Operation Swan escrita por Mrs Ridgeway


Capítulo 19
The Night of the Decisions


Notas iniciais do capítulo

Oi bbs,

Dada a comoção, e a minha benevolência, claro, temos aqui outro capítulo extra!



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London,

May 6, 2017.

 

O olhar de Scorpius indicava que ele estava esperando uma permissão oficial de Hermione, para que ele e a Rose saíssem de vez. A mulher sorriu de canto. O garoto se fazia de difícil, mas, ela sabia que no fundo Scorpius tinha um coração mole.

Hermione assentiu com a cabeça. Os dois poderiam ir ao encontro, tranquilos, como dois jovens ansiosos com a oportunidade de namorar em paz, sem a interferência de adultos intrometidos.

— Se divirtam bastante. – a mãe da garota desejou sincera.

— Obrigada, mamãe. – Rose agradeceu com um beijo no rosto. – Até mais tarde. – ela disse.

— Até.

A ruiva retornou para junto de Scorpius. Mione observou os adolescentes se afastarem de mãos dadas, rindo de algo que provavelmente apenas os dois sabiam. Ela se sentiu contente em ver que, após muitos meses, Rose voltara a sorrir como antes. Saber se a filha estava bem era a sua maior preocupação. Ser mãe era isso, um constante ato de se doar.

Inconscientemente, Hermione se levantou e andou até o seu quarto. Lá dentro, sentou-se no umbral da janela baixa e se apoiou no vidro espesso, com os pés alinhados na madeira. Ela sempre fazia isso quando a filha saia de casa. Era sua forma particular de supervisionar, proteger, ou até mesmo de garantir um último olhar de segurança.

A mulher permaneceu em silêncio, apenas sentindo o sopro suave da primavera bagunçar os fios soltos do seu coque desleixado. Alguns minutos depois, lá embaixo, Mione viu uma BWM branca sair da garagem do condomínio e pegar a rua principal. Ela se lembrou de que não se deu o trabalho de perguntar a Rose para onde eles estavam indo.

Permaneceu despreocupada. No fundo, a mulher confiava que isso não era necessário. Sua filha não faria nenhuma besteira. Apesar do temperamento contestador e explosivo, Hermione se orgulhava de saber que a garota herdara a sua responsabilidade. Responsabilidade essa que, pelo que parece, a própria Hermione não possuía mais.

A palestra era dali a algumas semanas, não podia entrar em desespero. Não era necessário tanto alarde. Ela só precisava se estruturar. Depois que tudo fosse posto às claras, a vida seguiria o seu curso em paz. Hermione estava tentando encarar a situação da melhor forma possível. Talvez aquela fosse uma nova oportunidade.

Mais cedo, sabendo que Rose e Scorpius sairiam juntos, e a casa ficaria livre para ela, Mione mandara uma mensagem para Ron. Como sempre, o ruivo prometera passar no apartamento no fim do expediente. O relógio digital, no criado mudo, indicara que já havia se passado das cinco da tarde. Ron chegaria ali a qualquer momento.

Em cima da cama de casal, um envelope descansava. Dentro dele, a notícia que mudaria toda a rotina da mulher dali em diante. Sua vida estava prestes a dar uma volta de ponta à cabeça. Outra vez. Da mesma forma que fizera há 16 anos.

 

—-- Ω ---

 

— New York? – indaguei, surpreso.

— É... New York. – Harry suspirou do outro lado da linha. – James vai para New York daqui há duas semanas.

O moreno repetiu a frase, pesaroso. Pelo o que conhecia do amigo, Ron sabia que já deveria ter alguns dias que Harry deveria estar entoando esse mantra para si próprio. Fora exatamente o mesmo exercício mental de aceitação quando ele e Ginny resolveram deixar os filhos mais novos em Londres para poder acompanhar o primogênito na construção da sua carreira, do outro lado do mundo.

— Mas, cara, é a Columbia! – o ruivo exclamou, animado.

Ele precisava mostrar a Harry que não era tão desesperador assim.

 – O meu afilhado vai estudar na porra da Columbia!

Aquilo de fato era uma maravilha.

— Eu já entendi, Ron.

— Eu não vejo a hora da Rose entrar na universidade.

— Mesmo que ela escolha uma longe de você? – o moreno questionou, certeiro.

— Mesmo que ela escolha uma longe de mim.

— Falar é fácil.

— É... é fácil mesmo.

O moreno riu ao telefone. Ron também sabia que ele estava feliz pelo filho.

— Eu preciso mais uma vez da sua ajuda, Ron.

