Florence: Entre dois reinos escrita por Vihzau


Capítulo 4
Capítulo III: Callus


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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 Um pulo no f u t u r o:

— Pai! Pai! — Florence disse andando atrás de Oliver. — Eu não quero ir para Antenom!

Ele soltou a sua bolsa de viagem, deixando-a cair sobre o chão de madeira. Olhou para Florence com um olhar de piedade:

— Nós não temos escolha!

—  Claro que temos, pai! Vivemos aqui, não precisamos ir para um lugar que mal conhecemos! Não temos nada lá! — insistiu. — As fadas me disseram que lá é muito feio!

Ela se aproximou mais de Oliver.

— Não precisamos sair daqui, não vai acontecer nada comigo... Pai, por fav...

— Você não entende, Florence! — Oliver a interrompeu. — Eu sou um príncipe de Antenom! — disse com um tom raivoso. — Preciso cuidar de meu reino!

— Quê? — gritou.

 (...)

Estava escurecendo, a floresta azul estava ficando ainda mais fria. Oliver havia adormecido profundamente.

— Ei acorde! — A fada continuou a chamar. — Ei!

Ela mexia no corpo gelado de Oliver de todas as maneiras possíveis, mas ele não respondia.

— Callus logo irá acordar! Preciso tirá-lo daqui! — Solar suspirou. — Era só para ser um feitiço de embelezamento! Droga!!

Ela olhou para os lados e percebeu que por enquanto estava tudo seguro.

— Preciso chamar alguém para me ajudar, já volto, Oliver! — Ela lhe deu um beijo na bochecha.

Ambre e Zara estavam desesperadas procurando pelas florestas por Oliver.

— Oliver!!!!! — Ambre gritou enquanto usava sua varinha para abrir espaço entre as árvores rosadas.

— A culpa é toda sua! — Zara disse irritada. — Nada disso teria acontecido se você tivesse dito que gostava dele!

— Cale a boca, Zara!!

— Cale a boca? Você sempre se acha a senhorita que não tem sentimentos... Ele com toda certeza deve ter cansado de você. — respondeu ainda mais irritada.

— Eu só achei que estava cedo para começar a dizer que gostei dele... — respondeu nervosa. — Não queria confundir as coisas...

— Ele é um príncipe, Ambre... Quem é que nega um príncipe?

— Zara, no nosso dia a dia não existe realeza. Então ele é como nós...

— Para o seu coração ele é como nós? — perguntou a encarando. — Porque se fosse você não tentaria fugir do seu gostar.

Ambre permaneceu quieta sem ter o que dizer.

— Quero ver se ele foi embora e nunca mais voltar! Tudo culpa sua! Tudo! — Zara usou sua magia para abrir mais um espaço entre as árvores.

Ambre estava completamente irritada e se sentindo mal pelo sumiço de Oliver. Havia acordado uma hora depois de ele ter saído, não ligou muito, pois achou que ele devia ter ido fazer a caminhada dele pelas florestas para testar sua habilidade como todos os dias. Horas se passaram e percebeu que ainda não havia voltado, foi quando Zara sentiu que ele estava em perigo e correu para avisar Ambre. Desde então, ambas estão procurando por ele.

— Nós vamos achá-lo, Zara... Mantenha-se calma! — suspirou pensativa.

Zara soltou um olhar gélido para ela, que percebeu que realmente a fada não iria se manter calma.

— Oliver!!!! — gritaram em coro.

— Socorro!! Alguém aí?! — Solar gritava do outro lado da floresta. — Socorro!!! Alguém me ajuda!

Solar olhou para o céu e percebeu que a lua logo estava aparecendo, isso significava que Callus iria caçar.

— Aaaaaah! Socorro!!! — Entrou em pânico.

— Ambre, consigo sentir a energia de outra fada... — Zara sussurrou.

Assim como fadas tem a habilidade de sentir a energia de humanos e feiticeiros, também conseguem sentir entre sua própria raça.

— Podemos ver se ela sabe o paradeiro de Oliver... Vamos?

Zara fez que sim com a cabeça.

