Sempre ao seu Lado escrita por Aquela Trouxa


Capítulo 23
23 de Julho ➶


Notas iniciais do capítulo

Depois de todos esses benditos dias, consegui finalizar este capítulo, é frustrante ter o capítulo bem elaborado na mente, mas não consegui reproduzi-lo em palavras, aiai viu, mas bora lá com ele finalmente!



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Sempre ao Seu Lado 

Capítulo 22 

 

 

— Daqui a quinze minutos precisarei que torne a medir a pressão dela. — a voz de Carlisle sobressaiu do embaralho de sons das aparelhagens médicas que eles haviam equipado dentro deste escritório. Carlisle continuou comandando a Esme sobre pequenos auxílios que ela poderia operar para ele. Esme por fim assentiu puxando do meu braço a faixa anexada ao velcro fazendo um barulho alto e particularmente irritante afastando-se com o aparelho para o outro lado do cômodo pela terceira vez desde que fui carregada até aqui. 

 

— Esme! — sussurrei chamando-a ao inclinar-me para frente enquanto envolvia minhas mãos inutilmente passando sobre os sensores da cardiotocografia no semicírculo que minha barriga formava. Seus olhos amarelados logo estavam atentos a mim disposta a me ajudar no que fosse preciso. Suas mãos gélidas afastaram as minha do meu ventre e amavelmente me repreendeu por movimentá-las. Sentia minhas pernas tremerem, assim como também de maneira preocupante, as minhas mãos. O aperto e a sensação de revolta no estômago ocasionavam um mal-estar mais uma vez — Preciso do balde... — gemi as palavras que saíram repuxadas por meus lábios, que a essa altura estavam ressecados, minha boca estava começando a aguar devido ao forte enjoo que premeditava o que estava próximo de vir. 

  

Num segundo Esme já estava me auxiliando com o balde abaixo do meu queixo a tempo. Sua exatidão me deixava mais aliviada por estarmos evitando um acidente nojento. Enquanto eu me encontrava ocupada pelo movimento automático do meu corpo em tentar expulsar algo inexistente no meu estômago que já se encontrava muito vazio, eu ouvi a pesada porta do escritório de Carlisle ser aberta e passos suaves conduzidos por um salto alto andar de um lado para outro pelo cômodo. Não havia dúvidas de que os saltos pertenciam a Alice, ela estava auxiliando Carlisle com alguma coisa que pudesse apresentar motivo o suficiente para a possível falta dele no hospital hoje. Por mais que ainda sequer estivesse amanhecendo, a família parecia lidar com bastante afinco na convicção de suas omissões. Não que minha saúde neste exato momento não fosse motivo o suficiente, mas ninguém poderia sequer imaginar que eles mantinham uma paciente paranormal dentro de sua mansão!   

 

 — ... Essa opção é claramente aceitável, até porque eles realmente foram para lá. — consegui espiar por cima da borda do balde, a pequena Alice apresentar uma papelada a Carlisle garantindo a desculpa perfeita — Se quiser, eu posso ligar... — sugeriu desaparecendo com ele pela porta mais uma vez. 

 

Usei minhas mãos trêmulas para afastar o balde de perto do meu rosto ao tornar me sentir um pouco melhor. Esme me analisava preocupada e dessa vez percebi que ela deixou o utensílio mais próximo de mim, para ser mais específica, abaixo da maca para agilizar o uso. Fechei os olhos e me encostei novamente na cama hospitalar, sentindo a textura da pequena toalha húmida que Esme passava sobre meus lábios e bochechas. Sua ação carinhosa me rendeu mais alguns poucos segundos de estabilidade até que eu tornasse a sentir frio e meu corpo tornar a se contrair involuntariamente pela constante tremedeira que não passava. 

Meu tórax exercia um movimento dramático de sobe e desce e a cada expiração eu conseguia sentir a dificuldade que estava tendo em respirar, Esme que não havia se afastado de perto de mim por mais do que uns dois segundos, notou que eu estava sendo afetada de outra maneira. Suas mãos geladas tocaram meu rosto melado de suor frio. 