— Com o quê?

— Eu não posso sair daqui de LA ainda. Pelo menos não até resolver as questões da sede aqui. E a Ginny também não pode se afastar do cerimonial até conseguir alguém que a substitua na gerência. Isso leva algum tempo.

Na verdade, levava muito tempo. Montar e desmontar uma empresa não era tão fácil assim, ainda mais uma de grande porte como a PowerSet. As relações comerciais precisavam estar bem fixas para aguentar qualquer mudança.

Harry estava sendo otimista. E colocando muito eufemismo na frase.

— E como eu posso ajudar? – Ronald indagou, interessado.

— Eu gostaria que você acompanhasse o James, e ficasse lá com ele por um tempo. – Harry pediu. – até o final do ano, no máximo. – garantiu. – Você sabe que eu preciso desse tempo para conseguir mudar o administrativo por completo para NY.

De fato, o ruivo sabia muito bem. Aquela era a sua área.

— Preciso de alguém de confiança lá para organizar essa mudança, fazer novos contatos... Enfim, tudo isso que você é especialista em lidar.

Ron praticamente assobiou. Fora pego de surpresa. O ruivo sabia que Harry não descansaria até convencê-lo a ir. Tanto esforço não seria necessário. Uma estadia em New York seria perfeita para os planos dos dois amigos.

Ultimamente Ron fizera algumas pesquisas, e, pelo que tudo indicava, o grande centro dos Estados Unidos era a aposta da vez. A proposta de Harry caíra como uma luva aos seus objetivos.

Decidido, o ruivo respondera com gosto.

— É uma perspectiva de negócios maravilhosa, Harry. Temos investidores em potencial em NY. – ele disse, excitado com as possibilidades. – É claro que eu aceito!

Harry respirou, aliviado. Agora ele tinha certeza que os seus projetos funcionaram nos conformes. E, acima de tudo, que James teria alguém de confiança olhando por ele nesses meses.

Após mais alguns minutos de conversa distraída, a ligação fora encerrada. Ronald conferiu as horas no relógio do celular. Seu resto de expediente seguiu tranquilo, com a leveza típica de quem iria explorar novos mares.

Quando o fim da tarde chegou, o ruivo se espreguiçou dentro do terno. No seu celular o relógio marcava 05:35 p.m. Ron se levantou da poltrona de couro do escritório. Estava na hora de se encontrar com Hermione. Tinha novidades a contar.

Mal sabia ele que não era o único.

 

—-- Ω ---

 

Ao ouvir a campainha, Hermione correra até a sala. A porta fora aberta num milésimo de instante.

— Ron... – saudou, enquanto segurava a maçaneta com força.

Hermione apenas queria disfarçar a mão trêmula. Para a sua sorte, ou azar, Ronald não percebera. O ruivo avançou na sua direção e a colou os lábios nos seus, com intensidade.

— Mione... – disse, ao se afastar. – Tenho novidades! Precisamos comemorar!

Hermione também possuía novidades. A mulher fechou a porta e se virou na direção do ruivo.

— Ron, a gente tem que conversar...

— O que foi?! – ele indagou. – Aconteceu alguma coisa?

O olhar de Ron passara do exaltado para o receoso. Isso acabou por tocar Hermione. Ela suspirou fundo. A conversa dos dois poderia esperar alguns minutos.

— Fale da novidade antes... – Mione sorriu de canto, o encorajando. – O que houve? Algo novo na empresa?

Os lábios do ruivo se abriram outra vez em um largo sorriso. Hermione sabia o quanto ele amava falar sobre o trabalho e sobre as suas conquistas.

— O James entrou na Columbia! – exclamou, feliz. – Na Columbia!

Mione arregalou os olhos, surpresa. A cunhada ainda não havia contado a ela sobre isso. O seu afilhado era uma pessoa inteligente e esforçada. Estudar na Columbia não era nada menos do que o que ele merecia.

— Oh, isso é uma maravilha! – ela louvou, contente. – Harry e Ginny devem estar tão orgulhosos!

— Eles estão! – Ron confirmou. – Quer dizer, o Harry tá meio perdido. Com medo eu diria... – falou. – Aí que vem a segunda parte da novidade: eu vou passar uma temporada em New York com James, para ajudar o Harry com a transferência dos negócios da empresa. Vou estar na ativa novamente, Mione, como antes!

Um choque doeria menos do que a novidade de Ron. Como uma flor no fim da tarde, Hermione murchou. Ela tentou se sentar no banco alto da cozinha com dificuldade e se segurou na bancada. O ruivo veio em sua direção, preocupado.

