no meio da estufa, todo cheio de arranhões e o pescoço todo envolto por tentáculos verdes nodosos. Os olhos abertos vidrados indicavam que, sem dúvida, Hagrid estava morto.


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Notas finais do capítulo

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