 

— Querido... — chamou por Carlisle sem nem precisar elevar sua voz, por um momento pensei que ele estivesse atrás dela — Por favor, acho que está na hora de utilizar o oxigênio. Amberli, querida olhe para mim — pediu ainda com suas mãos nas laterais do meu rosto. Abri meus olhos um pouco assustada por ter que usar mais alguma coisa presa na minha cara — Tente respirar bem devagar, você está bem, não ficará mal. Tente... Olha, o bebê precisa respirar devagar também... — me falava enquanto Carlisle retornava em seu escritório com um cilindro de oxigênio e a máscara nas mãos.  

 

Quando vi que não seria um tubo a ser colocado dentro de mim me senti mais calma, mesmo que a maneira sôfrega que eu ainda continuava respirando não pudesse demonstrar meu alívio. Tornei a passar minhas mãos pela barriga, mas assim como horas antes, havia uma calmaria absurda. Esme, que não havia afastado suas mãos de mim por nenhum segundo, apenas o fez para auxiliar o marido, passando o elástico por minha cabeça e encaixando a máscara na base nasal sentindo o contorno no espaço que cobria todo meu nariz e boca garantindo que a sonda que estava no meu nariz não fosse comprometida. Carlisle tomou a frente com as palavras de instrução de um médico experiente me auxiliando no comportamento que teria quando ele abrisse o acesso de oxigênio que a máscara me proporcionaria. As quantidades distribuídas para o método de auxílio na respiração estaria quase forçando meu corpo a tragar a quantidade ideal no tempo certo e necessário para o meu corpo. Só assim eu e o bebê teríamos a oxigenação ideal, na base do possível, de maneira rápida. 

 

 — Manteremos você aqui sob observação Amberli, —ergui meus olhos para Carlisle, que se aproximou da maca passando pelo enorme aparelho que monitorava o bebê pegando o extenso papel que era impresso conforme os dados coletados saiam — não poderá sair enquanto sua pressão não se normalizar e também preciso que você tente se acalmar. — falava atento as linhas que eu não entendia. — Irei te medicar para conseguir dormir, o efeito será lento e ajudará seu corpo a manter-se calmo até que durma. Está se sentindo mal com mais alguma coisa? 

 

 

 — Eu não o sinto... Não consigo senti-lo. — pressionei meus dedos na textura firme que havia por baixo da fina camada da minha pele fragilizada que a cada momento perceptível ficava maior. Carlisle desceu seus olhos para a direção dos movimentos de meus dedos trêmulos e ficou pensativo — Há algo de errado acontecendo com o bebê? — perguntei com dificuldade sentindo a pressão na garganta me deixando tão angustiada que poderia até mesmo chegar a chorar. Forcei-me a engolir a saliva a fim de poder tentar amenizar o aperto que doía dentro de mim. 

 

 

— Não há problema algum direto ao bebê. — tocou em meu ombro — Você conseguiu conversar com o bebê, apresentou Hilary... Volte a falar com o bebê. — instruiu erguendo meu braço chamando Esme para perto com o aceno de sua mão livre — Chame-o e torne a conversar, acredito que logo estará sentindo-o. Querida, — voltou-se para a esposa que já estava ao seu lado com uma pequena bandeja em mãos— obrigado. — tomou uma seringa fina e longa na direção do tubo que havia fixado com esparadrapo em minha mão esquerda com o que eu achava que deveria ser o soro. Num instante ele aplicou o medicamento na segunda entrada do tubo, logo ambos estariam correndo em minhas veias. — Aconselho a ter a conversa em voz alta quando despertar, agora apenas preciso que ambos descansem, mas tente se envolver com seu bebê mentalmente também, emoções maternas influenciam nos movimentos do bebê dentro da bolsa. — afastou a seringa colocando de volta na bandeja.  

 

 

Carlisle ergueu sua mão direita a colocando ternamente sobre minha cabeça e com um sorriso curto se afastou da maca, levando a bandeja de Esme com ele e parou a frente de diversos pequenos monitores que não paravam de apitar para continuar a monitorar tanto a mim, quanto ao bebê pelos aparelhos que ele havia conectado em meu corpo.  

