Hey! I love you... escrita por Lilissantana1


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente não sei se ficou bom.
Tomara q vcs gostem e muito obrigada a todas q comentaram no capítulo anterior. Fred fez sucesso. Acho q todas estavam esperando a visão dele.



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Rich ficou parado no mesmo lugar, me observando enquanto eu manobrava e saia do estacionamento da escola. Uma leve sensação de culpa me invadiu antes de acenar em despedida final. Mas, mais do que um simples acontecimento, aquele momento foi uma clara mostra de que meu coração se inclinava com mais ímpeto na direção de Fred. Foi ele, Frederic e a vontade de estar com ele, quem me carregou de lá. Era uma insanidade pensar dessa forma. Especialmente porque estamos juntos há tão pouco tempo, e estamos juntos de mentira! Nosso relacionamento é fantasia.

Como posso ter me apegado assim? Ignorando completamente as regras desse jogo e permitindo ser envolvida? Não queria saber, não queria pensar, não queria ser ponderada e correta, apenas segui os instintos, tomei o rumo do prédio conhecido esperando que dentro de alguns dias tudo se resolvesse da melhor forma possível.

Covarde.

Quando cheguei ao apartamento, Fred estava na sala com instrumentos tocando guitarra, mais especificamente uma música de Pink Floyd. Uma daquelas que ouvi milhares de vezes quando meu pai era vivo. Depois da morte dele, sempre que podia, evitava escutá-las. Mas, Fred não sabia disso, nem poderia saber, nunca falamos sobre meu pai ou sobre seus gostos musicais.

Ele estava tão compenetrado, tão ligado nos movimentos e no som. Entendi que se sentia conectado a melodia que escapava das cordas. Não quis atrapalhar e muito menos tornar aquele instante constrangedor informando que a música me trazia lembranças doloridas. E, como não fui notada, esperei pelo final. Quando ele se preparava para concluir a interpretação aproveitei para tocá-lo. Primeiro as costas levemente inclinadas para a frente, depois o rosto baixo quase escondido pelos cabelos desalinhados.

Ele me colocou sobre as pernas, aceitou e retribuiu meus carinhos. Essa sensação de estar com Fred era algo diferente do que experimentei com Rich. Os carinhos, os beijos, até nossas conversas são mais divertidas. Quase naturais. Na maioria das vezes sinto que posso dizer qualquer coisa. Posso ser mais do que sou.

E para confirmar, naquela tarde não foi diferente, nossa troca de palavras foi leve e repleta de provocações nas entrelinhas, regada a beijos curtos e sorrisos significativos. Isso até que Fred decidiu usar de um artifício bobo para me convidar ao baile. Sinceramente, esperava algo mais romântico. Mas ele não é assim, acho que nunca vou ouvir algo romântico saindo daqueles lábios carnudos. E de certa forma essa constatação é decepcionante.

Ele simplesmente falou:

— Oras Beth, quero saber se você tem vestido de baile...

Fiquei parada na mesma posição, olhando para ele. Frederic me puxou um pouco, nos aproximando. O sorriso debochado dos infernos estava me provocando junto com aquele tom de voz que eu aprendera a conhecer bem. Mas, tudo aquilo quase passou despercebido quando aceitei que aquela era a forma que Fred estava usando para me convidar para o baile. Que ele havia comprado os convites para nós.

— Vestido de baile? - fingi – Para que?– se ele podia brincar, eu também podia.

Com um leve puxão Frederic nos aproximou totalmente. Passei os braços na cintura dele e colei o queixo no peito para poder olhar para ele.

— Para... - um beijo – o baile... – outro beijo – do basquete.

Sim, Gabriel falara a verdade. Mesmo assim continuei a fingir que nada sabia. Ele merecia um certo desinteresse de minha parte.

— Precisamos de convites.

Ele não se deu por vencido.

— Dos convites cuido eu Beth. - encostou o nariz no meu - Agora quero saber se você quer ir comigo ao baile

Aquilo seria o máximo de romantismo que conseguiria de Frederic William Price lll? Provavelmente!

— Será depois do seu jogo não é?

Mais três jogos apenas para a final. Pensei com breve estremecimento. Será que estaríamos juntos até lá? Ou ele já teria me dito que não pretendia levar nossa relação a sério nunca? Fred interrompeu meus pensamentos:

— Sim, no dia seguinte. Ou melhor, na noite seguinte... quer ir Beth?