Ambre apontou sua varinha para seus pés e desejou que tivesse velocidade. Logo, uma luz verde cobriu-os.

— Vamos!!!

Ambre correu velozmente e Zara voou logo atrás dela. Passaram rapidamente pela floresta violeta e logo já estavam na floresta negra.

— Oliver!!!

Solar ouviu os gritos e gritou junto.

— Ambre, ela sabe de Oliver! — gritou.

— Me ajudem, por favor! — Solar suspirou. — Precisamos tirá-lo de lá.

Ambre se aproximou.

— Onde ele está?

Oliver havia acordado do encanto de Solar, olhou-se e viu que usava vestimentas novas. Solar havia feito um casaco preto grande como um jaleco, uma calça simples de material mágico e um sapato combinando com o casaco-jaleco. Seus cabelos também estavam mais arrumados.

— Que fadinha danada. — sussurrou.

Piscou os olhos para sair do transe e olhou para o céu.

— Nossa! Ambre vai me matar!

— A Ambre Oeste? — perguntou uma sombra que estava atrás das árvores. — O que você é de Ambre Oeste?

Oliver suou frio imaginado quem era que estava atrás da Árvore.

— Quem está aí? Apareça!

— Você tem um cheiro formidável! Juro que senti pitadas de realeza em você... Parente de algum rei?

A voz era extremamente grossa que mal dava para entender o que dizia.

— Sou apenas um feiticeiro! — Oliver se distanciou.

— Está com medo? — A sombra apareceu dentre as árvores. Era uma figura horrenda, magro, alto, com os olhos cor azul. Sua pele era tão clara que lembrava gelo, seus cabelos eram brancos, e o seu sorriso assustador. O rosto era fino, com uma expressão forte e sombria.

— Você não parece um feiticeiro! Está mais para um príncipe! Delicado demais... — Aproximou-se. — Me chamo Callus, acho que já ouviu falar de mim.

Callus apontou sua varinha em forma de serpente para o rosto assustado de Oliver.

Oliver só conseguia pensar em uma palavra: — Inferno! — sussurrou.

— Não está com medo, né? — Callus soltou uma gargalhada infernal.

— Eu vou matar você!!! — Ambre gritou empurrando Oliver para trás.

— Ora, ora! Ambre arrumou um namoradinho! — Debochou. — Que meigos!

A feiticeira apontou sua varinha negra em direção ao rosto de Callus, sua luz verde brilhou. Ela o encarou com os olhos cheios de raiva, uma expressão forte. Suas pernas tremiam devagar.

— Sente medo, Ambre? — sorriu Callus.

— Medo? Eu não tenho medo de nada!

Callus sorriu maliciosamente, mandando um feitiço em sua direção.

— Ambre!! — Oliver gritou se aproximando dela, mas Zara e Solar ergueram sua magia e o puxaram para trás.

Ambre desviou e correu para perto de uma árvore, apontou sua varinha e sussurrou algumas palavras em outra língua. Sua luz verde correu em direção aos olhos de Callus, que desviou, mandando um feitiço através de sua luz negra, porém também não acertou Ambre.

— Tirem Oliver daqui! — gritou.

— Não!!! — Ele respondeu.

Solar e Zara ergueram suas mãos sobre Oliver e o arrastou em direção a elas.

— Me perdoe, bonitinho. — Solar sussurrou.

— Agora é só eu e você, Callus! — gritou a feiticeira. — Como no início...

— Poxa seria um prazer derrotar vocês dois juntos. — respondeu em um tom sarcástico. — Ele fica para a próxima.

Ambre cerrou os dentes e levantou sua varinha.

— Leturno!! — gritou.

E do céu caíram-se chuvas de fogo acima de Callus. Apenas uma o atingiu, em seu braço esquerdo que sangrou levemente, pois logo criou uma proteção para si.

— Você terá que ser melhor do que isto, Ambre Oeste.

