Cry in my heart escrita por cry


Capítulo 2
Aprendendo a conviver




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—PEETA! PEETA!

Levanto da cama em um pulo, gritando desesperada. Só então eu percebo. A escuridão no meu quarto, eu estou sozinha, foi só um pesadelo. Olho no relógio, exatamente meia-noite. Como será que ele está?

Pela janela eu posso vê-la. Sua casa. A luz do que deve ser seu quarto está acesa. Ele está acordado, certamente ele ouviu meus gritos...mas não veio me ver.

— Deixe de ser estúpida Katniss, ele não vem – me repreendo lembrando da cena mais cedo, quando o convidei para passar a noite comigo.

— sinto muito Katniss, eu...não acho que...seja uma boa ideia. Pelo menos até eu... quando estiver mais...adaptado a situação, se é que você me entende.

— Claro que sim, me desculpe. Foi um impulso.- sorrio sem graça e chateada por ter sido rejeitada.

— Isso não quer dizer que ele não quer sua companhia - tento convencer a mim mesma – Ele só está com medo. Medo de me machucar, exatamente como no sonho.

Com esse pensamento passo horas na janela. Quando os primeiros raios de sol tocam o solo da vila dos vitoriosos percebo que se estiver certa, ele dormiu tanto quando eu. A luz do seu quarto ficou acesa durante o resto da noite.

Já estou me preparando para caçar quando ouço batidas leves na porta.

— oi! – me surpreendo quando vejo Peeta na porta da minha casa – trouxe pão pra você. Como está? Parece cansada.

— Estou bem. Noite ruim. – sorrio sem vontade quando me lembro o motivo da minha insônia. A visão dele morto por minha causa. – Você também parece um pouco cansado.

— É. Não consegui dormir. – Ele olha pra minha roupa – Você está indo caçar.

— Eu ainda vou demorar um pouco para sair. Quer entrar...e ...tomar café?

— Claro! Ótima ideia. – ele entra na minha casa parecendo constrangido, não consigo perceber o motivo.

Tomamos o café da manhã juntos enquanto Peeta me conta sobre sua estadia na capital, do tratamento e as pessoas que conheceu lá e constantemente me pergunta sobre as mudanças no distrito. É só então que percebo o que ele está tentando fazer. Ele quer se aproximar de mim, mas não sabe como, não sabe como conseguir minha confiança novamente.

Percebo o quando me distraí quando vejo ele acenando em minha frente.

— Tá tudo bem com você? – Pergunta aparentemente sem jeito – Estou te chateando?

—NÂO! – falo rápido demais e ele sorri – claro que não, só me distraí um pouquinho.

—Tudo bem. De qualquer forma eu tenho que ir. Não vi o Haymitch ainda. Como ele está?

— Bom...eu não sei – agora é minha vez de ficar envergonhada em não saber nada sobre nosso único amigo. – Na verdade não o tenho visto muito.

Pego o meu arco e minhas flechas enquanto ele me acompanha até a porta.

— Bom... Te vejo mais tarde

Ele está estranho, parece não saber como se despedir então decido ajuda-lo. Me aproximo e o abraço apertado. E ele parece surpreso, mas feliz.

— Nos vemos mais tarde. – Então ele caminha para a casa de Haymitch enquanto eu me direciono à floresta.

A partir desse dia passamos a jantar juntos. Haymitch, Peeta e eu. E estamos nos esforçando para melhorar.

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Cinco anos se passaram e as coisas não mudaram quase nada.

Todos os dias pela manhã Peeta me levava pães e eu saia para caçar logo em seguida, algumas vezes ele me acompanhava, embora atrapalhasse mais do que ajudava.

— Você precisa fazer silencio – Falei Zangada, mas ele só ria

— Não seja assim Katniss, tenho certeza que você prefere minha companhia a voltar pra casa com a sacola cheia. Eu sei que você me ama.

— Não conte com isso- Brinquei, embora não conseguisse esconder o riso por muito tempo. Eu realmente preferia sua companhia.

