Trilogia Aventuras 03: FAMS - A Aventura Continua escrita por Renny Gouveia


Capítulo 15
Capítulo 14: O apocalipse começa...


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo finalmente postado! Hoje nossa aventura chega a um nível totalmente novo, e isso vocês já devem ter percebido somente pelo título ou pela imagem. A batalha está mais intensa e difícil do que nunca, e nossos heróis terão um grande desafio pela frente. Aproveitem bem o capítulo. ;)



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CAPÍTULO 14

O APOCALIPSE COMEÇA...

O SENHOR SUPREMO DAS TREVAS RETORNA MAIS UMA VEZ.

Com horror e medo, após acordar, Kevin olhava de longe os restos do Centro de Convenções voarem em pedaços pelo céu, desintegrados pelas chamas e sombras que emergiam do solo e subiam até os limites do céu, transformando-se em nuvens apocalípticas que banhavam tudo ao redor com o seu brilho da morte.  Ela tudo muito confuso e surreal, e havia acontecido tão rápido, apenas alguns minutos antes...

 

Kevin estava tão concentrado em sua batalha contra Lucas Uchoa, que nem se dera conta da chegada de Sauron sobre o telhado, onde Josiele estava adormecida; então, quando sua batalha terminou, e ele foi verificar o estado da amiga, ficou momentaneamente surpreso ao não vê-la mais lá, e depois ficou mais surpreso ainda, quando achou uma abertura no teto, e voou para dentro, vendo o corpo dela sobre o chão, ao lado da criatura metálica, que depois ergueu sua mão para a estranha esfera brilhante que flutuava acima do chafariz, fazendo-a se condensar em uma micropartícula, que pousou em sua mão como uma bolinha de gude.

“Droga, como eu sou idiota,” lamentou ele, achando que tudo era culpa sua.

Renny estava no local, apavorado ao ver a criatura pegando a esfera, enquanto Luiz, ali perto também, apenas sorria com indiferença. Toda a nova e rápida situação surpreendente o pegara de surpresa, mas o cosplayer não precisou pensar muito para ter certeza de que aquela esfera luminosa fazia parte do que todos os membros do Time Ren lutavam para impedir. Naquele rápido momento de conclusão, ele ainda chegara a avançar contra o sujeito, que supusera ser o tal Sauron, e tentou impedi-lo de fazer sei lá o que pretendesse, mas Luiz surgiu inesperadamente na frente do percurso, e com apenas um golpe de energia negra disparado de sua mão, jogara o cosplayer contra as paredes, atravessando-as e aterrissando em meio aos destroços de onde ocorria, ou ocorrera, a batalha de Elayne contra Rony, mas ele não pôde ter certeza de nada, pois havia batido a cabeça em um bloco de asfalto erguido e apagou por um tempo.

 

Agora, depois que acordara de seu pequeno momento de lapso, Kevin via as chamas e sombras subirem, cobrindo o céu como nuvens; e, além da culpa, por não ter conseguido resgatar Josiele e impedir o inimigo, só havia mais um pensamento que lhe cercava totalmente a mente:

“É o fim! Nós falhamos.”

☯ ☯ ☯

Após Kevin ter sido lançado para longe pelo impacto do poder de Luiz, Renny encarou Sauron, que segurava a energia condensada das almas humanas assassinadas na palma de sua mão, e rugiu para ele, mostrando suas presas afiadas. Mas Sauron não se intimidou, apenas o encarou com indiferença, dizendo:

— Ah, aí está o garoto problemático que se aliou a Galadriel para me deter. É um grande prazer conhecê-lo, meu jovem, e uma pena, que tenha escolhido o lado errado para se aliar.

Renny se irritou, dando um passo a frente. Ele não sabia bem o que podia fazer nessa situação crítica, mas não ficaria parado enquanto via todo o seu plano tão bem elaborado ir buraco abaixo.

— Opa, se eu fosse você, não tentaria nenhuma tolice — disse Luiz, surgindo de repente de trás de Sauron. — Agora somos dois contra um, e, por mais que sozinho eu seja mais do que suficiente para dar cabo de você, com Sauron aqui, suas chances de sucesso estão perdidas. — Luiz caminhou um pouco mais a frente e deu uma olhada de relance para Sauron, antes de prosseguir: — Eu não sei ainda o quanto o meu amiguinho aqui está forte agora, mas acho que não precisa muito para saber que só um idiota se arriscaria a toa; ainda mais agora, que ele tem a maior arma de poder em suas mãos.