Ela sentiu-se nervosa, precisava derrotá-lo, precisava dar este orgulho para os habitantes de Viena, precisava continuar viva, queria poder contar o que sentia para Oliver antes de morrer. Ela sabia que com Callus vivo não viveria por muito tempo, queria proteger Oliver. Suas pernas bambearam com seus pensamentos negativos e resolveu parar de pensar em coisas deste tipo e focar na batalha.

— Leturno Sacoma!!!

Chamas verdes de ácido caíram sobre Callus, que logo revidou sussurrando algumas palavras. Sua varinha em formato de cobra lançou luzes pretas em direção de Ambre, que foram tão rápidas, conseguindo atingir o coração dela. Ambre logo caiu de joelhos sobre o chão. 

Sentiu bastante dor, e partes de seu corpo começaram a sangrar respondendo a tal ataque.

— Droga! — murmurou.

— Vejamos só... Ambre Oeste de joelhos em frente a mim... Seria cômico se não fosse real e esperado — Riu. — O que é uma pena... Você podia está aliada a mim, querida Oeste.

Ela tentou se levantar, porém seu coração doía e isso dificultava fazer qualquer força. Olhou para o rosto horrendo de Callus e algumas lágrimas de raiva caíram de seus olhos.

— Não posso falhar. — murmurou.

— Não chore, Ambre, já era esperado você ser morta por mim! — Ele se aproximou. — Eu podia ter pena e deixar você viver... Até porque você é como eu, porém você me rejeitou, então preciso me vingar... Desculpe!

Ela tentou mais uma vez se levantar, até que Callus a empurrou com os pés. Derrotada e deitada sobre a grama da floresta.

— Se você tivesse aceitado ser minha desde o princípio, nada disso teria acontecido.

— Eu nunca vou me entregar a você, jamais serei a reencarnação de Hadassa. — Lágrimas de raiva saíram de seus olhos. — Você vai morrer assim como sua maldita Selene!

Ele a chutou com mais força, acertando sua cabeça.

— Não se atreva a falar de Selene dessa forma! E sim você será minha Hadassa! — respondeu sorrindo. — Hadassa merece a vida eterna e você é a única feiticeira forte o suficiente para completar o meu ritual.

— Hadassa odiaria saber que você quer matar alguém para tê-la novamente... — respondeu cuspindo nos sapatos dele.

— E quem foi que disse que eu a trarei como ela era exatamente? É obvio que será uma Hadassa mais ao meu estilo.

— Não... — Os olhos dela se arregalaram. — Na verdade você só quer usar Hadassa para os poderes de Selene nascerem novamente...

— O amor de um feiticeiro puramente sombrio e uma feiticeira puramente da luz, nasce uma Selene... A feiticeira que sabe controlar os dois tipos de magia.

— Você acredita mesmo na lenda de Selene? — Ambre respondeu nervosa, tentando se levantar novamente.

— Selene é minha mãe, a criadora da magia sombria, Ambre.

— Você não sabe o que está falando, demônio! — respondeu levantando sua varinha em direção a ele citando um feitiço de fogo.

O feitiço o afastou, mas não o fez ficar mais fraco. Callus se aproximou novamente dela e seu feitiço sombrio atingiu todo o corpo de Ambre a fazendo cair novamente.

— Não vou deixar você ressuscitar Selene, seu demônio!

— Ah não? — Ele começou a rir. — Quem vai é Hadassa... Minha Hadassa!

Callus apontou sua varinha para o rosto dela e sua luz negra brilhou.

— Minha Hadassa!!!

 Ambre o fitou com um olhar insano e sorriu, sangue escorreu pelos seus lábios pálidos. Sua cabeça começou a pensar em várias loucuras, pois ela precisaria sair dali, Callus não poderia roubar sua alma como queria.

— Attack reverso. — sussurrou para si levantando sua varinha em direção a Callus.

— Até outra vida, Ambr...

A luz verde transformou-se em um raio de fogo e atingiu milhares de partes do corpo de Callus, o deixando decapitado. Logo, ele caiu para trás deixando apenas algumas palavras ao vento: “Eu volto!” e uma risada escandalosa se alastrou pelo lugar.

