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Capítulo 1
Capítulo Único - Você é o meu lar.




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Hinata colocou o embrulho em cima da mesa e olhou dentro de meus olhos. Seus olhos eram de um azul claro, diferente dos meus, os de Hinata pareciam acinzentados e me lembravam do céu em dias de chuva. Dei meu melhor sorriso e agradeci erguendo o braço para abraça-la, porém antes de meus dedos tocarem sua pele ela recuou sem me olhar evitando qualquer toque. Os dedos finos e pálidos alisavam a madeira polida do aparador do canto da minha casa enquanto qualquer ponto era mais fácil de ser encarado do que olhar em meus olhos novamente.

Hoje era um dia difícil.

Havia os bons e os ótimos e havia os ruins e os péssimos. Não falei nada, peguei o pacote e o abri, ela me olhou curiosa com o barulho. Sei que gostaria de ver minha reação e a encarei vendo seu sorriso débil tomar o rosto. Hinata era linda. Mesmo nos piores dias.

O embrulho dourado deu lugar a uma caixa de cor marsala, dentro um conjunto composto por uma colônia importada e alguns produtos para barba. Sorri. Aquele perfume era um dos meus favoritos e por vir da França e ter um custo alto acabei abrindo mão de usa-lo, quando conheci Hinata, há cerca de cinco anos atrás, era o cheiro que ela sentia.

— Arigatô hime! - Falei me aproximando e ela novamente recuou me olhando.

— Naruto-kun. - sussurrou baixo com a voz doce e melodiosa e tive que morder o lábio pra conter a vontade de tomar a pequena em um beijo.

Hinata era especial.

Em tantos sentidos que precisaria de muito mais que um relato pra contar. Conhecemos-nos no ensino fundamental, quando me mudei para Konoha fugindo de uma crise que assolava a América. Mamãe quis voltar para o Japão e papai veio junto disposto a deixar seu país natal pra tentarmos nossa vida. Deu certo. Assim que entrei na escola fiz alguns inimigos. Eu era o aluno novato de cabelos loiros e olhos azuis em meio aos típicos asiáticos. Ainda que tivesse puxado alguns traços de minha mãe, Kushina, todo meu físico se parecia com o de Minato, meu pai. E qual foi a primeira coisa que fiz? Arrumei briga. Bagunçava tudo e não dava moral pra ninguém e por isso tinha que fazer o dever na coordenação, bem coisa de terceira série. Mas acho que por papai ser professor em um dos turnos e ser muito querido eles tentavam amenizar me deixando lá pra fazer o dever. Foi na coordenação que a vi pela primeira vez. Hinata era uma menina baixinha com cabelo índigo, pretos com um tom azulado, que batiam no meio de suas costas, ela entrou correndo pela coordenação e parou bem na minha frente me encarando.

— OI. Tudo bem?

Ela falou rápida e me olhando nos olhos.  A primeira coisa que pensei foi que ela era louca e hoje percebo que é o que a grande maioria das pessoas ainda pensa quando a conhece.

— Oi. - respondi e pra minha surpresa a morena apenas se virou andando diretamente pra mesa da diretora. A morena achou uma caneta e acabou por raspar o objeto contra a mesa até que um rapaz de cabelos longos veio atrás dela.

— Vamos Hinata. – Ele falava com uma paciência que nunca havia visto antes e que descobri possuir depois também, além claro de descobrir o nome da menina mais estranha que já havia conhecido.

Hinata passou a ser uma pessoa frequente em minha vida acadêmica. Seja por passar por mim sem me olhar em alguns dias ou por falar oi no corredor enquanto eu passava. Não tinha nenhuma ordem específica e eu sempre era surpreendido por algo relacionado a ela.

— A Hinata quer ir pra biblioteca? – A morena surgiu do nada na minha frente no corredor da escola e a encarei enquanto a morena me olhava. – A Hinata quer ir?