Sauron permaneceu em silêncio, totalmente estático, enquanto Luiz falava. Mas Renny sabia, pelo conhecimento que tinha do futuro, que o Um Anel de Sauron ainda não havia sido criado, isto porque ainda faltava mais um ingrediente para completar o ritual — e este ingrediente era Luiz. 

— Luiz, você não entende. Sauron vai te trair, acredite em mim — rosnou Renny, dando mais um passo, agora com uma espada de fogo esverdeada brotando numa das mãos.

— Mentiroso! — O anjo-caído não deu ouvidos ao rival, e o atacou com sua espada de trevas, furioso e ainda meio confuso. Ambas as armas se chocaram e uma onda de choque abriu uma cratera no chão. — Suas baboseiras não vão mais me confundir. — Produzindo mais uma espada negra no outro punho, Luiz tentou atingir o pescoço de Renny, mas o mesmo conseguiu escapar a tempo, movendo seu corpo para trás e dando uma cambalhota por cima de algumas poucas mesas e cadeiras de plástico que restavam intactas por perto, depois aterrissou no balcão da lanchonete.

— Você sabe que estou falando a verdade, Luiz. Você viu nas visões. E mesmo que não acredite, pense um pouco mais. Você é esperto, deveria, mais do que qualquer um, saber que apenas um punhado de almas humanas não seria suficiente para Sauron conseguir o tamanho poder que almeja. Não estou certo, Sauron? — Renny dirigiu sua atenção para o inimigo imóvel, a esfera de luz ainda brilhando em sua mão. — Eu sei muito ao seu respeito, tanto por ser um aficionado pelas obras de Tolkien (a pessoa que foi usada pelos Valar para escrever a sua história), quanto por Galadriel, que me falou mais ao seu respeito.

Sauron continuou em silêncio, e Luiz, apesar de manter seus olhos atentos em Renny, ouvia cada palavra dita, esperando que seu mentor se pronunciasse. Renny continuou:

— Você é alguém ambicioso pelo que sei. O Um Anel no passado foi uma arma mágica muito poderosa, mas já foi ultrapassada atualmente pelo poder nuclear dos seres humanos, e eu sei que você não se contentaria em saber que a raça humana ficou mais forte. Ou... — Renny olhou para Luiz com sarcasmo. —... que seu precioso aliado o ultrapassou depois que se converteu em uma criatura sobrenatural.

Houve silêncio. Por longos segundos, Renny não disse mais nada, nem Luiz falou, ainda aguardando seu comparsa dizer algo. Um estranho ar de mistério e incerteza pairava no ar, aumentando a tensão sobre os rivais. Mas, quando Sauron finalmente falou, sua voz demoníaca estava totalmente tranquila.

— De fato, seria um grande infortúnio possuir inimigos com mais poder do que eu, isso dificultaria as chances de cumprir meus objetivos, que agora são os de Luiz também. — Sauron começou a caminhar lentamente até eles, sua armadura rangendo enquanto ele se mexia. — Mas, você se engana, meu jovem, se pensa que sou tão obsecado por poder dessa maneira a ponto de trair meu aliado. — Sauron parou, quase ao lado de Luiz, que sorria, ao ouvir as palavras dele. — Poder para mim é apenas um meio de atingir meus propósitos. Foi assim, durante os tempos antigos, quando me aliei a Morgoth, o Primeiro Senhor do Escuro. Ele foi meu mestre e me mostrou seus ideais para o futuro, além de me ensinar coisas das quais desconhecia, por causa daqueles malditos Valar, que sempre queriam tentar manter os seres vivos como humildes e inocentes criaturas. Quando meu mestre caiu, eu jurei dar seguimento aos seus ideais, transformando o mundo na utopia da qual tanto sonhávamos. E para isso eu precisava de poder e aliados, e apenas da maneira mais brutal foi-se possível conseguir isso, infelizmente. E — Sauron olhou para a esfera cintilando em sua palma —, por meio desses mesmos meios brutais, eu tenho novamente a chance de conseguir poder para dar seguimento aos meus propósitos neste mundo contemporâneo. No entanto... — Sauron olhou para Renny e depois para as costas de Luiz. — não tenho o poder de que ainda necessito para continuar.

