Winterfall escrita por Gaby Uchiha


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Não é o último capítulo de Winterfall!

Volteeeeiiiii!!! Demorei né!? Pois é galera, acabei sendo sugada pela faculdade na época e agora estou voltando para Winterfall! No último capítulo eu disse que esse seria o último capítulo, mas quem me acompanha lá no face sabe que o capítulo estava ficando gigante então, para não se tornar algo cansativo de se ler (porque é muita coisa), eu resolvi quebrar em 3 partes! As duas primeiras partes desse "último" capítulo já estão prontos e logo começarei a última parte, por isso, não se preocupem que Winterfall, por mais que tenha acabado "ganhando" mais capítulos, logo será finalizada!

Hoje eu gostaria de agradecer uma pessoa muito especial, porque WINTERFALL GANHOU SUA PRIMEIRA RECOMENDAÇÃO!
Isso aí galera *---* Winterfall ganhou uma recomendação tão linda da minha historiadora preferida que me deixou de queixo caído por ter me dado uma aula de história sobre nobreza do interior da Inglaterra do século do século XVII em tão poucas palavras que fiquei chocada! Sem oooorrr, quero ser a sua aluna!
Muito obrigada LeLeLiMa *---* obrigada por todo o seu carinho, apoio e claro, não poderia esquecer, PUXÕES DE ORELHA PRA EU ATUALIZAR LOGO!
Obrigada minha linda e por isso e muitos outros motivos, o capítulo de hoje é dedicado a você!

Divirtam-se...



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No primeiro dia após aquela fatídica noite, Sasuke buscou a Baronetesa no desjejum matinal com o intuito de questioná-la diretamente sobre o que tanto o perturbou durante a noite, fazendo-o permanecer acordado por horas divagando até que a chama da última vela sobre seu criado-mudo se extinguir; no entanto, sua busca foi em vão, pois a governanta logo o informou que a Baronetesa havia saído para acender uma vela ao marido na Igreja do pequeno condado mais cedo do que de costume. Ele assentiu, mas as longas horas de espera em que permaneceu em vão tentando se distrair com os livros de contabilidade, foram o alimento para que suas suspeitas aumentassem e tomassem rumo que com tanto afinco ele tentou evitar. Só a viu no jantar quando a mesma se desculpou por não permanecer por mais tempo em sua companhia, pois tudo o que desejava era o descanso em seu leito depois do dia no condado. Ele assentiu como um perfeito cavalheiro, mas não evitou os olhos estreitos e o sulco entre as suas sobrancelhas ao ver sua cunhada se afastar de si rumo ao seu próprio aposento.

No segundo dia o Baronete de Winterfall a encontrou em sua tradicional posição na mesa do desjejum, seria um momento perfeito para interceptá-la e guiá-la para um local mais reservado para que discorressem sobre os últimos dias e suas suspeitas, mas seus planos caíram por terra ao ver que na mesa, uma terceira cadeira estava ocupada pela Mrs. Hozuki, a fiel confidente da Baronetesa. A anfitriã da casa o recebeu com o habitual desejo de "bom dia" enquanto a ruiva, mesmo que percebesse que sua presença era indesejada naquele momento pelo Baronete, ofereceu ao homem de porte forte seu mais largo sorriso como uma demonstração de satisfação por estar em sua companhia.

Sasuke, por outro lado, se perguntava o porquê daquela senhora está tão cedo em Winterfall, porém nada entre as banalidades que as duas conversavam sobre passeios e novas modas era justificativa para uma senhora madrugar em outra residência longe do condado.

O homem se manteve silencioso, limitando-se a monossílabos quando solicitado, mas não pode evitar que seu olhar desviasse por vezes em direção à Baronetesa que fingia ser inatingível direcionando seus sorrisos e falas à sua amiga, de forma tão diferente da mulher que corria de si molhada em meio ao frio de uma madrugada após destilar seus desejos de vê-lo o mais distante possível de Winterfall.

