Depois do ocorrido no convés, Nami começou a ligar os fatos, tentando entender o que estava acontecendo. Era como se fosse invisível aos olhos de alguns companheiros. Será que era alguma pegadinha ou um complô contra ela? Não sabia...

Até que se lembrou de seus pesadelos recentes e percebeu que alguns deles tratavam exatamente desse assunto: ela não ser vista por seus amigos. Nesses sonhos ela sempre ia para uma ilha específica e tinha que fazer algo, que não se lembrava no momento, mas sempre que desembarcava acabava acordando.

Foi então que começou a pesquisar em livros e mais livros sobre a tal ilha. Não sabia exatamente como era, onde ficava ou se realmente existia, mas se agarrou ao seu instinto e esperança comparando a vaga lembrança que tinha da costa da ilha em seus sonhos com fotos e mais fotos de ilhas espalhadas pelo Novo Mundo. Foram horas de pesquisa sem sucesso até que...

— ACHEI, FINALMENTE! ELA EXISTE MESMO! — Nami começou a dançar de alegria.

— O que existe, Bruxa?

— AH! ZORO, SEU MALDITO, que susto!!! — caiu da cadeira.

— Se não ficasse com a guarda baixa não se assustaria tão facilmente — debochou o espadachim enquanto a ajudava a levantar.

— Obrigada — disse aceitando a ajuda. — Enfim, o que quer aqui?

— ... Nada — afirmou corado.

— Não acredito! Não me diga que você se perdeu de novo dentro do navio? — riu descaradamente.

— Claro que não, eu nunca me perderia dentro do navio, apenas me desviei um pouco do meu caminho principal...

— Me engana que eu gosto. Enfim, preciso terminar minha pesquisa — voltou a se sentar.

— O que tanto pesquisa nesses livros?

— Você está bem? — perguntou encarando Zoro abismada.

— E porque não estaria?

— Sei lá, talvez vez por que você está se importando com algo sobre mim...

— Me importo mais do que imagina — sussurrou bem baixinho.

— O que disse?

— Além de bruxa e ladra ficou surda também?

— ORA, SEU...

— Só responde logo e para de fazer escândalo, daqui a pouco o ero-cook aparece e não estou afim de brigar com ele hoje.

Depois de um longo suspiro, Nami passou a contar tudo para o espadachim. Contou das noites sem dormir, dos pesadelos e principalmente de como estava sendo tratada por alguns companheiros.

Ao contrário do que imaginou, Zoro parecia realmente interessado no assunto e prestava muita atenção no que ela falava. Ficou muito feliz em ver que ele se importava tanto com ela ao ponto de deixar suas diferenças de lado para escutar seus problemas e lamentações. Talvez ele não fosse tão sem sentimentos assim, não que ela não já soubesse disso, muito pelo contrário.

Já fazia certo tempo que observava o espadachim atenta e secretamente, não podia deixar que ninguém, principalmente ele, descobrisse sobre suas inocentes “pesquisas”. Reparou em coisas que nunca havia reparado antes, coisas que a fizeram gostar mais ainda de Zoro como, por exemplo, todo o cuidado e dedicação que ele tinha com a tripulação e em especial com a pequena rena. Ele realmente era uma caixinha de surpresas e ela adorava isso.

Com toda a história contada, o silêncio reinou no quarto da navegadora e nenhum dos dois ousava dizer uma mísera palavra. Não era um silêncio mortal, muito menos acolhedor, era apenas... silêncio. Cada um perdido em seus próprios pensamentos, tentando achar alguma lógica por trás de tudo.

Quando de repente o navio se chocou contra algo e ambos foram arremessados. O impacto foi tão grande que acabaram indo parar do outro lado do quarto, mas especificamente no chão, encostados na parede. Bom, pelo menos Zoro estava assim.

Nami mal sentiu o impacto, era como se algo tivesse amortecido sua queda. Tentou se levantar, mas um braço a impedia e foi então que ligou os fatos e só faltou soltar fumacinha pelos ouvidos de tão corada que ficou.

— É... Zoro.

— Hum?

— Já pode me soltar — disse calmamente parecendo um tomate.

— Mas o que... — percebeu o que fazia e a soltou, virando o rosto para que ela não visse suas bochechas avermelhadas.

— Então... vou ver o que aconteceu...

— Ok...

— Ah, e antes que eu me esqueça, obrigada por me proteger — disse dando um beijo na bochecha dele.

E saiu do quarto, deixando certo espadachim sentado no chão com cara de tacho.