Ouvindo aquelas palavras pesarosas, sem entender o que de fato seu aliado queria dizer, Luiz se virou e indagou:

— O que você quer dizer com isso?

— Luiz, cuidado! — gritou Renny, com um mal pressentimento ao perceber que o rival estava com a guarda baixa e que algo se revelava nas últimas palavras de Sauron.

Entretanto, era tarde demais...

Com uma velocidade surpreendente, Sauron levou o punho fechado — em que estava a pequena esfera de luz provinda do Núcleo das Almas — em direção a Luiz, bem no momento em que Renny gritara, e atravessou-o em seu peito, atingindo o coração.

Com uma máscara de incredulidade, Luiz olhou para Sauron enquanto seu corpo tremia devido a dor, e tudo o que conseguiu dizer foi:

— Por quê?

— Desculpe, Luiz, eu realmente não queria que acontecesse desta maneira, e confesso que ainda estava hesitante se deveria ou não fazer isso quando entrei e o vi aqui. Mas a única maneira de conseguir criar o poder de que necessito é através de você. Somente com o seu poder unido ao da energia das almas sacrificadas e ao meu poder, é que eu poderei retornar com força total. E eu sei disso, porque quando eu dividia o corpo com o garoto Rafael quatro anos atrás, quando reencarnei, quase fiquei invencível, quando ele aceitou fundir sua alma a minha naquele corpo humano.

Traído, Luiz olhou para Sauron com tanto mais tanto ódio, que por poucos segundos pôde se lembrar de seu passado e o que o havia levado a chegar até a sua atual realidade. Ele se lembrou também quando lutara no FAMS em 2015 usando o cosplay de Uchiha Madara, dizimando toda Sobral, lembrou-se do momento que adquiriu seus novos poderes durante o AFA e do futuro... o futuro que Renny lhe mostrara, e que ele ignorara totalmente como um tolo, por achar que, de todos que já o haviam traído em sua vida, Sauron era o único que realmente era merecedor de sua confiança.

De repente, Renny rosnou e saltou com espadas de fogo em ambas as mãos, na tentativa de impedir que seu maior pesadelo se concretizasse, porém Sauron não havia se esquecido dele, e bastou apenas arremessar sua clava contra o herói, para desequilibrá-lo, jogando-o contra o teto e depois fora do Centro de Convenções.

— Eu sinto muito, Luiz, mas essa é a única solução — continuou Sauron, sua atenção novamente em Luiz. — Você e eu nos uniremos e realizaremos o que tanto almejamos para esse mundo.

— Vai se fuder, seu merda! — Foi tudo o que Luiz conseguiu dizer, antes de Sauron ativar o poder colhido em seu punho e uma explosão de chamas e sombras emergirem do corpo dele como um furação, tragando Sauron e tudo mais que estava ao redor.

De fora, perto de alguns blocos de gelo branco e negro que se amontoavam por toda parte, Renny, que agora não estava mais transformado no modo kitsune, viu com frustração a onda de poder crescendo em largura e comprimento, levando o que restava do Centro de Convenções e do FAMS, enquanto subia e se espalhava pelo céu e os dois seres se fundiam numa só criatura.

— Ei, cara, o que tá acontecendo ali? — perguntou Ivanildo, surgindo ao lado dele com D-Noidis um pouco mais atrás.

Sem precisar olhar para eles, para saber quem eram, Renny apenas sussurrou:

— É agora que o bicho vai pegar de verdade.

Bastaram apenas essas palavras para Renny entender que Bruna Timbó, ou os nove espectros, ou até mesmo Luiz, não eram o real problema, mas sim a criatura que em breve iria emergir dali.

☯ ☯ ☯

O céu foi tomado por fogo e sombras. Trovões rugiram. Relâmpagos desceram sobre a terra como uma chuva inconstante. E bolas de fogo despencaram como meteoritos, abrindo crateras no asfalto e incendiando casas e prédios.