Assim que o desjejum terminou, Sakura anunciou ao Baronete que estava de saída para o condado com a amiga e se desculpou por não poder fazê-lo companhia, já que voltaria tarde; Sasuke assentiu como o decoro determinava e disse que ela não deveria se preocupar com este detalhe, no entanto, por dentro, Sasuke nutria a suspeita que ela o estava evitando e um olhar demorado para si partindo daquela mulher era a confirmação de que ela pensava algo sobre o assunto.

Ele se despediu das damas que afirmavam ir fazer compras e permaneceu próximo à parede de janelas que iam desde o assoalho até o teto para ver as senhoras saírem elegantemente para a carruagem em um ponto a direita de si.

Seus olhos caíram sobre sua cunhada sempre vestida com as roupas elegantes e escuras de viúva, tão diferente do verde-musgo com decote generoso que sua amiga vestia, no entanto, antes que as duas adentrassem a pomposa carruagem puxada por quatro corcéis da Baronetesa, Mrs. Hozuki parou e proferiu palavras que Sasuke não compreendia, mas que fez com que a Baronetesa fizesse uma expressão confusa vendo a amiga retornar para a sua residência com passos apressados.

O Baronete ficou intrigado, ainda mais por ouvir o som de sapatinhos femininos contra o piso vindo em sua direção. Ele permaneceu ereto em sua posição e fez uma breve mesura quando Mrs. Hozuki apareceu diante de si com um largo sorriso satisfeito.

— Ocorreu algum contratempo, minha senhora? – Ele foi educado em perguntar vendo a ruiva balançar a cabeça em uma negativa e buscar um dos empregados prostrados nas tantas saídas daquele salão.

— Nada demais, meu senhor. Apenas esqueci-me da minha sombrinha – riu de si mesma enquanto o empregado se aproximava e lhe entregava a sombrinha. – Ah que cabeça minha!

Sasuke não sorriu, apenas assentiu esperando que ela partisse, mas a ruiva permaneceu com os olhos em Sasuke, forçando-o a questionar:

— Algo lhe incomoda, Mrs. Hozuki?

— Não exatamente, senhor. Apenas gostaria de lhe dizer algo – foi educada ao manter um pequeno sorriso nos lábios, esperando um quase imperceptível assentir de Sasuke, permitindo-lhe prosseguir. – Vejo que seus olhos sempre deslizam em direção à minha amiga – com o estreitar dos olhos do Baronete ela riu negando com a cabeça e com as mãos enluvadas. – Não dessa forma meu senhor, só digo o que vejo e também observo que seu olhar tem o teor da dúvida e da suspeita.

— Achas que tenho motivo para tal?

— Se eu estivesse em seu lugar teria o mesmo olhar.

— E a senhora sabe em qual lugar exatamente eu estou?

— No lugar em que tenta compreender sua cunhada, senhor – foi direta deixando-o em silêncio. – Na ignorância, tentando compreender o que não é dito.

— Então diz que há algo que eu devo saber? Por que não me diz agora então? – Foi frio em suas palavras.

— Porque não cabe a mim tais palavras – Sasuke pôde ver uma certa insegurança perpassar o olhar castanho antes da segurança retornar e a mulher continuar com graça: – Apenas gostaria de lhe dizer para que não tome conclusões precipitadas. Minha amada Sakura é – com o olhar ela buscou uma palavra adequada para classificá-la antes de continuar – difícil – disse por fim. – Minha amada amiga pode parecer complicada, mas é uma grande mulher que tem a melhor das intenções.

— Se não há nada a temer, então por que a Baronetesa foge de mim? Por que simplesmente não me diz o que a atormenta?

— Creio que essas perguntas só ela pode lhe responder, meu senhor, mas não se esqueça que o senhor é uma pessoa que entrou muito recentemente na vida dela. Não crê na ideia de que a confiança deveria florescer para que ela se sinta à vontade com a sua presença?

O homem não respondeu, apenas refletiu desviando o olhar para as janelas, encontrando os olhos verdes da Baronetesa fixos na janela em que se encontrava, assim que flagrado seu crime, o rosto da mulher se voltou subitamente para o lado oposto como se fingisse admirar o jardim ou os prados que rodeavam por quilômetros a propriedade antes que montanhas e florestas despontassem no horizonte.