Esme envolveu sua mão fria na minha e ficou ao meu lado por longos minutos em silêncio mesmo ao parecer que eu não falaria nada com ela. Fazia tantos minutos que estávamos assim, que Alice já havia voltado com saltos enormes em seus pequenos pés para dentro do escritório levando Carlisle com ela, ele já havia retornado para examinar as medição da pressão que Esme fazia a cada intervalo de tempo; tornou a aplicar mais medicamentos através dos tubos mantidos em ambos os braços, fora a mão esquerda; intensificou a oxigenação da máscara porque meu corpo aparentemente não estava recebendo o suficiente; analisou minuciosamente cada código que estava sendo registrado pelas máquinas de monitoramento; atendeu a dois telefonemas e mais uma vez, saiu do seu escritório, que agora parecia um leito de tratamento intensivo, por mais que eu nunca tivesse visto algum antes. A claridade dentro do cômodo era outro ponto que me dava noção de que a hora continuava a passar. 

 

 Suspirei alto por dentro da máscara de oxigenação que estava auxiliando meus pulmões a respirar. O ato atraiu a atenção de Esme, que se inclinou para mim, como havia presumido. Balancei a cabeça com cuidado negando sua preocupação com minha possível piora e abri minha boca para finalmente conversarmos: 

 

 — Cael foi o nome masculino que eu mais me interessei. — iniciei o assunto com Esme, poupando meu diálogo sobre os detalhes de que estava me referindo à conversas passadas que tive com Cole a respeito dos habitantes da sua tribo, eu sabia que todos da sua família possivelmente havia ouvido. Aproveitei minha própria pausa para tragar uma respiração mais longa — Cole disse que Cael era filho de uma das cinco grandes casas da hierarquia indígena, ligado à outra tribo vizinha... 

 

 — Ele possui algum significado que te atraia? — Esme perguntou inclinando-se na minha direção. 

 

 — Não tive tanto tempo para pesquisar o real significado. — admiti após respirar mais um pouco do oxigênio para dentro dos pulmões. Rosalie havia me emprestado seu celular para que eu tivesse mais liberdade digital dentro da casa e havíamos aproveitado para pesquisarmos mais nomes — Mas a ancestralidade carregada no nome já me cativou o suficiente. — pontuei fechando os olhos e tornamos a ficar em silêncio. 

 

Há quatro dias atrás, Cole havia deixado meu quarto, ele não havia apresentado resistência alguma em se retirar do cômodo quando eu consegui expulsá-lo gentilmente de lá. Desde então eu estava na defensiva. Ele estava frequentando a mansão de Esme e Carlisle constantemente. 

 Eram visitas curtas, ficava próximo por vinte minutos e logo partia, em algum momento ele tornava a voltar, fazendo essa rotina cinco vezes durante o dia. A situação afetou drasticamente o humor oscilante de Rosalie, que tentava se controlar em todos os minutos em que Cole estava ao meu lado. Não que ele fosse o causador, é claro, mas Jacob sabia das melhores artimanhas para fazê-la bufar como um touro irado, isso fazia com que ela ficasse extremamente aliviada quando me convencia a tomar banhos longos e perfumados todas as vezes que ele saía.  

Ela tentava saber mais a respeito de como eu me sentia com a aproximação solidaria de Cole, mas eu não me sentia disposta o suficiente em externar isso para alguém, era algo prematuro demais, seria estúpido gerar qualquer expectativa em algo totalmente inexistente. Por mais que no fundo eu quisesse gritar por todos os sentimentos que eu contenho perto dele. 

Eu não iria ficar babando por um cara, apenas porque ele é muito bonito e fica andando por aí sem camisa como se estivesse curtindo um feriado no litoral! 

