Red Angel - Sonho de um anjo escrita por Malina Endou


Capítulo 13
Capítulo 13- Velho amigo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Malina

Como todos os dias, o treino começou bem cedo. Era fim de semana, não tínhamos aulas e podíamos usar todo o tempo para treinar. Depois do último jogo todos pareciam bem mais empenhados em fazê-lo! Derrotar uma equipa como a Senbayama animou muito a equipa. Só que a única coisa que gostava de ser era onde estava o Domon. E a Aki também. Ambos nos disseram que iam encontrar com um amigo no aeroporto, nada mais. Quem poderia ser? Também gostaria de futebol?!

Continuei a correr, tentando esquecer o assunto, antes de passar a bola para o Someoka. Pelo canto do olho conseguir ver que junto ao banco onde estava apenas a Haruna, havia um rapaz moreno, de pé, a assistir ao treino. De repente ouvi o som da técnica do Someoka e quando me voltei para ver o que se passava, já o Mamoru tinha defendido com a Fireball Knuckle, lançando a bola para os pés do tal rapaz. O mesmo baixou-se e agarrou na bola.

—Vamos! Passa a bola!- pedi.

Ele limitou-se a sorrir antes de pôr a bola junto aos pés e começar a correr. Passou por mim, sorrindo e encarando-me. Voltei-me para ele e vi-o passar pelos nossos defesas com uma enorme rapidez e alguns truques, antes de parar em frente à baliza.

—Vamos lá!- claro que o meu primo estava entusiasmado com o desafio.

O tal rapaz começou por saltar por cima da bola, fazendo o pino. Começou a girar rapidamente até formar um pequeno remoinho, fazendo a bola sair do chão e parar aos seus pés, rematando com toda a força, chamando a técnica de Spinning Shoot. E sem hesitar, o Mamoru fez logo a God Hand. Teve alguma dificuldade para conseguir parar aquele remate, mas deteve-o.

—Venceste-me.- Sorri. Ao menos sabia perder. Comecei a aproximar-me. Estava curiosa por saber quem ele era.

—Sim, mas se tivesses rematado dentro da área, terias vencido tu, não?- ambos me encararam. Agora que pensava nisso, porque razão atirou de tão longe?

—Sim, é verdade.- O rapaz apenas sorriu.

—A tua técnica foi assombrosa. Gostava tanto que os meus amigos dos Estados Unidos a pudessem ver.

—Jogas futebol nos Estados Unidos?

—Sim.- Uau! Era impressionante- Até há bem pouco tempo fui selecionado para a liga juvenil dos Estados Unidos.

—Isso quer dizer que és realmente bom!- sorriu.

—Obrigado.

—Ouvi falar disso.- Claro que o Kidou tinha de o saber- Que um dos jogadores da liga juvenil dos Estados Unidos com mais futuro, era um rapaz de origem japonesa.

Todos ficaram extremamente admirados. Não os censurava, também o estava, obviamente. Nunca tinha ouvido mesmo quando estive na Europa. Afinal nem todas as noticias sobre futebol de lá chegavam àquele continente. E claro que era bem melhor conhecer alguém assim em pessoa e ver o seu potencia pessoal, do que apenas ouvir falar!

—E o que estás a fazer aqui no Japão?

—Vim ver uns amigos que estão neste Instituto.

—Mas o que estão vocês a fazer, rapazes?- a Aki e o Domon já deviam ter voltado! Só então me lembrei! Eles também tinham um amigo nos Estados Unidos, não? Com certeza que ficaram bastante contentes por conhecer este rapaz.

—Ah! Olá Aki! Domon! Venham! Veio aqui um rapaz que jogar muito bem futebol e...

De repente, o rapaz começou a correr na direção da nossa ajudante e quando chegou perto dela, abraçou-a. Claro que os rapazes começaram logo a fazer comentários. Claro que a Aki estava bastante corada.

—Ei! Ouve lá! O que pensas que estás...- assim que ele soltou a Aki, o Domon pareceu acalmar-se.