— Ela é uma bela e interessante mulher, não achas Baronete? – Ele ouviu a voz de Karin em algum ponto atrás de si, mas ele não desviou o olhar da mulher que fingia a sua inexistência, apenas continuou a observar como parte do rosto feminino era ocultado deixando a vista só alguns cachos de seus cabelos cor-de-rosa sendo movidos pelo vento.

— Eu nunca neguei tais elogios – admitiu em um tom baixo, mas que pareceu satisfazer a ruiva que mostrava um largo sorriso e dizia que adoraria permanecer em uma conversa com a sua estimada companhia, mas Sakura estava impaciente para efetuar algumas compras.

Ele assentiu e assim que ele viu a carruagem partir, ele soube que havia perdido mais um dia.

No terceiro dia, ele não suportou mais permanecer naquela residência, não suportava mais nem o próprio ecoar de seus lustrosos sapatos de encontro ao piso perfeitamente encerado. Decidiu por algo extremo assim que viu a carruagem da Baronetesa partir; decidiu por segui-la. A desculpa do dia era novamente uma visita à Igreja, por isso, assim que ele julgou que não era mais possível que ela visse a carruagem que havia trazido de Bath, ele partiu para o condado.

Sabia que era insensato e nem ao menos sabia o que diria assim que a alcançasse ou a encontrasse em algum ponto daquele condado, mas os dias enclausurado sozinho em Winterfall tendo como algozes seus próprios pensamentos que desviavam para a Baronetesa a cada segundo, o fazia agir de forma insensata.

Não percebeu o trajeto, apenas despertou de seus constantes pensamentos assim que ouviu o sino da Igreja anunciando uma nova hora. Procurou com o olhar a carruagem que tanto conhecia, mas não a viu em nenhum lugar. Assim que a sua parou ao meio-fio e seu cocheiro abriu a portinhola, ele desceu avisando que ia a Igreja e que talvez demorasse um pouco.

Caminhou com passos decididos, inerte aos olhares dos senhores, senhoras e senhoritas que nunca haviam visto aquele belo exemplar das grandes cidades inglesas transitando pela sua pacata praça. Posturas ficaram eretas, sorrisos se abriram, olhares foram ofertados, mas nada daquilo chamava a atenção de Sasuke que buscava por sua cunhada em todos os lugares antes de adentrar a Igreja e logo descobrir pelo responsável que a Baronetesa não havia estado naquele lugar naquela manhã.

Sasuke não soube interpretar aquele fato na hora como uma descoberta ou como uma decepção, mas anotou-o como um detalhe para ser questionado posteriormente diretamente à Baronetesa enquanto descia a escadaria do local santo.

Se questionava o que faria ou se buscaria um rastro da sua cunhada pelo pequeno condado.

"Não há muitos lugares para se ir"

Divagou sendo desperto pelo chamado alto e alegre já um tanto conhecido por Sasuke após a noite na residência de Mr. Hozuki. Ele parou com educação para cumprimentar Mr. Uzumaki, mas logo percebeu que ser visto por aquele alegre loiro havia sido péssimo, pois logo se viu sendo obrigado a acompanhar o "amigo" – como o outro já se denominava – até um café onde os outros homens daquela mesma noite se encontravam.

Ficou preso em conversas sem fim e desinteressantes por longas três horas até ver a carruagem da sua cunhada passar na frente do café através das vidraças tomando um caminho que ele supôs ser o caminho de Winterfall.

Ele prontamente se ergueu se despedindo de todos os senhores, não dando oportunidade para os protestos pois já atravessava a saída vendo a carruagem já distante. Seguiu para o seu próprio veículo e deu ordens de ir para casa. Nada de frutífero ocorreria se permanecesse ali naquele condado, por isso, em desistência seguiu para casa chegando em frente à Winterfall no momento que tiravam uma caixa de tamanho considerável e estampa de flores de dentro da carruagem da Baronetesa.

