Marlene acordou com a luz do sol em seus olhos. Logo, ela os fechou. O que tinha acontecido na noite anterior? Ah, sim... 

Um sorriso se forma no rosto da loira. Aqueles lábios, aqueles cabelos longos pretos... Tudo nele a atraía, isso Marlene podia dizer com certeza. Ela rola para o lado da cama, com os olhos meio fechados, meio abertos. Ela passa os braços pelo outro lado e percebe que este está vazio. 

Logo, Marlene abre os olhos totalmente, sem fazer charme algum. Estava vazio. Os lençóis embolados na ponta da cama contrária a sua cabeça, os travesseiros espalhados, depois da noite agitada (para dizer o mínimo) que tiveram. Tudo isso Marlene já tinha visto várias vezes, afinal, já tinha ido para cama com vários caras, naquela mesma situação. 

Mas ela tinha que admitir que, apesar daquela situação ser incrivelmente familiar, o sentimento em seu peito não era. Nunca, em nenhuma das outras vezes, fora tão difícil colocar os pés para fora da cama, no chão frio. 

É. Marlene tinha mesmo que colocar os pés no chão. Tinha sido totalmente fora da realidade pensar que aquela vez tinha sido diferente das outras. 

A noite que Marlene tivera tinha sido maravilhosa. Mas, aparentemente, seria apenas aquilo. 

Uma noite. 

Mesmo que maravilhosa... Era apenas uma noite. 

Tinha sido apenas uma noite.

***

Marlene estava no metrô, a caminho do trabalho. Daquela vez, ela preferia não olhar pra o celular. Se o fizesse, tinha certeza de que encontraria fotos de casais, com a hashtag "relationship goals", enquanto combinavam peças de roupas, dividiam o fone de ouvido enquanto ouviam músicas românticas, ou tiravam umas férias e iam os dois juntos para a praia. E, pelo menos isso, Marlene tinha a decência de admitir que não precisava naquele momento. 

Seus olhos estavam fixos na janela do metrô, vendo a paisagem da cidade passar, o reflexo das pessoas sentadas, lendo seus respectivos livros ou encarando a tela dos seus respectivos aparelhos telefônicos. 

Em qualquer outro dia poderia ter sido ela. 

Mas não naquele. 

Até que ela sente seu celular vibrar. 

Padfoot: Eu tive que sair, sabe como é, fui invocado pelos meus amigos, por isso não consegui esperar você acordar. 

Padfoot: Tenha um bom dia pensando na noite passada ;)

Padfoot: E quando é que você vai me passar o seu telefone??

Marlene passou o dia inteiro sorrindo, com todos ali perguntando o porquê disso, se ela tinha tido uma noite boa. E sempre que lhe perguntavam, o seu sorriso aumentava antes dela responder que sim. Que a noite dela tinha sido maravilhosa.