 Apesar do modo conturbado de como havíamos nos conhecido, Cole mostrou ser simpático e bem falante e quando se juntava com Renesmee então, era impossível calá-los, poucos minutos juntos bastavam para que se tornasse os maiores diálogos que eu já havia presenciado em tão pouco tempo, sem contar quando ele se juntava à Emmett para alegrar Hilary; minha pequena apertava tanto seu pescoço quando o abraçava, que muitas vezes eu tentava afastá-la para que não o machucasse; Cole apenas ria e tornava a ter minha filha em seus braços, dizendo que nenhum esforço dela chegaria machucá-lo. Isso me deixava bem mais relaxada e feliz, apesar dos pesares que eu estava passando, já que a gravidez continuava avançando rápido.  

Uma observação positiva que eu mantinha dentro de mim a respeito dele, era que Cole nunca olhava primeiro para a sonda colada na lateral do meu rosto que entrava por meu nariz, ou para a barriga que crescia absurdamente, muito menos para o suporte com a bolsa de sangue humano que eu arrastava atrás de mim. Ele sempre me olha diretamente nos olhos, como se nada mais o importasse; como se tudo que ele tivesse feito durante as demais horas do seu dia sequer tivessem valor quando estava comigo. E isso me deixava inquieta apesar de também sentir-me deslumbrada, sentia um turbilhão de sensações dentro de mim, havia uma essência prazerosa que eu nunca senti em toda a minha vida; é como um aroma fascinante que apenas em pensar deixava um rastro arrepiante que subia por meus braços afetando todo meu corpo. 

 Isso me dava medo, porque é algo desconhecido. 

 Eu não tive coragem de comentar a nenhuma das mulheres Cullen a respeito, nem mesmo após as indiretas de Rosalie... “É algo prematuro demais!” eu penso irritada, “Não dá para agir como uma adolescente com o papo de se deixar levar, não mais!” 

 

 Suspirei alto outra vez, abrindo meus olhos e os revirando, me repreendendo por tornar a pensar em Cole. Fechei os olhos. Não deveria estar pensando nele... até porque, a última vez em que nos vimos, na noite anterior, eu estava bem, sem nenhum mal-estar gestacional. Agora, horas depois eu quase estava sendo entubada por falta de oxigenação. Quase consigo imaginar o espanto dele ao me ver com uma máscara de oxigênio no rosto e agulhas mantidas nos braços. Ergui minhas sobrancelhas espantada, ainda de olhos fechados, para o pouco tempo de convívio eu parecia conhecê-lo bem... 

 

 — Está sentindo algo de errado, Amberli? — Esme cochichou. Movi minha cabeça bem devagar negando. 

 

 — Espero não estar aqui até que Cole apareça. — falei por dentro da máscara que ainda estava no funcionamento da oxigenação — É horrível ficar com tudo isso em mim! — reclamei. 

 

 Esme soltou um breve riso e usou sua outra mão para afagar minha cabeça. 

 

 — Você já deveria estar dormindo — fez uma observação passando seu dedo frio por cima da minha pálpebra fechada— O que anda passando por sua cabeça, querida? Seu corpo já está relaxado, mas sua mente... 

 

 — Sim, há muita coisa passando dentro dessa cabecinha. — concordei abrindo meus olhos olhando diretamente para ela. Eu me sentia muito à vontade com Esme. Se Rosalie chegava a me lembrar da figura materna que Anna foi para mim, Esme era o próprio sonho de mãe que muitos gostariam de ter — Mas, ainda não quero falar sobre isso. Sim, — não a deixei falar — Eu deveria estar me abrindo sobre isso, é o que eu também diria a Hilary, mas ainda preciso de mais informação. Talvez amanhã... É, eu sinto que amanhã eu posso estar mais disposta. 

 

 — Tudo bem então querida, não quero que pareça que estamos forçando-a contar tudo que lhe aflige. — desculpou — Não tornarei a instigar nada mais sobre isso! — tornamos a ficar por um breve momento em silêncio — Hum... Tenho novidades! 

 

 — O que é? — ergui meus olhos curiosa, procurando seu olhar dourado, que sorria para mim. 