Toda a cidade de Sobral e alguns interiores vizinhos estavam tomados pelo caos. Destruição se espalhava por todos os lados, e a população assustada, chorava, rezava, gritava e até corria sem rumo, sem saber para onde ir.

Morte. Morte era apenas o que restava para aqueles que tiveram o azar de estar em Sobral ou em suas redondezas, nesta tarde fatídica de sábado.

Mas quem estava longe da ameaça destruidora que encobria o céu não estava a salvo por muito tempo também, pois muito em breve o gerador daquele caos surgiria, e toda a raça humana sofreria pelo resto de sua existência.

Sua ressurreição não demoraria muito tempo mais.

Sauron, o Senhor do Escuro, estava vindo para reivindicar o domínio do mundo.

☯ ☯ ☯

Enquanto a destruição seguia intensa e o inimigo não surgia, Renny sabia que precisava tomar atitudes imediatas para reunir os membros sobreviventes do Time Ren para uma última tentativa desesperada de derrotar o inimigo; assim, ele pediu para D-Noidis e Ivanildo se separarem e procurarem com urgência pelos integrantes da equipe, mesmo que estivessem muito feridos e inconscientes.

Quando os dois saíram às pressas, tomando o máximo de cuidado possível para que as bolas de fogo ou os relâmpagos que despencavam do céu não os atingissem, Renny fez o mesmo, correndo feito um louco pela avenida, vendo as imagens do futuro predestinado tornarem-se reais pouco a pouco.

— Karen. Karen, acorde. — A primeira pessoa que Renny encontrara fora uma das veteranas mais antigas do Time Ren. Ela estava caída numa poça de água negra no chão, que outrora fora gelo, provavelmente derretido pelo calor da erupção de energia ali perto. No entanto, a aparência da garota era péssima: toda a pele dela estava coberta por manchas, tendendo da cor roxa para o negro, e havia enormes bolhas de pus por toda a parte. A primeira vista, qualquer médico diria que ela não teria salvação, mas ela ainda respirava, e isso já era mais do que suficiente para Renny, quando tirou um objeto do bolso do short jeans, colocando-o sobre a testa dela, enquanto a chamava novamente: — Karen, por favor acorde. Você vai ficar bem.

O objeto brilhou sobre a testa da garota, espalhando sua magia incandescente sobre ela, e em pouco menos de um minuto, todas as manchas e bolhas de pus que lhe cobriam o corpo haviam desaparecido instantaneamente. Renny viu o processo funcionar com perfeição, e agradeceu ao seu clone por não ter desistido de lutar e pedido a um dos membros que tornasse real o poder dos doze talismãs de Shendu.

“Que bom que eu consegui pegar todos os doze talismãs espalhados pelo chão enquanto lutava com Luiz. Graças a isso, podemos ter uma pequena chance a mais de vitória,” refletiu ele, novamente sorrindo e agradecendo mentalmente ao seu clone.

Pouco a pouco o talismã do cavalo parou de brilhar sobre a testa de Karen, e quando a respiração dela começou a fluir melhor, Renny pegou o talismã e aguardou até que sua amiga abrisse os olhos.

— Ren... Ren, é você? — sussurrou ela dez segundos depois, ainda meio sonolenta. — O que houve?

Resumindo a história para ela, Renny se levantou, puxando o braço da garota, para que ela também ficasse de pé, e depois os dois partiram à procura de mais companheiros. No percurso, enquanto passavam pelos restos de Lucas Dixon e pelos cadáveres de Anna e Milena, Renny usou o poder do talismã em si mesmo, curando seus machucados, restaurando a roupa meio rasgada e aliviando o cansaço. Então eles encontraram Elayne, a cosplayer de Lightning, caída no chão, com duas estacas de pedras fincadas em seu abdômen.

Karen se abaixou, colocando o ouvido perto do nariz da garota ensanguentada, e com isso, ela assentiu para Renny, confirmando que a cosplayer ainda respirava, e ele correu com o talismã da cura, sentindo mais uma pequena fagulha de esperança se acender.

Pouco a pouco os heróis sobreviventes se reuniam.

A esperança não havia morrido ainda.

