Nós escrita por Graciela Pettrov


Capítulo 8
Amor-Stalker




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Filler

...

Amor-Stalker

Quando acordou bem cedo àquela manhã, Itachi Uchiha não imaginou que estaria agora na sala, em frente da tela do seu notebook olhando o perfil de uma desconhecida do cabelo rosa há quase duas horas...

Na verdade, o que ele pretendia mesmo era aproveitar aquele sábado para preparar um belo café da manhã para os dois, em agradecimento pelo mais novo ter (milagrosamente) aceitado sair no encontro duplo com ele. Itachi não era idiota, ele sabia que algo saíra tremendamente errado àquela noite para seu irmão, mas essa era mais ou menos a intenção dele ao convidá-lo, Sasuke precisava sair de sua zona de conforto as vezes, estourar aquela bolha que tanto ele quanto as demais pessoas impunham. Então o brush era um agradecimento-barra-pedido-de-desculpas-barra-indiretos, duas coisas que ele nunca teria coragem de pedir em voz alta (ou sinalizando, no caso), pois era um advogado, afinal.

Bom, Itachi realizara suas tarefas domesticas em tempo recorde e caprichara no café da manhã, apenas para receber um Sasuke mal-humorado e apressado para sair de casa. Ok, missão falha, ele teria que se concentrar no jantar agora.

Depois de terminar seu brush solitário se sentindo ligeiramente Forever Alone, Itachi foi para seu escritório. Não se demoraria por lá, mas como estava com dois estagiários e os deixava cuidando dos negócios nos finais de semana, ele precisava dar uma passadinha lá para se certificar de que Tobi e Deidara não colocassem fogo em alguma coisa ou... alguém.

[...]

Não havia fogo nem focos de incêndio no prédio, bom, pelo menos não à vista, e Itachi seguiu tranquilamente para o elevador. Enquanto o aguardava seu celular vibrou em seu bolso. Antes de atender, o Uchiha olhou quem era, se fosse um número desconhecido ou de algum caso ele o transferiria automaticamente para o telefone do escritório e deixaria que um dos garotos resolvesse. Afinal pra quê trabalhar se você tinha dois escravos... hã, estagiários, à disposição?

Mas a chamada era de Yahiko, e Itachi quase deixava o telefone cair quando leu este nome na tela. O medo de seu escritório estar em chamas esquecido rapidamente.

Yahiko Pain era ex-colega de faculdade do Uchiha e agora seu sócio/chefe. Ele também poderia ser considerado um ser humano, se tentasse. O motivo do temor de Itachi era que, além de ser o melhor advogado da cidade com menos de trinta anos, Pain também era ruivo, ou seja, o capeta em pessoa. Seu sócio não ligava nos finais de semana. Por Deus, Yahiko não ligava de forma alguma, ele se destabacava de qualquer lugar a qualquer hora para o escritório quando queria conversar com Itachi, pois acreditava que o cara-a-cara era que funcionava.

A última vez que Yahiko ligara foi para avisar que a companhia estava sendo processada e que ele mesmo estava no caso e resolveria tudo. Caso esse no qual o homem que entrou com a ação foi encontrado morto uma semana depois em sua própria casa!

Então, bom, é, Itachi tinha medo do Pain. Ele era sinistro e ruivo e advogado; a fórmula perfeita para ser considerado o capiroto contemporâneo em pessoa.

A porta do elevador abriu no mesmo instante em que ele atendeu a chamada. A ligação chiou do outro lado da linha e Itachi podia imaginar uma música de suspense ao fundo (apesar de que estava tocando mesmo era a melodia de Carmem Miranda dentro do elevador).

— Recomendei uma universitária para seu escritório. Ela irá hoje. A avaliação é por sua conta.

Três frases, apenas isso. Não deu nem tempo de Itachi soltar a respiração.

— Ok — ele respondeu e a ligação foi encerrada.

O Uchiha se recostou na parede espalhada e suspirou. Foi mais fácil do que ele pensara. Apesar de que agora estava com uma bomba nas mãos, pois o que Yahiko quis dizer foi:

"Recomendei uma universitária para seu escritório e você tem aceita-la. Ela irá hoje e você tem que aceitá-la. A avaliação é por sua conta, mas estou mandando aceita-la."

Ou seja, uma pessoa recomendada por Yahiko Pain poderia ser considerada aprendiz de forças ocultas que faz ligação direta com criaturas do além. Itachi nem lembrava de o sócio já tê-lo feito. Ele normalmente os chamava para seu próprio escritório, mas da última vez que foi lá, o Uchiha contou uns sete jovens zanzando apenas pela sala dele. Talvez não houvesse espaço para mais um.