Como assim? Ela não era a Hinata? Ou achava que eu era a Hinata?

— Eu sou Naruto. – Falei enquanto a morena ainda me encarava. – Você é a Hinata.

— A Hinata quer ir? – A morena falou novamente e eu sorri de lado. Devia ser alguma pegadinha de muito mal gosto.

— Naruto. – Respondi sério e ela riu. Rir mesmo, de gargalhar. – O que foi?

— Naruto quer ir na biblioteca? – Ela perguntou e soltei o ar pela boca caminhando em direção a biblioteca enquanto a morena caminhava atrás de mim em completo silêncio, chegando no cômodo Hinata sorria feito criança pequena e fiquei encarando-a. A morena não pegava nenhum livro, ela passava a mão pelos exemplares e sorria sozinha, vez ou outra me encarava e sorria novamente.

— Por Kami! – Uma voz feminina chamou minha atenção e olhei para uma menina de cabelos castanhos que caminhava rapidamente até Hinata.

— Quer não! – Hinata falava andando depressa para o lado contrário de onde a menina acabara de entrar e me coloquei entre as duas.

— Ela não quer ir com você. – Falei sério e Hinata veio para o meu lado segurando no meu braço e repetindo “quer não”.

— Quem é você? – A menina me perguntou e fechei o semblante pronto pra uma briga. Eu não conhecia Hinata, mas não deixaria nenhuma mulher ser forçada a nada, mesmo que por outra mulher.

— Naruto-kun. – Hinata respondeu a mulher e franzi o cenho com o sufixo usado, a menina repirou fundo e ajeitou os coques que usava na cabeça, como a pucca.

— Se você tá pensando que pode se aproveitar dela eu juro que te derrubo em menos de dois segundos. – A Pucca me olhava com raiva e Hinata apertou os dedos no meu braço.

— Não pense que porquê é mulher vou te deixar encostar nela. – Respondi no mesmo tom. – Ela só vai com quem ela quiser.

A menina tombou a cabeça pro lado.

— Você é novato né? – Falou suspirando e Hinata se afastou olhando os livros novamente. – Precisamos conversar.

Hinata me olhava de longe e sinceramente, não é como se ela estivesse pronta pra gritar de medo da Pucca minutos atrás.

— Neji vai buscar a Hinata? – Hinata falou olhando para a morena. – Tenten vai levar a Hinata?

A menina, Tenten, sorriu pra morena.

— Vamos pra casa sim, você quer que o Naruto vá pra casa conosco?

Olhei pra Hinata que mordeu o lábio me olhando pra logo em seguida gargalhar novamente.

— Naruto- kun. – A morena falou e encarei as duas sem entender. Aquela visita mudou minha vida e descobri a primeira forma de Hinata ser especial.

Hinata têm TEA, que é o Transtorno do Espectro Autista, e sua condição é bem delicada. As pessoas com TEA possuem diferentes graus de comprometimento, algumas sequer conseguem falar ou usar o banheiro, sendo necessário o uso de fraudas durante toda sua vida, Hinata tinha se desenvolvido bastante e fazia acompanhamento com uma equipe de médicos especialistas e não é surpresa dizer que me aproximei dela, não por seu transtorno, mas por sua incrível capacidade de amar. Hinata era única e amava e sentia todas as coisas de uma maneira apenas sua, ela tinha um mundo só dela, mas acabou se tornando o meu.

