Três em um escrita por Mente suicida


Capítulo 14
O show




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9 dias depois, noite de sexta feira e também dia do esperado show de o Rappa. Toda a empresa não falava de outra coisa. Todos estavam animados para prestigiar a atração que nunca foi apresentada gratuitamente na cidade.

Bianca estava decidida de me acompanhar nessa aventura. Já tinha mentido para sua mãe, dizendo que iria para uma festa na casa de uma amiga após o trabalho. Com isso, ela poderia levar roupas e dormir fora de casa. Foi justamente isso que ocorreu.

Como de costume, eu larguei primeiro e fiquei a espera de Bianca. Cerca de meia hora depois, pude observar que a mesma estava saindo acompanhada de Gustavo. Onde ficou o tempo todo pedindo para que eu a cuidasse de sua amiga. Trocamos de roupas e deixamos a bolsa com nossa amiga Suzany. Seguimos rapidamente em direção ao ponto de ônibus, pois o local ficaria muito longe de onde estávamos e precisaríamos pegar dois ônibus.

— Miguel, eu preciso que você cuide bem da Bianca – Gustavo falava com um tom de preocupação – Eu estou muito aflito com essa ideia dela te acompanhar.

— Calma, Gustavo. Vai ficar tudo bem! – Falei enquanto pegava na mão de Bianca – Eu não vou desgrudar dela, não se preocupe.

— Mesmo assim, ela nunca foi para esse tipo de lugar.

— Nem tu, Gustavo. Você poderia ir conosco. – Bianca propôs um desafio.

— Isso, boa ideia. Já que está preocupado com sua amiga, achando que não vou conseguir cuida-la, vamos com a gente ué. – Fiz a mesma proposta – Sabe o que você faz? Ainda dar tempo, a gente volta para a empresa, você troca essa roupa e deixa a bolsa com Suzany também.

Após muita insistência, Gustavo resolveu tentar.

— Tá! Deixa eu falar com minha avó para saber se ela deixa eu dormir na casa de uma "amiga" – Gustavo falava enquanto pegava o celular e discava um numero na tela.

— Ela deixou? Vaaai, responde! – Bianca perguntou

— Sim, eu vou! – Gustavo respondeu.

Ao ouvir a resposta do amigo, Bianca o abraço e seguiu com o mesmo retornando para a empresa. Eu fui seguindo a dupla à poucos metros trás. Eu também estava feliz por ele nos acompanhar, mas preferi me conter. Após 20 minutos, a dupla sai bastante perfumados. Logo atrás, vinha um casal em nossa direção. Paulo era um rapaz gordinho, usava óculos e roupas pretas, típico de nerd roqueiro. Helena, uma garota baixa de cabelos lisos, prestos e curtos. O casal parou e perguntou:

— Vocês também vão para o show do Rappa? Podemos nos juntar a vocês? – Perguntaram

— Sim, claro! É bom que fica mais gente no grupo – Eu como o chefe do meu grupo, respondi.

Ao chegar no ponto de ônibus, encontramos com outro casal conhecido. Era um casal de lésbicas, Adriele e Larissa. Trocamos alguns papos enquanto esperava o ônibus e descobrimos que também iriámos para o mesmo lugar. Isso fortaleceu ainda mais o grupo de amigos que decidiram ir todos juntos sem nenhuma programação feita com antecedência.

O primeiro ônibus estava bastante lotado, mas ocorreu tudo bem. Então descemos de um para esperar o próximo. Existia duas opções, uma estava com bastante gente a espera e o outro, onde nos deixava um pouco mais longe, estava com poucas pessoas. Ao chegar os dois ônibus, escolhemos o que estava com menos pessoas. Fomos os 7 em pé e tudo ocorreu perfeitamente até a metade do caminho. Então o ônibus passou por uma área bastante perigosa e parou, abrindo as duas portas. Foi onde cerca de 10 adolescentes subiram no ônibus, todos carregando uma faca no punho e anunciando o assalto. O transporte público se tornou cena de filme em menos de 1 minuto. Os jovens roubavam tudo que pertenciam aos passageiros, incluindo celulares, dinheiro, relógio, boné, bolsa etc.

Em meio ao caos, pessoas acionaram a saída de emergência com o ônibus ainda em movimento, fazendo com que alguns passageiros pudessem pular para fora do transporte. Todos que estavam sentados foram roubados. Até que uma cena de esfaqueamento começou, pois um dos passageiros não quis entregar seus pertences. Ao ver toda a confusão, pude me preocupar apenas com Bianca e com nossos pertences que ainda estava sob minha proteção. Do meio do coletivo, pude ver que duas mulheres já tinham sido roubadas e levei Bianca até ela pare ser confundida com as mesmas. Após esse ato, o ônibus parou e em meio a tanta gente, percebi que o ônibus estava esvaziando. Então puxei Bianca pelo braço e desci do coletivo sem sofrer nenhum mal.

Ao descer do ônibus, pude observar que Gustavo não estava por perto, então Bianca olhou para dentro no ônibus, caiu de joelhos no asfalto e gritou:

— GUUUUSTAVOOO, GUSTAVOOOO – Gritava esperando retorno do amigo.

— Calma bibi, calma! Eu vou encontrar ele – Falei enquanto a puxava pela cintura

— Não, Miguel. EU QUERO MEU AMIGO, PORRA... GUSTAVOOO...

Já era tarde. As portas do ônibus se fecharam e o coletivo foi embora... Tudo foi muito rápido que esquecemos todos que faziam parte do grupo e, ao olhar para o lado, pude perceber que havia um rapaz atravessando a rua com uma mulher desmaiada em seus braços.