O que Yahiko queria criar? Um exército de estagiários de Direito? Isso não seria o equivalente a um exército de Gobblins somado a um de Orcs? Por Deus, não era à toa que os escritórios da Akatsuki tinham mais processos contra eles do que para eles.

Itachi finalmente chegou ao seu andar, as demais pessoas que entraram no elevador no decorrer do tempo permanecerem e ele foi o único a sair. O quarto andar era exclusivamente da Companhia de Advocacia Akatsuki©, o que não era muita coisa se comparado com todo o prédio do outro lado da cidade que era o polo de Yahiko.

Enquanto o ruivo tinha um prédio para a companhia e um andar só para ele, Itachi tinha que dividir o seu prédio com Agiotas, Mercenários, Agentes de Seguro e Funerária, algo que ele jura ser de remanescentes do KKK, e o pior, outros advogados. Era o inferno na terra, apesar de o capeta ruivo residir do outro lado da cidade.

A primeira coisa que o homem viu foi Tobi e seu sorriso brilhante de quem ia ao dentista todo mês. Tobi fazia o tipo prestativo, era o equivalente a um calouro na universidade. Se você pedisse um café ele iria buscar (Itachi fazia muito isso), se pedisse até uma dançarina para fazer Pole Dance no escritório, ele conseguiria a dançarina e o poste de Pole Dance (Itachi também já fizera isso).

— Bom dia, chefe! — O rapaz exclamou se aproximando e estendendo a mão para o Uchiha.

— Bom dia, como vão as coisas por aqui?

— Ah, hoje está calmo — ele ia falando enquanto adentraram uma das quatro portas do andar, onde ficava a papelada. — Apenas um cliente do sexto que confundiu o andar e veio aqui meio bravo, mas Deidara lhe mostrou o caminho certo.

O loiro, que estava escondido atrás de uma estante repleta de papéis, ouviu seu nome e apenas ergueu a mão esquerda com um "paz e amor" como cumprimento. Enquanto Tobi era o bom e velho calouro, Deidara fazia mais o estilo veterano, daqueles que mal carregavam uma caneta no bolso e que as vezes tinha que fazer notas na própria mão. Mas mesmo com seu jeito relaxado ele era muito bom em persuadir as pessoas, seja com suas palavras ou, bem... através de amaças.

Apesar do que muitos pensam, ameaças em escritórios como aquele eram coisas bem comuns, Itachi até já se perguntara se "Intimidação Não-Verbal Seguida de Ameaça Verbal" não seria agora uma nova matéria nos cursos de Direito.

Tobi foi até sua mesa, pegou uma pilha de papéis e seguiu Itachi que já estava saindo e indo para sua sala, em outra porta.

— Já separei os casos por data, gravidade e poder aquisitivo do cliente — falava meio ofegante e tentando não derrubar os papéis — e também reguei sua plantinha.

O Uchiha parou com a mão na maçaneta e se virou, assentindo para o rapaz que, por incrível que pareça, era apenas dois anos mais novo que ele. Então abriu a porta, deparando-se com uma garota sentada em uma das poltronas mexendo no celular. O moreno olhou para Tobi com as sobrancelhas erguidas.

— Oh, oh, sim, ela chegou há uns quinze minutos e já foi perguntando onde você estava e qual era a sua sala. — Deu de ombros, passou as folhas para o Uchiha e voltou para sua salinha. O que queria dizer indiretamente que a garota era exclusivamente problema de Itachi.

— Hn, bom dia. Você deve ser a recomendação de Yahiko? — O Uchiha questionou, estendendo-lhe o braço em um cumprimento.

A garota sorriu e ficou de pé para apertar-lhe a mão. Ela era baixinha, tinha um metro e cinquenta e sete de altura, no máximo. Era praticamente uma anã se comparada à Itachi e seus um metro e oitenta.

— Sim, Hinata Hyuuga — ela lhe entregou uma pasta que trazia junto da bolsa.

— Desculpa por fazê-la esperar, eu sinceramente não sabia que viria. — Deu de ombros e sentou à sua mesa, fazendo sinal para que Hinata sentasse também.

— Tudo bem, cheguei a pouco tempo.

Itachi assentiu e passou sua atenção para a pasta. Nela havia toda a papelada necessária para o estágio. Pain cuidara de tudo, Itachi apenas passava o olho pelas informações, só para fazer pose. Ela já estava dentro.

