They don't know about us escrita por Mariana


Capítulo 1
Capítulo 1 - Ano novo, vida nova.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, e comentem. Beijos.



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Mariana narrando:

Cidade nova, vida nova. Mas nem sempre isso significa algo bom. Logo depois da minha mãe morrer, a sete meses atrás, meu pai decidiu que deveríamos começar uma vida nova em outro lugar no ano seguinte. Então saímos da cidade interiorana em que nós morávamos e fomos para o Rio de Janeiro. Ainda acho que ele só quis vir pra cá para ter uma vida mais agitada, e assim consequentemente não pensar tanto em minha mãe. E eu esperava que ele conseguisse.

Apesar de nós dois termos uma relação boa, ele optou por me mandar estudar em um colégio interno todo moderno aqui do Rio. Acho que por eu ser filha única e mulher, o deixava meio assustado, pois realmente criar uma filha adolescente sozinho não deve ser nada fácil. Não o julgo exatamente por o entender. Nós dois precisávamos de um tempo separados pra aprender a lidar com a perda sozinhos, porque toda vez que conversávamos, magicamente nos deparávamos falando dela e de como ela nos fazia falta. E como fazia...

Já estávamos no Rio a duas semanas. Nos acomodamos no nosso novo apartamento e eu logo depois de esvaziar malas tive que enche-las de novo com tudo o que eu levaria para o colégio, já que eu só viria pra casa aos fins de semana. Dei um jeito de colocar tudo em só uma mala grande e fiquei aliviada, só teria que levar ela e a bolsa do meu violão. Eu já ia amanhã pra conhecer tudo e aulas mesmo só começariam no dia seguinte.

Não sabia como descrever o que sentia, uma mistura de medo e ansiedade. Eu mal podia esperar para que a noite passasse logo, já que eu não tinha ideia do que me aguardava no dia seguinte.

Acordei com um grande frio na barriga. Meu pai e eu levantamos bem cedo pra que ele me levasse. Tomei o café da manhã o mais rápido que pude, pois, queria chegar lá o mais cedo possível.

Quando já estávamos no caminho começamos a conversar.

“Você sabe que pode me ligar a qualquer hora né Mariana?” ele falou me encarando com uma expressão preocupada.

“Sim pai, vai ficar tudo bem” falei tentando parecer convincente o bastante, já que eu não tinha tanta certeza assim. Sorrimos um pro outro e depois de uns vinte minutos sem dizer mais nada, chegamos.

Bright future school. Este era o nome da minha nova casa daquele dia em diante. Meu pai me levou até a entrada, que mais se parecia com a entrada de um shopping center, e se despediu de mim, me lembrando mais uma vez para ligar sempre. Apenas assenti e nos abraçamos rapidamente, despedidas não eram bem meu ponto forte. Peguei a minha mala e o violão passei pelos seguranças mostrando minha carteirinha de estudante que meu pai tinha conseguido pra mim logo depois da minha matricula, e entrei.

Fiquei completamente deslumbrada. Nunca imaginei que eu algum dia estudaria num colégio igual a aquele, caso eu não tivesse conseguido uma bolsa de estudos. Antes do grande prédio, que eu presumi que seriam dos quartos e das salas de aula, tinha o gigantesco campus. Primeiro vi uma piscina enorme, com uma lanchonete ao lado onde vários alunos tomavam sol e conversavam sorridentes. Comecei a me animar ao ver que ali não se parecia com uma prisão como eu tinha imaginado. Fui andando mais e vi que tinha uma academia. Sim, uma ACADEMIA na escola. E logo ao lado o ginásio que provavelmente seria onde aconteceriam as aulas de educação física. Continuei andando e logo ao lado, vi o que parecia ser uma área para shows ao ar livre. Não entendi bem o porquê de um colégio ter um espaço tão grande para isso, me lembraria de perguntar isso para alguém mais tarde. Bem perto a essa área, havia também um auditório com um palco menor, me peguei sorrindo imaginando se um dia eu iria cantar ali, mas ai me lembrei da minha timidez gigante que nunca me permitiu cantar pra mais de dez pessoas (e essas eram da minha família). Vi o restaurante e logo depois três lojinhas. É eu acho que meu pai me trouxe pro lugar errado, ali estava mais pra uma mini cidade que pra uma escola.

