As Crônicas de Orbe escrita por Cronista


Capítulo 4
QUARTA HISTORIA, "AÇO E GELO"




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1

Passava um pouco do inicio da tarde e as clareiras já ardiam fortemente no acampamento. Milhares de soldados e companhias acampavam aos pés da cidade em um tempo cinza e frio “E para piorar temos esse maldito vento”, mesmo vestindo uma pele de Fenrir por cima da armadura seus ossos tremiam com o ataque constante do sopro do Norte definitivamente o outono, não era uma estação que Rickon gostasse.

“Mas se tudo der certo acaba esta noite”.

O cerco já durava uma semana num ataque progressivo, mas tudo isso mudou quando Atur recebeu a carta de Rober e sua tática de ataques em camadas se transformou em único e brutal a ser realizado naquela noite, não podia esconder sua decepção com aquilo, afinal o acontecimento punha fim a muitos de seus planos.

“A única coisa boa é que eles não sabem disso...”.

Neão era uma cidade muito difícil de conquistar sua localização próxima ao Torrente fornecia um amparo por parte dos reinos aliados do sul e para piorar a cidade havia sido construída em cima de um morro e com apenas duas entradas no norte e sul, além de portões de ferro e imensas muralhas, Neão mais lembrava um forte do que uma cidade estava claro que teriam muitas baixas ao invadirem, “Mas se não o fizermos rápido teremos sorte de ter alguém vivo para contar as baixas”.

O pavilhão de Atur Kaiser estava a sua frente o estandarte das espadas cruzadas atrás da coroa de ferro esvoaçava no topo da tenda negra.

Os guardas fizeram uma reverencia quando se aproximou da entrada, “Estranho, não vejo nenhum Raider...”, sabia que Atur tinha trazido três dos cinco que o serviam “Andrei o Furioso, Elke o inquebrável e Gunter o machado sorridente” os outros dois “Guerino da muralha e Rae o pastor” haviam ficado com a Princesa Mikaella em Pugna.

— Como estão as coisas na entrada sul, Tanos Rickon? – perguntou Atur Kaiser sem tirar os olhos do mapa.

— Meus homens já estão prontos, Majestade – a vela bruxuleava levando as sombras dos dedos de Atur sobre o mapa por todo o local – Não vi nenhum dos Raiders, poderia saber o motivo?

Atur o encarou por alguns segundos, ainda tinha os mesmos olhos frios que se lembrava, o Rei tinha trinta e três ciclos inteiros era um homem alto até mesmo para o Norte de restante tinha as características de todo Baláziano os cabelos negros, olhos azuis e a pele alva, no momento trajava sua armadura de aço com uma cobertura de couro debaixo de uma manta feita de pele de urso.

— Estão com Tanos Manuelk. Iniciaremos o ataque está noite – concluiu mudando de assunto – Você deve esperar pelo menos meio tempo até o inicio do embate no portão norte para mover suas tropas.

— Alguma noticia de Rober? – perguntou embora já soubesse a resposta, Atur Kaiser havia enviado seus batedores para averiguar a situação no Torrente e também enviara os seus.

— Ele não vai aguentar muito tempo... Ele agiu bem montou um bloqueio com os Goluns numa parte mais estreita do torrente entretanto ainda que os Goluns levem vantagem sobre as galés no Norte, não a duvidas que pela quantidade de inimigos seja apenas uma questão de tempo até as companhias o abandonarem e fugirem. Em todo caso se sairmos vitoriosos ficarei em divida com ele – Atur o olhou friamente – E você também Tanos.

— Com certeza Majestade. Se sairmos todos vivos tratarei de considerar algo em relação a ele.

Atur se aproximou de uma cadeira e deixou o corpo cair, pegando uma taça de vinho e olhou para si com seus olhos de inverno de um azul gélido. De todas as pessoas Atur fora o único que jamais conseguiu entender, aquilo o enfurecia mais do que o amedrontava.

— Terminamos por hoje, Tanos Rickon – levou à taça a boca enquanto via Rickon fazer uma reverencia para sair – Espere tenho uma ultima pergunta – viu o homem se virar em surpresa – Acha que vencemos Tanos?

Olhou seriamente a figura imponente do Rei que não temia nada a sua frente “Está me testando?”, mais uma vez odiou aqueles olhos aquela expressão impassível e fria que não revelava nada.

—Com certeza Majestade, nós vencemos.

— O que lhe da toda essa certeza Tanos. Acredito que está seja uma batalha onde nós estamos em total desvantagem.

— Verdade – sorriu ao se encaminhar para saída – Logo cabe a eu virar a mesa – Concluiu com uma reverencia deixando Atur com seus pensamentos.

“Lamento Atur, mas terei de mudar um pouco as coisas...”.

2

O Salão pesava com o clima denso e sufocante e embora Divisar já tivesse passado por muitas guerras em sua historia era a primeira vez que corriam o risco de desaparecer, para Rikario também foi a primeira vez que sentiu aquele tipo de medo que lhe consumia o espirito e o fazia temer perder tudo que já amou.

— Não há duvidas Majestade, Balázios planeja algo grande para hoje, Raider Adler na muralha norte confirmou que todos os batalhões estão entrando em formação aos pés da cidade – comunicou Raider Matros.

— Então o ataque será no portão norte... – Rikario virou se para seu pai que escutava tudo silenciosamente – Peço que me permita seguir para o portão sul com uma pequena força para prevenir qualquer coisa – olhou atentamente os presentes – Até por que o responsável pelo ataque naquele lado é o Tanos Rickon Mester e este, não é um homem que devemos subestimar.

Seu pai recostou-se mais no trono enquanto avaliava atentamente suas opções, envelhecera pouco no decorrer dos anos, já estava com quarenta ciclos inteiros e ainda mantinha-se no auge.

— Se Atur Kaiser realmente pretende nos atacar é um verdadeiro tolo – disse Rei Roborion Mortedrai com sua voz grave – Neão, não ira cair apenas em uma noite e mesmo que aconteça o preço a ser pago é bem mais alto do que ele trouxe com sigo – olhou para os presentes – Me respondam por que Atur interrompeu sua tão eficaz estratégia para por em pratica um ataque grandioso que lhe custara mais da metade de seus homens?

— Suponho que algo tenha acontecido... – Rikario respondeu incerto enquanto os outros mantinham uma impressão parecida.

O cerco havia sido muito bem feito e já há dias, não recebiam qualquer noticia logo supor qualquer coisa era o máximo que podiam fazer, ainda assim estavam fazendo algo.

— Você está certo algo definitivamente aconteceu Rikario, algo que colocou Atur em um estado de desespero onde sua única saída é tentar um ataque massivo as nossas forças – deu um grande sorriso – Mas se ele pensa que quebrara Neão em uma noite está muito enganado e neste caso é um tolo – olhou novamente para o filho – Você agira como disse seguira para o portão sul com um pequeno exercito e levará Raider Matros consigo o restante segue para o portão norte.

— Majestade – chamou a Voz de Bor Aradine ao fundo – E se algo acontecer? Acredito que seria mais sensato enviarmos mais soldados, tenho algumas companhias que estavam na cidade pagas, poderia prestar auxilio ao Príncipe Rikario e Raider Matros, além do mais conheço Tanos Rickon sei como é um homem perigoso e astuto, acredito que eu possa ser de alguma serventia.

Não gostava do Bor Mikel Aradine, era um homem ganancioso demais e dentre todos de honra questionável “Entretanto, não posso me dar ao luxo de dispensar um homem que tem conhecimento de Rickon”, e se fosse pensar melhor seria bom ter ele perto para poder vigia-lo – Podemos fazer como sugeriu Bor – olhou o homem friamente – Acredito que possa dar alguma serventia a ele.

— Pois bem você segue para o portão sul Bor. Agora vejamos quanto aos restantes estava pensan... – parou em espanto enquanto via sua filha descendo as escadas – O que faz aqui Mitzi? Não lhe mandei ficar com as outras damas?

— Sim meu pai, entretanto já a um bom tempo, não tenho noticia além do mais acredito que possa ajudar em algo também.

— Você pode ajudar ficando com sua mãe e as demais – falou rispidamente – Rikario acompanhe sua irmã de volta.

Suspirou vendo a irmã abrir uma tez seria “Bem ela é uma filha do Norte afinal”, seguiu ao seu encontro.

— Você devia facilitar as coisas – disse ao tomarem o caminho de volta – À situação já é complicada para voc...

— Sou tão filha dele quanto você Rikario, nasci no Norte como você, por que não tenho o direito de participar também?

— Duas palavras. Rainha Lauren.

— Ela nunca entenderia, para ela devo ser como as sulistas e o pior é que faz nosso pai acreditar nessa loucura também.

Sua mãe vinha de um Reino menor do Sul “Um acordo para expansão do comercio”, fora o motivo da união de seu Pai com uma princesa do Sul, não era uma mulher feia “Embora o tempo tenha passado bem mais para ela do que para meu pai”.

Para sua mãe Mitzi era uma dama e deste modo seu lugar era na corte e não em salões discutindo sobre guerra, “Visão que conseguiu enfiar em meu pai também”, em defesa dele sua mãe tinha bons argumentos o primeiro podia ser o fato de ser a única ruiva de Neão e não podia negar que ela sabia se valer de seus encantos diferenciados para conseguir o que queria.