— Paulo, Paulo – Acenei enquanto puxava Bianca para atravessar a rua.

— Meu Deus, é Helena, Miguel – Ainda chorosa, Bianca respondeu observando a colega desmaiada.

— Coloca ela no chão e dá espeço, ela precisa de ar. Espera, vou comprar água para ela – Falei enquanto corria em direção ao posto de gasolina – Toma dá a ela e a abana.

— Ela está acordando – Paulo respondeu com uma leve animação.

— Graças a Deus – Respondi – Bianca, tenta ligar para o celular de Gustavo, toma – Entreguei o celular de Bianca que a todo momento ficou sob meus cuidados.

— Onde está o resto do pessoal, Miguel? – Helena perguntou, já levantando do colo do seu namorado

— Não sabemos ainda. Nos perdemos no meio da confusão. – Ele atendeu Bianca?

— Tá, calma! Vamos dar um jeito – Bianca levantou a mão pedindo para esperar enquanto falava com Gustavo – Eles estão bem, só desceram do ônibus muito antes – Respondeu a minha pergunta.

— Certo! Então vou busca-los para ficarmos todos juntos e decidir o que vamos fazer – Resolvi ir a procura dos demais – Paulo, está com celular?

— Não! Levaram tudo... Dinheiro, celular etc

— Caramba, então não sai daqui e cuida das meninas que eu vou encontrar o resto do pessoal...

Fui a procura do resto do pessoal que ficou para trás. Eu estava com medo, mas precisava buscar o meu grande Amigo.

Já era tarde, as ruas estavam desertas e só passava alguns carros uma vez ou outra. A cada vinda de um carro, eu tentava me esconder e isso durou por um bom tempo, até encontrar um pequeno bar e lá estavam os três sentados com cara de assustados. Meu lindo amigo não parava de chorar e ao me ver, correu para me abraçar.

— Eu nunca imaginei dizer isso... Mas como é bom te ver, Miguel. – Gustavo falou enquanto me beijava na bochecha.

— Vocês estão bem? Levaram alguma coisa de vocês? – Perguntei

— Sim! Levaram meu boné, o celular de Larissa e o colar e a carteira de Adriele.

— Vamos encontrar os outros – Eu peguei meu boné e coloquei na cabeça do meu amigo e o devolvi o beijo.

Alguns minutos depois, estávamos todos juntos novamente. Ninguém sabia o que fazer, pois todos haviam sido roubados, com exceção de eu e Bianca. Já se passavam de meia noite e não passava nenhum ônibus. Estavam todos aflitos sem saber se iriam para o show ou como iria fazer para voltar para casa.

— Gente, fomos roubados? Fomos! Mas a pergunta que não quer calar: vocês ainda querem ir ao show? – Perguntei levantando – Somos um grupo e eu fui criado assim... Se alguém não quiser ir para o show ninguém vai. Se todos quiserem, eu ainda tenho dinheiro e vou fazer de tudo para esquecermos o que aconteceu conosco.

— Quer saber? Eu topo – Respondeu Helena

— Eu estou contigo, Miguel – Bianca respondeu.

— Se Bianca topa, eu também topo – Gustavo também aceitou o desafio – Só que vou está sob seus cuidados viu Miguel?

— Eu topo, eu topo, eu topo – Todos os outros também ficaram de acordo.

Depois desse gesto maravilhoso de amizade, fomos surpreendido por uma van que chegara no posto de gasolina para abastecer.

— Hey, vocês tem como levar a gente até o centro da cidade? – Corri em direção aos dois rapazes – Eu pago.

— Pode ser, cobramos 5 reais por pessoa, está bom? – O rapaz perguntou.

—Está ótimo – Aceitei – Hey pessoal, vamos para o show – Acenei com a mão para os outros que estavam sentados.

O local realmente estava lotado. Descemos muito antes do palco. Andamos muito por toda aquela multidão. Pude perceber que Bianca e Gustavo já estavam mais calmos e também surpresos por ver tanta gente como aquele lugar.

— Vamos, eu falei que protegeria os dois – Falei segurando a mão dos dois – Me desculpa por fazer vocês passar por isso – Falei dando um beijo na bochecha dos dois.

Tudo parecia ter sido esquecido quando todos ficaram em frente ao palco. Fizemos um circulo e nos abraçamos.

— Esperem, pessoal, vou comprar bebidas para animar nossa noite.

Cerca de 2 minutos eu volto para o círculo de amigos e foi então que pude ouvir o apresentador anunciando a entrada da banda no palco. Após ouvir o anuncio do começo do show, também parecia que estava anunciando o começo de uma agradável noite. Não parávamos de beber enquanto curtíamos o show. Logo, Gustavo que não tinha o costume de beber bebida alcóolica, ficou embriagado e queria beijar a todos que estavam presente. Eu estava abraçado com Bianca, quando o mesmo veio em minha direção e me pediu um beijo. Bianca levou na brincadeira, então me soltou, virou o rosto e falou:

—– Vai Miguel, finge que vai beija-lo – Bianca sugeriu uma ação na brincadeira

Então eu baixei um pouco a cabeça em direção a Gustavo, que já estava de olhos fechados a espera do beijo com um bico. Eu fui chegando perto e quando me aproximei, fui surpreendido por um empurrão na nuca que levou minha boca em direção a de Gustavo fazendo encostar nossos lábios por alguns segundos...


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