Jantávamos juntos quase todos os dias e era sempre agradável, principalmente ouvir sua implicância com Haymitch, não desistia de tentar irritá-lo.

Mas o que se sobressaía durante todo esse tempo eram os pesadelos. Eles estavam sempre presentes, impedindo que eu dormisse todas as noites, me fazendo reviver a morte de Prim, ou me mostrando opções de torturas pelas quais Peeta poderia ter passado ou simplesmente sonhava que ele era morto. Por mim. E era isso que me atormentava, me fazendo ter receio de fechar os olhos a noite. E Ele sabia. Eu podia ver a luz do seu quarto acesa todas as noites e por vezes imaginei ver sua imagem na janela, mas ela desaparecia logo em seguida. Ele ouvia meus pesadelos todas as noites, me ouvia gritar seu nome mas nunca veio. Ele não voltou a dormir comigo e isso me magoava, embora conhecesse seus motivos.

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— Eu não consigo. Por favor me deixa ir! – Para variar, minha habitual manhã de caça foi trocada por uma aula de culinária – Eu não sei fazer isso. Sou terrível na cozinha.

— Não Katniss, deixa de ser manhosa, faz séculos que eu tento te ensinar. Pelo menos assim você não vai morrer de fome.- Ele ri de mim

— Como se eu fosse viver o resto da minha vida inteira só comendo pães de queijo –respondo mal humorada depois de mais uma tentativa de Peeta de me ensinar a fazer pães – E além disso eu sei caçar. Assar uma caça é mais fácil que assar pão. É só jogá-la dentro do fogo – Dessa vez ele gargalha alto. Está bem humorado o que acaba me influenciando também.

— Que barulheira é essa, crianças? Finalmente resolveram se matar? – Haymitch pergunta, deixando Peeta desconfortável por causa do seu mais recente episódio homicida.

— Bem que eu queria. Mas uma morte rápida não é o suficiente pra ele. Prefere me torturar ensinando a fazer pães. Sinceramente nunca pensei ser tão fraca – Dessa vez é Haymitch que gargalha enquanto Peeta ri. Parece que todos acordaram de bom humor hoje. Isso é bem raro.

Continuamos com nossa aula. Peeta se aproxima de mim tentando me fazer acertar o formato da massa para a próxima fornada de pães de queijo. Não tinha percebido de início mas ele está próximo, muito próximo.

— wow! Procurem um quarto – grita Haymitch enquanto gargalha desaparecendo pela porta.

E só então ele percebe nossa proximidade. Seu rosto fica vermelho enquanto ele se afasta.

— Me desculpe, eu não percebi.

— Está tudo bem – respondo sinceramente – Não se preocupe.

Posso ver em seus olhos. Ele está desconfortável

— Peeta, está tudo bem. Sério.

— Preciso ir.

E sai quase correndo. Só então percebo o que houve. Flashbacks.

Subo para o meu quarto e quando olho pela janela posso vê-lo. Ele está chorando.

Quando dou por mim estou batendo na porta da sua casa. Não foram flashbacks. Ele está magoado, só me resta tentar descobrir o motivo.

Quando ele não vem empurro a porta. Está aberta. Subo lentamente as escadas com medo do que vou encontrar. Eu estive quebrada por tanto tempo e ele estava sempre por perto tentando me consertar...Dessa vez é ele quem precisa de mim e eu não sei o que fazer em relação a isso. Não se posso oferecer o conforto que ele precisa, não sei se sou capaz disso. Mesmo assim continuo caminhando e posso ouvi-lo quando chego à porta.

—Peeta?

Abro-a lentamente e sua visão de deixa desconcertada. Ele está deitado na cama, mãos sobre seus ouvidos enquanto se balança de um lado pro outro. E não há mais nada que eu possa fazer. O abraço apertado até que ele se acalme. Depois de horas, quando finalmente acontece, ele olha pra mim com seus profundos olhos azuis.

— Você é tudo que eu tenho. Não me deixe sozinho. Por favor não me deixe sozinho, eu não posso suportar!

— Não vou deixar. – Nos abraçamos novamente dessa vez até que ele pegue sono.


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