Três em um escrita por Mente suicida


Capítulo 12
Despedidas às drogas




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Bianca chegara com um grande sorriso no rosto e com uma blusa tomara que caia e com duas pequenas alças prendendo em seus ombros. Era estranho ver Bianca com trajes daquele modelo.

— Oi? Atrapalhei alguma coisa? – Pensou ter visto um clima.

— Sim, óbvio! Não percebeu que estava acontecendo um clima aqui? – risos – Eu estava quase beijando o Gustavo – Miguel falou tentando esconder a verdade com uma brincadeira.

— Ah, vai à merda, Miguel! Ver se eu tenho cara de que beijo qualquer um? Ainda por cima tu, "hétero" – Disparou ironicamente.

— Já falei para tu parar com isso, Gustavo e tu também, Miguel. – deu bronca nos dois – Agora olhem para mim, eu vou girar e vejam se conseguem notar algo de diferente – Falou com uma grande animação e girou.

— Você está vestindo uma calça e está com uma blusa preta, regata? – Respondo com uma pergunta

— Não, Miguel. Deixa de ser burro, é o estilo dela que mu... – Gustavo interrompe a frase, ficando de boquiaberta e arregalando os olhos ao ver a tatuagem de Bianca – Amiga, essa tatoo é de verdade? – perguntou levando as mãos para as costas de Bianca.

Eu cruzei os braços enquanto Gustavo enlouquecia com a novidade. Não estava entendo o motivo de toda aquela mudança, pois Bianca era mulher com 18 anos, mas parecia uma menina de 15. Um pouco mais baixa que eu, usava sempre uma saia longa e blusas escondendo seus ombros. A cor rosa estava sempre presente em suas roupas ou acessórios e seus cabelos ruivos, longos e cacheados. Tudo era totalmente diferente do que estava vendo diante de mim naquele momento.

— Meu Deus, o que deu nessa tua cabeça? Perguntei tocando na tatuagem – O que significa?

— É um foguete. O significado da imagem eu não sei. Mas para mim, isso significa que eu estou pronta para decolar e viver minha história livre de tudo – Bianca explicou.

— Nossa, ARRAZOU! – Gustavo comentou, aplaudindo – E você foi com quem, Bianca? Perguntou.

— Isso, boa pergunta! Com quem você foi? – Fiz a mesma pergunta.

— Fui com Renato – Respondeu olhando para Gustavo quase o metralhando.

— Ah, seu ex-namorado? Legal. – Repliquei virando as costas e indo embora.

Eu caminhei em direção a entrada da empresa. Logo fui tocado por trás por uma pessoa. Era uma amiga (Suzany). Ela começou a comentar sobre seu casamento e eu contando sobre meu suposto relacionamento com Bianca. Assim fomos juntos até chegar no nosso ambiente de trabalho.

Ao chegar a noite, estava indo para casa. Estava ouvindo musica no ônibus com o fone de ouvido, onde fui interrompido por uma ligação. Era meu amigo André e parceiro das loucuras, festas, drogas, bebidas e mulheres de toda minha adolescência, desde o ensino médio. O mesmo me chamou para ir mais um dia para o cativeiro, pois iria rolar uma pequena social. Apenas com os amigos mais próximos. Eu topei, pois precisava tirar um pouco a mudança inesperada de Bianca e o suposto clima com Gustavo da cabeça.

—E ai cara, beleza? – Cumprimentei o André com um aperto de mão – E ai, e ai, e ai... – cumprimentei todos os outros colegas presentes da mesma maneira.

— Tranquilo mano. Olha o que tenho aqui – Respondeu André, tirando um embrulho de dentro do bolso

—Ah cara, só vocês mesmo para me salvar... Vai, acocha ai – Falei pedindo para meu amigo preparar o cigarro de maconha.

— Brother, eu te chamei aqui hoje não foi só para fumar um bom baseado. Foi também, mas estamos aqui para nos despedir de Lucas, mais um soldado que está indo morar longe com a esposa – Falou André, prestigiando o outro amigo.

— Nossa cara, que legal. Parabéns! – falei abraçando o Lucas.

— E outra, estou pensando em deixar essa vida, pois à 5 dias atrás, descobri que vou ser pai – falou retirando a arma da cintura, colocando-a na mesa.

— Caralho, quanta notícia! – Falei emocionado – Então é isso, hoje é nosso ultimo dia todos juntos? – Pude sentir uma certa tristeza.

Éramos 5 ao total. Nos conhecemos no primeiro ano do ensino médio e já estávamos próximo aos 6 anos de amizade. Com alguns altos e baixos, porém, com uma grande fidelidade. O meu amigo mais próximo era o André, os demais eu conheci através dele. Éramos todos meio errados. Cada um fazia suas loucuras, mas éramos todos pessoas legais. Eu fiquei triste pelo desfalque do grupo e principalmente por André, pois ele que sempre juntava toda a galera para fumar um bom baseado. Assim como todos, diante daquela situação, resolvemos que seria uma oportunidade para mudar. Afinal, estávamos ficando velhos. Eu tinha 20 anos e a maioria era da mesma faixa etária, com exceção de um que tinha 22 anos.