— Entendo bem pequenininha – disse provocando a irmã, embora a diferença na altura não fosse algo grande – Mas vamos esquecer isso por agora. Depois converso com nosso pai.

— Há você conversa com ele? – disse com cinismo – Gostaria de ver como o faria mudar de ideia pequenininho – concluiu sarcasticamente.

Se o fato de vierem ao mundo ao mesmo dia não contribuísse para gostar dela com certeza a personalidade o faria, “Verdade seja dita nenhum de nos puxou nossa mãe”, era feliz por isso e imaginava que Mitzi também.

— Melhor você entrar – disse ao chegarem.

— Se não tem outro jeito... Mas antes. Como vão as coisas?

— O que posso dizer... Balázios vai investir fortemente contra nós hoje, ao que parece eles estão ficando sem tempo, mas não se preocupe, eles não passam essas muralhas sem perder mais do que precisam para conquistar essa cidade.

— No fim faz sentido escolherem hoje como um dia para lançarem um ataque assim contra nós...

— E por que diz isso? – perguntou com curiosidade a irmã que o olhou com um olhar divertido.

— Ora hoje é o primeiro dia do ciclo lunar – olhou o irmão com ar de superioridade – Logo não...

   -... Teremos lua – disse completando as palavras dela.

— É realmente uma pena que eu tenha que ficar de fora – disse aborrecida – Mas fazer o que, não é mesmo? – abraçou o irmão – Cuide-se eu devo entrar agora.

— Sim, você está certa – sorriu antes da irmã entrar.

“Teremos problemas com os arqueiros melhor levar isso ao conselho”.

Se fizessem algo logo poderiam equilibrar isso, “É realmente uma pena que você, não possa participar”, riu ao lembrar da irmã.

3

Aquele sem duvida era um grupo estranho. O sulista ruivo se é que aquilo poderia ser chamado de ruivo, chamava-se Pedro, “Se esse for mesmo o nome dele”, se usasse o seu exemplo, já teria sido um João, Carlos, Mateus, Antonius sendo o ultimo uma grande dor de cabeça... Mas para aquele grupo era Parque.

“E quanto o tal Pedro...”, era um homem falante “E de péssimo gosto para piadas”. Andava com uma flauta de canos que tocava incessantemente, gostaria de saber se usava uma espada tão bem quanto aquele tubo “Bem vou descobrir mais tarde...”.

Depois tinha um Pélgano e este para sua sorte falava pouco, mas conseguia ser irritante com aquele sotaque áspero.

Lutara poucas vezes com pélganos provavelmente pela localização de Pélago que estava na extremidade Sul de Orbe... Em todo caso os pélganos eram hábeis com suas espadas curvas ou “Cimitarras”, como as chamavam embora achasse que numa situação como aquela ela seria de pouca utilidade.

O nome do homem era Raed se não se enganava, não tinha muito a destacar pélganos eram em sua maioria iguais de pele morena, olhos levemente puxados, cabelos oleosos e estatura mediana, não eram muito especiais com exceção das mulheres, afinal era bem conhecido em toda Orbe que não existia uma mulher com um corpo melhor do que uma pélgana.

“E nem mais insaciável”.

 - Temos novas ordens, seguiremos sobre o Comando de Tanos Rickon junto com alguns outros.

E lá estavam os mais estranhos do grupo, “E como são estranhos”.

O maior se chamava Bartz, não restava duvida que fosse o maior homem que vira na vida isso significava que ele deixava todos os homens altos para trás por pelo menos uma cabeça e meia e para piorar era forte como um demônio do gelo, “E usando aquela armadura de ferro consegue ficar mais monstruoso ainda”.

Os cabelos longos e acinzentados do homem batiam em seu ombro e os olhos do castanho escuro iluminavam uma expressão fria e poderosa, para o primeiro encontro com um Derekht estava assustado de ver que os boatos sobre eles estavam bem próximos da realidade.

O outro também era um Derekth pelo menos assim jugava pela tonalidade do cabelo que podia ver embora, não fosse tão alto como Bartz, não era baixo na verdade muito provável ele e o homem tivessem a mesma altura. De todos ele era o mais estranho disse que se chamava Sam, usava uma cota de malha que, não deixava muitas aberturas e nunca tirava o capacete, na maioria das vezes quando falava a voz saia embaçada e por vezes Bartz repetia para que todos pudessem entender. Curiosamente ele era o líder do grupo.

— Com o Tanos? – disse o Sulista – Ora, mesmo uns degenerados, irrepreensíveis como nós temos um pouco de sorte não acham?

Balançou a cabeça em lamento “Já tá muito frio aqui e ainda temos que ficar ouvindo merda desse ai”, definitivamente, não gostava do homem, “Mas começar uma incursão com o Tanos é uma coisa muito boa”.

Como mercenários ou “Espadas Livres” lembrou o nome usado no Norte, estariam na pior se sobrevivessem fora o seu pagamento, não tinha esperanças de conseguir um bom saque já que os soldados pegariam tudo primeiro.

“Mas se vamos com o Tanos...”.

Ainda que aquilo fosse bom continuava sendo muito esquisito “Bem estamos em um grupo estranho afinal, por que importar?”.

— Diga por si homem – falou Sam – Agora se mecham, não tempos o dia inteiro o homem falou para sermos rápidos.

Juntando as coisas se pós atrás do grupo no mesmo momento que vários soldados, companhias e outras espadas livres montavam uma formação.

“Então vai ser essa noite mesmo”.

Estava surpreso, por que interromper um esquema tão bom como o que vinha sendo usado. Os outros podiam não perceber, mas para ele que vivia da guerra algo estava bem claro “Temos um problema ai...”, não fazia ideia do que era, mas sabia que era algo grave.

“E agora sermos mobilizados sobre o comando direto de Tanos Rickon...”, tudo era estranho demais, “Bem as coisas nunca são como se espera quando ele está envolvido!”.

No passo havia tido a oportunidade de lutar em guerras onde o Tanos estava presente “Embora nunca sobre seu comando direto”, e uma coisa era certa o homem jamais agia como se esperava, era contraditório e maquinador e de todos os homens que já tivera a oportunidade de conhecer o Tanos de Val da Aurora era um a ser temido.

O local era o mais afastado do acampamento e já se encontravam na frente do pavilhão do Tanos uma boa quantidade de homens “Em maioria Espadas Livres”.

O vento soprava forte entrando em cada partezinha da armadura que encontrasse fazendo da experiência a pior possível, “Como correr pelado na neve”, se perguntava como o pélgano e o sulista estavam se mantendo  quanto aos Dereckth “Bem as ilhas de Skrathos são a extremidade do Norte em Orbe”, e até onde sabia só existia inverno lá “Isso aqui deve ser igual uma tarde ensolarada para eles”.

— Ótimo, parece que já estão todos aqui – falou Tanos Rickon na frente de seu pavilhão – Hoje iniciaremos um ataque massivo a Neão – fez sinal para que seus soldados se aproximassem – Vocês deveram tirar suas armaduras – outro sinal e os soldados atiraram vários sacos na frente dos homens – E vestirem essas, voltarei mais tarde com novas instruções até lá me aguardem nesta área.

Viu o Tanos sair, beirava os quarenta siclos supunha e ainda era um homem forte e astuto “Como um verdadeiro lobo”, a armadura negra trazia em ricos dourados o busto do Fenrir sobre as espadas cruzadas o elmo também lembrava a cabeça do bicho, “E a pele que usava...”, bem era visivelmente de um Fenrir, “Criaturas assustadoras”, lembrou-se dos lobos gigantes.

— Sou só eu ou isso aqui realmente tá fedendo? – perguntou com sarcasmo Pedro.

— Não meu colega estupido – disse ao sulista que já vinha o irritando faz tempo – Parece que fomos envolvidos em algo grande – concluiu olhando Sam e Bartz.

— É o que parece – disse abafadamente Sam – Bartz vai pegar um saco daqueles antes que fiquemos sem nenhum.

Era engraçado ver como Bartz se destacava na multidão, “Imagino que ninguém queira implica-lo”, não havia nenhum homem ali que, não cedia lugar quando Bartz passava “Um Derekht afinal”.

— Então... – começou Pedro em meio ao silencio de todos – Esse Tanos é bem estranho...

Bartz jogou um saco no chão “Roupas?... Não”, era uma espécie de vestimenta muito usada por uma companhia de mercenários do Norte “No que você está pensando Tanos...”, os outros olhavam curiosos, Raed não falava muito e mostrava visível desconforto “Imagino que esteja se arrependendo amargamente”, Pélago tinha um  vasto mar em sua frente e um enorme deserto atrás era comum as pessoas se vestirem com poucas roupas por causa do sol e forte calor, não havia duvidas de que o pélgano estava passando por maus bocados...

— Vocês esperam aqui – disse Bartz traduzindo as palavras abafadas de Sam – Voltaremos logo.

— Então... Acho que deveríamos arrumar um lugar quente para nos trocar – comentara o sulista depois de ver Bartz e Sam saírem com um par de roupas rumo a algum lugar.

— Boa ideia... Não sei se serei capaz de fazer isso aqui – expressou-se Raed com angustia.

O vento ainda soprava frio e o tempo se mantendo sem luz ao passo que escurecia rápido “Será uma noite bem complicada está...” – Vamos armar acampamento – olhou ao redor – Podem erguer uma barraca que eu acendo a fogueira.