Passei a pesquisar tudo sobre Autismo, sobre os tratamentos e como eram as características dessas pessoas, me acostumei com seus jeitos e com o modo como ela via o mundo, mesmo Neji, o rapaz de cabelos longos que vi na primeira vez com Hinata, passou a me aceitar e ajuda com o comportamento da Hyuuga. Os dois eram primos, mas o pai de Neji havia morrido e então ele morava com os tios, pais de Hinata, havia também a Hanabi, irmã mais nova da Hinata e a Tenten, namorada do Neji, que não morava com eles. Hinata criou o hábito de passar o tempo comigo e aprendi que o TEA é marcado por rotina, Hinata ia pra escola e se dava bem com todos, havia uma professora específica para auxiliá-la, Kurenai, mas infelizmente mesmo Kurenai não podia lidar com a ignorância de algumas pessoas, nunca maltrataram Hinata, até porque eu estaria preso por assassinato se alguém tivesse encostado nela. Mas as pessoas a tratavam como um bichinho de estimação.

Eu odiava isso.

Se algo caía e ela me olhava repetindo que caiu, eu falava pra ela pegar e ela pegava, queria que Hinata se desenvolvesse e claro que eu sabia que seria lento e complicado, como nos dias em que ela grudava em Neji e não me deixava aproximar dela, aquilo machucava e geralmente era dia de ir pra diretoria por arrumar briga com qualquer pessoa por qualquer coisa quando Hinata não me dava moral.

Ela adora bibliotecas, passa os dedos por todos os livros e fica lá apenas olhando o tempo passar, mas ela não sabe ler nem escrever e adora que eu leia qualquer tipo de história, quando li sobre a Kaguya Hime, Hinata sempre o pegava durante quase dois meses seguidos e passei a chamá-la de hime, que é o equivalente a princesa e ela sempre ria, me chamando de Naruto-kun. Foram alguns meses convivendo, conheci pessoas de seu circulo pessoal e mamãe morre por causa de Hinata, mas não foi bem legal quando elas se conheceram.

Eram duas da manhã quando meu celular começou a tocar.

— Naruto, desculpe o horário. – A voz de Hanabi parecia cansada. – Hinata está em crise e fica te chamando.

Meu coração quase pulou pela garganta e levantei vestindo um calção que estava no chão.

— Tô chegando. – Respondi finalizando a chamada e correndo pra porta de entrada.

— Onde você pensa que vai tebane? – A voz de dona Kushina acordou a vizinhança.

— Hinata precisa de mim. – Respondi direto enquanto papai parava ao lado da mamãe. Não sei se foi o desespero em meus olhos ou o fato de ela ver que nada me pararia, mas eles decidiram me levar.

— Quero conhecer essazinha. – Mamãe falava no carro enquanto meu pai dirigia por todo o caminho. – Onde já se viu? São duas da manhã. DUAS.

Os Hyuuga, família de Hinata, moravam em um bairro mais afastado e tinham uma boa condição financeira, entramos com o carro assim que Hanabi abriu o portão e caminhei direto para o quarto de Hinata, escutava seus gritos de longe.

— Hikari está tentando acalmá-la. – Hiashi ficou entre mim e a porta do quarto, ele não gostava de minha amizade com Hinata e não podia culpá-lo.

— Vou entrar. – Falei diretamente e ele me encarou.

— Naruto kun. – Hinata veio como um furacão e passou pelo pai sem olhá-lo, se jogou em meus braços. Os olhos vermelhos e o rosto ensopado mostravam o quanto havia chorado. A abracei com carinho e preocupação.

— Cheguei. – Respondi baixo acariciando seu cabelo e Hinata se mexia inquieta ainda abraçada a mim, comecei a cantar baixo em seu ouvido.

Hold on to me as we go

As we roll down this unfamiliar road

And although this wave is stringing us along

Just know you're not alone

'Cause I'm gonna make this place your home

(Prenda-se a mim enquanto seguimos

Enquanto passamos por esta estrada desconhecida

E embora esta onda esteja nos amarrando

Apenas saiba que você não está sozinha

Porque vou fazer deste lugar o seu lar)

Hinata terminou de cantar comigo, alheio a todos os olhares sobre nós dois, ela me olhou sorrindo e só então percebeu minha mãe ao lado da sua, mamãe nos encarava com olhos marejados.