— Compras novamente? – Se questionou vendo através das vidraças a Baronetesa dar algumas ordens para a sua governanta que parecia tocar aquela caixa com muito cuidado antes de seguir sua senhora para dentro da residência.

Sasuke saiu se questionando se aquilo seria algum novo vestido provindo de alguma costureira, mas afastou a ideia com o intuito de segui-la já que possivelmente iriam para o quarto da senhora. Iria questioná-la e por isso seguiu o som dos passos femininos que já alcançavam o terceiro andar, porém, assim que seguiu por alguns corredores percebeu que aquele caminho não era o do quarto da Baronetesa. Com cautela ele seguiu o instinto de manter o passo silencioso deixando-a sempre uma curva a frente. Assim que os passos pararam, ele também parou ouvindo o barulho de grandes chaves e um trinco se abrindo, os passos retornaram e Sasuke viu que as duas mulheres não estavam mais no corredor repleto de janelas dando visão para os prados da frente da casa.

Ouviu vozes ininteligíveis vindas de um quarto de portas duplas e branca. Ele não fazia ideia de que quarto era aquele ou porquê permanecia trancado. Os únicos quartos que haviam sido usados naquele andar eram o dele, o da Baronetesa e o do seu falecido irmão.

Ele soube de imediato que havia algo ali que a senhora daquela residência não queria que estivesse em acesso a todos, pois mesmo os quartos não utilizados se mantinham destrancados para que os empregados mantivessem a ordem e a limpeza do lugar.

— Mantenha tudo em absoluta ordem, não gostaria de contratempos – ouviu a voz da sua cunhada através das portas e um baixo e servil:

— Sim senhora.

Passos foram dados e ele soube que elas logo sairiam dali, por isso, com a postura de nobre que ele nunca perdia, rumou seus passos para sair daquele corredor. Mesmo distante ele conseguiu ouvir a tranca ser novamente selada.

Caminhou até a biblioteca onde lá permaneceu aparentando estar absorto em algum livro de filosofia, mas por dentro ele já maquinava seus próximos passos e assim deixou que o dia transcorresse com nada além de expressões necessárias usadas e direcionadas em seu jantar para a Baronetesa que logo rumou para os seus próprios aposentos.

Ele permaneceu acordado após o horário habitual em que se deitava, ouviu com atenção os sons dos empregados que transitavam pela casa ir sendo extinguida aos poucos, até que as doze badaladas ecoassem por um antigo relógio localizado no térreo.

Àquele horário ninguém mais se encontrava acordado, por isso com segurança se pôs de pé sobre suas botas de cavalgada vestindo apenas uma calça marrom e uma blusa branca de tecido fino com uma abertura na altura do seu peito. Tinha ciência de não estar devidamente vestido, mas seria suspeito se algum empregado o visse vestindo um traje de gala completo em meio à madrugada, por esse motivo seguiu com o plano acendendo as três pontas do candelabro com a chama já parca em seu criado mudo antes de sair de seus aposentos.

Os corredores estavam completamente escuros e desertos. Sombras provindas das janelas dançavam nas altas paredes.

Mesmo sabendo do grande número de empregados, à noite, Winterfall se tornava um cenário macabro, álgido, onde se podia sentir o frio que os corredores de ar criavam.

Todos os candelabros dos corredores haviam sido apagados como ele antes suspeitava, por isso, caminhando como uma sombra em meio à escuridão iluminada apenas pela parca luz das suas velas, ele alcançou a grande escadaria que o levaria para o andar inferior.

Não conseguia enxergar mais do que dois degraus à sua frente, mesmo assim, passo a passo, ele desceu a escadaria achando incômodo o eco que seus passos criavam em meio ao grande salão que em seus anos de mocidade era o receptáculo de bailes que sua falecida mãe ofertava aos ricos daqueles condados próximos.

Assim que ele chegou ao último degrau, não perdeu tempo para caminhar com segurança para a grande cozinha que não entrava desde a tenra adolescência, mas como uma criança que cresceu em meio àquelas paredes, ele sabia o exato local onde a governanta deixava o molho de chaves quando a casa adormecia.