— Hermione...?! – ele a apoiou pelas costas. – Mione, o que houve...?!

— New York...? – foi à única coisa que ela conseguira balbuciar.

— Sim... – confirmou sem entender. – New York...

Lágrimas brotaram dos olhos de Hermione. Uma por uma, as gotas rolaram pela sua face. Não era possível que estivesse acontecendo tudo de novo, da mesma forma, dezesseis anos depois.

— Mione, o que você tá sentindo?! – Ron parecia beirar o transtorno. – Pelo amor de Deus, me fala o que tá acontecendo com você!

— De novo não... – ela murmurou, em meio a soluços.

— De novo não o quê?! – o ruivo questionou. – Acho que é melhor eu te levar para um médico. Você não está bem...

— Eu estou ótima, Ron.

— Então o que é que está acontecendo?!

— Eu estou grávida!

Tal qual estivesse em um filme de ficção científica, o tempo parou na cabeça de Ronald.

— Grávida...? – ele disse, absorvendo a frase.

— É, Ronald. Grávida. – ela repetiu. – Você vai ser pai novamente.

Ron piscou algumas vezes, consecutivamente. Em sua mente as coisas tentavam se organizar, sem sucesso.

— A gente nunca conversou sobre outro filho, Mione.

— Eu sei que não.

— Então como...? – era como se nada se encaixasse naquele momento. – Você não usava aquele dispositivo intra-uterino...?

— Usava, mas há alguns meses atrás eu o retirei...

Mione escorregou do banco até o chão frio da cozinha.

— Quando a Drª Nathalie me avisou que já estava no tempo de substituí-lo, eu optei por retira-lo. – a mulher explicou. Seus olhos estavam desfocados. – Eu... – ela suspirou. – Eu não imaginava que voltaríamos a ter algo um dia, Ron. Você já tinha saído de casa há... meses...

Sem questionar mais nada, Ron se abaixou em sua direção e a abraçou. Seu toque era cúmplice, do mesmo modo que fora há 16 anos, dentro do Ford Anglia azul que há muito pertencera ao seu pai. Hermione se permitiu aconchegar nos braços do ruivo, sabendo que ali ela sempre encontraria proteção.

Era como se um filme estivesse passando na cabeça dos dois. As pessoas afirmavam que com o passar dos anos e com o acúmulo de maturidade, certos acontecimentos adquiriam a leveza da experiência. Os dois, no entanto, estavam ali para provar que as coisas não eram bem dessa forma. O frio na barriga continuava o mesmo de sempre.

O medo viera à tona, porém não era o único sentimento presente naquele momento. Saber que uma vida estava a caminho depois de tanto tempo também era uma notícia boa. 

Subitamente, o peito do ruivo se enchera de felicidade.

— Vamos ter um bebê. Eu e você.

A forma ingênua como Ron dissera a frase fez com que Hermione risse com gosto. Apesar do susto, ela também estava feliz.

— É, nós vamos ter um bebê. – confirmou.

— Eu preciso falar com o Harry. – o ruivo coçou os olhos, preocupado. – O Jay vai ter que ficar sozinho por um tempo e...

— E...? – Hermione interrompeu a fala. – Você não está pensando e cancelar a viagem, está?

— Você não acha que eu vou viajar e te deixar aqui, acha?! – na cabeça de Ron aquilo parecia óbvio. – Eu vou voltar para casa.

A ficha de toda a situação só caiu para Hermione naquele momento. No mesmo instante um misto de emoções fluiu dentro de si. Por mais que aquilo fosse uma das coisas que a mulher tivesse desejado escutar durante meses que se passaram, não era sob as atuais condições que Mione desejava que as palavras fossem ditas.

Ron tivera todas as oportunidades do mundo para voltar para casa. Hermione tivera todas as oportunidades do mundo para avançar. Ainda sim, ambos escolheram a inércia. Ambos optaram por empurrar a situação com a barriga. Ambos escolheram a pior forma de encarar a verdade. Porque, no fim, a verdade nem sempre é boa. A verdade nem sempre diz o que nós queremos escutar.

E foi com um aperto no coração que a mulher disse, em alto e bom tom, algo que não tivera coragem de dizer antes.

— Não, você não vai.

Ronald se empertigara ao seu lado, sem entender a negação.

— O quê...?! – Ron não estava entendendo a reação da mulher.

— Você não vai voltar para cá. – repetiu.

— É claro que vou! – ele bradou. – Eu não vou te deixar sozinha. Hermione, você está gravida!

