Red Angel - Sonho de um anjo escrita por Malina Endou


Capítulo 24
Capítulo 24- Acampamento


Notas iniciais do capítulo

Yo!

Trago aqui mais um pouco da história da minha bebé!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734724/chapter/24

Malina

Há horas que o meu primo não parava de treinar. Estava de frente para a máquina, cansado e sem parar um segundo. Parecia disposto a conseguir dominar a Majin The Hand a todo o custo e isso significava treinar que nem um louco. Conseguia entender o que ele sentia, mas aquele não era o Mamoru. A minha mãe tinha razão no que dissera… Eu também estive assim, perdida? Sem que os outros pudessem fazer nada para me ajudar? Era como ver o meu reflexo, o meu desespero… E não era uma boa visão. O Mamoru lutava com uma parede feita por ele mesmo, aquela que ele tinha de escalar para suportar sozinho. Era uma batalha interior em que nenhum de nós podia ou conseguia interferir.

—Vamos, rapazes. - Vi o Domon, o Kazemaru, o Handa e o Max aproximarem-se do rapazes do primeiro ano – e do Megane -, sentados no chão a ver o capitão treinar. Já à bastante tempo que ouvia os seus suspiros – Nós também queremos treinar, sim? - sorri. Era bom ver como o Domon era feliz connosco após tudo o que aconteceu.

—Sentados no chão não se marcam golos.

—Sim, eu sei isso, Kazemaru, mas é que…

—Sabemos quem é o nosso adversário. - O Megane não estava a ajudar.

—Pois, mais uma razão para treinarem. - Entre alguns resmungos, após as palavras do Handa, todos se levantaram, e eu foquei novamente o meu olhar na frente assim que ouvi o meu primo falhar novamente, caindo ao chão.

—Endou…

—Não te aproximes! - A Aki parou de imediato, enquanto ele se levantava – Não penso render-me. Vou dominar esta técnica, custe o que custar.

—M-Mas Endou…

Não conseguia deixar de estar preocupada. O Mamoru, para além de ser meu companheiro e capitão, era meu primo. Era como um irmão para mim e não conseguia vê-lo naquele estado. Agora entendia o que ele sentiu. Porém não demorou muito até o treinador o mandar parar e aos restantes rapazes, pedindo que nos reuníssemos junto a ele para falar connosco. Realmente vi-o sair e entrar com a Natsumi, mas não entendi porquê. Só que nada me preparou para o que ele ia dizer a seguir.

—Um acampamento?

—Sim. Passaremos a noite na escola e faremos o jantar todos juntos.

—Já pedi autorização para o organizarmos. - Então foi isso que a Natsumi foi fazer.

—Um acampamento?!

—Agora que me ponho a pensar, nunca fizemos um acampamento como este.

—Isto de passar a noite na escola soa-me bem. De certeza que nos vamos divertir. - Os do primeiro não pareciam entusiasmados.

—Treinador… - o voz do Mamoru soou de uma forma estranha. Olhei para ele e todo o seu corpo tremia – Não acho que temos tempo para isso. Não me parece que seja o melhor momento para nos divertirmos. O jogo contra o Zeus é depois de amanhã e até tenho de dominar a Majin de Hand. A Malina também quer conseguir uma nova técnica, mas para isso precisamos de treinar.

—Sim, mas... - Concordava com ele, mas todos precisávamos de descansar. Principalmente ele.

—E achas que vão conseguir assim? - olhámos para o treinador – Já agora diz-me… Não, digam-me os dois, conseguiram dominar as vossas técnicas depois de todos os treinos?

—É mesmo por isso que tenho de tentar. - Assenti.

—Sim, nós precisamos apenas de treinar um pouco mais.

—É inútil. - Treinar era inútil?

—É inútil?

—O Endou Daisuke conseguiu dominar essa técnica e muitas outras depois de muito esforço, vontade e persistência, não é um truque qualquer que se conseguia treinando como um louco. - Os seus óculos pareciam refletiram-nos como espelhos – Além disso, Mamoru, estás tão obcecado com essa técnica que não consegues pensar em mais nada e nesse estado, jamais conseguirás dominá-la? - suspirei. Sabia bem o que treinador pretendia e talvez ele tivesse mais razão do que eu pensava.

—Talvez não fosse má ideia deixares a Majin The Hand um pouco de lado e descansares um pouco. - Encarou – Eu também preciso. Acho que todos nós precisamos, Mamoru.

—Estou de acordo. - O Ichinose foi o primeiro a dizer algo – Nos Estados Unidos temos um ditado que diz “não se apressa as coisas quando caçamos baratas”. - E era suposto isso ter lógica?