Já fazia uma hora quando Bartz voltou com Sam tinha grandes expectativas de em fim ver o rosto do homem, mas fora frustrado o homem tinha uma capa cobrindo o rosto bem como o corpo inteiro pode perceber a cisma de todos em relação aquilo “Esse esconde algo...”.

— Sabe – começou Pedro – Estava aqui pensando que talvez falte um pouco de confiança entre nós dig – viu o Olhar aterrorizador de Bartz pouco antes de se acalmar com as mãos de Sam pousadas sobre seu braço.

— Todos esconderam algo aqui – disse Sam a todos na fogueira – Não lhes faço perguntas sobre seus passados, como por exemplo, o que um pélgano veio fazer em um campo tão longe – olhou para Pedro – Ou um Sulista de Hebron lutando por um reino que tem grande inimizade – parou os olhos sobre Parque – Muito menos o que um pirata faz aqui.

“Como descobriu?...”.

De fato durante um tempo se dedicara a essa pratica, mas já tinha deixado o mar há uns dois anos, “Será que deixei à marca a mostra?” era fato que todos os Piratas tinham uma marca de identificação por parte do grupo que pertenceram ou pertenciam, a sua era um martelo sobre uma caveira e estava no ombro esquerdo, mas não se lembrava de ter deixado a vista, afinal isso era uma sentença de morte.

“Como? Como?”.

Teve vontade de perguntar, mas achou melhor deixar as coisas como estavam afinal àquele era um grupo estranho e como Sam tinha dito “Todos tem algo a esconder!”.

4

Tochas queimavam minando um pouco do frio e trazendo luz até que a escuridão viesse de onde estava tinha uma visão privilegiada de todo o exercito de Atur o alto da muralha seria o primeiro a lançar o ataque.

— Senhor – bradou o soldado – Aqui está o óleo.

Viu os homens carregando os baldes largos que mais tarde usariam para as flechas incendiarias, “Realmente isso nos poupou alguns problemas”.

Não tinha se dado conta de que aquela noite seria uma sem lua, por isso quando soldados trouxeram a noticia tratara de iniciar uma contra medida.

— Podem por ao longo desta parte – apontou para a parte da muralha que dava para frente do exercito de Balázios “São muitos, em pensar que logo mais não conseguirei velos...”, olhou os vários arqueiros sob seu comando, “Estamos preparados!”.

O Vento bateu sobre seus cabelos claros encaracolados levando o frio a sua pele alva, estava com trinta e dois ciclos completos a maior parte deles passando em defesa de Neão, àquela era sua cidade iria a defender, não pelo seu filho que lhe esperava em casa junto com sua esposa, mas por que este era o seu dever como Raider, “Raider Adler” lembrou das palavras do Rei Roborion quando lhe deu o titulo.

O Norte, não valorizava o status como os reinos do Sul, para o Norte a única coisa que contava era a espada e fora por ela que conquistara sua vida e seria por ela que expulsaria os invasores.

— Estarei indo ver como o comandante Rener está – disse ao seu primeiro em comando, “Roger” ponderou o nome, gostava do rapaz o fazia lembrar muito de quando era mais moço, forte como um filho do Norte deveria ser e abençoado por Perpetuo com esperteza, não tinha duvidas que subiria rápido.

— Farei como disse senhor – disse Roger seriamente com toda aflição que não podia esconder.

Existe uma diferença na guerra que é feita quando se está defendendo, a diferença que lhe diz que se deve queimar todos os campos para que os inimigos não se alimentem deles, a diferença que diz que todos os poços devem ser envenenados para, não saciarem aqueles que buscam sua destruição e a diferença que lhe obriga a abandonar todos aqueles que estão longe demais da cidade para serem salvos “Entretanto este é o preço”, afinal o Norte vive pela espada e pela espada tem de encontrar seu fim, embora estivesse certo que o fim seria de Balázios.

Já havia descido as escadas que levavam a muralha seguia rumo ao portão ao encontro de Rener era um grande comandante, “Meu melhor aluno”, não tinha duvidas que em algum momento iria se tornar um Raider, confiava no homem como confiava em si mesmo havia o ensinado tudo que sabia e Rener tinha absorvido tudo como uma esponja, tinha lá seus vinte três ciclos e meio e sofria do mal de ser um mulherengo terrível, “Não me espantaria se já tivesse uma meia dúzia de bastardos...”.O Homem vinha de uma família importante de Neão o que significava que o aço já estava em seu sangue muito tempo antes de nascer.

— Vejo que está mantendo a coisa muito bem por aqui Comandante – disse descontraidamente.

Rener o olhou sorrindo como sempre fazia um sorriso largo e despreocupado, estava vestido com uma cota de malha e a manta feita de varias peles de raposa, deu uma ordem para que os homens abrissem passagem e seguiu ao seu encontro.

— Me perguntava quando viria – concluiu olhando o local – Realmente estou fazendo certo? – disse ironicamente.

Este era outro problema de Rener, bem em sua defesa um problema de todos que são talentosos “Costumam ser muito debochados...”, mas o homem estava certo tinha feito um excelente trabalho.

Os primeiros soldados armados com lanças para manterem os inimigos o mais afastados que pudessem depois vinham aqueles com escudos, espadas, clavas e maças para um combate extensivo, havia também os arqueiros em toda a extensão das duas escadas que levavam as muralhas, preparados para romperem uma saraivada de flechas nos primeiros Balázianos que conseguissem passar pelo portão e estes ainda teriam de manter-se afastados das lanças.

“Uma boa formação...”.

— Ainda há muito a fazer, mas por hora isso vai servir... – deixou a voz morrer enquanto via o olhar cínico de Rener.

— Seja como diz Raider Adler – Rener olhou a comitiva que se aproximava – Ele não devia esta guardando o portão sul com o Príncipe?

Também achou estanha a presença de Raider Matros ali com algumas centenas de homens.

— O que lhe traz aqui Raider – olhou debochadamente – Acaso estava tão calmo por lá que você precisou vir aqui buscar ação?

O homem lhe deu seu olhar torto para provocações depois levantou a mão e o batalhão atrás de si se pós em descanso.

— Aradine... – disse com visível raiva – Juro que ainda mato aquele bastardo de uma puta – passou a mão no rosto tentando se acalmar – O Príncipe mandou eu vim prestar auxilio aqui.

“Então brigaram?”, a verdade não gostava de Mikel fosse pelo seu caráter ou pela sua amizade com o Tanos de Val da Aurora o homem representava muito pouco do que um verdadeiro filho do Norte deveria ser, “Um verdadeiro problema aquele lá”, se o Príncipe Rikario havia mandado Raider Matros para lá provavelmente significava que o homem e Aradine, não estavam se dando de lá e para manter as coisas fluindo resolveu separa-los.

“E considerando que eu sou bem menos tolerável quanto Raider Matros... Bem ele fez a escolha certa”, não queria pensar em ter Aradine discutindo ordens ali, “Provavelmente acabaria o matando...”.

— Então seja bem vindo Raider – felicitou Rener – Sempre é bom termos mais homens.

— Seja como disse, de qualquer forma está ficando escuro muito rápido, não acham? – observou aflitivamente, Matros.

— Sim. Por isso mantenha o... – Arauuuuu..... Arauuuuuuuu.... Arauuuuuuuu... Tocaram os cornos em algum lugar na base do morro onde o exercito de Balázios se mantinha, “Começou!”.

— Atenção homens! – gritou Rener aos soldados – Formação! Quero todos vocês seus imundos prontos para morrer por essa cidade que certamente vocês não merecem. Agora andem!!

Rapidamente o local tornou-se uma loucura, todos tomando suas posições, Raider Matros instruindo seus homens a entrarem na formação indicada enquanto se dirigia para o portão, ver tudo aquilo lhe trouxe uma sensação estanha.

Voltou a subir as escadas tendo o frio e a armadura pesando sobre si, na muralha todos os arqueiros se preparavam podia sentir a pressão ali, “Estão nervosos”, ao longe o exercito de Balázios marchava tinha certeza que ao meio do caminho, não os veria mais, a noite caia rápido sobre todos e o céu negro já pairava, “Começaram a marcha agora para, não precisarem usar as tochas mais tarde...”, mas não importava Balázios, não venceria, não naquele dia.

5

O céu escurecia rápido enquanto avançava sobre Neão, “Não é um caminho fácil”, embora já esperasse por isso, não tinha como prever que o desgaste seria tanto.

O lento caminhar até a cidade no topo do morro, sobre um vento forte e frio era muito para uma parte de seus homens, “Me pergunto se o mesmo se dá com os outros batalhões...”.

Tanos Manuelk estava encarregado do flanco esquerdo que seguia atrasado junto com o flanco direito liderado por Raider Elke, “Pelo menos até que Rickon volte”, era este o plano, logo depois das trombetas soarem o Tanos deveria deixar as companhias simulando ataques no portão sul e então contornar a cidade com seus soldados para se unir ao massivo ataque ao portão norte, entretanto havia algo que lhe preocupava, “Logo cabe a eu virar a mesa...”, foi às palavras que o Tanos usou para se despedir, sentia algo nelas, uma insinuação de que as coisas, não seriam como planejou e aquilo o irritava.