— Oi. – Hinata falou pra ruiva que sorriu em resposta então Hinata foi até ela e passou a mão em seu cabelo. – Cabelo bonito. Cabelo vermelho pra Hinata?

Mesmo sem querer Hinata havia conquistado mamãe com aquelas simples palavras e dali em diante dona Kushina Uzumaki virou uma fã fiel de Hyuuga Hinata.

— Você que ensinou essa música pra ela? – A mãe de Hinata me perguntou enquanto eu encarava a morena interagir com minha mãe.

— É o toque do meu celular. – Respondi. – Hinata gosta muito.

Hikari riu me olhando.

— Ela canta essa música o dia todo. – Hanabi falou ao nosso lado.

— O que acha se formos todos para fazenda esse final de semana? – Hikari perguntou e papai a olhou. – Meu pai ficará muito feliz em conhecê-los.

E assim nossas famílias se aproximaram. Por dois anos convivi diariamente com os Hyuuga, Hinata crescia e ficava mais linda ainda, aprendia coisas cotidianas, mas o TEA em alguns casos limita bastante a vida das pessoas e com Hinata isso não era diferente. Minha hime passou a frequentar uma instituição de terapia multifuncional, ou seja, com vários profissionais em um mesmo lugar. Certo dia fui buscá-la já que Neji não poderia, nosso grau de intimidade já estava avançado o suficiente. Esse dia foi essencial pra chegarmos ao nível em que estamos hoje. Chegando em frente ao centro médico Hinata estava sentada conversando com um rapaz de cabelos negros e espetados, tudo bem. Poderia ser algum enfermeiro, algum filho da puta de um enfermeiro que tava rindo com ela agora. Me aproximei no melhor estilo não me importo.

— Vamos Hinata.

O moreno, Sasuke me olhou com o semblante sereno de quem queria morrer e ela o abraçou.

— Sasuke-kun.

Aquele kun perfurou minha alma.

Como ela poderia chamar outra pessoa de kun além de mim? Virei caminhando de volta pro carro sem me importar se ela me alcançaria ou não.

— Naruto. – A voz rouca fez meu sangue subir e me virei olhando pro moreno que estava de pé enquanto Hinata me olhava com os olhos marejados, batendo um dedo contra o outro, um comportamento repetitivo que ela desenvolveu quando estava nervosa. – Você é mais feio do que eu esperava  muito idiota. Se tratar a Hinata mal novamente vou te socar.

— Oras seu! – Urrei com raiva voltando os passos prontos pra matar aquele cara idiota, mas uma menina de cabelos rosas veio correndo em nossa direção ficando entre mim e o moreno que me encarava com cara de superioridade.

— Se afaste. – Ela me olhava com raiva e fechei o punho.

— Esse idiota! – Gritei e Hinata começou a andar de um lado para o outro conversando baixinho, repetindo palavras que eu não entendia. Chamava por Neji e por Hiashi.

— Sasuke tem Síndrome de Aspenger. Ele não é bom com sentimentos abstatros, fala o que pensa sem medo de magoar ninguém. – A mulher suspirou me olhando quando baixei a guarda. – Sou Sakura. Namorada do baka. Ele não faz por mal.

— Namorada? – Repeti na minha cabeça e olhei pra Sasuke que tentava falar com Hinata, mas ela não o escutava e continuava andando em círculos agora.

— Não se preocupe. – A mulher falou me olhando. – Ele e Hinata fazem terapia juntos a muito tempo e acabaram criando um laço. Sasuke a trata como a uma irmã.

— Não estava preocupado. – Falei indo até Hinata, caminhei ao lado dela enquanto chamando-a sem sucesso, a puxei em um abraço segurando-a mesmo com ela querendo andar, apoiei sua cabeça com minhas mãos e falei baixo que havia chegado, perguntando se ela queria passear.

— Você estava com ciúmes. – O maldito falou fazendo sua namorada rir. – Além disso. Você apanharia, sou faixa preta em três estilos diferentes de luta.

