No dia seguinte, Gina acordou pensando em Harry e com uma vontade enorme de não ir para a escola, pois não queria acabar se encontrando com Harry… era certo que combinaram em ser amigos, porém, um sentimento a mais crescia em Gina, um sentimento além da amizade, que ela nunca havia sentido do mesmo jeito que estava começando a sentir agora, por isso o sentimento de recursa em ir à escola e acabar encontrando-o e ter lembranças nada agradáveis do passado e lembranças boas do dia anterior que não queria lembrar.

Mesmo com os seus pensamentos alvoroçados como um furacão e os seus sentimentos não muito diferentes, ela se levantou e se arrumou para ir à escola, hoje decidiu vestir uma blusa da cor rosa de alças finas soltinha ao seu corpo e um short curto branco com flores coloridas na estampa, amarrou os longos cabelos ruivos em um rabo de cavalo, calçou uma sandália vermelha com algumas pedrinhas brancas e prendeu-a e desceu para o café da manhã depois de pegar sua mochila na poltrona do quarto.

— Bom dia, querida. – Sua mãe cumprimentou passando por ela apressada para poder servir a um de seus irmãos.

— Bom dia, mamãe. – Cumprimentou-a de volta sorrindo com a afobação da mãe e se sentou ao lado dos gêmeos.

— Você está bonita, irmãzinha... – Fred comentou.

— Precisava este short curto? - Jorge completou. Gina olhou para o short deu de ombros e disse:

— Não vejo problema, ninguém olha para mim mesmo.

— Ora, querida, não diga uma coisa dessas, tenho certeza que muitos garotos percebem você. – Molly falou com um pequeno sorriso no rosto.

Gina olhou para ela sem nada dizer e pensou: Claro que eles olham para mim… para rir de mim. Enquanto passava geleia em sua torrada e dava uma enorme mordida. Ela percebeu que Carlinhos olhava esperançoso para os seus pais, esperando que eles percebessem ou desconfiassem de alguma coisa, porém, nada aconteceu e ela quase riu da cara de decepção de seu irmão.

— Não importa o que sua mãe e seus irmãos falaram, Gina, o que importa é que fique bonita para si mesma. – Disse Arthur lhe sorrindo. Gina direcionou o olhar para o pai e lhe devolveu o sorriso completamente comovida.

— Obrigada, papai, eu faço isso. – Gina o respondeu e o sorriso de seu pai aumentou, e sua mãe olhou para os dois também sorrindo.

Eles continuaram a refeição falando sobre outros assuntos até que ouviram uma buzina em frente à casa deles. Todos se entreolharam estranhando, pois não era uma buzina de ônibus. Gui se levantou para atender a porta para ver quem buzinou, em três minutos ele estava de volta.

— Gina, é para você. – Gui anunciou, ele tinha um sorriso no rosto ao sentar de volta em seu lugar. Gina parou com o copo de suco de laranja a caminho da boca e olhou para Gui de olhos arregalados.

— Para mim? – Ela indagou.

— Para ela? – Os outros membros de sua família questionaram ao mesmo tempo, completamente surpresos.

— Sim. Um tal de Harry. – Gui confirmou. E Gina pôde ver que seu sorriso era um sorriso maroto.

— Harry? – Rony perguntou olhando estranho para Gina, enquanto sua mãe quase dava pulinhos ao perceber que se tratava de um rapaz e logo todos viram ela correndo para a janela para analisar melhor o rapaz. Gina se levantou devagar e se dirigiu para a porta.

— Mamãe, poderia não ficar olhando? – Pediu Gina antes de abrir a porta com a mão já na maçaneta e começando a ruborizar.

— Oh, sim, claro! – Molly saiu aos pulinhos de perto da janela, fazendo com que Gina saísse feito um tomate de tão vermelha e encontrasse Harry encostado em sua moto de braços cruzados olhando para ela com um pequeno sorriso no rosto.

— Bom dia. – Harry falou com o sorriso aumentando.

— Bom dia… o que está fazendo aqui, Harry? – Gina o respondeu se aproximando dele e parou em sua frente.

Harry a olhou de cima a baixo antes de respondê-la.