— Majestade, acredito que o aríete precise de mais homens – analisou Raider Andrei.

De todos os Raiders que tinha Andrei o Furioso era o mais confiável, “O Nome não lhe faz justiça...”, era um guerreiro exímio que nunca se enfurecia no campo de batalha, ainda hoje se perguntava o porquê do Furioso.

Olhou a maquina afrente, “Terei de fazer algo...”, embora estivesse usando dois cavalos para puxa-lo, ainda eram necessários homens para guia-los e outros para ajudarem no deslocamento do equipamento e como já havia percebido aquele, não era um caminho fácil.

— Vocês – apontou para alguns soldados próximos – Ajudem no deslocamento do aríete.

As horas já haviam passado desde o inicio da marcha tanto que não conseguia ver os outros batalhões nem o caminho que estavam seguindo.

“Um preço pequeno a pagar pela vantagem...”.

Ao longe as muralhas de Neão com seus vários arqueiros iluminados por tochas, era uma visão um tanto perturbadora, embora não usar tochas tenha sido uma decisão que atrasava o deslocamento de todos também evitava que fossem banhados por flechas quando entrassem na área de alcance, “E também que os aríetes sejam destruídos logo no início...”.

Tinha trazido três, “Um para cada batalhão”, ponderou olhando na direção que supostamente seguiam, a ideia era evitar que fossem quebrados de uma única vez o que significaria a derrota “E consequentemente o nosso fim”, olhou friamente para Neão sentindo o gelo em si.

“Você vai cair!”.

Os únicos que sabiam quão terrível era a situação além de si eram os Tanos e Raiders, para todos os outros as coisas se mantinham as mesmas, “Imagino que se soubesse que falhando aqui todos morreriam, não iriam lutar como esperado”.

Rober havia lhe dado uma escolha quando enviou aquela carta, poderia voltar com seu exercito para Balázios como um derrotado ou tentar tudo em um massivo ataque, “E será o que farei”, se perdessem, não iria voltar a Balázios os exércitos que Rober segurava no Torrente já teriam quebrado o cerco e assim nada poderia impedi-los de se juntarem com o exercito de Neão e acabarem com todo o seu ataque e consequentemente com sua vida.

— Majestade... Entramos – disse Andrei em uma espécie de sussurro.

“A qualquer momento...”.

Dentro do alcance das flechas era só uma questão de pouco tempo até que os arqueiros começassem a atirar, “Só não o fizeram ainda por que não sabem que estamos aqui”, uma vez que, não conseguiam velos pela escuridão “Mas devem mandar uma leva para terem certeza...”.

A marcha se tornou mais lenta e silenciosa, sentia a respiração pesada e se pegou surpreso ao ser capaz de transpirar...

— Majestade – começou o Raider novamente.

— Estou vendo...

Na muralha os arqueiros se moviam abaixando seus arcos, pelo menos era o que parecia de longe “Vão atacar...”, um grito longínquo e de repente parecia que o céu estava pegando fogo

— ESCUDOS!!! – berrou o mais alto que conseguiu.

Quando as flechas caíram levaram fogo e destruição a sua formação, não esperava por flechas incendiarias, haviam o surpreendido ai e antes que pudesse pensar em algo para contornar a situação um clarão irrompeu no céu novamente “Maldição!!”.

— TODA VELOCIDADE A FRENTE!! – gritou apontando a espada em direção ao portão da cidade.

Mais uma leva de flechas caía sobre todos, uma passou raspando sua armadura enquanto três acertavam o escudo erguido, na muralha os arqueiros se preparavam para mais uma remeça.

— AGORA!! – gritou a todos que tinham escapado do ataque inesperado das flechas incendiarias.

     No momento Tanos Manuelk e Raider Elke nos flancos esquerdo e direito entravam na zona de ataque. Era engraçado como podia tirar vantagens daquelas flechas, “Pelo menos agora posso ver alguma coisa...”, embora a ideia dos arqueiros na muralha também pudesse, não fosse animadora.

E uma leva atrás da outra trazia horror enquanto homens corriam para sobreviver, um ao seu lado teve o cobertor de pele que usava incendiado e rapidamente lançou-se no chão fazendo de alguma forma o fogo queimar mais e os gritos do infeliz tornaram mais um dos muitos que compunham a melodia daquela guerra.

“A musica que eu irei tocar no final será escrita com os seus gritos”, jurou olhando a cidade à frente.

Ouvi-o os cavalos gritarem quando já se aproximava do portão e quando viu os animais mortos e o aríete que puxavam sendo coberto de flechas teve pela primeira vez medo, alguns soldados ainda o tentavam salva-lo, “Não esse já se perdeu”, percebeu de imediato.

— SEGUIR AO PORTÃO... DEIXEM O ARIETE!! – gritou aos soldados que meio confusos cumpriram as ordens mesmo sem saber de quem.

Olhando ao redor percebeu que muitos tinham sobrevivido e que o flanco direito era atacado interruptamente, “Eles encontraram o outro...”, aquilo lhe trouxe uma sensação amarga a boca, rapidamente olhou o flanco esquerdo e por um segundo ficou sem palavras.

O flanco havia se dispersado o aríete abandonado os solados avançavam rapidamente com suas altas escadas para subirem as muralhas, “Só restou um”, voltou sua atenção para o flanco direito, seguiam lentamente protegendo o máximo que podiam o equipamento.

Havia uma razão para aquilo, “Raider Elke o Inquebrável” o homem não recebera o nome a toa, se podia dizer algo era que ele era uma muralha, em todos os seus anos de guerra nunca conhecera alguém que pudesse montar uma formação tão impenetrável como ele, “Mesmo Edor, não pode supera-lo nisso”, não gostava de lembrar-se do irmão, “Mesmo com sua traição ainda foi um gênio”.

— Raider Elke – gritou quando chegou – Raider Elke.

— Majestade? – perguntou confuso – O que você está faze...

— Não a tempo para isso – respondeu rapidamente – Este é o ultimo aríete. Os outros já caíram.

Antes que tivesse uma resposta mais flechas vieram, abaixou o corpo levantando o escudo rápido para se defender, ouve alguns gritos infelizes e quando se levantou viu o Raider com uma flecha atravessada no pescoço olhou a cena com uma expressão gélida, “Mais um que terei de colocar na conta...”.

— Quero todos defendendo o aríete – gritou aos homens – Formação!!

O tempo que antecedeu sua chegada ao portão havia sido marcado por varias perdas e provavelmente teriam sido destruídos se Tanos Manuelk, não tivesse de algum modo conseguido subir na muralha o único problema era Tanos Rickon que já deveria ter chegado, mas tinha preocupações mais imediatas do que o atraso do Tanos...

— ALIEM O ARIETE – seguiu gritando aos soldados – PAREDE DE ESCUDOS!

A chuva de flechas continuava enquanto os corpos começavam a se amontoar na entrada, outros soldados lançaram escadas tentando subir na muralha como Manuelk havia feito no flanco esquerdo, mas a pressão estava muito forte e no máximo que conseguiram foi dividir o foco dos arqueiros.

Atur mantinha o escudo alto no meio daquele caos, não podendo contar com Manuelk que lutava na muralha só podia esperar que Tanos Rickon chegasse logo. Seus homens, não aguentariam muito mais, olhou para onde Rickon deveria chegar e deu o primeiro sorriso desde que começou aquela guerra.

— Onde esta o Tanos? – perguntou a Raider Gunter que havia seguido com Rickon.

— Senhor ele disse que iria ficar para trás para dar mais realidade aos ataques simulados.

“Não gosto disso... O que pretende Tanos?!”.

Rickon se mostrava com frequência alguém extremamente difícil de lidar, “Se soubesse a dor de cabeça terrível que você seria jamais teria te tornado Tanos”.

— Muito bem siga para o aríete – olhou a cidade – E derrube aquele portão.

O Raider saiu rapidamente liderando o restante do exercito, logo fizeram uma nova barreira de escudos enquanto os soldados no aríete eram substituídos e outros designados para as escadas de assalto.

“Enfim uma oportunidade!”.

— Majestade!! – berrou um soldado próximo.

“Definitivamente, não poderia ser fácil...”, pensou enquanto via o óleo sendo derramando sobre a muralha, portão e aríete.

— AFASTAR!! – gritou no momento que uma flecha acertou a maquina.

E em um piscar de olhos tudo foi envolvido em chamas os soldados corriam gritando enquanto queimavam, a formação de escudos era desfeita, os arqueiros aumentavam as flechas, olhou a cena como uma expressão de nojo.

“Não irei fracassar... Não virei Rei para isso”.

— ATENÇÃO – gritou com sua voz rouca e então pegou o corno que levava nas costas e tocou.

Auuu... Auuuu... Auuuuu.

— NÃO EXISTE VOLTA – continuou gritando depois de conseguir alguma atenção naquele inferno – SE PERDEREM AQUI PERDERÃO TUDO!

Tocou novamente o corno e levanto o escudo para se defender, “Que Perpetuo receba minha alma”, correu para o aríete e muitos soldados tomaram seu lado entrando no meio das chamas para empurrar e golpear até que não tivessem mais condições, Atur sentia a pressão, a carne queimando e achou engraçado sentir calor também.

6

— ATIRAR – Rikario gritou aos arqueiros e mais uma vez fogo subiu ao céu.

“Mas que merda...”.