 

 — O álbum está pronto! Logo Alice receberá a encomenda. Agora ela está a todo vapor elaborando as fotos que produzirá com Hilary! 

 

 — Uau! — sorri também — Eles são rápidos! 

 

 — Sim, você já percebeu como Alice é, ela está ansiosa para ver a qualidade de cada foto que registramos de você... 

 

 Concordava com Esme, Alice era tudo e muito mais. Uma criaturinha bem difícil de ser explicada, ela é incrível e impossível também. Como ela havia avisado, eu teria uma nova sessão fotográfica para os novos “meses” corridos da gravidez. Ela havia me arrastado para o seu enorme quarto e disponibilizou roupas e acessórios caríssimos. As sessões feitas com Esme e Rosalie haviam tido o toque romântico e delicado, já o de Alice esbanjava modernidade. Ela havia aproveitado a hora em que Cole não estava mais para poder me fotografar sem olhos curiosos ao redor, o que eu agradeci muito, pois agora eu teria alguma novidade para compartilhar com ele e seus ‘irmãos’, que são os demais “garotos” quileutes que eu já conheci, eles acham mais práticos serem chamados assim. E desde então, atendi a essa preferência. 

 

 Renesmee havia me contado que os irmãos quileutes, incluindo Cole, sabiam sobre o tipo de gestação que eu estava tendo, até porquê, ela era uma criatura gerada na mesma condição e eles sabem o que ela e sua família são realmente. Isso não me surpreendeu muito, apenas consegui entender o porquê deles não se afetarem tanto com meu ventre maior a cada dia, isso não fazia com que eles deixassem de me analisar, é claro. 

  

— Minha filha?... — hesitei em externar minha pergunta. 

 

 — Sim, — passou seus dedos entre as mexas do meu cabelo — ela demorou para dormir, mas não despertou nenhuma vez até agora.  

 

Infelizmente eu não poderia dizer o mesmo das reações de Hilary. Ela é um bebê ainda, está conhecendo o mundo a nossa volta e tendo bastante curiosidade, mas a questão gravidez é uma peculiaridade particular, ela entende o que é um bebê e crianças por ter frequentado a creche, mas nunca me passou pela cabeça estar apresentando à minha pequena a um futuro irmãozinho ou irmãzinha tão cedo! Olhar em seus olhinhos infantis e explicar, brincar e apresentá-la a um bebê que ela ainda não pode ver, “pois está dormindo dentro da mamãe” está sendo a primeira fase do desenvolvimento de perguntas, apresentações e respostas entre mãe e filha. Em alguns poucos momentos, Hilary parecia adorar a ideia de ter um amiguinho para brincar com ela, falava sobre o “outro bebê da mamãe”  a quem estivesse disposto a ouvi-la; já na maioria das vezes, ela não suportava tocar a minha barriga, ver ou falar sobre o bebê, ontem mesmo ela teve uma crise de choro tão intensa e dolorosa de se ouvir, apenas Esme conseguiu fazê-la dormir, eu havia ficado tão preocupada com seus gritos chorosos que não havia conseguido dormir, nem mesmo sabendo que ela já havia sido acalmada e que estava dormindo no berço do quarto vencida pelo cansaço de ter passando tanto tempo gritando e chorando nos braços de Esme. Me senti tão impotente, sem utilidade alguma para minha própria filha, que cheguei a chorar em silêncio dentro do quarto enquanto eu ouvia o eco de seu choro pelo corredor da mansão, no momento eu não aceitei a presença de ninguém ali comigo, eu não queria alento algum. 

Ouvi-la sem poder fazer nada me causou uma dor tão intensa, que sequer consegui agradecer Esme pela compaixão, nem havia percebido quando ela colocou minha filha no berço, eu tornei a me sentir uma mãe tão medíocre e inferior do mesmo modo que havia me encontrado com a partida inesperada de Angie, que percebi os indícios de uma crise forte começar, me deixando desnorteada, tão mal a ponto de não hesitar em chamar Carlisle para que pudesse saber o que estava acontecendo, eu não conseguia parar de chorar e minhas mãos tremiam tanto que se me pedissem para segurar uma caneta ou um copo vazio, eu não teria certeza se conseguiria mantê-los em minhas mãos. 