— Está linda hoje. – Ele disse.

— Harry… – Gina falou em tom de reprimenda, ficando vermelha novamente. Ele riu antes de a responder.

— Eu vim te buscar para te levar para a escola. – Gina arqueou as sobrancelhas surpresa com aquilo.

Ela respirou fundo tentando acalmar as batidas do seu coração e, tentando agir normalmente, ela cruzou os braços e lhe olhou nos olhos como se aquilo que estava acontecendo, acontecesse todos os dias. Harry a encarou de volta sem expressão esperando uma resposta dela.

— Eu estou correndo algum tipo de perigo e não estou sabendo? Porque você não para de querer me levar para os lugares… e a propósito, como soube onde eu morava? O ônibus da escola, passa por aqui primeiro, antes de pegar você. – Gina disse em resposta num tom descontraído, e Harry riu.

— Não, não está correndo nenhum tipo de perigo, porém, eu gosto de te levar para os lugares. É muito agradável, sabe? – Harry disse mantendo um sorriso maroto no rosto.

— Você não me respondeu como soube onde eu morava? – Gina voltou a perguntar e o sorriso maroto de Harry aumentou.

— Eu rastreei o seu celular. – Ele confessou, e Gina riu, mal acreditando no que tinha acabado de ouvir.

— Você o que? – Gina falou incrédula. Harry apenas riu. – Como você faz isso?

— Sou muito…, digamos, especialista com qualquer tipo de tecnologia. – Ele explicou. Gina o olhou por alguns instantes pensando em o que mais Harry poderia fazer.

— Por que não me avisou que iria vir? – Gina mudou o assunto.

— Precisava? – Harry indagou como se não fosse nada.

— Harry… – Gina o repreendeu novamente.

— Desculpe. Eu queria fazer uma surpresa para você.

— Uma surpresa? – Gina repetiu e soltou os braços displicentemente. – Conseguiu…, estou surpresa.

Harry riu novamente.

— Vai me dizer que não gostou? – Harry questionou levantando uma das sobrancelhas.

— Eu gostei, mas… – Na verdade eu amei. Corrigiu ela em seu pensamento. – Minha família…, eles podem achar que…

— Que…?

— Você entendeu. - Gina bufou, completamente desconfortável. Harry deu um sorriso, prendendo a vontade de rir.

— Sim, eu entendi… bom, eu gostei dos irmãos que eu conheci até agora… bom, Rony não acha que somos namorados ou coisa do tipo, já o seu outro irmão, se não me engano…, Guilherme me fez um interrogatório depois que eu disse que vim buscar você, mas não se preocupe, eu disse a ele que somos somente amigos. – Harry respondeu sem tirar o sorriso do rosto.

— Tudo bem. – Gina baixou a guarda.

— Acho melhor irmos logo, antes que a gente se atrase.

— Sim, claro que eu aceito sua carona, Harry, obrigada por perguntar! – Gina disse sarcástica e aos risos, os quais Harry acompanhou. – Eu irei apenas pegar a minha mochila.

Ao dizer aquilo, Harry a olhou de cima a baixo novamente, dessa vez, parando os olhos nas pernas nuas que o short de Gina mostrava.

— Você vai assim? – Harry perguntou levantando uma das sobrancelhas enquanto ainda mantinha o olhar ali, fazendo Gina corar.

— Vou. Algum problema? – Gina questionou e os olhos de Harry dirigiram-se para os olhos de Gina novamente e ela viu que os olhos verdes brilhavam em malicia.

— Não, não tem nenhum problema. – Harry respondeu. Gina não soube como, mas aquele olhar que ele lhe dirigia estava lhe causando um arrepio que ela estava gostando.

— Ok, eu vou buscar minha mochila. – Gina começou a andar devagar para a porta de sua casa enquanto Harry ainda mantinha o mesmo olhar para ela.

Gina entrou e fechou a porta rapidamente, quando o seu olhar se focou em sua frente, ela visualizou Rony bem a sua frente lhe olhando com cara de poucos amigos, ela lhe devolveu o olhar com a cara fechada. Rony se aproximou mais dela.