☯ ☯ ☯

Não se passou muito tempo desde que Elayne acordara e os outros dois cosplayers chegaram: Ivanildo trazendo Natália e Fabiana sobre seus ombros, enquanto D-Noidis segurava Ursula e vinha acompanhado um pouco mais atrás por Kevin, que os encontrara pelo caminho enquanto tentava falhamente achar Josiele no meio de todo aquele caos. A equipe sobrevivente se reunira, e graças ao poder do talismã do cavalo, todos foram curados, inclusive os cosplayers que traziam os que estavam desacordados. Com a equipe reagrupada e revitalizada, Ursula projetou um escudo físico para protegê-los e Renny começou a debater com eles como poderiam enfrentar a nova ameaça. Não parecia haver muito que fazer, mas todos tentaram pensar da maneira mais racional possível, afastando o medo e a desesperança provocada pela visão da desolação que assolava toda Sobral.

— Então acham que pode dar certo? — repetiu Renny, encarando seriamente Kevin e Ivanildo, que ainda estavam confusos.

— É... pode ser. — Foi Kevin o primeiro a falar. — Mas nunca fizemos isso antes, então vamos precisar de um pouquinho de tempo pra treinar.

— Exatamente — completou Ivanildo. — Só temos uma chance, e se der errado, não vamos ser de muita ajuda.

Renny os olhou com impaciência, almejando recusar a ideia de ter que dar um tempo para os dois treinarem. Na situação em que estavam, todos precisavam estar lutando juntos, ao mesmo tempo, se quisessem vencer o inimigo, e eles já estavam dando sorte demais, pela criatura gerada da fusão de Sauron e Luiz ainda não ter dado as caras e os matado. Ele abriu a boca para começar a sua objeção, quando foi surpreendido pela voz de Natália:

— Okay, nós vamos segurar o inimigo por um tempo até vocês dois conseguirem. Vamos nos esforçar ao máximo, não é pessoal?

A voz motivadora mexeu com os demais, e todos assentiram com sorrisos confiantes.

— E eu posso dar uma forçinha a eles também... — disse Ursula, ainda com as mãos erguidas, projetando o escudo dourado que repelia os relâmpagos e as bolas de fogo que caíam como turbilhões do céu flamejante. — Sou boa com magias de suporte, lembram? Posso usar alguma coisa que conheço para ajudar eles a pegar o jeito da coisa mais rápido, daí a gente chega e mete o tapa naquela bicha meticulosa. Vai ser um arraso, vai dar certo.

“Aaaaaaaaa!!!” Subitamente, um grito diabólico ecoou por todos os lados, cobrindo um raio aproximado de  oito quilômetros, e os membros do Time Ren taparam seus ouvidos ao ouvir o som ensurdecedor, que fez até mesmo Fabiana e Ursula se tremerem, justamente porque elas foram as que estiveram mais perto do inimigo momentos atrás.

— Chegou a hora, pessoal. — Renny se levantou, olhando para o alto, para o tornado de fogo e sombras que agora começava a se dissipar, revelando o futuro causador do apocalipse humano. — Vamos fazer do jeito que vocês querem, mas... — Ele olhou para Kevin, depois Ivanildo. — Vocês tem apenas quinze minutos para conseguir completar o objetivo de vocês. Não sabemos nem se conseguiremos distrair ele por todo esse tempo, então: apenas 15 minutos!

— Não se preocupe, amore. — Ursula se aproximou dos dois cosplayers, segurando em suas mãos. — Em menos de dez minutos nós chegaremos lá pra dar nosso close.

Renny forçou um sorriso, apesar de ainda não estar tão confiante, não quando se tem um plano inteiro trabalhado por mais de um ano, fracassado; mas ele confiou em seus amigos — porque eles eram a última esperança da humanidade.

— Time Ren, prontos?

— Sim! — gritaram Karen, Elayne, Fabiana, D-Noidis e Natália.

— Então... — bradou Renny, novamente usando seus poderes de kitsune, liberando sua transformação, que lhe fazia crescer garras e presas, além de enrijecer o supercílio; logo atrás, alguns dos demais liberaram seu poder também ou se equiparam com suas melhores armas, e quando Renny gritou sua próxima palavra, todos estavam prontos. — Avançar!!!

E eles partiram para a batalha decisiva...