O ignorei enquanto Hinata me olhava repetindo que queria passear comigo, ela entrou no carro e coloquei o cinto de segurança na morena que me olhava em silêncio, mais tarde soube mais sobre Sasuke e sua inteligência acima da média, um traço comum em pessoas com Aspenger. O cara era bom em quase tudo o que fazia.

Idiota.

E eu?

Eu estava com ciúmes dela.

Morrendo.

Meu coração ainda estava acelerado por vê-la com aquele projeto de demônio.

— Hinata. – Chamei baixo e ela sorriu me olhando. O compasso do meu coração finalmente se acertou e uma verdade absoluta tomou conta de todo o meu ser. – Eu amo você.

Falei enquanto ela ainda me olhava e ela mordeu o lábio e gargalhou voltando a olhar pelo vidro do carro enquanto comecei a dirigir com um sorriso no rosto.

— Naruto-kun. – Ela me chamou quando estávamos entrando em sua casa.

— Hinata. – Respondi sabendo que se falasse oi, ela continuaria me chamando.

— Hinata ama o Naruto-kun?

Era uma pergunta, mas aquilo acabou com meu coração da mesma maneira, senti o corpo ficar completamente leve e sorri.

— Ama? – Perguntei e ela pegou minha mão me puxando pra dentro de sua casa.

— Ama. – Respondeu baixo me fazendo voar novamente.

Nosso primeiro beijo foi roubado.

Por ela.

Sempre tive medo que as pessoas achassem que me aproveitava de Hinata e apenas quase um ano depois da declaração no carro Hinata simplesmente se virou no meio da recepção da empresa que eu abria junto com papai e grudou os lábios nos meus. Hiashi deixou a taça cair no chão enquanto Hanabi ria, mas não vi nada disso. Apenas encarei os olhos claros.

— Naruto kun ama Hinata?

— Ama. – Respondi convicto e ela riu antes de me beijar novamente.

Nossos beijos iniciais foram um desastre. Mas eu amava beijar Hinata, hoje em dia é simples e há momentos em que ela quer me beijar o tempo todo, esses são os bons dias. Os ótimos são mais raros, mas ela tem, como quando tivemos nossa primeira noite juntos, bem depois do beijo. Foi tudo calmo e natural e o medo que eu tinha de machucá-la deu espaço a um cuidado totalmente novo e diferente, ela gosta muito de dormir comigo e tivemos que ir ao ginecologista e ao psicólogo ter todo o apoio necessário, amo Hinata demais pra estragar sua vida ou seu desenvolvimento.

Nosso namoro foi marcado por tantas dificuldades, mas por tantas coisas incríveis.

Hinata continua me encarando com aqueles olhos perolados que me desarmam e sinto o celular tocar, o número de Hanabi aparece na tela e Hinata cantarola baixo a mesma música dos últimos cinco anos. Sorriu.

— Como ela está? – Hanabi pergunta assim que digo alô.

— Agitada. – Respondo e Hinata sorri sabendo que falo dela.

— Ela procurou por esse perfume, ficou inquieta demais acabou tendo uma crise ontem. Ela está insegura porquê tem um cartão na bolsa. Ela falou, eu escrevi. – Hanabi falava.

— Você foi perguntando?

— Direcionando. – Ela riu. – Hinata foi bem teimosa quando eu falava alguma coisa que ela não queria escrever, como sobre ela gostar de dormir com você.

— Idiota.

— Também te amo cunhandinho.

Olhei para Hinata que me encarava quieta, outra qquestão delicada, se ela se empolgasse muito com alguma coisa era bem provável ter uma crise séria que consistia em movimentos repetitivos ou algumas vezes agredir os outros ou a si mesma com tapas e arranhões.

