CAPÍTULO 3: A LEBRE E O CHAPELEIRO

— Será o caminho certo?

Se perguntou ao ver a estrada deserta que seguia a um tempo, além da estrada de terra, apenas avistava arvores e arbustos por toda parte, se perguntava se ali pelo menos tinha alguma civilização.

Abaixo do sol quente sua garganta já começava a pedir por água, tentava umedecer sua boca com a própria saliva, o que não adiantava muito. Parando de correr tentou pegar seu folego de volta, aproveitando para dar uma boa olhada na área. A mesma reprimia seu medo de estar perdida em um lugar totalmente desconhecido para si, tentando ainda se convencer de que aquilo era apenas um sonho.

Andando mais um pouco as esmeraldas finalmente conseguiram detectar algo que não fosse arvores e nem arbustos.

— Uma mansão...

Pensou novamente em voz alta ao ver o telhado de uma grande mansão não muito longe de onde estava. Não tendo escolhas e muito menos ideia de onde estava, a moça correu determinada na direção da mansão tendo a ideia de perguntar aos moradores sobre o tal coelho.

***

Correndo alguns metros finalmente se encontrou com os grandes portões que a separava do belo e enorme jardim da propriedade.

— Uau!

Indagou, espantada e maravilhada com o belo jardim, e claro, com o magnifico portão que era simplesmente enorme e elegante. Concluiu que o dono do local era exagerado e adorava esbanjar seu dinheiro, com certeza um velho arrogante e egoísta que odeio pessoas pobres, talvez fosse esses motivos que faziam Sakura odiar tanto pessoas ricas.

Deixando essas coisas de lado a garota tentou achar alguém, ou até mesmo uma campainha para que pudessem a atender.

—Não há guardas por aqui?

Se perguntou olhando ao seu redor, procurando algum bruta montes que provavelmente seria totalmente ignorante com ela.

Não encontrando ninguém a moça decidiu entrar por conta própria, sabia que era errado invadir assim a propriedade de desconhecidos, mas na situação que se encontrava a imprudência se tornava algo necessário.

Preparava-se para empurrar o portão, porém antes mesmo de encosta-la foi parada ao escultar um estalo entranho vindo atrás de si perto de sua cabeça, em seguida sentiu algo fino e gelado encostar em sua nuca, a fazendo se arrepiar.

— Invadindo o território dos outros assim... é como se pedisse para morrer.

A voz assassina atrás de si fez a mesma gelar de medo, não entendeu exatamente o que estava acontecendo, mas preferiu ficar quieta.

— Nunca vi cabelos como os seus por aqui... Uma forasteira?

Percebendo o tom surpreso na voz masculina, Sakura concluiu que o tal rapaz que ainda não havia visto o rosto estava falando com si mesmo, como se sua presença não existisse ali.

— Sinto muito ter invadido seu território assim. - Falou em uma voz tremula, demostrando o medo que sentia do cano de sua arma que ainda encostava em sua pele. - Eu apenas queria...

Movendo lentamente sua cabeça para poder ver o rosto de seu futuro assassino a moça foi interrompida pela voz ameaçadora do rapaz que a fez estremecer.

— Se você mexer mais um músculo irei estourar seus miolos.

Parou imediatamente o que fazia, não pode falar o que queria ali e ainda sentia o cano gelado tocando sua pele, jurava que o homem continha o dedo no gatilho, preparado para disparar a qual quer imprudência sua.

— De qualquer maneira não me importa, o melhor a se fazer é se livrar de ratos como você.

Sakura se assustou com as palavras do homem, não tinha como fugir dali e com certeza não daria tempo de correr, segurando a barra de seu vestido, fortemente fechou os olhos apenas esperando o som do disparo vir.

— Obito, o que eu falei sobre apontar armas para os nossos convidados?

Uma outra voz se manifestou fazendo a moça perder a rigidez do corpo, pensando se provavelmente estava salva.