Seu belo rosto iluminado pelas chamas bruxuleantes exibiu um sorriso de canto assim que apanhou o grande molho de chaves penduradas na parede oposto da cozinha.

Verificou o espaço encontrando apenas o vazio de caldeirões que no dia seguinte seriam usados mais uma vez por diversos empregados tentando suprir o elegante cardápio dos senhores.

Não pôde deixar de reparar nas pequenas diferenças em relação à sua época enquanto os fragmentos de nostalgia fazia com que se lembrasse do mínguo garoto que ele foi, da única criança da residência que se arrastava por baixo daquelas grandes mesas se escondendo da mãe que o buscava e teatralizava um "Onde será que esse menino se meteu?" antes do instinto materno se revelar com o rosto da rica mulher próximo do garoto de joelhos ralados e ela proclamar o "Achei!".

Sasuke suspirou e deu as costas para as mesas que um dia foram o seu refúgio de muitas brincadeiras com a mãe e o irmão, antes de voltar a repetir seu trajeto para o terceiro andar carregando o pesado molho de chaves consigo.

Seu senso de direção o ajudou para encontrar o quarto de portas brancas e detalhes delicados. Ele parou diante das duas portas e ficou por um tempo refletindo se era algo certo a se fazer, mas ao olhar o molho de chaves em sua mão direita ele presumiu já ter ido longe demais para desistir, afinal, aquela casa era sua por direito de herança, apenas concordou em deixar a viúva do seu irmão ali viver porque não tinha a intenção de retornar à Winterfall tendo uma vida em Bath. Ele, mais do que qualquer outra pessoa tinha o direito de saber o que ocorria em sua casa e o que aquela viúva andava escondendo de si; diante disso, ele começou a testar as chaves na fechadura sabendo que era até ridícula sua situação se poderia ordenar que a governanta lhe abrisse aquele quarto em plena luz do dia, porém, Sasuke não gostava de ser dependente de empregados, sempre que podia os dispensava e com isso continuava naquela tarefa de testar outra chave até que depois de muitas o trinco cedeu com o sonoro "click".

Ele permaneceu um tempo observando sua mão segurando a chave grande de ferro antes que ele a retirasse da fechadura e girasse a maçaneta fazendo a porta abrir com um ruído que denunciava a antiguidade das dobradiças, no entanto, o interior foi o que lhe chamou a atenção. Estava tudo completamente escuro pelas cortinas cerradas do outro lado impedindo que a iluminação da lua invadisse o aposento.

Deu os primeiros passos pouco conseguindo distinguir os detalhes, mas as sombras fantasmagóricas – uma criação das chamas do seu candelabro – que dançavam pelas paredes davam a ideia da dimensão espaçosa daquele quarto semelhante aos demais, mas o papel de desenhos femininos e juvenil não passou despercebido.

Os olhos negros estreitos logo distinguiram o contorno da cama de dossel baixa pouco mais a sua frente.

O Baronete se aproximou usando as chamas para distinguir que era uma cama de solteiro, baixa com colchas de aparência nova e rica, apropriada para uma criança pequena. Mais precisamente para uma menina pequena – foi o que o homem concluiu ao ver a boneca de porcelana e face risonha depositada sobre a cama.

Ele desviou as chamas para o outro lado encontrando uma estante branca com vários brinquedos em cima. Desviou o olhar por um carrossel de madeira até chegar em uma caixinha de joias de prata, abriu e a dançarina libertada começou a girar ao som da música daquela caixinha, ele logo fechou voltando ao silêncio e a escuridão quebrada apenas pelas suas chamas.

O olhar negro deslizou pelos carpetes felpudos e altas cortinas até encontrar sobre uma cadeira de balanço a mesma caixa que ele havia visto retirarem da carruagem naquela mesma tarde.