Olhou o terreno deserto, podia escutar o barulho no portão norte, “Estão lutando, então por quê?”, aquele silencio era terrível, “Onde vocês estão?!”.

— ATIRAR – gritou novamente e flechas incendiarias voaram sem nenhuma resposta do inimigo.

“Onde estão? Por que não atacam?!”.

— Alteza, podemos considerar que nenhum ataque vai acontecer aqui. Na verdade seria certo pensar que todos estão no portão norte.

Já estava farto de Mikel, “Sempre opinando em tudo”, tivera até que separa-lo de Raider Matros para evitar que os dois se atracassem, mas o homem não estava errado “Pelo menos pode ser isso que querem que eu pense”.

Estava aflito, não sabia se deveria ir em auxilio ao portão norte onde todos os soldados de Balázios atacavam, “Só para que Rickon comesse sua investida quando eu o fizer”, mas também havia o problema de acabar defendendo um portão que, não seria atacado, “Perpetuo me ajude qual caminho é o certo?!”.

— Alteza você pode seguir, eu tomo conta desse lado – Mikel tocou o ombro de Rikario num ato tranquilizador – Qualquer coisa eu dou alarme.

A ideia era tentadora se estivesse certo os soldados ali seriam de grande utilidade, “Além disso Mikel tem uma boa quantidade de companhias pagas...”, quantidade com a qual poderia sustentar a muralha durante um tempo, “Caso realmente tenha um ataque aqui é claro”.

— Será como disse Bor Aradine, O comando é seu – observou os arqueiros para depois passar os olhos para o horizonte negro – Vou deixar metade dos arqueiros com você também para eventualidades.

— Acredito ser desnecessário Alteza, ao meu ver Rickon já deve ter levado seus soldados até o outro lado, isso se parece bem com algo que ele faria.

— Ainda assim deixarei metade nunca se sabe.

Ciclos de tempo atrás havia tantas flechas sendo lançadas que parecia algum festejo pelos clarões no céu, “Agora, não há nenhuma... Definitivamente um mau sinal”, pensou na mãe e na irmã protegidas pelo pai no castelo.

“Vamos vencer!”.

Mover todos os soldados levou mais tempo do que imaginava, “Mas agora já estamos todos em marcha...”, seguiam num passo rápido para o centro “Aqui também está muito silencioso...”, ponderou ao passar pela parte mais movimentada do lado sul.

Neão não era uma cidade grande, “Na verdade como todas as outras cidades do Norte com exceção a Pugna”, muito tempo atrás o Norte era um único Reino governado por um único Rei e seus Tanos, “Mas a historia não quis que aquilo continua-se”, e depois de muitos conflitos entre todos o Reino foi divido em pequenos, Balázios foi aquele que se manteve com a maior parte, “Os herdeiros do antigo...”, lembrou.

— Alteza – chamou um soldado próximo – Você viu?

Ao longe no portão sul uma única flecha incendiaria subiu reto ao céu “O que foi aquilo?...”, não podia dizer ao certo, mas lhe pareceu muito estranho, “Estou com um mau pressentimento...”, olhou os soldados esperando suas ordens.

— Vamos voltar!

7

Cruzaram as muralhas da cidade mais rápido do que imaginava, “Embora aquela comoção possa causar problemas...”.

O portão havia sido aberto o suficiente para que pudessem entrar sem levantar muitas suspeitas, achava que aquilo teria sido o maior problema de seu plano, “Mas parece que eu estava errado”.

— Bor Mikel – cumprimentou Rickon.

Seus homens continuavam entrando sigilosamente vestidos iguais às companhias livres contratadas por Mikel, o Bor estava a sua frente com todos os seus mercenários, “Pelo visto tiveram algum trabalho...”, observou ao ver vários arqueiros mortos na muralha.

— Tanos Rickon – Mikel cumprimentou de forma respeitosa – Sinto pelo contra tempo – olhou para onde Rikario tinha seguido – Nós temos um príncipe muito precavido sabe... – concluiu sarcasticamente.

Rickon já conhecia Mikel há muito tempo, “Uns sete ciclos se não me engano...”, era um homem ganancioso com uma fome de poder maior do que podia saciar, “Bem acredito que isso tenha sido o fator decisivo nesta guerra”.

Filho de um cavaleiro do Sul com a filha de um Bor de Divisar, Mikel tinha por volta de uns trinta e três ciclos e meio, os cabelos eram castanhos escuros e os olhos claros, como único herdeiro possível depois da morte do sogro virou o Bor de Três Pedras, era uma província isolada que fazia fronteira com seus domínios, não tinha sido difícil envolve-lo com promessas e dinheiro, Mikel estava mais para comerciante do que Filho do Norte.  

— Posso perceber – olhou todos ali, “Uma boa quantidade...”, no momento os mercenários fechavam o portão – Então já podemos ir para o castelo?

— Na verdade já deveríamos ter ido há muito tempo, mas não há...

O som dos milhares de paços seguindo naquela direção gelou seu sangue mais do que a aquela noite fria havia conseguido o que piorou quando viu o Príncipe de Divisar com duas centenas a mais de soldados que si na passagem que levava ao centro da cidade.

— QUE LOUCURA É ESSA ARADINE?! – gritou Rikario em fúria ao ver todos os arqueiros deixados mortos – MAS QUE PORRA VOCÊ FEZ!!!

“E lá se vai o elemento surpresa...”.

— ATACAAAR!! – berrou antes que Rikario pudesse dar qualquer ordem aos soldados.

O primeiro choque veio com os mercenários de Mikel dando inicio a toda a matança e não foi preciso muito tempo para os primeiros mortos aparecer nem para os soldados ultrapassarem os mercenários do Bor e seguirem em sua direção, pelo que via a batalha estava a favor deles, “Mas veremos por quanto tempo”.

O simples ato de brandir a espada já significava atingir algum inimigo, “Um campo muito fechado”, com todos lutando tão perto era difícil ter uma ideia de como a batalha seguia, “Pelo menos isso, não nos prejudica em tudo”.

A espada subiu e uma garganta foi cortada o homem largou a espada para tentar parar o sangue que parecia explodir como um chafariz e então Rickon perfurou o soldado que, não fez mais nada, aquele era o quarto que matava em um pequeno ciclo de tempo.

“Por Perpetuo! Nunca acabam!”.

Bloqueou o golpe com certa dificuldade, avaliando o homem imaginou que teria problemas, era maior que si e usava uma espada longa com uma força assustadora, “Parece que encontrei alguém perigoso...”.

Seguiu com uma finta descoberta facilmente pelo inimigo que ainda aproveitou a chance para lhe passar a espada na barriga, defendeu o golpe com um polco de sorte.

“Mas que bastardo!!”.

Seguiu com mais violência diante o pequeno corte em sua armadura pressionando o inimigo com ataques rápidos, pela direita, esquerda, frente, frente novamente e por fim com um ataque transversal e então repetiu tudo novamente com mais velocidade e o resultado veio quando o soldado se desequilibrou e sua espada rompeu a armadura, o couro e encontrou a carne do homem ficando vermelha no processo.

No chão os cadáveres já começavam a ser notados e quando um de seus homens teve o peito transpassado por ter tropeçado em um braço percebeu que a situação estava insana, “Preciso terminar logo com isso”.

Mikel, não estava muito longe e se mantivera atrás de suas fileiras e praticamente, não tinha inimigos a enfrentar os que chegavam lá já estavam muito feridos e assim não representavam perigo de modo que eram levados a cabo facilmente, “Um verdadeiro covarde... Mas é melhor que fique vivo”.

Começava a sentir o desgaste e a proporção ainda se mantinha sombria para eles, “Preciso encontrar o Príncipe”, aquele seria o jeito mais rápido de se acabar com a batalha, “Mas se estiver atrás de suas fileiras igual à Mikel, já podemos desistir”, bastava olhar ao redor cada vez mais havia soldados de Neão em pé “Em quanto aos meus...”, percorreu a área com olhos frios e enojados.

“Espalhados pelo chão”.

Seguiu para o centro da batalha, tinha que encontrar o Príncipe para terem uma chance, mas antes de chegar foi levado ao chão, a frente um soldado descia com o machado rumo a sua cabeça, rolou no chão até ser parado por um corpo, “Droga desse jeito...”, levantou a espada para defender o golpe os braços tremeram, “Supostamente era pra ter sido uma tarefa fácil...”, já era extremamente difícil se manter bloqueando o machado, “E ainda tenho  que evitar escorregar neste sangue”.

O soldado levantou o machado para golpeá-lo de novo e jugava que aquela seria a ultima vez se não fizesse nada, “Isso deve servir”, pensou ao puxar o punhal do corpo ao seu lado, “Sorte, não estar usando elmo...”, lançou a arma no exato momento em que o homem ergueu o machado.

O punhal perfurou o olho esquerdo do soldado atravessando a nuca, “Morto...”, a respiração pesou ao que parecia faltava folego quando você quase morria.

Levantou-se o mais rápido que conseguiu se afastando um pouco do centro da batalha, precisava de um tempo para descansar e aproveitou para avaliar a situação.

“Parece que estamos a um passo da derrota”.

Julgava um milagre os mercenários, não terem debandado ainda, por que no geral a proporção estava contra eles, “A única forma de equilibrar isso seria juntar todo mundo numa formação”, entretanto existia o problema de como fazer isso, não era tolo em supor que conseguiria uma resposta ao problema antes de tudo ruir.