☯ ☯ ☯

O fogo e as sombras diminuíram ao seu redor, e ele finalmente pôde se ver em sua majestade e glória, sentindo a onipotência de seus poderes supremos fluindo dentro de seu novo corpo. Seu sedoso cabelo era longo, ruivo e de um brilho e beleza magníficos, sua pele macia, levemente bronzeada, combinava sua perfeição com a beleza das vestes avermelhadas com detalhes em preto sobre seu corpo e a pequena coroa negra de hastes pontudas que enfeitava sua cabeça, confirmando a sua supremacia e autoridade sobre o mundo — confirmando que ele era o Deus de que a humanidade apodrecida necessitava para evoluir e tornar-se uma nova raça, que o serviria nesta Nova Era. Ele não era mais Gorthaur, nem Sauron, nem Rafael ou muito menos Luiz, ele havia superado tais seres; por isso, ele merecia um novo título, aquele que representaria o novo legado que criaria — e nada, nem ninguém, o impediria de tornar sua utopia real.

— Finalmente... — Ele falou com uma voz bela, tão doce e tão agradável, que todos os seres vivos que o ouvissem, sob outras circunstancias, provavelmente se apaixonariam de imediato. — Finalmente eu atingi a perfeição absoluta. Finalmente atingi o nível de meu antigo mestre Morgoth. Não! Finalmente eu o superei!

A entidade estava tão maravilhada com seu poder, beleza e perfeição, que não notou, por alguns instantes, que havia inimigos se aproximando dele, e que um deles saltava em sua direção, rosnando enquanto o atacava.

Renny avançou com labaredas esverdeadas projetadas em suas mãos, o poder do fogo espiritual das lendárias kitsunes combinados com suas letais garras energizadas, prontas para destroçar sua presa. Então ele lançou seu ataque, o mais rápido e violentamente possível, de modo a matar o inimigo numa única tentativa. Entretanto...

Seu ataque falhou desastrosamente!

Com apenas uma das mãos levantadas, o inimigo travou os movimentos do herói em pleno ar, usando-se de meramente 1% de seu poder sombrio para evitar a investida. Renny se contorceu, rosnando enfurecidamente para se soltar e tentar atacar o vilão em sua frente, que agora virava sua face lentamente para observá-lo, mas de nada adiantava.

— Sauron! — esgoelou Renny, mostrando suas presas como uma demonstração do que pretendia fazer com o ele.

— Meu nome não é mais Sauron, pequenino — disse o sujeito, calmamente, sem se intimidar com a fúria ameaçadora do adversário. — Eu evolui. Eu me tornei um deus. Então pode me chamar agora de... — Ele parou por um instante para pensar em um bom nome para si, e a resposta veio um momento depois: — Ilúvatar. Pode me chamar de Eru Ilúvatar.

Com a menção do nome, Renny se surpreendeu por um instante, pois Eru Ilúvatar, segundo o que ele conhecia da mitologia tolkieniana, era o deus supremo acima dos Valar, comparado até mesmo ao deus do cristianismo. Era até mesmo uma blasfêmia comparar Sauron com uma dessas entidades. Sauron estava mais cheio de si do que nunca estivera em toda a sua existência.

— Eu me recuso a chamá-lo assim, Sauron. — Foi tudo o que Renny disse, antes de Natália e D-Noidis surgirem, atacando o inimigo com seus raios negros.

“Ka-boooom!” Os raios explodiram contra o corpo do vilão, obrigando-o a largar Renny de seu aprisionamento, que despencou do alto sem se machucar, ao pousar sem dificuldade. A seguir, Elayne, que novamente vestia a armadura de Etros e galopava sobre Odin em sua forma de cavalo, avançava com Fabiana montada logo atrás.

— Tá tudo bem, Ren? — perguntou Karen, parando ao seu lado.

— Estou — disse ele, secamente. — Vamos lá, temos um inimigo para distrair.

