Meu coração estava acelerando, a pulsação do meu ouvido abafava qualquer som que pudesse ouvir e meus pés batiam contra o chão molhado.

 

 

 

Alguém agarrou o meu braço. Eu gritei desesperadamente com toda a força dos meus pulmões.

 

 

 

Esse alguém me tomou num abraço reconfortante.

 

 

 

-Calma... - Esse alguém sussurrou no meu ouvido.

 

 

 

-Por favor... - Supliquei, pois eu sabia muito bem o que viria a seguir, a minha morte.

 

 

 

Ele me libertou do abraço quente e a chuva começou a bater contra a minha pele.

 

 

 

A chuva fazia um barulho bom de ouvir, era bom esse ser um último som que eu ouviria.

 

 

 

Eu me ajoelhei no chão molhado de concreto.

 

 

 

-Você sabe que eu sempre te amei. - Falou esse alguém levantando uma foice.

 

 

 

-Seja rápido. - Falei entre lágrimas.

 

 

 

Ele levantou a foice e de repente parou.

 

 

 

Eu olhei para o rosto dele, só pude ver agonia.

 

 

 

O sangue começou a escorrer da boca dele e ele caiu ajoelhado no chão.

 

 

 

-O que... - Não consegui terminar a frase, pois eu vi uma pessoa que era a minha salvação.

 

 

 

-Feliz em me ver, mana? - Perguntou Rose.

 

 

 

-Eu estou viva, então isso é um sim. - Falei me levantando.

 

 

 

-Cara, eu pensei que tu fosse menos mole. - Tirou onda.

 

 

 

-E eu achei que tu ia ficar com o papai. - Falei.

 

 

 

-Fugi, ele queria que eu parasse de caçar. Até parece que eu ia fazer isso. - Falou ela dando de ombros.

 

 

 

De repente senti uma coisa me atravessando, eu olhei para baixo e era uma flecha.

 

 

 

Eu olhei para trás e vi o cara que tinha tentado me matar a pouco com um arco e flecha na mão. Ele estava com um sorriso diabólico no rosto.

 

 

 

Eu voltei a olhar para Rose e senti o sangue na minha boca.

 

 

 

A flecha havia perfurado o meu pulmão.

 

 

 

Depois eu senti outra flecha, agora no coração. Foi essa que me abateu.

 

 

 

-Val! - Gritou Rose indo me segurar.

 

 

 

Tudo ficou escuro e eu senti alguém me cutucando.

 

 

 

-Val! - Gritou a minha professora de historia no meu ouvido.

 

 

 

Eu pude ouvir umas risadinhas no fundo da sala.

 

 

 

-Desculpe, Lilith. - Falei limpando a baba que havia escorrido durante meu sonho.

 

 

 

A professora se virou e continuou a explicar o assunto.

 

 

 

-Que jeito bom de começar o ano, Valeria. - Falou Rob, o garoto que sentava do meu lado.

 

 

 

-Adorei a piada. - Ri sem humor.

 

 

 

-As gatas me amam. - Falou ele com um sorriso debochado no rosto.

 

 

 

A professora Lilith olhou torto para Rob.

 

 

 

O resto da aula foi um saco só.

 

 

 

Eu fiquei pensando no sonho que tive, será que...