Revirei os olhos diante da expectativa estampada no rosto dele, constatando que Frederic já recebera o pagamento por tentar me provocar e ainda brinquei:

— Que remédio? Acho que ninguém mais vai me convidar... - desviei o olhar. Acabara de lembrar de algo importante. Da presença de Rich durante o almoço daquele dia. Meu ex parecia interessado demais em saber sobre meus planos para a data. Num ímpeto contei a Fred: - Rich veio falar comigo hoje... - os olhos cor de mel estavam próximos demais de mim, quase podia ver todas as nuances douradas que se desenhavam naqueles círculos brilhantes.

Meu coração balançou no peito quando senti ele se retrair levemente. Num movimento quase imperceptível.

— O que ele queria?

— Brenda e ele terminaram. Ou deram um tempo, sei lá... - expliquei sem me afastar.

— Ele quer voltar com você Beth?

Balancei a cabeça negativamente.

— Ele me procurou para conversar... disse que precisava falar com alguém que o compreende. Que nós nos entendemos porque somos parecidos... me parece que ele está...

— Perdido... do mesmo jeito que você estava quando ele pediu um tempo.

Fred lembrava de praticamente tudo o que ouvia ou que acontecia a sua volta. E isso explicava o fato de ter boas notas sem estudar ou participar efetivamente das aulas. Mas, ao mesmo tempo era assustador.

— É! - concordei.

— O que disse a ele?

— Que não podia conversar naquele momento. Que havia marcado com você.

Ele me encarou em silêncio. Se afastou um pouco me deixando com a sensação de vazio, de ausência.

— Você está com medo de que Beth?

— Não estou com medo. - falei mais firme do que esperava pois sabia que estava mentindo. Havia muitos medos brigando dentro de mim.

— Não era isso o que você queria? - a voz dele soou diferente, seca, como se Fred estivesse me cobrando por não fazer aquilo que garanti que faria - Voltar com ele?

Era. Ou é. Não sei mais. Falei para mim mesma. Só que não foram essas as palavras que saíram de minha boca.

— Mas ele não me pediu para voltar. Apenas queria conversar. - esclareci.

— Você ainda gosta dele? - lembrei da pergunta de Rich, “você não sabe se gosta do Fred?” exatamente isso, fora isso que ele dissera. Frederic acabava de me perguntar de forma direta se eu gostava de Richard.

Titubeei para responder e Fred certamente tomaria meu silêncio como uma resposta positiva. Era óbvio que não me declararia a ele, mas não queria que pensasse que ainda gostava de Rich como antes. Então, remendei:

— Não como antes...

— Não como antes. - ele repetiu para imediatamente perguntar: - E essa mudança se deve a que?

A você seu idiota. Falei mentalmente.

— Porque eu mudei Fred, ele também mudou. Apesar do jeito de Rich, do modo como fala comigo, não posso acreditar que continue igual depois de ter ficado tanto tempo com Brenda.

Outro silêncio. Um silêncio assustador.

Ele desviou os olhos, passou os dois braços por mim me conduzindo para o banco onde estivera sentado tocando guitarra. Me obrigou a sentar, se acocou diante de mim, ergueu o rosto e me encarou de frente. Eu sabia que sairia alguma coisa dali. Mas a incerteza do que poderia ser me apavorava.

— Beth... - ele começou sem aquele eterno ar de brincadeira – estive pensando... - meu coração disparou diante da forma como ele me olhava, fazendo a pele se transformar em uma imenso campo de sensações com receio do que viria – eu vejo a situação de fora. Sei o que vai acontecer. Wood vai continuar a procurar você, muito em breve ele lhe dirá que gostaria de voltar... não vai demorar.

— Mas eu estou com você. - afirmei tentando descobrir o que essas palavras representavam para ele.

— De mentira. - ele retrucou – E de acordo com o seu plano, quando ele voltasse nossa brincadeira teria fim.

— Sim. Só que ele não sabe.

— Mas nós sabemos.

Percebi que estava estática apertando os ombros dele com força, Fred se mantinha acocado diante de mim com as mãos na minha cintura.

— O que você quer dizer com isso Fred?