Chamas esverdeadas reluziram ao redor do corpo do guerreiro mítico, seus cabelos e sobrancelhas tornaram-se brancos e oito caudas transparentes feitas de luz branca surgiram atrás dele na região posterior de seu corpo, então ele deu um longo rugido feroz e desta vez não saltou, mas voou em direção ao inimigo, revelando a quase totalidade de seus poderes de kitsune. Atrás, a garota viu a transformação com surpresa, mas tão logo ele voara em direção à batalha, ela voltou a si, e também avançou, obrigando a sua armadura de gelo, agora restaurada, a projetar asas na região das costas, para que ela voasse. Ela sabia que precisava dar o máximo de si nesta batalha, tanto para ganhar tempo para Kevin, Ivanildo e Ursula, quanto para compensar o fato de, momentos antes, ela e os demais terem travado ao verem o inimigo se revelar em sua nova aparência, fazendo com que Renny acabasse sendo o único a avançar primeiro. Já não era mais hora de se hesitar ou se surpreender com nada — era o momento de lutar!

Enquanto Karen voava na direção do inimigo, os demais já o atacavam repetidas vezes, tentando mantê-lo ocupado, mas não era uma tarefa fácil, dado ao fato de que não estavam mais lidando com um inimigo de poder mediano, do qual pudessem se equiparar, pois o novo up grade de Sauron havia o tornado tão poderoso, que enfrentar espectros ou cosplayers malignos jamais poderiam se comparar a isso.

Com o Modo Demoníaco ativado, Natália lançou mais uma rajada de raios negros combinados aos de D-Noidis, que usava novamente sua máscara hollow em potência máxima, mas a nova tentativa não surtira efeito como na primeira vez, pois Sauron, apenas com uma das mãos, interceptara o ataque sem nenhuma dificuldade.

— O que ele está fazendo? — sussurrou Natália, percebendo que, apesar de não estar sendo atingido pelo ataque, o inimigo também não o desviava. — Ah, não. — Ela chegou a uma conclusão tarde demais, quando os raios negros de ambos os cosplayers se condensaram em inúmeras esferas do tamanho de bolas de futebol, e Sauron as lançou contra eles, com apenas um movimento.

As esferas negras choveram ao redor, e Natália buscou se afastar, tentando projetar escuros telecinéticos para se proteger, enquanto atrás de si, D-Noidis e os demais tentavam desviar dos raios ou destruí-los. Todavia, os ataques vinham numa velocidade avassaladora e com uma força extraordinária, o que tornava quase impossível evitá-los.

Mas havia dois membros do Time Ren que conseguiram contornar todas as esferas velozes, sem se machucar, enquanto ultrapassavam os demais colegas machucados e acuados, indo a toda velocidade contra Sauron.

— Ugh! — Renny foi o primeiro a avançar, atacando com garras e feixes de relâmpagos dourados, suas feições mais animalescas do que nunca, e logo atrás veio Karen, manobrando sua espada, que produzia uma névoa densa toda vez que era balançada.

Sem descansar, ambos atacaram e atacaram com cada vez mais força e velocidade. Ambos já não pareciam mais pensar em atrasar o inimigo, mas em destruí-lo definitivamente. Qualquer mínima oportunidade que tivessem de derrotá-lo era bem vinda, e mesmo que isso exigisse todas as suas forças, eles as desperdiçariam de bom grado para saírem vitoriosos.

Contudo, nada do que tentavam funcionava.

Sauron via os ataques velozes vindo em câmera lenta em sua direção, conseguindo evitá-los sem problemas.  Mas os dois eram persistentes, e isso empolgava o vilão, deixando-o muito feliz. Seus inimigos não eram os mais poderosos do mundo, mas já eram o bastante para que ele pudesse testar seus novos poderes e ver o quanto era poderoso — era uma atividade divertida e útil para ele.

Com um sorriso no rosto, o Senhor das Trevas continuou a desviar cada ataque com satisfação, evitando a espada e as garras e desviando o rumo da névoa gelada e dos relâmpagos dourados com apenas um toque mágico de seu dedo indicador. Logo, enquanto ele fazia isso pacientemente, chegaram mais duas guerreiras, meios machucadas, mas determinadas, montadas em um cavalo robótico (ou metálico — ele não conseguia definir ao certo o que era aquilo), e elas avançaram por trás dele, tentando pegá-lo pelas costas, o ponto mais indefeso. Porém, a tentativa foi em vão...

