Longbottom escrita por Honora


Capítulo 1
Coragem.


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei de onde raios essa ideia surgiu, mas eu amei escrevê-la.



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Neville caminhou pelos corredores com um sorriso torto e o ar tipicamente desajeitado que possuía. Naquele fim de tarde, o motivo da chacota não era mais uma de suas trapalhadas e sim uma peça pregada pelos Weasley. De qualquer forma, era o suficiente para tornar-se invisível por um curto período de tempo.

 

Sorriu para o trio de grifinórios, Harry Potter abanara a cabeça e Hermione lhe lançou um sorriso pequeno, enquanto Ron parecia mais confiante em reclamar. Enquanto se afastavam, Longbottom acompanhava-os com o olhar, pequeninamente desejando ter uma amizade com quem conversar.

 

Sentia falta de ter um amigo — era correto sentir falta de algo que nunca teve? —, mas preocupava-se mais em não perder seu sapo ou em sentir medo do Prof. Snape. Em suma, estava sempre mais ocupado com a preocupação das lições de casa e com o foco em seu fracasso na magia.

 

Seus pés, no entanto, haviam finalmente o levado a algum lugar. Encontrava-se parado na ponte coberta, rebuscando algo útil em sua mente para, no fim, perceber que não havia nada a ser feito naquele dia.

 

Contentou-se em apreciar a quietude do lugar e em tornar-se visível apenas para si mesmo. Mas aquele plano não havia funcionado muito bem.

 

O que faz tão longe de seus amigos, Neville? — o homem sorrateiro possuía o rosto habitualmente cansado, mas um sorriso largo e disposto.

 

Prof. Lupin — cumprimentou-o com a cabeça baixa e um sorriso torto, atrapalhando-se no próprio silêncio.

 

Lupin sorriu e olhou-o com uma estranha ternura.

 

Se importa se eu ficar aqui por algum tempo? — negou com a cabeça em resposta.

 

Internamente, desejava ser invisível, pois atos de pena como os do professor sempre lhe deixavam desconfortável.

 

E o olhar do homem parecia lhe estudar, mas seu sorriso dizia que queria apenas alguém para manter um diálogo. De qualquer maneira, nunca fora muito bom para decifrar o que os olhares e expressões alheias queriam dizer — exceto quando tratava-se de gozação, sabia exatamente quando alguém o olhava com maldade.

 

Sabe, Neville, há algo em você que me lembra um antigo amigo meu. Não compreendo exatamente o que seja, mas você me recorda a imagem dele — o professor falava e gesticulava com certo tom nostálgico, o que lhe causava um sorriso perdido no meio de um rosto exausto.

 

Ele era um desastre também? — sorriu e tentou parecer engraçado, mas soou mais penoso consigo mesmo.

 

Lupin riu suavemente, com o olhar em direção a uma árvore grande e volumosa, onde alguns alunos encontravam-se sentados abaixo.

 

Ele possuía algumas inúmeras dificuldades com magia e sempre fora muito esguio com as pessoas, muito invisível também. Veja, só souberam seu nome quando ele havia morrido — murmurou Remus.

 

Neville não soube exatamente o que dizer, sua mente, na verdade, trabalhava para entender se o amigo de seu professor havia sido uma pessoa bondosa ou se ele já estava morto e encontrava-se esquecido.

 

Mas havia algo nele… Algo que eu vejo claramente em você — o sorriso lembrava o de Hermione quando somente ela sabia da resposta.

 

O quê? — decidiu aventurar-se na pergunta, mesmo que temesse a resposta. Não precisava ouvir a palavra “fracasso” de mais uma pessoa naquele ano.

 

Coragem.

 

Neville não surpreendeu-se, pois tinha certeza de que ouvira errado. Esperou as risadas que normalmente apareciam após alguém gozar de sua cara, mas não havia sinal de que o professor estava brincando com ele. Ao contrário, o rosto sereno e o sorriso pequeno apenas indicavam o quão sério ele estava sendo.

 

Não se engane, Neville. Você não é um grifinório por mero acaso. Há algo destinado em você, algo que somente você poderá dar vida. Mas a chama está aí, e eu tenho certeza de que és tão mais corajoso do que o Chapéu Seletor acha — havia certa sabedoria nas palavras do homem, como se ele pudesse ver o que havia escondido no fundo de seu âmago.

 

Desculpe, professor, mas eu não teria tanta certeza sobre isso — o sussurro fraco não passou despercebido e seus olhos, de um minuto para o outro, pareceram pesar.

 

Sabe, Neville, se há algo que eu aprendi nestes anos é que se você permitir, você se torna o que as pessoas falam. Se alguém lhe julgar um perdedor e você permitir que seja um, você se tornará um perdedor — a mão balançava e as palavras pareciam fluir na mente do garoto — Não deixe que os outros lhe digam quem Neville Longbottom é, só você pode responder isso.

 

Longbottom nunca encontrou-se mais imerso nas palavras de alguém como encontrava-se neste momento. Parecia que nem mesmo os sermões maldosos de Snape permaneceriam em sua cabeça por tanto tempo como as frases cuidadosas que Prof. Lupin lhe proferia.

 

Por que está me dizendo isso, Professor Lupin? — a surpresa em seus olhos era ainda maior que a confusão de seu rosto.

 

Como eu lhe disse, você me lembra um amigo. E este amigo viveu sua vida sendo a sombra de alguém e sendo o herói de ninguém, enquanto tudo que sentem por ele é pena e descontentamento. E você, caro Longbottom, não precisa tomar o mesmo caminho para ser alguém, para ser o Neville.

 

Havia um sorriso no rosto do mais jovem que parecia ser praticamente impossível de tirá-lo, até mesmo com a mais obscura magia. Não que este sorriso fosse durar uma vida toda, ou apenas o terceiro ano de Hogwarts, mas com toda certeza perduraria por um longo tempo.

 

Bom, venha, está quase na hora do jantar, não queremos dormir de barriga vazia, não é? — enquanto o professor caminhava a frente, Neville o acompanhava com um olhar singelo.

 

Pela primeira vez, alguém havia acreditado em seu potencial e pela primeira vez Neville havia acreditado em si mesmo.


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Notas finais do capítulo

Claramente o Remus ainda não sabia sobre a verdadeira face do amigo traidor Peter Pettigrew, já que a fanfic se passa no inicio do terceiro ano.

Obrigada a você que leu! ♥



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