— Porque você tem sempre que se meter? – Rony questionou cruzando os braços.

— Do que está falando? – Gina indagou, confusa.

— Você sabe muito bem do que estou falando. – Rony falou, se aproximando cada vez mais dela e Gina ergueu a cabeça. – Qual o seu problema? Não consegue ficar longe de “carne nova”? Ou está com problemas para abaixar o fogo por baixo das saias?

— Acredite, não sou eu que estou com esse tipo de problema. – Gina rebateu, porém, ele apenas ignorou.

— Ele mal chegou na cidade e você… – Rony bufou antes de completar a frase, jogou os braços para os lados exasperado. – Você tem algum tipo de tara estranha por meus amigos?

— De novo, eu repito, não sou eu que tenho esse tipo de problema.

— Pare de insinuar coisas sobre, Lilá, estamos falando de você. – Rony replicou irritado, e Gina sorriu travessa.

— Eu não citei nomes. – Gina comentou, e Rony trincou os dentes. – Você que citou Lilá, me diga, Rony… sente algum tipo de dor na cabeça?

— Ora, sua… – Rony foi interrompido por sua mãe, que apareceu animada e com um enorme sorriso.

— Me diga, querida… quando irá nos apresentar ele? – Molly perguntou empurrando Rony para o lado e pondo-se na frente de Gina.

— Está falando de Harry? Mãe, ele é meu amigo. – Gina viu Rony revirar os olhos e sair da sala.

— Jura? – Molly questionou começando a se frustrar.

— Sim, ele é novo na cidade e acabamos virando amigos. – Gina sorriu para a frustação da mãe.

— Então isso quer dizer que podem virar algo mais. – Molly disse, com um sorriso maroto começando a se formar em seu rosto.

— Mãe, por favor, não começa. – Gina pediu se afastando dela e indo pegar sua mochila. Sua mãe a seguiu de perto junto com os olhares de seus irmãos e pai quando ela pegou a mochila.

— Eu não estou fazendo nada. – Molly respondeu em sua própria defesa. – Para onde vai? O ônibus ainda não chegou.

— Ah… Harry me ofereceu carona.

— Carona? Mas, querida, ele está de moto, você não tem capacete. – Molly preocupou-se.

— Harry tem um capacete reserva.

— Oh…, então assim tudo bem. – Molly despreocupou-se.

— Tchau, mãe, eu te vejo mais tarde. – Gina deu um beijo no rosto da mãe e acenou para o resto da família, virou-se e saiu, já encontrando Harry sentado na moto usando o capacete. Ela acelerou o passo até ele.

Harry lhe estendeu o capacete que ela usou no dia anterior e quando Gina se posicionou atrás de Harry, um pouco desajeitada por conta da mochila nas costas de Harry, eles partiram rumo a Hogwarts.

A viagem até o colégio foi silenciosa, nenhum dos dois procurou conversar. A conversa curta que teve com Rony ainda permanecia na mente de Gina e ela se perguntava se aquilo que estava acontecendo com Harry, seja lá o que fosse, estava certo. Estava tão absorta que não percebeu as pessoas olhando para ela e Harry quando os dois se encaminharam para o estacionamento dos alunos. Ela somente veio “acordar” quando Harry estacionou. Ela desceu rapidamente e tirou o capacete com a mesma pressa, Harry, porém, não foi tão rápido assim e ela esperou.

— Obrigada pela carona, Harry. – Gina agradeceu arrumando a mochila nas costas.

— De nada, posso te acompanhar até o seu armário?

— Não, eu vou sozinha. – Gina negou, já percebendo os olhares, muitos deles vindo de meninas aparentemente raivosas, e ela arqueou uma sobrancelha com aquela descoberta.

— Tem certeza? – Harry perguntou olhando-a bem.

— Sim, tenho. Te vejo na aula. – Gina respondeu, e percebeu que, estranhamente, estava gostando de como as meninas os olhavam.

Ela se inclinou e depositou um beijo na bochecha de Harry que lhe olhou surpreso. Ela, contudo, em seguida saiu dali antes que ele tivesse qualquer outro tipo de reação e, muito vermelha, ela entrou na escola em direção aos armários.