— Que nós, você e eu, começamos essa brincadeira e estamos chegando ao ponto final dela... a um ponto de decisão...

Era isso que ele tinha para me dizer? Me perguntei quando ele não foi adiante de imediato. Porém, aquela pausa que poderia ser proposital para quem não o conhecesse bem, significava que Frederic estava apenas pensando no que dizer. Mas, ia continuar a falar. Meu estômago se transformou em um enorme buraco negro.

Como previ, ele continuou:

— E provavelmente esta será minha oportunidade de ser sincero com você antes que Rich se decida. Porque ele vai se decidir por você Beth.

— Que tipo de sinceridade Fred? - mal ouvi a parte final da frase, a palavra mais importante daquela oração era “sinceridade”. E eu queria saber que sinceridade era essa.

Fred ajustou as mãos na minha cintura, e eu passei as minhas para o pescoço dele, na linha dos cabelos finos da nuca.

— O que você me diria se eu sugerisse mudar o nosso trato inicial?

Parei de respirar.

— Mudar como? - a pergunta mal saiu.

— Se a gente, a partir de agora, ficasse sério. Como todos pensam que estamos ficando.

— Por quê? - caí na asneira de perguntar. Provavelmente esperando ouvir que ele estava apaixonado por mim. Mas não foi isso que escutei.

— Porque nós estamos bem juntos... - ele foi direto antes de continuar– Minha sugestão é que nesse período, antes de Rich se decidir, nós sejamos namorados de verdade e tentemos descobrir se essa convivência pode seguir em frente. Eu gosto de ficar com você Beth.

— Também gosto de ficar com você Fred. - confessei em parte. Não era só de estar com ele que eu gostava. Estava apaixonada por aquele idiota. - Mas que tipo de alteração haveria? Estamos agindo como namorados há várias semanas.

— Na frente dos outros. Mas nós não temos a mesma convivência que namorados tem... suas amigas sabem da mentira... sua mãe também sabe... sem falar na sombra de Richard pairando em cima de nossas cabeças. Eu entendo essas aproximações dele porque nós temos um trato. Se você aceitar a proposta que estou fazendo, isso terá que mudar.

Tudo o que Frederic dizia era verdade, nós nos conhecíamos superficialmente. Passamos direto das provocações e do ódio anterior para um relacionamento “mentiroso” afetivo. Com a convivência descobri e reformulei muitas ideias e conceitos sobre ele, mas certamente que havia muito o que saber. Como por exemplo: os pais dele. Onde estavam? Por que ele morava sozinho? Não me sentia no direito de perguntar sobre essas coisas quando sabia que estava invadindo a privacidade dele.

Fred foi adiante:

— Nesse tempo, a gente vê se vai dar certo. Se esse nosso entendimento será passageiro ou não. E quando Wood perceber que está agindo como um idiota e te procurar... - pela primeira desde o início da conversa ele sorriu, puxando o lábio para o lado – Prometo não fazer drama se você se decidir por ele.

Afaguei os cabelos de Frederic, brincando com o emaranhado liso, fino e perfumado pensando que talvez Morgana e Gabriel tivessem razão, talvez ele gostasse de mim. Mesmo que nenhum de nós tivesse mencionado sentimentos naquela conversa. Percebi que poderia me apegar aquela proposta e tentar fazer aquele garoto sentir por mim, o que eu sentia por ele.

— Acho Fred... que há grandes chances de me decidir por você... o que pensa disso?

Usei um tom de brincadeira para falar a verdade. Não me sentia com capacidade de ser exatamente sincera com ele. Fred compreendeu e seguiu a mesma linha.

— Acho que não vou reclamar se você fizer isso... - se calou, guardou o sorriso infernal em algum canto e voltou a falar sério: - Isso quer dizer que você aceita minha proposta Beth?

— Sim. Aceito sua proposta Frederic. - falei enquanto ele se enfiava entre as minhas pernas para me beijar.

— Já que eu serei oficialmente seu namorado - ele falou liberando meus lábios escondendo o rosto sob meu queixo. - Precisamos dar um jeito naquele seu quarto.

Era verdade, precisávamos mudar algumas coisas, não apenas no meu quarto.

— Se eu terei fotos suas nos meus murais, você terá alguma foto minha por aqui...