Por um mero instante, Sauron desapareceu em pleno ar, no momento exato em que as duas tentaram fatiá-lo com suas espadas. E Elayne e Fabiana ficaram encarando Renny e Karen com surpresa, no momento em que isso aconteceu. Um instante depois, os quatro estavam em queda, confusos e doloridos, sem saber exatamente o que tinha acontecido.

Ambos caíram em alta velocidade, mas Natália usou seu poder e os parou bem antes de atingirem o chão. E Karen, dentre eles, foi a primeira a entender o que de fato havia acontecido, quando falou:

— Ele... ele é mais rápido do que eu esperava. Nos atingir... tão rápido assim, sem que percebêssemos.

— Agora vocês sabem por que eu fiquei tão decepcionado por meu plano tão bem bolado ter falhado.

Renny ofegava levemente, mas já estava se recuperando, tudo graças aos seus poderes sobrenaturais, ainda assim, não estava satisfeito com o rumo da batalha. Mesmo que o atual presente estivesse um pouco diferente do futuro predestinado, nada realmente parecia ter mudado tanto — eles ainda não significavam nada diante do poder do inimigo.

— Mas não podemos nos dar por vencido assim, Ren. Temos que continuar segurando ele, até os outros conseguirem terminar o que foram fazer.

Renny olhou para Natália, vendo todas as novas feridas ensanguentadas em seu corpo e o quanto ela estava se esforçando para suportá-las. Ela estava certa, eles não podiam se dar por vencidos. Enquanto houvesse esperança, desistir não era permitido.

— Você tem razão. Pegue! — Renny se levantou e jogou o talismã do cavalo para que ela se curasse. Depois olhou para o alto, para o inimigo afobado que sorria enquanto esperava, e continuou: — Deem seu melhor no próximo ataque, tenho certeza que ele não vai se segurar por muito mais tempo, assim também como sei que ele pode nos matar com apenas um golpe, se assim desejar. E... — Ele olhou para cada rosto atento e determinado que o ouvia. — Se quisermos continuar vivos por pelos menos mais dois minutos, usem tudo o que tiverem de mais poderoso que ainda tenham guardado nas mangas.

Todos os membros assentiram e se posicionaram para atacar, cada um preparando-se para uma última tentativa desesperada de segurar o inimigo um pouco mais, até que a arma secreta chegasse.

Contudo...

— O que vocês conversam tanto? — perguntou Sauron, surgindo de repente no solo, na frente deles, com seus dois braços esticados para os lados, com esferas de fogo pairando sobre as mãos. — Vamos continuar nossa brincadeirinha logo. Eu estou ficando empolgado.

Todos os membros soltaram uma exclamação em alerta devido à surpresa, mas antes que qualquer um pudesse atacar ou se defender do que quer que Sauron pretendia fazer, o ambiente ao redor brilhou quando as chamas voaram das mãos dele, dominando tudo numa grande destruição incandescente.

Bem longe dali, escondidos, Ursula, Kevin e Ivanildo ficaram aterrorizados quando viram o que pareciam ser duas bombas nucleares varrer boa parte de Sobral e (possivelmente) regiões vizinhas do mapa. Eles não sabiam o que estava acontecendo, mas tiveram a plena certeza de que a criatura que o Time Ren enfrentava sem eles não era um inimigo qualquer, por isso eles rezaram em silêncio para que todos os seus companheiros estivessem bem — e vivos.

“Estamos chegando, falta pouco. Por favor, aguentem um pouco mais” desejou Ursula do fundo de seu coração, voltando sua atenção para os dois cosplayers, que novamente tentavam coordenar os passos da famosa Fusão.

Um poder devastador engole Sobral...

Será que Renny e seus amigos sobreviveram à explosão?


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Notas finais do capítulo

Bom, e agora só resta mais um capítulo para encerrarmos de vez a trilogia Aventuras. Mas, infelizmente, o último capítulo não será postado semana que vem, como esperado, vou dar um atraso de uma semana para ele, e postá-lo junto com o Epílogo lá por volta do dia 22 de setembro, que é uma sexta feira. Eu sei que é muito tempo, mas ainda estou escrevendo o último capítulo e ele é meio grandinho, devido ser o último, e eu quero trabalhar bem nele para que saia perfeito. Então sejam pacientes, pois nossa aventura ainda não acabou. :3



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