— Eu vou te matar todas as vezes que voltar, Callus. — Sorriu insanamente.

Com um pouco de dificuldade ela se levantou, chegou mais perto de Callus e observou seu corpo todo cortado, uma lágrima de alívio saiu de seus olhos. Sentiu-se feliz ao ver aquela cena.

Foi mancando até sua casa, onde as fadas haviam levado Oliver, no caminho foi testando alguns feitiços para regenerar seu corpo, mas foi percebendo que sua energia estava esgotada demais para conseguir fazer um feitiço desse tipo, precisava descansar.

(...)

— Me soltem!!! — Oliver gritou tentando se soltar de uma corda mágica que o prendia em sua cama. — Solar, me deixa sair daqui!!

— Não adianta pedir a Solar! Eu não vou deixar você sair! — Zara fez bico.

— Bonitinho, por que não relaxa? Vai ficar tudo bem! — Ela se aproximou e colocou suas mãos sobre os cabelos dele. — Quer um chocolate? Eu faço para você.

— Essa daí ficou apaixonada pelos encantos de Oliver. — Zara revirou os olhos.

Oliver e Solar deram língua para Zara.

— Você pode me dizer o que você fez para o Oliver apagar?

— Ah... Sobre isso... Desculpas, bonitinho! — Corou. — Eu errei o feitiço, mas depois concertei... Eu só queria ter trocado suas roupas, por algo mais quente.

— Então quer dizer que não se lembra do primeiro feitiço que fez? Queria que fizesse de novo para ele calar a boca!

— Quê???  — Ele gritou.

Solar riu deles dois.

A porta abriu com um barulho estrondoso, e as fadas foram ver o que havia acontecido. Era Ambre mancando até a entrada, havia aberto a porta com o pé esquerdo por isso havia feito tal barulho. Estava com os joelhos sangrando e o rosto com algumas marcas de sangue seco. 

— Onde está o Oliver??? — gritou quase sem voz.

Solar voou até ele para soltá–lo.

— Ambre, o que aconteceu? Está tudo bem? — Zara se aproximou. — Por que não usou o feitiço de regeneração?

— Estou fraca demais para conseguir fazer tal feitiço.

Oliver correu em direção a ela, abraçando-a. Ela conseguiu sentir a dor do abraço dele, porém havia gostado de sua preocupação e carinho. Encarou-o e com os braços quase fracos, deu lhe um tapa de esquerda.

— Que isso?! — respondeu colocando o braço no rosto marcado de vermelho­­-mão.

— Isso é porque você sumiu e por causa disso ocorreu essa confusão!

— Mas... Mas...

Solar mordeu os beiços sentindo-se culpada.

Ambre sorriu e aproximou-se mais de Oliver, colando seus lábios no dele. Ele se assustou, a cor de sua pele ficou compatível ao tapa que havia levado.

— E isso é porque depois disso tudo eu precisava te dizer o que sinto. — Suas bochechas coraram. — Não quero imaginar te perder, Oliver... Por favor, não suma novamente.

Solar fechou os olhos após ver a cena e Zara soltou algumas risadinhas. Já Oliver continuou sem reação, ficou alguns segundos tentando digerir o que acabara de ouvir. Ambre estava fraca demais e acabou jogando seu corpo contra o dele, que após disso a pegou em seu colo e a levou para a cama. Oliver não conseguiu pensar em uma resposta, já que Ambre havia se jogado em seus braços, mostrando tal fraqueza, ele a pegou em seu colo e levou para a cama. 

— Ah não... Apaixonei-me por alguém que já tem um cônjuge. — Solar sussurrou pensativa observando Oliver cuidando dos machucados de Ambre enquanto ela adormecia.

Após deitá-la, ele pegou uma bacia de água e um pano, com isso começou a limpar seus machucados cuidadosamente. Observava carinhosamente o rosto de quem se esforçou muito para protegê-lo e sentia zelo por isso.

Zara sentou-se próxima a janela e observou o céu estrelado. Uma pergunta não conseguia sair de sua cabeça:

 — Será que Callus realmente foi derrotado?


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