— Você fez um cartão? – Perguntei e ela assentiu batendo os dedos um no outro, estendi a mão e ela me entregou. A capa dizia feliz dos namorados em glitter vermelho e alguns corações enfeitavam a capa, sei que ela amou aquele desenho e o escolheu por isso.

“ Eu te amo.

Eu sinto muito.

Arigatô.

Você é o meu lar.”

Minha visão ficou turva e a encarei sentindo meu peito se abrir, eu a amava tanto, sei que Hinata trava uma luta diária pra se comunicar e sim, eu queria escutar declarações diárias, queria que ela conversasse sobre seu dia comigo, mas não tenho inveja de quem tem isso, tenho um relacionamento único com Hinata e seu amor por mim e o meu por ela coloca todas essas barreiras abaixo.

— Dia dos namorados. – Ela falou e me deu um beijo estalado se afastando, sorri percebendo o quanto ela estava nervosa.

Settle down, it'll all be clear

Don't pay no mind to the demons

They fill you with fear

The trouble it might drag you down

If you get lost, you can always be found

(Acalme-se, tudo vai ficar claro

Não dê atenção aos demônios

Eles enchem você de medo

A dificuldade pode trazer você para baixo

Se você se perder, sempre poderá ser encontrada)

Me aproximei cantando baixo e Hinata me acompanhou na música permitindo que eu a abraçasse.

Just know you're not alone

'Cause I'm gonna make this place your home

(Apenas saiba que você não está sozinha

Porque vou fazer deste lugar o seu lar)

Sussurrei a última frase e o sorriso dela aumentou. Deixei a caixa marsala de lado e tirei meu presente do bolso, abri a pequena caixinha e Hinata me olhou.

— Case comigo. – Perguntei baixo e ela tombou a cabeça para o lado sem entender.

— Casar com Naruto kun?

— Morar comigo, ser minha pra sempre, me deixar te cuidar enquanto vivermos e se houver vida depois daqui, vou continuar cuidando de você. – Falei baixo pegando sua mão e colocando o anel que Minato usou pra pedir a mão de Kushina e que seu pai havia usado antes. Mamãe o deu pra mim há alguns meses ciente de que era isso que eu queria, já havia conversado com Hiashi e Hikari.

— Hinata vai ficar com o Naruto-kun? – Seus olhos inocentes pareciam brilhar e eu sorri.

— Pra sempre.

Ela abriu um sorriso enorme passando os braços por meus ombros e olhando nos meus olhos.

— Eu te amo. – Ela falou convicta e derreteu meu coração novamente. – Vamos casar Naruto-kun?

Seus lábios novamente tocaram os meus e a puxei guiando o beijo para algo mais lento e demorado, nos afastamos enquanto ela me olhava, Hinata sorriu me puxando pra fora de casa.

— Vamos casar Naruto kun. – Ela falava sorrindo. – Vamos casar no dia dos namorados. Nosso dia.

Abri um sorriso me deixando ser levado, mal estávamos noivos e já estávamos com data marcada para a cerimônia, provavelmente algo simples, mas com certeza daqui já um ano.

No nosso dia.

 


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Notas finais do capítulo


Olá pessoas,
One especial para o dia dos namorados, proposta pela página FanficsNH.
Além do dia dos namorados em si, trouxe uma questão especial e pessoal, o TEA, Autismo e afins são assuntos delicados, mas não trouxe especialmente em homenagem a minha aluna, que mesmo com tantas dificuldades ama e me faz amar de uma maneira nova e completamente diferente. Hinata foi toda inspirada nela, ainda que nesta história esteja muito mais desenvolvida, como espero que aconteça com minha pequena.
Não fiquem com pena ou nada do tipo, apenas ajude amando e respeitando toda e qualquer pessoa que possua algum tipo de necessidade especial, não apenas física, neurológica ou intelectual.
Enfim, espero que gostem.
Com todo amor do mundo,
Tenshi.

A música usada nessa one se chama “Home” e é do cantor Phillip Phillips.