Ajustou o escudo e apertou o punho sobre a espada tomando o folego que precisa para se lançar naquela loucura e com o primeiro passo ao caos viu algo surpreendente.

O homem era enorme e lembrava um demônio do gelo em força e tamanho, a enorme espada que usava cortou três homens que seguiram em um golpe e antes que as tripas caíssem no chão já tinha matado mais dois, “Então tínhamos monstros assim no nosso meio?”.

Estava eufórico, não sabia o que tinha levado aquele Derekth a guerra só podia agradecer a Perpetuo por ele esta do seu lado e para melhorar, “Há mais um!”, o outro apareceu logo atrás do primeiro, usava dois machados e embora fosse menor lutava com velocidade e fúria digna de seu povo, ver os dois lutando juntos era um banquete para morte.

“Isso pode dar certo...”.

Tendo em mente a provável posição de Rikario poderia armar sua ultima aposta, “Vamos ver quem Perpetuo ira favorecer esta noite”.

8

Havia sido o primeiro a notar a flecha, “E também o primeiro a comunicar o Príncipe...”, imaginava o que teria acontecido se Rikario, não tivesse decidido voltar, “Provavelmente Neão já tivesse caído...”.

Rikario tinha conduzido o ataque progressivamente, primeiro cansando os inimigos com soldados rasos para depois massacra-los com a infantaria, e naquela altura já haviam reduzido drasticamente as tropas inimigas, “Mas não o suficiente”, julgou ao passar a espada em um inimigo que se aventurou demais nas suas fileiras, podia ver a vitória, os corpos forrando o chão o cheiro de sangue por todo o lado já eram os sinais que aquilo estava acabado.

— TODA A FORÇA A FRENTE!!! – berrou Rikario aos homens.

Em questão de minutos foi armado o ultimo ataque ao restante do exercito de Balázios, ponderou sobre aquilo, “Ao que parece isso é o fim!”.

O exercito Baláziano havia recuado até o portão onde fizeram uma formação defensiva, “Tenho que reconhecer seu modo de lutar!”.

O primeiro choque veio e os Balázianos aguentaram bem, mas aquilo não o surpreendeu, mas depois do quarto choque já estava ficando com raiva.

— FLANCO ESQUERDO – berrou Rikario – LAQUEAR!

“E parece que não sou o único”.

O flanco saiu do lado do Príncipe circulando a formação até investir numa lateral mais na base do Portão, os Balázianos, não pareceram suportar e então tudo aconteceu rápido demais, a formação de Balázios se abriu e em um instante uma centena de homens explodiu como uma flecha.

Teve vontade de rir daquele ataque suicida pelo menos até ver que o local para o qual seguiam era exatamente onde o Príncipe Rikario se encontrava, “Pretendem levar o Príncipe junto com eles para o tumulo?!”.

— PROTEJAM O PRÍNCIPE!!.... PROTEJAM O PRÍNCIPE!!! – gritou o mais auto que conseguiu enquanto forçava passagem até o Príncipe.

— Estão vindo!!! – soou desesperado o soldado – Mas por Tetros o que...

As palavras do homem ao seu lado sufocaram na boca, assim como as suas próprias, sem duvida era o homem mais alto que vira na vida, “Parece um demônio do gelo!”.

A longa espada desceu e os homens na frente do bloqueio caíram os outros tentaram um ataque rápido contra aquela monstruosidade, a clava de um soldado foi na costela do gigante enquanto outro tentava a sorte em uma estocada.

“Por Perpetuo o que estamos enfrentando aqui?”.

Ignorando completamente o golpe na costela o gigante partiu o crânio do soldado a sua frente com o capacete abrindo a cabeça do homem em duas bandas e enquanto os miolos caiam no chão deu um giro completo no intuito de acertar o soldado que tinha lhe atingido a costela e no processo levou mais dois homens para cova, não pensou em nada apenas levantou o escudo e em um ciclo de tempo a espada partia o objeto levando seu braço e peito junto.

Estava caído no chão surpreso por esta vivo, “O corte não foi tão profundo assim”, refletiu sobre o ferimento no abdômen, “embora...”, sentiu o sangue vazando por onde antes deveria estar seu braço esquerdo, “Com esse aqui já basta!”.

— ABAIXEM AS ARMAS!! – gritou com voz grave – ABAIXEM AS ARMAS OU O PRÍNCIPE MORRE!!

“Então era isso...” a compreensão veio junto com sangue na boca, “Merda, não vou durar muito tempo”, levou o braço para debaixo do corpo numa tentativa de fazer pressão no ferimento do modo mais furtivo que conseguiu.

“Preciso aguentar”.

Travou os dentes enquanto tratava de aguentar toda a dor que sentia, “Preciso me manter acordado!”, sabia como as coisas iriam terminar, “Se eu resistir talvez ainda possa salvar alguém...”, travou os dentes com mais força enquanto se preparava para o que estava por vir, “Que Perpetuo me ajude”.

9

“Funcionou!”, Sam pensou ao ver todos os inimigos parados.

O machado apertou mais a garganta do príncipe, no momento Bartz guardava suas costas, mas aquilo não lhe trazia segurança, dos oitocentos homens que haviam entrado pouco mais de trezentos sobraram, “E destes apenas uns sessenta conseguiram chegar até aqui”, olhou seriamente os inimigos por trás do elmo, “Por volta de seiscentos eu diria”.

— LARGUEM AS ARMAS ESSE É O ULTIMO AVISO!! – berrou Bartz mais uma vez.

— Nem pensar – pegou um punhal colocando na boca do príncipe – De você nem um piu!

Viu Tanos Rickon se aproximar com o restante dos soldados, “Foi uma boa jogada”, olhou os soldados de Divisar com as espadas apontadas, mas sem o ímpeto de atacar “Evitou que todos nos morrêssemos, mas quero ver como ira manter a situação...”.

— Bem Senhores – começou Rickon Mester em voz alta – Estamos num empasse, não quero matar o príncipe Rikario Mortedrai e imagino que vocês também não querem serem os responsáveis por deixar isso acontecer, não é mesmo?

Não conseguia imaginar como o Tanos iria conseguir, “Afinal basta o menor dos erros e explodimos em mais um combate”, e do jeito que via seria difícil sair vivos.

— Pois bem... – continuou Rickon – A essa altura o Portão norte já caiu – Observou o espanto e o medo na face dos Divisanos – E com o Príncipe Rikario em nosso poder asseguramos a vitória deste lado... – olhou para o Derekth que mantinha a espada no pescoço do príncipe que vendo o que era esperado apertou mais a lamina abrindo um corte e deixando um pouco de sangue descer.

“Parece que o Tanos também gosta de um teatro”.

— Agora temos três escolhas, na primeira vocês combatem, o Príncipe morre bem como a maioria de vocês e ainda assim a cidade é tomada. Na segunda vocês fogem, o príncipe morre e a cidade é tomada – respirou fundo enquanto deixava a voz mais macia – Agora a terceira a minha favorita. Vocês se rendem o Príncipe vive vocês também e a cidade é tomada – deixou-os pensar um pouco – Então o que escolhem?

10

A luta se prolongava mais do que Rener gostaria, ciclos de tempo atrás realmente achou que conseguiria segurar Balázios depois do portão ter caído, “Mas no fim não consegui...”, ainda, não entendia o que levara Raider Adler a queimar o portão, “Imagino que tenha tido uma boa razão para isso”.

Observou uma centena de homens mortos e outros, não tão mortos no chão, enfiou a espada no peito de um que agonizava perto de seus pés por falta de sorte em ter a cabeça decepada por inteiro.

— Que Perpetuo o receba e o devolva se for digno! – disse em voz baixa para o soldado e então seguiu para a batalha.

Levantou o escudo e o baláziano desceu com o machado, ‘trask’ fez o barulho, “Um barulho e tanto para um golpe fraco”, sorriu depois de girar o corpo e passar a lamina no pescoço do homem, “Próximo”.

Embora tivessem levado um golpe duro no pátio a vitória ali já era certa haviam conseguido acabar com os invasores que, não tinham subido nas muralhas apos a invasão, “O que me preocupa é como Raider Adler esta lidando com isso...”.

PHAA, o barulho do martelo que encontrou seu escudo o e deixou em pedaços, “Mas que...”, saltou para trás o mais rápido que conseguiu tentando avaliar o inimigo “Agora sim encontrei alguém perigoso...”.

— Nunca lhe ensinaram a não abaixar a guarda numa guerra? – perguntou o Raider com uma voz mortal.

— O pior é que ensinaram – abaixou e pegou outro escudo no chão sentindo uma fisgada ao fazê-lo, não quis olhar, mas imaginava que o braço não estava lá muito bom – Prometo que, não irei decepciona-lo de novo Raider, Andrei o Furioso.

O Raider de Balazios se aproximou e sua respiração pesou aquele, não seria um inimigo que julgasse que pudesse vencer, “Perpetuo me de força!”.

— Por Divisar!! – gritou para alcançar a coragem diante o sorriso do Raider.