—Há quanto tempo.- Não estava a entender o que se passava, mas a nossa ajudante parecia positivamente espantada. O rapaz levou dois dedos à testa antes de piscar o olho- Sou eu, o Ichinose.- Então era esse o nome dele?

—Ichinose...

—Sim. Já estou aqui, Aki.

Afinal o Ichinose era realmente o amigo da Aki e do Domon. Nem tinha pensado sequer nessa hipótese! Os três estavam sentados no banco, a conversar enquanto todos nós continuávamos o treino. Eu e o Kidou agora tínhamos de organizar a equipa de modo a que todos pudessem rematar de vários pontos, até mesmo os defesas. Como tal ficaríamos de fora. Ao que parece, após o jogo contra a Sebayama, ele tinha visto algum potencial em mim para organizar um jogo. Só que agora não estávamos a fazer nada mais senão observar. Olhei por cima do ombro e vi que aqueles três estavam realmente felizes por se terem reunido uma vez mais. Algo se tinha passado com o Ichinose para mentir quanto ao seu estado, mas pretendia respeitar e quando ele quisesse falar sobre isso com todos nós, iríamos ouvi-lo.

—Vamos, Ichinose!- olhei para o Mamoru- Joga connosco, queres?- assentiu, sorrindo.

O Domon foi logo trocar de roupa para se juntar ao treino. O Ichinose não perdeu tempo e começou logo a jogar contra os nossos defesas e centro campistas. Eu, o Mamoru, o Goenji e o Someoka ficamos de fora, assistindo. Dali via-se melhor o quão bom ele era. Conseguiu passar por dois defesas ao mesmo tempo e avançou com toda a tranquilidade. Porém, o Kidou pôs-se logo à sua frente. O Ichinose levantou logo a bola com o calcanhar, o Kidou percebeu e saltou também para a parar, mas antes de poder reagir, a bola deu uma grande curva e voltou para os pés do Ichinose, deixando o nosso estratega boquiaberto. Se bem que foi realmente impressionante! Da parte de ambos! O Kidou conseguiu ver a jogada dele, ainda que não tenha sido suficiente.

—Está à altura do Kidou. Conseguir disputar a bola com ele sem problemas.

—Sim.- Afinal o Goenji também estava impressionado- O Ichinose é sem dúvida um excelente jogador!

—Muito bem! Chegou a hora dos lançamentos de penalti!- ri. Claro que o nosso capitão ficava sempre entusiasmado com essa parte do treino.

Os rapazes pararam mal o nosso capitão correu para a baliza. Ainda tentei chama-lo para que esperasse um pouco mais, só que não valeu de nada. Já estava na sua posição, pronto para defender qualquer remate. E claro, o Ichinose não demorou muito a colocar a bola no sitio corretor para poder rematar.

—Aqui vou eu.

—Vamos!

O Ichinose retrocedeu um pouco antes de avançar e rematar com toda a força em direção a um dos cantos da baliza, com um efeito de bola fantástico. O meu primo tentou defender, mas não chegou a tempo, mas por muito pouco.

—Não acredito. Faltou muito pouco para o capitão defender.- Pelo menos era bom ver que o Kabeyama e os outros rapazes estavam com um sorriso e nem por um instante duvidavam do capitão.

—É uma força a ter em conta.- Assenti. O Kidou não podia ter dito melhor.

—Vá lá, mais um remate!- levantou-se- Desta vez vou para-lo.

O Ichinose rematou uma vez mais com toda a sua força. O Mamoru saltou rapidamente e esticou-se o máximo possível para poder parar a bola com um punho, mas ao perceber que não conseguiria, abriu a mão e a bola tocou-lhe nos dedos, mas não foi suficiente para a deter.

—Mais um.- Eles estavam muito empolgados!

—Sim!

Passou-se uma hora e ambos continuavam com o mesmo. Claro que todos nós ficávamos a assistir, mas ninguém se parecia aborrecer. Uns começaram a torcer pelo Mamoru enquanto outros apoiavam o Ichinose. Eu apenas me divertia a ver o confronto e quão teimosos eram ambos e se recusavam a perder. Pensando bem, até eram muito parecidos. Ainda que por fora sejam diferentes, a paixão que tinham pelo futebol era igual.