—Baratas? Ichinose, não queres dizer “devagar que tenho pressa”? - pelo menos estava ali a Aki para fazer algum sentido na situação.

—Ah, sim! Também se pode dizer assim. - Sorri. Tinha tudo a ver.

—Acho que a questão do acampamento está resolvido. - A Natsumi chamou novamente a nossa atenção.

—Vão preparar-se e regressem às cinco.

Todos concordaram, menos o capitão. Olhei para ele e vi que continuava chateado com a situação, mas ele já não podia fazer nada. Pousei-lhe a mão sobre o ombro sem dizer uma palavra. Ele já estivera ao meu lado antes, sem opinar, sem dizer o que era certo ou errado, eu queria fazer o mesmo. Ele esteve lá para mim e não ia deixá-lo só.

*

—Um acampamento? - assim que contei tudo à minha mãe, ela parou de arrumar as caixas para levar ao hospital. Como gostava de ir com ela para ver a Yuka - Na escola?

—Sim. Foi ideia do treinador. Além disso, vamos fazer o jantar todos juntos.

—Parece divertido!

—Sim… - não conseguia deixar de me preocupar com o meu primo.

—Passa-se alguma coisa? - encarei novamente, negando, sorrindo.

—Não é nada. - Ela sorriu. Talvez percebeu que não queria insistir no assunto.

—Agora que penso nisso… - levou um dedo indicador aos lábios – Vocês vão dormir todos no mesmo espaço, não é? Pelo que me contaste, no ginásio.

—Sim. O que tem? - encarou-me um sorriso que não trazia nada de bom.

—O Goenji? Também vai? - senti a minha face aquecer a uma velocidade absurda. Nem tinha pensado nisso.

—C-Claro que vai! Ele faz parte da equipa. - Olhou para mim como se desconfiasse de algo, ainda com um sorriso.

—Claro que sim, mas quero juízo, minha menina. O teu pai não vai gostar nada de saber disso.

—E tem de saber isso porquê?

—Ora! O teu pai está longe, mas tem de saber onde anda a filha. - Olhou novamente para as caixas com um ar pensativo - Será que ele vai gostar de saber?

—Mãe! - Como é que ela se podia rir com o meu desespero?

—Vai tomar banho que eu já te preparo a roupa. - Enchi a bochechas – que já doíam – e saí a correr em direção ao andar de cima, ouvindo o seu riso ecoar pela casa.

Não demorei muito tempo no banho. As cinco horas estavam quase aí e o Mamoru iria passar por minha casa para me apanhar pelo caminho para a escola. Fui para o quarto após secar-me e vestir, já lá estava uma mala com tudo preparado. A minha mãe quando queria era realmente rápida. Reparei que também, sobre ela, estava um pequeno papel escrito.

Tive de sair para ir ao hospital ajudar

Espero que te divirtas no acampamento com os teus amigos

Manda beijinhos ao Mamoru

Mãe

Não consegui evitar o suspiro apesar do sorriso. Ela não podia ter ido avisar enquanto tomava banho? Deixei novamente o bilhete em cima da cama e peguei no celular. Esperava ver uma mensagem ou chamada do Goenji… Mas nada. Também esperava o quê? Que ele passasse o tempo todo nisso? Ele provavelmente tinha mais do que fazer. No entanto, quando o ia pousar, recebi uma mensagem. Abri-o rapidamente... Vendo que era do Mamoru. Já estava à minha espera.

Atei o cabelo, peguei na mochila e desci rapidamente. Ele já estava à porta de casa, acenando-me com um sorriso fraco. Nem parecia dele. No entanto, sorri e fui até ele antes de nos pormos a andar para a escola.

—Um acampamento… - ouvi-o suspirar várias vezes pelo caminho, mas era a primeira vez que se expressava – Em que estará a pensar o treinar?

—Talvez seja apenas para nos divertirmos um pouco.

—Ei! Primos Endou! Vocês estão atrasados. Vejam lá se se apressam. - Corremos em direção a um dos veteranos da Inazuma Eleven. Estava junto ao portão à nossa espera.

—O que está aqui a fazer?

—Pediram-me para supervisionar o acampamento. - Ele parecia orgulhoso disso – Vá, depressa, que os outros já chegaram. - Assentimos antes de andarmos depressa para dentro da escola.

Ele veio atrás de nós, dizendo sempre que estávamos atrasados, que todos tinham chegado a horas mas não éramos os últimos. Só que estávamos bem na hora certa, todos tinham chegado cedo, isso sim. Provavelmente devido ao entusiasmo com o acampamento. Aliás, era notório, já que quando chegamos ao ginásio onde estavam as nossas camas, vimos que alguns dos nossos companheiros do primeiro ano estavam a fazer uma guerra de almofadas.