Decidi deixar pra continuar a explorar mais tarde. Assim que entrei no prédio, vi vários alunos com malas assim como eu, aglomerados em frente uma grande parede. Cheguei um pouco mais perto pra ver e entendi que era um quadro de avisos onde estavam dividindo os alunos para seus dormitórios com seus companheiros de quarto. Li também que o térreo era apenas composto de salas de aula e que todos os dormitórios eram nos andares de cima. Continuei lendo e vi vários nomes de alunos com a numeração do quarto logo a frente, logo encontrei o meu e constatei que o meu quarto seria o 113. Fui direto para a secretaria e depois de enfrentar uma fila gigante, consegui a chave do meu quarto. Subi as escadas depressa pois estava curiosa pra ver como seria meu dormitório e para conhecer minhas novas colegas. Chegando lá encontrei só uma das três camas ocupadas com uma mala rosa em cima, mas o quarto estava vazio. Então eu escolhi uma outra e coloquei minha mala em cima da mesma forma pra marcar território. O quarto era gigante, eu tinha imaginado que seria minúsculo já que haviam tantos alunos. Mas parece que eles realmente não economizaram espaço. Tínhamos vários armários, um sofá, cômodas ao lado das camas e um banheiro. Em outras palavras, aquele quarto era melhor do que a minha casa inteira. Decidi desfazer as malas pra depois sair um pouco, quando eu já estava na metade a porta se abriu. Uma garota entrou, eu então parei o que eu estava fazendo e sorri. Ela era linda. Alta, muito magra, cabelos negros intensos e olhos acinzentados. Confesso que senti um pouquinho de inveja. Ela era totalmente o meu oposto. Eu tinha somente um metro e sessenta e três, não era magra como ela, tinha o cabelo loiro totalmente comum e meus olhos eram pretos. Ela se aproximou um pouco mais, me olhou de cima a baixo e me encarou como se eu fosse louca. Eu já estava pronta pra perguntar se tinha alguma coisa no meu cabelo, quando ela começou a falar

“Quem você pensa que é pra entrar aqui no meu quarto e pegar a minha cama?” Ela disse séria, eu não estava entendendo nada, gaguejei alguma coisa e depois consegui formar uma frase

“Eu não sabia que essa cama era a sua, eu troco se você quiser” falei meio na defensiva, eu não queria já ter problemas no primeiro dia de aula e com a primeira pessoa que eu conversei aqui dentro

“Logico que eu quero garota, eu fico nesse quarto e nessa cama desde a quarta série, e não vai ser você, seja quem você for, que vai me tirar dela” Ela falou colocando as mãos na cintura. Nessa hora meu sangue ferveu. Tá certo que ela era veterana, mais isso não dava direito pra me tratar assim. Respirei fundo e resolvi que não ia entrar naquela, eu não queria ter inimigas aqui dentro. Eu só peguei as minhas coisas e passei pra outra cama que era de frente a que eu estava antes sem dizer mais nada, ela deu um sorrisinho sarcástico e começou a desarrumar a mala dela. Do nada levei um susto

“Meu Deus Bárbara, você já esta brigando com nossa nova colega de quarto? Pelo amor de Deus, vê se cresce um pouco, eu consegui ouvir seus gritos lá da escada” uma outra garota entrou. Agora eu já tinha entendido que a garota que eu tinha discutido segundos atrás se chamava Bárbara. Essa nova garota que entrou veio então em minha direção.

“Ei, não liga pra ela não. Todo ano uma garota nova entra no colégio, vira nossa colega e sai por causa dela. Espero que isso não aconteça com você. Prazer, Rafaela.” Ela disse estendendo a mão e dando um leve sorriso amigavel, eu a cumprimentei de volta e continuei

“Meu nome é Mariana!” falei sorrindo de volta. Essa Rafaela era ainda mais linda que a tal da Barbara. Era também mais alta que eu (só que pouca coisa, ainda bem), tinha os cabelos castanhos e também bem magrinha. Eu estava me sentindo um peixe fora d’água, já que eu não tinha o biótipo de nenhuma delas.

“Eu ainda posso ouvir Rafaela, porque você simplesmente não vaza daqui como as outras?” a Barbara falou interrompendo a arrumação do lado dela do quarto, a Rafaela então se virou pra ela, sorriu e disse

“Não vou discutir com você, porque depois de tanto tempo eu vi que não adianta de nada” ela então se virou pra mim e continuou “Mariana, quer que eu te apresente o colégio?” eu apenas assenti, queria sair daquele quarto, as malas podiam ficar pra mais tarde.

Descemos as escadas e fomos em direção ao campus. No caminho a Rafa (Que disse que preferia ser chamada assim) foi me mostrando as salas e todas as instalações do colégio, algumas pessoas paravam para falar com ela e ela então nos apresentava também. Nos sentamos em uma das mesas em volta da piscina, pedimos um suco de laranja.

“Você é daqui do Rio mesmo Mariana?” A Rafa perguntou sorrindo.

“Não, eu sou do interior do estado. E você? É da cidade mesmo?” perguntei.

“Sou sim. Você vai gostar daqui! Tirando o fato de termos uma colega de quarto insuportável, tenho certeza de que você vai adorar!” Sorrimos uma pra outra e continuamos conversando até mais tarde quando entramos na piscina e eu conheci mais algumas meninas que seriam nossas colegas. Aos poucos percebi que ela estava sim, certa. Eu iria amar aquele lugar.


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