— Sim, eu estou grávida, não com uma doença terminal, Ronald!

Ela o encarou. Os olhos azuis do ruivo se fixaram nos castanhos da mulher. Por incrível que pareça, não existia ressentimentos no olhar de Hermione.

— Após todas essas semanas você não quis voltar, Ron. Quando todos perguntavam o que nós éramos afinal, você fugia da resposta. E eu me deixei levar junto. Nós não medimos as consequências. Esquecemos que não somos mais dois jovens com o mundo pela frente e com a vitalidade necessária para encarar a tudo e a todos.

— Isso foi em outras em outras condições...

— Para mim as condições são as mesmas. Nada irá mudar. Eu não vou usar essa criança como uma escada para que você volte. Não foi dessa forma que eu imaginei em ter a minha família novamente...

Aquilo era um recado. Hermione estava tentando dizer alguma coisa.

— Nós erramos Ron... – ela murmurou. – Erramos conosco, erramos com a Rose... Erramos com tudo. Se optarmos por continuar com isso, estaremos errando com essa criança também.

— O que você quer dizer com isso, Hermione?

— Eu quero dizer que é melhor nós assinarmos aquele divórcio. – ela decretou.

— As coisas não precisam ser assim...

— Essa é a forma, Ron. Já deveria ter sido há muito tempo. Esse casamento acabou.

— Deve haver outra maneira...

— Não tem outra maneira. Eu quero o divórcio.

Em seu íntimo, Ron sabia que Hermione estava certa. Ele sempre soube. E foi por isso que saíra de casa quando as brigas, meses atrás, tornaram-se insustentáveis. Mione estava apenas agindo de maneira racional. Se à altura dos fatos eles retomassem aquela história, seria pelos motivos errados.

Ainda sim isso não impediu que os seus olhos marejassem. Entender que algumas coisas simplesmente têm começo, meio e, principalmente, fim é uma das maiores dificuldades do ser humano. Somente na teoria era fácil afirmar que tudo acabara.

O ruivo apoiou os cotovelos nos joelhos e escondeu o rosto por entre os braços. A primeira lágrima caiu. Com ela, vieram mais algumas. As memórias as acompanharam, em seguida. Recordações de um passado que não voltaria mais.

Aquele casamento há muito não funcionava. O divórcio antes de tudo voltar a dar errado era a opção mais saudável. Se uma árvore está morta, independentemente dos seus galhos secos continuarem balançando ao vento, a melhor opção é corta-la. E mesmo que fosse necessário que eles fizessem algumas concessões ao longo dessa nova jornada, Ron tinha noção que a felicidade de uma família dependia de muito mais coisas além da união de um casal.

Também apoiada no chão, Hermione chorava igualmente. Lado a lado, ambos tentavam se acostumar com o fato de que aquele casamento havia acabado. Segundos, minutos, ou talvez horas, passaram lentamente. Nesse meio tempo, ninguém disse nada.

Quando Ronald se manifestara, já era noite lá fora. Ele se ajeitou de forma a ficar cara a cara com Hermione.

— Prometa que vai me mandar todos os exames, ultrassons ou qualquer outra coisa que você fizer ao longo desses meses. – pediu, veemente. – Prometa que se vocês precisarem de mim, para qualquer coisa, você não vai hesitar em pedir minha ajuda...

— É claro que eu te prometo, Ron...

— Eu ligarei todos os dias, se necessário. Só não me afaste dele, por favor...

— Isso jamais passaria pela minha cabeça. – ela garantiu, com um sorriso. – Eu nunca te deixaria fora disso.

Aliviado, Ron deixou com que o ar saísse do pulmão lentamente. Hermione segurou o rosto do ruivo com as duas mãos.

— Você é o pai desse bebê e eu não me arrependo nem um pouco do que a gente fez.

— Eu também não.

O sorriso de ambos indicava que não existia mesmo nenhum arrependimento. As testas se colaram por alguns segundos. Um beijo tímido, fraternal, e carregado de carinho veio logo depois. Um beijo de despedida. Estava na hora de dizer adeus.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?!
Me contem aqui nos comentários! Eles são muito importantes para a evolução da história! (e podem ajudar a postagens mais rápidas ;] )

Para quem não conhece ainda, eu tenho uma página onde posto os links das histórias, alguns spoilers de vez em quando, umas novidades também... Dá uma chegadinha lá!
==> https://www.facebook.com/Mrs-Ridgeway-1018726461593381/

Beijos e até dia 26 (agora é de verdade)!



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