— Mas Madara, ela invadiu nosso território! - Exclamou o que mantinha a arma em sua cabeça. A mesma voz da pessoa que queria mata-la não tinha mais o tom ameaçador e assustador de antes, fazendo Sakura se perguntar se realmente eram a mesma pessoa.

Abriu os olhos ao ouvir passos se aproximar de onde estava.

— Você sabe que tem que ter minha permissão para matar alguém no meu território.

Finalmente pode aliviar todo o corpo quando não sentiu mais o toque gelado em sua nuca, aproveitando a oportunidade se afastou rapidamente, logo se virando para olhar os dois homens que a encaravam. Entre o homem de longos cabelos negros que ainda segurava o braço do homem que continha a arma em mãos, a moça apenas teve toda atenção tomada pelas orelhas negras de coelho no topo da cabeça do homem de curtos cabelos negros.

— Sinto muito pelos modos do meu subordinado. - Se pronunciou o de longos cabelos negros largando o braço do outro que guardou a arma.

Esse de cabelos longos parecia ser mais velho que o outro, além das roupas elegantes ele continha uma bela cartola em sua cabeça. O de cabelos curtos também tinha as mesmas características, cabelos negros e olhos ônix, e claro assim como Sasuke, continha orelhas em sua cabeça, porém não de coelho, mas sim de uma lebre.

— Você é o dono da mansão? - Perguntou ao mais elegante, que continha um ar superior.

— Ora, onde estão meus modos. Me chamo Uchiha Madara, o Chapeleiro. - Se apresentou tirando sua cartola e se curvando levemente, assim fazendo uma pequena reverência. - é um prazer conhece-la senhorita...

— Haruno Sakura. Obrigada por...

Olhou intimidada para o rapaz que ainda a encarava como uma ameaça.

— Não se preocupe com ele, não fará nada que você não queira. - Falou o de cartola olhando para a Lebre como se para ele entendesse que aquilo era uma nova ordem. - Este é Uchiha Obito, a Lebre.

— São todos Uchihas?

— Todos? - Se perguntou Madara, assim deduzindo que ela já havia conhecido alguém alem dos dois. - Bom, nem todos, há aquele cara...

Falou em um ar perdido, como se lembrasse de algo.

— Então conhecem Uchiha Sasuke? - Repentinamente o clima mudou e o sorriso de Madara sumiu o tornando assustador. Sakura deduziu que o coelho não era muito bem-vindo ali. - Vocês sabem onde ele está?

Perguntou ignorando aquela ação estranha dos dois, poderia dizer que era curiosa, mas no momento a unica coisa que queria era se afastar daquele lugar o mais rápido possível.

— O que quer com aquele coelho desgraçado? - Perguntou a lebre em um tom de nojo ao falar do coelho.

— É um assunto entre nós dois.

Uma resposta bem perigosa para dar há alguém que quase a matou há alguns minutos atrás, mas tinha que aproveitar a presença do "chefão" que a protegia da Lebre assassina.

— Ora, falando assim até me dá um pouco de ciumes.- Madara voltou com seu belo sorriso, falando algo que Sakura deduziu ser brincadeira sua. - Porque não entramos? Adoraria que você participasse do meu chá da tarde.

— Sinto muito, mas estou realmente com pressa. - Recusou sem jeito o convite repentino do belo homem.

— Desta vez deixarei passar, mas na próxima não aceitarei um não. - Sussurrou no ouvido da moça que sentiu arrepios com a respiração tão próxima de seu pescoço.Nervosa desviou seu olhar sentindo suas bochechas arderem, não era acostumada a ficar perto de homens tão bonitos. - Siga ao Norte e chegará no castelo, é onde ele vive. - Falou se afastando. - Vá por ali.

Apontou para sua esquerda, onde continha mais um caminho de terra.

— Muito obrigada!

Se inclinou um pouco para frente o agradecendo, sem pensar duas vezes correu na mesma direção que o belo homem apontava.

— Convidando uma forasteira para a mansão? Enlouqueceu!

— Ela parece ser interessante...

Ignorou o que a Lebre falou apenas abrindo um sorriso de canto, algo que chamou atenção do Uchiha mais novo.