Jarlene: supposed to be escrita por Ellie Black


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Comentem, sim? Please?
Aproveitem a leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734332/chapter/1

A tarde estava ensolarada e confortavelmente fria. Instrumentos enfeitiçados tocavam, incessantemente, uma música atrás da outra, conforme o maestro orquestrava-os. Os convidados, na maioria bruxos antigos, revezavam seu tempo entre pegarem comida na mesa de entradas — o prato principal só seria servido de noite — e conversarem com velhos amigos nas mesas distribuídas pelo jardim da casa do senhor Forbes. Tudo acontecia em harmonia, todos estavam felizes.
Exceto uma pessoa.
Marlene McKinnon sentava-se na mesa de seus pais, que brindavam alegremente com os amigos de trabalho, entretidos em conversas desinteressantes para a menina. Ela odiava ser a caçula da família — seus irmãos já tinham terminado Hogwarts e saído de casa, o que fazia dela a única a ser obrigada a comparecer estes chás insuportáveis.
                                               ***
James Potter passou pela porta dos fundos do senhor Forbes, seguindo seus pais para o jardim. Hoje, mais do que em qualquer outro dia, queria ter ficado em casa, sozinho. Pena que sua mãe achara que ver pessoas animá-lo-ia! Como se um coração partido curasse desse jeito.
Assim que ele pisou na grama do terreno, ajeitando a gravata, viu Marlene McKinnon emburrada. Inevitavelmente sorriu. Ela odiava aqueles eventos mais do que ele.
— Anne guardou nossos lugares em sua mesa, querido — Euphemia Potter falou e James desviou o olhar de Marlene, vendo a amiga de sua mãe acenar, alguns metros adiante — Só para que você saiba onde nos encontrar.
James piscou surpreso.
— Peça para Marlene nos cumprimentar depois, sim? Faz meses que não a vejo! — completou com uma piscadela sugestiva que fez James rir. Sua mãe realmente conhecia-o: ele planejava mesmo ir direto à loira, mesmo que não tivesse as intenções que Euphemia imaginava.
                                                      ***
— Você podia, ao menos, tentar sorrir — a mãe de Marlene sussurrou, sorrindo bondosa de fachada para que ninguém desconfiasse da bronca que dava na filha.
— Não podia. Eu não queria estar aqui — Marlene respondeu com o mesmo tom sussurrado, embora tivesse uma pitada de rebeldia.
— Mas está! Sua má educação não vai mudar isso.
— Não tem nada para fazer aqui, mãe! Estou cercada por velhos. Parece que estou visitando um asilo!
— Um o quê? — a mulher ergueu uma sobrancelha. Marlene não entendeu de início, encarando sua mãe por alguns segundos, mas depois percebeu o quão natural a palavra soara saindo de sua boca, quando na verdade, era um vocabulário trouxa. Lílian realmente influenciara sua vida — Na verdade, não faço questão de saber. Por que você não vai conversar com as meninas, na mesa de entradas?
Marlene olhou por cima do ombro e viu a quem sua mãe referia-se: as fofoqueiras de plantão de Hogwarts e algumas veelas patricinhas de Beauxbatons.
— Não, obrigada.
— O senhor permitira que eu dançasse com sua filha, senhor McKinnon? — Marcus Stwerd aproximou-se da mesa, chamando a atenção de Marlene e de sua mãe.
Stwerd. Marlene preferiria experimentar a dor de um feitiço Crucio do que dançar com ele. Ele era obcecado por ela há anos! Marlene odiava o jeito bruto e guerreiro do menino de Durmstrang que não aceitava a rejeição dela.
— Mas é claro, jovem Stwerd — seu pai sorriu e Lene quase fuzilou-o com o olhar.
— Aí está você, estive procurando-te por todo canto! — James Potter apareceu Merlin sabe de onde e levantou Lene ao segurar seu cotovelo. Depositou um beijo na bochecha dela — Sinto muito ter me atrasado, mamãe demorou mais do que o previsto para se arrumar — ele riu e piscou, flertando. O que ele estava fazendo? Fingiu só agora ter visto o resto das pessoas: — Ah! Desculpa! Interrompi alguma coisa?
— Na verdade, interrompeu — Stwerd disse, firme — Vou dançar com Marlene.
— Acho que entendi errado. Você disse que ia dançar com Lene? Ela é minha acompanhante hoje, por que você dançaria com ela?
Marlene encarou James, os olhos arregalados. Viu uma veia no pescoço de Stwerd pulsar e pensou que, naquele momento, o menino parecia bem capaz de lançar um Avada Kedavra em James. Só para tornar tudo ainda mais imprevisível, a mãe de Marlene riu, interrompendo a perceptível tensão da cena. Era algo que Marlene admirava nela: o jeito clássico e educado como lidava com as situações desastrosas.
— Minha filha é ou não é popular, Buana? — perguntou, entre risos, para a amiga que encarava tudo em silêncio. A amiga confirmou, começando a sorrir também — É compreensível que ela dance com o par dela, Stwerd.