O primeiro golpe veio levantou o escudo e “PHAA” conseguiu suportar o choque ergueu mais o escudo dando espaço para a espada encontrar o peito do Raider, “Acertei!” embora, não acreditasse de fato no seu feito a resposta veio rápida, Andrei retirou o martelo e girando em cima da cabeça o desceu num golpe tempestuoso, “Parece que o deixei bravo”, preparou a defesa só para ver o martelo descer quebrando o ar e então subir “Há...” o escudo foi embora com o ‘Crack’ que seu braço fez, “Merda está quebrado...”.

Afastou se o mais rápido para avaliar sua situação, Andrei não permitiu e se lançou ao seu encontro, “Mas que...” pensou ao tropeçar em algum corpo e cair de costas no chão sentiu uma dor terrível no braço que ainda se mantinha preso no escudo.

     Andrei levantou o martelo e Rener esperou ate que o Raider descesse para rolar, sentiu os cascalhos de pedra o acertarem depois do impacto e acima de tudo sentiu uma dor terrível no braço, teria gritado o mais alto que pudesse, mas a dor era forte demais para deixa-lo fazer isso, “Força!!” implorou a Perpetuo ao chutar a perna de Andrei que se recuperava do golpe sentiu um alivio profundo quando a perna do Raider cedeu e ele foi ao chão, sem perder tempo Rener se lançou em cima de Andrei apoiando sua espada no peito e a lamina na barriga do Raider, Andrei segurou seu pescoço tentando o impedir de enfiar a espada.

As mãos apertavam sua garganta com uma força assustadora lutava com todas as forças para suportar “Apenas mais um pouco...”, sussurrou quando a espada entrou mais um lance de carne.

Andrei fechou mais as mãos, sentiu os olhos saltarem para fora da cabeça o pescoço amolecer e o desejo louco por ar, “Apenas mais um pouco!”, e mais um lance de carne.

Olhava a face de Andrei os olhos vermelhos a expressão de ódio e terror, “Apenas mais um pouco!”, e então caiu.

Não conseguiu se levantar passou os próximos minutos tossindo, o pescoço estava uma dor terrível só, não superava o braço, “Merda tenho que dar um jeito nisso”, mas estava feliz havia derrotado um dos maiores guerreiros do Norte, “Espera só eu contar para Raider Adler”.

Tirou o escudo num urro de dor era engraçado como o frio, não estava parando a dor. Olhou para onde o combate se concentrava, “Só mais um pouco e...”.

— Era um grande guerreiro – o homem disse atrás de Rener– O melhor com quem já lutei...

Virou-se e o coração congelou quando viu o homem, os olhos azuis de gelo a face queimada, os cabelos longos e negros “Mas que surpresa...”.

— De fato foi um inimigo difícil – levantou-se depois de pegar a espada – Não espera que eu me renda, não é Atur? – respirou um momento – Kaiser!

Atur virou-se como se tomasse consciência de sua parecença naquele exato momento, as historias diziam que o Rei de Balázios era alguém frio, “Estão erradas”, constatou Rener parado a sua frente “Ele é o verdadeiro inverno”.

— Não! – respondeu Atur Kaiser de modo gélido enquanto olhava intensamente para o Divisano a sua frente – Qual o seu nome?

— Rener – respirou fundo, doía falar – Rener Tarkan!

— Entendo... – olhou para Andrei caído no chão – Irei me lembrar Rener Tarkan – levantou a espada – Serei breve.

Aproveitou o momento para Pensar no Pai velho que admirava tanto, pensar também na mãe uma verdadeira filha do Norte, nos irmãos grandes, mas imaturos para participarem de guerras. E pensou em Cintria de todas as mulheres que já teve nunca amara nenhuma mais que ela “Se pudesse vela só mais uma vez...”.

Então não pensou em mais nada.

11

Tanos Manuelk Berifor desceu com fúria sobre o Raider de Neão e possivelmente o desequilibrado “Mas apenas um pouco...”, na opinião de Gunter as coisas estavam bem difíceis Adler não seria vencido rapidamente, “Pelo menos não como o outro Raider”, aquele havia sido fácil, ao contrario de Adler ele cairá rapidamente, três golpes de machado e o homem estava morto.

— Desgraçado – praguejou quando a espada raspou sua garganta.

“Mas que filho de uma puta!”,.

Não havia sido ferido embora sua vida lhe passasse pelos olhos no momento, procurou Tanos Manuelk e o encontrou batendo frente a frente contra o Raider, mais soldados inimigos vieram, “Melhor deixar Manuelk levando as coisas sozinho por enquanto”, o Tanos estava lidando razoavelmente bem com Adler acreditava que conseguiria ir ajuda-lo antes de se esgotar.

A muralha ainda não havia cedido e quanto mais tempo passava mais certo ficava que isso jamais aconteceria, mas isso não era o pior, o pior era que ainda só não haviam sido massacrados por que de alguma forma os reforços de Neão no outro portão não tinham aparecido, “Isso pode ser obra dele...” lembrou-se de Tanos Rickon, sem duvida era um homem sagaz, “As vezes até demais para meu gosto”.

Quando terminou de lidar com os inimigos percebeu que havia gasto mais tempo do que gostaria, embora não quisesse admitir já tinham perdido a muralha e fora o fogo não sabia como as coisas estavam no pátio, “Não posso perder tempo pensando nisso”, correu para onde imaginava encontrar Manuelk.

— Chegou tarde Gunter – respondeu de modo sombrio Raider Adler – Mais um pouco e ainda pegava minha espada estripando o Tanos.

Sacou o machado com fúria na direção de Adler, mas sem efeito até onde via o homem sabia se esquivar, subiu com a arma em riste, Adler bateu com o escudo no machado e estocou com a espada teve tempo de recuar e recuar, e recuar enquanto Adler continuava atacando sem parar, “Como consegue?”, não entendia afinal o homem já havia enfrentado Tanos Manuelk e ele fora um dos maiores espadachins que Norte já conhecera.

“Parece que já...”.

Teve de conter a alegria quando Atur Kaiser apareceu poucos metros de si com mais um centena de soldados, sem perder tempo viu Adler se afastar enquanto tratava de reagrupar seus homens o que Atur também fazia no seu lado.

— Onde está Tanos Manuelk? – perguntou Atur Kaiser em um tom meio cansado?

— Morto Majestade – respondeu fatigado.

Não gostou de informar sobre aquilo e muito menos da expressão que Atur fez, sabia que a perda foi grande Manuelk era um homem honrado ate onde a palavra permitia ser, “Pelo menos ele tem um filho”, lembrou-se Gunter.

— Valerá apena – soou distante Atur – Venci o pátio Raider Adler – falou Atur em tom alto – Por que não se rende e pomos um fim nisso tudo.

— Isso não vai acontecer Atur – respondeu Adler afrente de seus homens – Até onde eu posso ver tenho o dobro dos seus e não vejo nenhum homem capaz de me vencer.

Por mais que desprezasse o Raider tinha que admitir não tinham ninguém que pudesse se igualar ao homem com a espada e se a situação já era grave se tornou desesperadora quando algumas centenas de guerreiros apareceram vindo do outro portão pela muralha.

— Perdão senhor, mas ouve uma emboscada o Príncipe foi morto, Aradine nos traiu! – falou o soldado quando se encontrou com Raider Adler.

“O Príncipe foi morto?!”, a distância não era grande que não pudesse escutar e a jugar pelos murmúrios atrás de si imaginava que os outros homens também tivessem escutado, “Mas isso não faz diferença, agora é impossível vencermos”.

— Muito bem – Adler respirou profundamente – Agora eu que faço a pergunta Atur Kaiser por que não se rende?

— Isso não irá acontecer Raider – disse em um tom gélido – Já venci batalhas em proporções mais sombrias.

— Sim isso pode ser verdade, mas tenho certeza que eu não estava em nenhuma delas – Alder concluiu com superioridade – Em todo caso eu agradeço por tornar minha vingança bem mais prazerosa – levantou a espada bem alto – HOMENS AVan... – engasgou com sangue.

Gunter ficou perplexo enquanto via os reforços de Neão passarem pela espada seus aliados até Atur esboçou uma expressão de confusão e isso era coisa que julgava impossível a cena não durou mais que meio ciclo de tempo até os reforços terminarem e matar todos.

— Majestade – tomou frente o soldado que dera cabo de Adler – A vitória é sua – concluiu ficando de joelhos depois de tirar o capacete gesto que foi seguido por todos os outros homens.

“Impossível”, não podia dizer outra coisa, “Ora se não é mesmo um lobo!”.

— Tanos Rickon Mester – Atur disse lentamente – Que bela surpresa você me trouxe, imagino que você possa me explicar tudo isso depois não é mesmo?

Gunter sentiu medo no tom de Atur não era o seu gélido de sempre estava mais afiado com uma navalha e isso nunca acontecia quando seu humor estava bom, “Alguma coisa está errada ai”.

— Com toda a certeza majestade, mas o que posso dizer e que tudo foi possível graças a ajuda de Bor Mikel o plano bem como a ação foram todas façanhas suas.

Gunter não achou o homem lá muita coisa lembrava pouco um Filho do Norte, os olhos eram claros, mas só isso o cabelo um castanho escuro e a pele pouco parda, “Duvido que tenho o aço no sangue”, mas não importava o que achava a única opinião ali que significava alguma coisa era a de Atur.

— Irei me lembrar – disse Atur enquanto fitava todos os soldados – Agora de pé – E assim fizeram todos os homens – Temos um castelo para tomar.