— Uh, você é da mesma faculdade do meu irmão.

— É uma ótima faculdade. Será que o conheço?

Itachi ergueu os olhos do papel e analisou Hinata rapidamente: as roupas formais, o cabelo comportado, o jeito de sentar. É, até que ela e Sasuke poderiam se dar bem... se seu irmão não fosse tão bocó.

Sem falar que primeiro ele teria que saber mais sobre a tal garota do telefone para pensar em arrumar mais um encontro para o caçula.

— Dificilmente, mas ele cursa Engenharia de Computação. Se chama Sasuke.

Hinata sequer pensou para responder:

— Ah, o prédio das Engenharias é do outro lado do campus e bem longe do meu. E não conheço ninguém com esse nome — encolheu os ombros.

O Uchiha novamente anuiu e fechou a pasta. Apoiou os cotovelos na mesa e voltou seus olhos para a Hyuuga, a analisando profissionalmente. Ela parecia ser uma boa aluna e com certeza Yahiko não a recomendaria se não fosse dar conta do recado...

Ele notou Hinata ficar tensa diante de sua análise. Sorriu e se recostou em sua cadeira, colocando os braços atrás da cabeça.

— Relaxa, garota.

Ela o encarou com os olhos cerrados.

— O que quer dizer com "relaxar"?

Itachi também cerrou os olhos, desencostou-se da cadeira e aproximou-se dela por cima da mesa. Hinata continuava o olhando de forma desconfiada.

Estavam se medindo

— O quê? — O Uchiha inquiriu diante do olhar.

— Eu quero saber se você não é do tipo de chefe que dá em cima das estagiarias.

As sobrancelhas de Itachi arquearam-se automaticamente. Cara, ela era mesmo boa!

— E eu se você não é do tipo de estagiária que dá em cima do chefe para ganhar cargo.

Agora foram as sobrancelhas delineadas da Hyuuga que se ergueram, mas mesmo assim ela continuou:

— Se não faz pedidos que não condizem com o cargo.

— Se não atende pedido nenhum, achando que veio à passeio...

— Estou aqui para trabalhar. — Disse ficando de pé.

Itachi também se levantou. A analisou mais um pouco, imaginando quanto ímpeto tinha aquele pedaço de gente. Sorriu, meio incerto. Ou Yahiko tinha lhe dado um belo presente... ou uma bela dor de cabeça.

— Ótimo, bem-vinda à Akatsuki, Hinata Hyuuga.

— Obrigada, Itachi Uchiha.

Sorriram e deram um último aperto de mão.

...

Terminada sua tarefa no escritório, Itachi voltou para casa e a encontrou vazia. Ele aproveitou a ausência do irmão e foi ao seu quarto afim de pegar escondido uma camisa que vira no dia anterior, enquanto esperava o mesmo sair do banho.

Depois de furtar a roupa, o Uchiha mais velho meio que deu uma espiadinha no mural sagrado de Sasuke. Foi com muita surpresa que ele descobriu um número de telefone grudado no mural do irmão, e mais surpresa ainda ao descobrir que era de uma garota.

Itachi era tão expert no assunto 'mulher' que reconheceria até mesmo a forma de uma escrever. Por isso, era com plena convicção que ele poderia afirmar que sim, aquele número grudado no precioso mural de Sasuke era o telefone de uma garota!

Só poderia ser, não era qualquer coisa que iria parar ali. Itachi desconfiava que se acontecesse um incêndio na casa e ele estivesse preso dentro, Sasuke entraria, salvaria o mural e depois, se desse tempo, voltaria para soltá-lo.

O Uchiha não evitou sorrir e fazer uma espécie de dancinha ridícula ao deparar-se com o tal post-it, mas logo ele se acalmou, sacou o próprio celular do bolso e procurou o número de Deidara na agenda. Precisava confirmar primeiro antes de supor o que estava supondo. Precisava de provas concretas.

— Chefe? — Deidara atendeu com uma voz monótona, o que era o normal dele.

— Preciso que descubra algo para mim, mandarei um número de telefone e quero saber a quem pertence — ao mesmo tempo que falava já digitava o número e o enviava para o loiro.

— Ok. — Deidara soltou um suspiro anasalado. Sabia que estagiários estavam sujeitos aos caprichos do talvez futuro patrão.

— Quando descobrir me ligue.

— Assim você subestima minhas habilidades. Não precisa desligar, descubro em um minuto.