  

Assustei-me quando senti as mãos congelantes de Esme envolver a faixa em meu braço para que ela pudesse estar medindo a pressão novamente, mais quinze minutos haviam se passado. 

 

 — Desculpe-me por ter te acordado... — sussurrou movimentando o aparelho que apertava meu braço a cada movimento que ela repetia. Resmunguei um “Obrigada”, ela havia me feito um enorme favor — Hum... Sua pressão estava subindo, mas agora está melhorando, assim poderá dormir tranquila por mais que quinze minutos. — manteve a faixa apertada no meu braço e anotou a medição atual da pressão ela mesma, já que seu marido não estava no local. Logo puxou a faixa barulhenta para longe de mim e passou sua mão por meus cabelos. — Percebo que ainda está angustiada querida... — Esme comentou, me fazendo abrir meus olhos e olhar para os seus. Seu corpo frio me envolveu e apesar de sua baixa temperatura, seu carinho continha fervor — Ora Amberli, não se culpe, agora Hilary está bem, apenas está passando pela fase de aceitação de outra companhia familiar além de você, e têm poucos dias para isso... 

 

 — Eu, é... Obrigada... — suspirei sentindo a dor tornar a me pressionar— Minha filha também está passando por um período abrupto e tenho medo! — senti meus olhos lagrimejarem e tive que deixar de olhar em seus olhos pela grande quantidade de lágrimas— Esme, eu temo de que mesmo que Hilary não queira, ela se afaste de mim! E-eu não consigo suportar, i-isso me causa uma dor, uma angustia tão grande, ela nunca esteve me rejeitando tanto! Não consigo suportar a rejeição da minha própria filha! — deixei-me chorar em seus braços — Não consigo me compadecer, pois nós somos vítimas e mesmo que eu queira esse bebê, ela foi minha segunda chance de não errar! Eu não quero que ela esteja distante de mim, não agora... Ela é minha filha, eu a amo muito, e sequer entende o que está acontecendo! — apertei-me nos braços frios despejando tudo que apertava, consumia e tragava dolorosamente meu peito. 

 

— Oh, Amberli... Ela não, ela não faria isso... — Esme sentou-se no espaço que havia disponível na maca para conseguir me envolver melhor. 

 

 Eu conseguia me lembrar perfeitamente dos resquícios dessa dor e temia vivenciá-la novamente. Esme sabia que por hora suas palavras de conforto seriam lançadas ao vento, eu sequer teria disposição para entender o que sairia de seus lábios, por isso ficou em silêncio me amparando, como a mãe que ela sabia ser. Passado algum tempo novamente, ela não tornou a medir minha pressão e não disse nada a respeito. Carlisle tornou a aparecer, mas parecia hesitante com a situação que possivelmente ouviu, deu-me um tempo de descanso, se contentando em me avaliar através dos monitores e medições que tinha disponível.  

Ao passar mais alguns minutos de vistorias pelos visores, ele tornou a se aproximar de mim para inspecionar o cilindro de oxigênio e aplicar mais medicamentos nos bocais dos tubinhos conectados em meus braços, que tiveram que ser retirados e fixados em outro ponto da veia. Eu havia rompido as ligações ao movimentar meus braços, talvez esse tenha sido o motivo da medicação não ter reagido em meu corpo. Após novas perfurações para a entrada de novas doses de medicamentos, Hilary nos avisou de que havia acordado. Seu choro doloroso estava sendo ouvido por toda a casa e agora Rosalie estaria cuidando dela. Traguei fundo o oxigênio que a máscara em meu rosto me dava ao apertar meus dentes não me permitindo emitir som algum. Qualquer ação que eu ousasse ter agora poderia apenas contundir-me ainda mais. 

Foi um alívio ter conseguido dormir no abraço gelado de Esme enquanto Carlisle ainda aplicava medicações em mim. 

 

 


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Notas finais do capítulo

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