No final, acabou tudo num empate e todos estavam exaustos. Chamei o Ichinose até ao banco para lhe dar a garrafa de água que tinha na minha mala que sempre levava para os treinos caso a água da botija terminasse rapidamente. Ele agradeceu e bebeu quase metade da água antes de receber uma toalha da Aki, sentando-se a seu lado.

—A vossa equipa é muito boa. E pensar que podes jogar futebol com eles...- encarou-me- Que sorte!- sorri. Realmente era muito sortuda.

—Dá inveja, não é?!- eu e a Aki encaramo-nos sorrindo.

—Sim, algo assim, mas isso não significa que me esqueça da minha equipa.

—Já vejo que é verdade que recuperaste totalmente.- Não sabia exatamente do que falava a Aki.

—Sim. Desculpa por te ter preocupado.- Nenhum dos dois disse nada mais. Só eu estaria a sentir ali um clima de romance?!- Fico feliz que tu e o Domon me tenham perdoado.- Esperava que ele dissesse outra coisa, mas enfim...

Olhei para a Aki, estava de olhos vidrados no campo. Talvez no... Mamoru? Ele gostava dele? Talvez estivesse enganada em relação ao possível romance dela e do Ichinose.

—Gostas dele?- assim que o Ichinose disse aquelas palavras, percebi que estavam a falar a mesma linguagem- Refiro-me ao Endou.- Sim! Ele também tinha entendido.

—O quê?!- claro que a Aki pareceu espantada com as suas palavras.

—Compreendo bem porque na verdade ele também me cai muito bem.

—Além disso é um excelente rapaz.

—Não é?!- encarei o Ichinose, sorrindo, antes de ver uma Aki corada e completamente atrapalhada e corada. Como a entendia.

—N-Não! O que estão a dizer? Eu nunca pensei no Endou dessa maneira, não!- ambos lhe sorrimos. Não valia a pensa esconder-nos isso. Até que pareceu dar-se por vencida. Não tinha como o negar, tanto que acabou mesmo a sorrir.

Como entendia a Aki. Como percebia aquele seu sentimento de paixão, de olhar para o campo e ver o rapaz que amava jogar, mesmo que ele não entendesse os olhares e os suspiros. Só podia olhar para o campo e observá-lo; durante os treinos, os jogos. Até nos poucos momentos fora dele eu aproveito para estar com ele. Dava tudo para saber o que ele pensa sobre mim e o que sente. Queria tanto ter coragem para lhe dizer o que sinto por ele.

—Mas parece que a Aki não é a única a gostar de alguém.- Encarei o Ichinose e a Aki. Ambos tinham grandes sorrisos estampados.

—O Goenji é rapaz com muita sorte.

—A-Aki...- ambos se riram. Senti-me levemente corada, antes de olhar para o campo- Mas sim... Eu realmente gosto dele. Gosto mesmo.

Não sabia porque dizia aquilo em voz alta, mas naquele momento pouco me importava. Não estava a dizer qualquer tipo de mentira, apenas o que sentia.

Do campo, vi o rapaz por quem me apaixonara encarar-me. Parara após passar a bola e agora fitava-me com um enorme serenidade no olhar e eu não deixava de sorrir. Não importava o quão corada pudesse estar e se ele podia ver. Sentia como se naquele momento à nossa volta não estivesse mas ninguém, apenas nós dois, trocando um olhar silêncio, mais um dos quais em que lhe dizia tudo o que sentia sem que ele se apercebesse disso.

Ele sorriu-me. O sorriso doce e calmo que me fez admirar. Jamais o havia feito para mim. A minha pulsação acelerou com aquele olhar. Como podia não o fazer?

Sorri mais um vez e comecei a correr na sua direção. Ele podia não saber o que eu sentia, mas, de momento, estar a seu lado é das coisas que mais me importa.


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Notas finais do capítulo

Reviews?!
Kissus!



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