Ao contrário do que pensei, Frederic não se deu por vencido ou incomodado com a sugestão impositiva e foi logo retirando o celular do bolso.

— É para agora mesmo...

Esticou o braço, vi nossa imagem refletida na câmera do celular e em poucos segundos aquela foto estampava o aparelho dele e o meu.

— Nada de redes sociais... - falei ainda admirando nossa imagem abraçada e sorridente. Oficialmente namorados.

— Nada de redes sociais. - ele concordou de imediato ficando em pé - Detesto gente metendo o olho na minha vida.

Era fácil deduzir isso pelo modo como ele conduzia suas coisas. Tudo o que eu sabia dele eram boatos, ou sobre o principal aspecto realmente aberto a qualquer um: o hóquei, as fotos de jogos ou do time.

— Vamos patinar senhorita Gillies?

— Vamos patinar senhor Price. - concordei e ele me puxou do banco.

*************************

Patinar era a coisa mais complicada do planeta para mim. Se não fosse pela presença de Fred ao meu lado teria caído n vezes. A música ridícula e brega ecoava pelo ambiente enquanto girávamos na pista trocando de lugar com crianças, adolescentes e casais.

Frederic segurava minha mão e patinava com cuidado ao meu lado. Não usava qualquer tipo de proteção enquanto eu, vestia cotoveleiras, joelheiras, capacete e me sentia ridícula.

— Que tal se livrar do capacete? - ele perguntou de repente como se tivesse lido meus pensamentos.

— Acha que devo? - questionei sem olhar para ele, evitava fazer movimentos bruscos – Se me machucar, Rebeca vai culpar você.

Ouvi o som do riso dele quase abafado pela música.

— Sua mãe me ama Beth!

Pior que eu já estava achando que era verdade.

— Mas eu garanto, você pode tirar o capacete sem medo.

Ia perguntar a ele quem ele achava que era para garantir algo quando ouvi alguém gritar meu nome da lateral da pista, do outro lado da divisória. Logo reconheci a voz de Morgana.

Fred se moveu e largou minha mão, apavorada me senti solta no espaço. E tenho certeza de que agi como um bebê que está aprendendo a caminhar. Segundos depois ele veio em meu socorro, segurou minha cintura por trás e me ajudou a ficar ereta.

— Só o que te falta é segurança em si mesma Beth. Olhe para a frente, e mantenha o corpo em equilíbrio. Flexione as pernas levemente, mas não as abra de forma exagerada...

Segurei as mãos dele que estavam apoiadas na minha cintura e tentei obedecer a ordem passada pela centésima vez. Assim que estive mais segura, me afastei da segurança que Frederic representava. Olhei em frente e percebi que era mais simples manter o equilíbrio quando você abre o campo de visão. Os movimentos ainda eram lentos, mas já não me sentia tão idiota.

De repente Fred apareceu diante de mim, patinando de costas e sorrindo. Maldito exibicionista. Mas sua voz mostrava outra coisa.

— Está indo bem... quase como uma profissional.

Nesse momento senti a presença de outras pessoas ao meu lado, arrisquei um olhar e vi Morgana, ela sabia o que fazia, não era como eu. Gabriel passou por nós em um ritmo mais acelerado, eu o invejei.

Passamos o restante da tarde ali, entre aquelas crianças barulhentas e a música ridícula. Ouvindo e vendo Fred e Gabriel competirem pela posição de mais rápido patinador.

Lentamente aqueles patins se tornavam algo que eu parecia compreender. Quando nos despedimos, pensei em contar para Morgana a decisão tomada ainda naquela tarde, mas nada falei, apenas convidei Fred para que fossemos à minha casa. No dia seguinte teria tempo suficiente para contar tudo, em mínimos detalhes às minhas amigas. Naquela noite faria algo que já deveria ter feito. Ia cortar de vez a presença de Rich do meu quarto.


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Notas finais do capítulo

Bjo queridas!
Próximo capítulo do Fred novamente. Tomara q tenham gostado desse. O outro acho q só segunda. Não sei se terei tempo para escrever antes disso. BJOOOOOOOOO obrigada a todas pela presença, mas especialmente pelos reviews. Beatriz, Mirelly, Rosas,Gabi, Miss insonia, Amanda, Ana Flávia, Juliana