12

— Rápido – repetiu o soldado – Rápido, o Rei foi claro, não há tempo a perder, já deveríamos ter saído há muito tempo!

Mitzi ainda não acreditava nas palavras do homem, “Como poderia?”, havia conversado pouco tempo atrás com o irmão e agora, “Morto?”, por uma traição de Mikel, não conseguia acreditar, sua mãe parecia ter lidado melhor com a situação seguia junto de si com o soldado para a saída dos criados o castelo estava uma loucura os balázianos haviam entrado e as ultimas defesas tentavam ganhar tempo para sua fuga, seu pai foi um desses, disse que iria cair com o reino que ajudou a erguer, mas deixou instruções claras do que fazer, deviam seguir para Maestria procurar por ajuda lá, “Enquanto estiver viva ainda temos chance!”, havia lhe dito, sentia vontade de chorar queria entender como um paraíso poderia virar um inferno em apenas uma noite.

— Veja só o que eu encontrei aqui – sibilou o baláziano para os companheiros.

— Parece que temos alguns ratinhos deixando o castelo! – comentou outro com certo entusiasmo.

— Para traz – bradou o Soldado – Não deixarei que passem daqui!

— Não senhor, essas palavras são nossas – sacou a espada junto com os companheiros.

— Fujam!! – gritou para as mulheres – Ganharei tempo!

Mitzi virou-se com sua mãe e voltaram pelo caminho que seguiram, seu coração batia rápido sentia medo, mas sua mãe não, nunca percebera o quanto ela podia ser forte sempre a julgara fraca e ali estava ela sendo a verdadeira Filha do Norte, “Recomponha-se Mitzi, Recomponha-se!!”, bradou a si mesma.

Viraram em um corredor estreito que levaria as cozinhas de lá poderiam seguir ate o local preparado, não muito distante escutavam os homens vindo ao seu encontro ao jugar pelas pragas o soldado havia sido difícil de derrubar.

— Só mais um pouco e estaremos bem – confortou a filha – Só mais um pou...

Havia pelo menos sete criadas sendo violadas, tentou voltar mais um dos balázianos que esperava sua vez agarrou seu cabelo e a jogou em uma mesa próxima o mesmo se deu com sua mãe.

— Ei essas ai parecem importantes – comentou receosamente ao companheiro.

— Eu não me importo, tava loco para saber quando ia chegar minha vez e ai a menina pula no meu colo a merda que vou deixar ela ir.

Tentou lutar, mas era em vão logo chegou mais alguns para ajudar o baláziano tirar suas roupas.

— ENCOSTEM EM MIM E NA MINHA FILHA E TERÃO QUE PAGAR O PREÇO POR VIOLAR UMA RAINHA E UMA PRINCESA.

Ficou em choque, nunca imaginou tal ação de sua mãe e provavelmente os homens também não, pois assim como ela todos pararam sem ação diante a cena.

— Mas que desgraça vocês então pensando, se apresse e tirem elas dai vamos leva-las até o salão o Rei Atur deve saber o que fazer com elas – disse o líder do grupo – É melhor elas estarem apresentáveis por que se não vocês terão problemas maiores do que vocês imaginam.

— Eu não te disse Jord que elas pareciam importantes.

— Vai à merda! – olhou para a princesa – Perdão.

O salão estava lotado os homens em circulo gritavam euforicamente, e seu pai estava no centro de tudo aquilo com Artur Kaiser em um duelo até a morte, olhou sua mãe e se durante todo o tempo conseguira se manter fria agora estava totalmente tensa, “Ela não é a única”, olhou para as mãos tremendo, durante o caminho os balázianos não falaram nada apenas reclamaram da sorte, sentia repulsa deles e tinha certeza que jamais deixaria um homem chegar perto o suficiente para fazer qualquer coisa similar de novo, se antes estava assustada agora fervia com raiva.

Sua mãe quase perdeu o ar quando Atur derrubou seu pai no chão, mas para seu alivio Rei Roborion, não era um inimigo fácil e levantou-se rapidamente evitando o outro golpe com a Tormenta, costumava dizer que nunca tinha perdido uma luta com aquela espada era uma lamina longa que fazia necessário o uso das duas mãos Atur também usava uma, mas muito inferior a Tormenta.

“Isso é bom...”, refletiu sobre o aspecto de Atur, estava visivelmente cansado havia sinais de varias feridas enquanto seu pai se matinha bem preservado, “Se seguirem assim ele pode...”

— Não!!! – gritaram os soldados quando a Tormenta entrou na barriga de Atur seguindo para ajudar o Rei.

— PARADOS! – berrou Atur Kaiser aos homens – Este é meu duelo punirei qualquer homem que não honrá-lo como tal! – voltou os olhos para Roborion – Belo golpe – segurou a lamina com a mão esquerda envolta em tiras de couro – Mas isso acaba agora.

— PAI!!!! – gritou com toda a força sua mãe apenas caiu no chão incrédula tudo tinha acontecido muito rápido Atur segurara a Tormenta entrando mais na arma enquanto girava sua espada para cortar a cabeça ...

— Paii... – olhou com fúria para Atur que tirava a Tormenta de sua barriga – Maldito!! Maldito!

— Você é louca? – perguntou o soldado depois de silenciar a princesa? – Majestade o senhor esta bem?

— O suficiente... – respondeu trazendo alivio aos homens – Então esta é a filha de Roborion – olhou a outra mulher com os olhos vermelhos iguais ao cabelo chorando ao chão – E aquela suponho sua esposa...

— Aproveitador – Mitzi gritou antes que o soldado tivesse a chance de lhe silenciar novamente – Jamais teria vencido se Bor Mikel não tivesse nos traído.

Olhou Atur nos olhos queria ver seu rosto quando jogasse a verdade na sua frente queria ver ele responder aquilo mesmo que custasse sua vida forçou os olhos e encontrou o olhar de Atur e por uma fração de segundos sua raiva foi paralisada era como se seu espirito  fosse congelado.

— Imagino que já tenha dito tudo que precisava – Atur falou no tom gélido de sempre – Podem leva-las, mais tarde verei o que farei.     

Sua mãe não tirou os olhos de seu pai desde o momento que caíra no chão e mesmo sendo arrastada ainda se mantinha olhando para ele, quanto a si mantinha-se bem atenta a Atur, “Irei faze-lo pagar por Perpetuo! Irei faze-lo pagar!”.

13

Deixou o corpo cair no trono, “Embora o preço tenha sido alto, eu consegui”, fitou o corpo de Roborion no chão, “Lutou bem”.

— Majestade aqui está um Irmão de Negro – falou o soldado.

— Aproxime-se – expressou-se num tom cansado enquanto o homem envolto em uma túnica preta seguia para tratar sua ferida, “Aquilo poderia ter sido meu fim”, recordou-se quando entrou mais na lamina.

— Soldado pegue a espada – disse quando o Irmão de negro começou o tratamento.

— Aqui majestade.

Era uma bela espada feita em bom aço um trabalho esplendido, “Agora percebo como foi que conseguiu passar por minha defesa, uma boa arma faz mesmo diferença...”.

— Majestade – chamou atenção de Atur a sua presença.

Ver Tanos Rickon ali com Bor Mikel e os demais homens deixou um gosto amargo na boca, ainda que a vitória tivesse sido alcançada através deles o fato de ter sido deixado de lado implicava em algo que se considerasse mais a serio acabaria tendo que matar os dois, “Por hora deixemos as coisas como estão terei tempo para isso mais tarde”.

— E então?

— A cidade foi tomada – respondeu Rickon se levantando da reverencia com os outros.

— Muito bem – esperou até que o Irmão de negro tivesse suturado a ferida – Quero todos os homens de volta ao portão norte para efetuar os reparos, os feridos devem ser tratados os mortos empilhados. Não temos tempo Rober não iria vencer, seu papel era conseguir tempo e isso ele nos deu. Há essa hora sua batalha já terminou e até que os goluns em Vale Profundo cheguem precisaremos aguentar – esperou mais um pouco enquanto as ataduras eram enroladas com cataplasmo – Envie batedores preciso saber como as coisas andam no Torrente.

— Como desejar Majestade – Tanos Rickon respondeu – Irei distribuir os homens e...

— Mais uma coisa – Atur olhou intensamente os presentes – Não quero saber de estupros, pilhagens e invasões nesta cidade, Raider Gunter você se responsabilizara por fazer valer esta ordem, qualquer homem que for pego violando estas declarações devera ser executado.

— Será como disse Majestade – Gunter respondeu seriamente.

— Majestade gostaria de ter sua atenção com outro as...

— Tratarei qualquer assunto com você mais tarde Tanos Rickon– respondeu antes que Rickon pudesse terminar – Dispensados!

— Majestade? – chamou o Irmão de negro ao seu lado.

— Sim?

— Está terminado. Acredito que devera descansar, a ferida foi profunda consegui estancar o sangue e espero que não infeccione, em todo caso deve ficar de repouso

— Gostaria de poder lhe obedecer Irmão, mas nos dois sabemos que não irei – disse friamente – A guerra apenas acabou de começar.

 

     


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Notas finais do capítulo

E vamos com mais uma historia espero que gostem.
Conto com ajuda de vocês caso encontrem algum erro de gramatica... E até o próximo mês



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