Itachi então sentou na cama do irmão aguardando, ouvia-se os cliques de teclas de computador sendo pressionadas e Deidara murmurando baixinho uma música em ritmo cadenciado. Passou-se mais de um minuto, é verdade. O Uchiha levantou-se da cama e se aproximou novamente do mural examinando-o com mais precisão, quem sabe não encontraria mais telefones escondidos naquela papelada toda?

Pegou outro post-it com vários números escritos de um jeito que formavam um quadrado e leu os rabiscos: 0110011101100001110001 Algoritmos Pro. Pc. System. Java.

Os olhos do Uchiha se estreitaram, ele não sabia o que era algoritmos, nem o que significavam aquelas abreviações e muito menos o motivo de tantos números um e zero. Largou o papelzinho de mão, imaginando que espécie de feitiçaria era aquela que seu irmãozinho andava aprendendo.

Três minutos depois, Deidara falou:

— Sakura Haruno, 20 anos. É daqui mesmo. Mandarei as informações para o seu celular.

— Ótimo! — Itachi respondeu entusiasmado, era mesmo o número de uma garota!

[...]

Duas horas depois de sua descoberta, Itachi não desgrudava os olhos do notebook...

Por Deus! Ele estava stalkeando a garota do seu irmão! Que patético. Claro que estava fazendo puramente por cuidado fraternal em saber com quem seu irmãozinho estava se envolvendo. Sasuke poderia já ter vinte anos muito bem completados, mas ainda tinha a mente um pouco ingênua do mundo e das pessoas em geral.

Certo, era só por isso, hm.

Sakura Haruno era uma patricinha. Daquele tipo que não gradava em nada Itachi. Enquanto olhava a pasta das fotos de perfil da garota, o Uchiha ficava tentando ver o que fizera o número dela ir parar no mural sagrado de Sasuke. Era verdade que ele não sabia qual era o tipo de garota do irmão, mas sinceramente não conseguia imaginá-lo ao lado de Sakura. Ela era arrumadinha demais, maquiada demais e (PASMEM) participava de alguma coisa a ver com dança e torcida da universidade. Ah, parecia até aquelas histórias clichês se desenvolvendo bem na sua frente.

A não ser, claro, que o motivo de ele ter seu número fosse outro que nada a ver com romance. O que era bem mais provável.

Ela era da mesma universidade de Sasuke e cursava Cinema. Cinema! Isso lá dava futuro?

Sakura Haruno

Sakura Haruno

Sakura Haruno

Sakura era bonita, isso era verdade. Pelas fotos, Sakura fazia o mesmo tipo de Ino, a universitária do encontro duplo e que sabia fazer um belo de um boque... Uma mão aberta acenando freneticamente, à um palmo de seus olhos, tirou-o de sua concentração.

Droga, era Sasuke!

Fechou rapidamente o notebook.

— Que susto, seu bocó! — Exclamou, abraçando o computador e o levando para longe do irmão.

Sasuke o olhava de cenho franzido, pois o mesmo não havia sinalizado e falara muito rápido para que o outro pudesse ler seus lábios.

Ao observar a possessão de Itachi para com o notebook, a expressão questionadora de Sasuke mudou para desconfiada.

— Você estava acessando aqueles sites? Eu não vou limpar seu computador quando ele estiver cheio de vírus novamente. — Sasuke gesticulara rapidamente, os olhos cerrados.

— Estava acessando sua localização pelo GPS que implantei em você. — Itachi gesticulou em resposta. Os olhos do caçula se arregalaram e ele revirou os seus, não era fácil fazer piada através da Língua de Sinais, Sasuke quase nunca as entendia.

— Era piada. Mas onde você estava, hein?

O Uchiha mais novo ajustou sua mochila e sinalizou casualmente:

— Por aí... — e se afastou, não esperando a resposta do irmão.

Itachi analisou suas costas, ele havia chegado mais tarde que o normal e não estava fazendo compras, apenas "por aí". Será que esse " Por aí..." na verdade era um "Por aí... com uma patricinha do cabelo rosa"?

O Uchiha tinha consciência o suficiente para não perguntar isso enquanto o irmão subia para o seu quarto. Depois que Sasuke sumiu na escada ele abriu o notebook e fechou a página aberta no perfil de Sakura Haruno. A patricinha. A que cursava Cinema. A que é da mesma faculdade de Sasuke e Hinata.

Hinata! O protótipo de gente que parecia a versão feminina do seu irmãozinho. A que não era nada patricinha. A que cursava Direito, uma carreira de futuro.

Bom, talvez não fosse tão má ideia bancar o cupido com Hinata e Sasuke...


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