De início, Stwerd não disse nada.
— Claro, senhora McKinnon — disse a contra gosto, afastando-se.
— Vamos? — James estendeu o braço para a menina, que aceitou ainda desentendida. Ele lançou um aceno de cabeça para a mãe dela.
                                                    ***
— Eu não faço ideia do que acabou de acontecer, mas obrigada, James. Você salvou-me daquele ser grudento e da minha mãe . Estou devendo uma pelo resto da minha vida — disse quando chegaram à mesa de entradas.
— Eu sei que sou incrível — viu o sorriso surgir e desaparecer rapidamente do rosto de sua melhor amiga.
— Oi, James — Juliette Bardott passou por eles com algumas amigas, James acenou desinteressado. A menina não conseguiu esconder a decepção.
— Lene? — chamou, parando de se apoiar na mesa. Percebeu que ela ficara tensa, mas não tirara os olhos dos pãezinhos, fingindo normalidade — Você não está chateada só por que foi obrigada a vir, né?
— Por que você tem que me conhecer tão bem? Chega a ser irritante! — ela disse sorrindo, mas suspirou — O de sempre, James. Sirius é um idiota, pegador, desgraçado e eu saio magoada na história. Só que eu não tenho sequer o direito de me sentir assim porque ele é livre para fazer o que quiser.
— Sabe o que você precisa?
— O que? Um portal para outra dimensão?
— Não — ele tirou o prato de comida da mão dela e depositou-o na mesa — Dançar!
— James! — ela tentou argumentar, rindo, enquanto ele puxava-a até o local onde alguns casais arriscavam passos descompassados.
James fez uma reverência atrapalhada, erguendo a mão no ar. Lene riu, mas resolveu aderir à brincadeira. Respondeu a reverência dele, segurando as laterais do vestido azul de seda e aceitou a mão estendida de James. Eles riam rodopiando, fingindo serem personagens do que Lílian e Dorcas classificariam como conto de fadas. Um mundo só deles.
Depois de um giro particularmente bem executado, James abaixou um pouco o olhar para encarar Marlene, que ria sem ar, o cabelo loiro bagunçado emoldurando o rosto delicado. Segurou-a mais forte em seus braços. Ela olhou curiosa nos olhos dele, os olhos azuis brilhando.
James Potter e Marlene McKinnon se conheciam desde sempre, suas famílias eram muito próximas. Ele foi o primeiro a andar e segurara a mão dela até que Lene conseguisse manter o equilíbrio por si só. Ele sempre corria até ela quando escutava seu choro e não ia embora até ter certeza que ela estava bem. Fizeram incontáveis noites do pijama no quarto um do outro, onde não faziam nada mais que dormirem. Tocavam o terror nas festas de chás dos puros-sangues desde que tiveram idade para frequentá-las. Marlene era a infância de James. Ele não poderia, nunca, imaginar o caminho que sua vida teria trilhado sem a menina presente.
Olhando no fundo dos olhos dela ele sentiu amor, todo o amor que ele sentia por ela, um grito sufocado na garganta que implorava para sair e fechou os olhos, selando seus lábios nos dela.
Marlene ficou tensa por um segundo, porém seu corpo relaxou quase imediatamente. Aquele era James, seu James. O menino mais importante em sua vida, seu melhor amigo. Aquilo parecia tão certo.
Os lábios de James eram mais macios do que Lene teria imaginado, e ele sabia mesmo beijar, os boatos eram verdadeiros! James ergueu o queixo de Lene com a mão, abrindo passagem com a língua por entre os lábios dela. O beijo era calmo, íntimo e delicioso. Parecia algo delicado, que precisava ser tratado com muito cuidado.
Por alguns segundos tudo fora perfeito. Isso era o que supostamente devia ter acontecido. James Potter e Marlene McKinnon deviam estar apaixonados. Todo mundo esperava por isso.
Então, a mente de ambos pareceu acordar ao mesmo tempo: o que ele estava fazendo? E quanto a Lílian Evans? Marlene estava doida? Sirius Black...; e eles se afastaram.
Marlene deu um passo atrás e tocou a boca com dedos trêmulos. Sh*t! James tentou reverter a situação, estendendo a mão para tentar se desculpar, mas Lene balançou a cabeça e saiu correndo. James bagunçou ainda mais o cabelo rebelde. Ele era um idiota tão grande que agora conseguia até entender porque Lílian nunca aceitara sair com ele.
                                               ***
Euphemia, tendo visto tudo de camarote — sua mesa era uma das mais próximas do local da pista de dança improvisada — pediu licença aos amigos e foi atrás do filho quando ele entrou na casa.
— Eu vi o beijo, rapazinho — sorriu, sentando-se ao lado do filho ao pé da escada do senhor Forbes.
— Agora não, mãe.
— O que foi? Por que você está com essa cara?
— Aquilo não devia ter acontecido. P*** que pariu!
— Por quê? Já estava na hora de vocês mostrarem alguma ação! Meu filho, vocês se conhecem desde bebês. Sempre torcemos para que algo a mais acontecesse entre vocês para que a linhagem dos Potter e dos McKinnon se cruzasse!
— Não vejo Marlene desse jeito, mãe! Você e a senhora McKinnon têm que parar de tentar forçar algo que não vai acontecer.
— Por que você é tão contrário a is... Não me diga que é por causa de Lílian Evans, a menina que Sirius me falou a respeito.
— Talvez seja.
— Meu filho, paixões de colégio são maravilhosas, eu sei, entendo que são saudáveis, mas você não pode basear seu futuro em pura atração. O que você teria com Marlene...
— Não é pura atração. Eu amo Lílian.
Euphemia abriu a boca, surpresa.
— Droga! — James exclamou, lágrimas descendo timidamente de seus olhos, como se não conhecessem muito bem o caminho de seu rosto — Eu amo aquela menina.
Euphemia abraçou James contra o corpo e permitiu que ele chorasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Jarlene: supposed to be" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.