—Já vos disse para pararem com isso! - a pobre da Aki parecia desesperada para os parar. Até a Haruna se juntou a eles – Nós não viemos fazer uma guerra de almofadas

O Kabeyama, o Kurimatsu, o Shourinji e a Haruna não parecia fazer caso ao que dizia a nossa gerente, continuando com a guerra, divertidíssimos. No entanto, ao Kabeyama desviou o Shourinji de uma almofada lançada pelo Kurimatsu, ido parar à cabeça do Someoka, fazendo o pobre coitado cair no chão diante do Ichinose e do Domon, que se conseguiram desviar. Claro que o nosso atacante ficou furioso, perseguindo aqueles quatro. A Aki bem os tinha avisado.

—Shidou, é mesmo aquilo que eu estou a ver? Tu trouxeste uma almofada? - voltei para o Handa e para o Shidou.

—Claro que sim. Não posso dormir sem a minha almofada. Olha, toca-lhe. É uma maravilha. É o ultimo modelo em almofadas cervicais. - Almofadas cervicais?

—Almofada cervi… - assim que o Handa lhe tocou, sorrindo logo – Sim! Ela é muito fofinha! - sinceramente não sabia o que pensar.

—Olha, eu só consigo dormir com isto.

O Max tinha um chapéu às flores? E desde quando o Jin estava ali com ele? Claro que aquilo que me chocou mais foi ver que o Megane trouxe as suas figuras de ação para o acampamento. Também não conseguia dormir sem elas?

—Malta, mas o que estão a fazer? - só consegui rir, ainda um pouco atordoada com tudo.

—Bom… Vamos pousar as nossas coisas também, sim?

Tivemos que andar à procura de camas disponíveis. A maioria estava ocupada, mas eu e o Mamoru conseguimos ficar ao lado um do outro, ele na ponta e eu eu ao seu lado. A cama ao meu lado já estava ocupada por alguém. Perguntava-me quem seria.

Saímos do ginásio indo em direção à zona de refeição… Enfim, à cozinha improvisada onde estavam todos a preparar o jantar. O Mamoru, estava com o caderno do nosso avô, distanciando-se. Não sabia mais o que fazer por ele.

—Bem, que grande surpresa! - olhei para trás de vi a Haruna junto do Goenji. Ele estava a descascar batatas – Também sabes descascar batatas, Goenji?

—Sim, eu faço muitas vezes o jantar para a minha irmã. - Como era possível apaixonar-me ainda mais por ele?

—Oh! Olá Malina! - acenei para a Haruna e assim que o Goenji levantou o olhar na minha direção, também me sorriu. Não pretendia incomoda-lo, pelo que me limitei a sorrir e a cumprimenta-lo com um aceno.

—Não podes fazer isso! - atrás de mim ouvi o Shourinji reclamar com alguém. Voltei-me e vi que estava junto ao Domon, a cortar as batatas – Tens de cortar as batatas aos quadrados senão elas vão-se desfazer quando forem ao lume. - Já o Domon não parecia nada feliz com o sermão.

—E assim não é bom na mesma? - ri-me. Tinha de discordar.

—Não, não é! - já o Shourinji parecia insultado – Mesmo sendo mais velho não te vou deixar fazer isso. - Mas o que se passava hoje com todos? Seria do ar noturno?

—Não consigo parar de chorar. - Voltei-me para o outro lado vendo o Kurimatsu a cortar cebolas e a chorar sem parar. Já o Kidou, ao seu lado, parecia estar muito bem – Tu és tão forte que nem sequer vertes uma lágrima.

—Mais ou menos. - Trapaceiro. Os óculos ajudavam. Aproximei-me ao ver uns pequenos óculos junto à mesa. Peguei num deles.

—Toma. - Ele olhou para mim e pegou neles – Assim serás tão forte como o Kidou. - O próprio levantou o olhar e sorriu-me.

Era bom vê-los assim. Talvez tivesse sido um pouco estranho ao início, mas creio que estava tão habituada a vê-los tensos e preocupados, que me esqueci que cada um tem o seu lado divertido. Esta noite sem dúvida que nos faria muito bem a todos. Mas havia quem continuasse sendo, resmungando para um velho livro como se fosse encontrar ali todas as respostas.

Ficava de coração apertado ao vê-lo assim. Sentia que não podia fazer absolutamente nada, nem por ele, nem pela equipa. Nunca me senti tão impotente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?!
Kissus!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Red Angel - Sonho de um anjo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.