Sem a melhor companhia para o uso das melhores drogas do nordeste, resolvi tentar deixar essa vida de lado. Coloquei em minha cabeça que também estava na hora de mudar definitivamente e seguir os exemplos dos meus amigos, que mesmo fazendo algumas coisas erradas no passado, resolveram mudar e seguir a vida de outra forma.

Eu precisei ir para casa ainda no mesmo dia, pois iria trabalhar no dia seguinte.

Durante toda a madrugada algo incomodava meus olhos. A todo momento lacrimejava e irritava bastante, fazendo com que o levasse as mãos aos olhos frequentemente e com isso, provocou uma vermelhidão sem que eu percebesse durante a escuridão que tomava conta do meu quarto.

No dia seguinte eu acordo e tento abrir os olhos. Porém, algo me impede, então eu levo as mãos ao olhos e percebo o quando estava tomado por um inchaço enorme ao redor. Isso me deixou assustado e levantei devagar da cama, tocando nas paredes do quarto até abrir a porta e ouvir minha mãe perguntar:

—O que é isso, Miguel?

— Mãe, se aproxime, pois eu não estou vendo nada – falei levando as mãos para frente, na tentativa de poder sentir minha mãe – Eu preciso chegar ao banheiro para lavar meu rosto – Completei

— Meu Deus, filho, precisamos ir ao oftalmologista, urgente – Falou segundo meus braços com o tom de preocupação – Você sabe o motivo disso né? Eu te avisei e você levou esse doença na brincadeira – Falou referindo a falta que eu estava das consultas com o oftalmologista.

— EU SEI MÃE – Falei com o tom de irritação, pois odiava levar reclamações .

— Termine logo ai, enquanto isso, estou indo chamar um taxi para te levar ao hospital – Enquanto fala, pegava um pequeno caderno em um móvel próximo a mesa do telefone.

— Tá mãe, mas não precisa exagerar. Eu não vou ficar cego.

Após algumas horas, lá estava eu em um banco sentado ao lado da minha mãe e esperando para ser chamado novamente pelo oftalmologista. Eu já havia feito todos os exames de rotina e já estava com um pequeno curativo feito no olho esquerdo e segurando dois papeis que seria uma receita de dois colírios.

— Veja rapaz... Você mais do que ninguém sabe o que passa quando está querendo enxergar alguma coisa ou pessoa durante o dia e não consegui. Portanto, nessa decisão de passar mais de um ano sem fazer os exames e sem usar as lentes de contatos. Você fez com que o ceratone se agravasse demais e...

— Eu vou ficar cego doutor? – Perguntei interrompendo o oftalmologista.

— Não sabemos ainda, Miguel – Falou o doutor, olhando para a ficha para lembrar do meu nome – Mas precisamos fazer outros exames, para tentar reverter o cone através do uso das lentes. Caso contrário, só com o transplante de córnea, como você já está ciente – Respondeu.

— Então esses colírios eu vou ficar usando por um mês para voltar aqui novamente? – Perguntei

— Isso! Você precisa lubrificar seus olhos, pois estão muito ressecados. E outra, evitar está coçando esses olhos com frequência – Falou enquanto escrevia algo em um papel – Tome esse atestado, você vai precisar se afastar do trabalho por 5 dias – Entregou o atestado médico.

A noite, eu estava deitado em minha cama e tentando olhar para o teto. Mas eu não enxergava nada. Fiquei imaginando que teria que voltar a usar colírios e está duas vezes no mês no oftalmologista. Parecia um tormento, mas eu nunca tinha passado por isso de acordar sem ver absolutamente nada. Logo, esses pensamentos fora interrompidos pela minha mãe que batia na porta.

— Miguel, posso entrar?

— Pode mãe, está aberto!

— Toma, tem um tal de Gustavo te ligando – entregou o celular em minhas mãos.

— Espera, mãe! Pega meu fone dentro da gaveta – Falei apontando para o lado

Esperei ouvir minha mãe fechar a porta e atendi a ligação.

— Oi, g.

— Quem é g, Miguel? – Gustavo perguntou

— É tu, bestão! Teu nome é grande, melhor chamar pela primeira letra do teu nome – Sorri

— Tá certo, tu que sabe! Mas enfim, por que tu faltou o trabalho hoje?

—Eu amanheci sem enxergar, amigo. Por causa daquela doença que te falei outro dia.

— Hum, sei...

— O oftalmologista me falou que preciso me afastar do trabalho durante 5 dias

—Nossa, amigos! Melhoras então... Olha, Bianca quer falar contigo!

Antes que eu pudesse responder com um não. Gustavo entregou o celular para Bianca...


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