Sem pensar muito seus passos rumaram para a cadeira de balanço e sua mão retirou de uma vez a tampa estampada, revelando a seda que recobria o pacote; por mais que ele soubesse o que encontraria por baixo daquela seda posta com tanto cuidado, ele a afastou vendo a grande boneca de porcelana de traços tão reais. Um exemplar como aquela tinha um alto valor e só era produzida pelos melhores; algo como aquela boneca de cachos dourados e dois grandes olhos azuis era o sonho de todas as jovens garotinhas inglesas, mas a pergunta que não saia dos pensamentos de Sasuke ao encarar aquela boneca iluminada macabramente pelas suas chamas era o porquê da Baronetesa de Winterfall ter um quarto dos sonhos de uma menina pequena e encomendar bonecas de luxo.

Suas divagações se extinguiram assim que ele sentiu alguém fitar suas costas, não se surpreendendo tanto quanto deveria ao ver os olhos surpresos da Baronetesa o fitando da entrada do quarto.

Mesmo na escuridão em que ela estava, ele conseguia distinguir pelas vidraças iluminadas atrás daquela senhora o contorno do corpo feminino vestido apenas com o vestido e o robe negro, enquanto o cabelo de cor incomum estava totalmente liberto mostrando o liso que alcançava o seu quadril.

O sustento de olhares permaneceu até a mulher desviar e rumar de volta ao corredor. Sasuke não permitiu aquilo, deixou o candelabro e as chaves no lugar antes de apressar os passos para sair daquele quarto e interceptar a mulher que fugia de si.

— Baronetesa! – Chamou alto e claro, mas como resposta só viu a figura feminina aumentar a velocidade para fugir de si, porém a velocidade do homem era maior e com uma breve corrida conseguiu alcançar o braço feminino e puxar para si finalmente vendo os olhos verdes arregalados há poucos centímetros do rosto masculino.

A mulher estava ofegante tentando se libertar do aperto, mesmo assim Sasuke insistiu virando-a totalmente para si, segurando-a pelos dois braços.

Permaneceu em silêncio por um momento, vendo diversas emoções perpassarem pelo rosto feminino mais baixo do que o dele. Era perceptível que ela havia saído da cama naquele estado e nem ao menos tinha calçado algum sapato.

Foi paciente em esperar que ela se acalmasse antes que sua voz ecoasse em um tom baixo e rouco, o suficiente para que os dois tão próximos compreendessem com clareza:

— Estou disponível para escutar a sua explicação, Baronetesa – ofertou lembrando-se do que Karin havia insinuado sobre a mulher a sua frente não confiar nele.

— Não deveria ser eu a receber uma explicação sobre sua perseguição de hoje mais cedo? – A mulher rebateu mostrando fúria com uma mistura de vergonha por ser descoberta escondida em seu olhar.

— A senhora sabia? – Questionou não acreditando naquelas palavras.

— O vi saindo da carruagem antes de adentrar a Igreja, eu estava em uma pequena loja ali próxima – explicou.

— Se sabia que estava a procurando então por que não se revelou? Por que fugir como uma culpada?

— Não estou fugindo do senhor – rebateu inclinando-se para frente.

— Está sim! – Sasuke decretou firme calando-a ao mesmo tempo que via o corpo se retrair e tentar um passo para trás como se tentasse aumentar a distância entre os corpos. Ele suspirou tentando normalizar a voz pois nada conseguiria elevando o tom. Voltou a fixar os olhos negros nos verdes quando retornou a falar com sinceridade: – Durante esses últimos dias após o jantar na residência do Mr. Hozuki tenho desejado conversar com a senhora e lhe ofertar a oportunidade para que me conte o que estiver escondendo. Não me atenho ao desejo de usar tal fato para usar contra a senhora. A senhora mesmo já enfatizou que não há nada para prová-la como incapaz de cuidar dos negócios do meu irmão. Sei que pode não acreditar totalmente em mim, mas eu confio na sua palavra para acreditar que há alguma coisa ocorrendo aqui em Winterfall e que não tem origem em sua habilidade para cuidar dos negócios. Sei que este não tem nada a ver com o meu objetivo primário ao chegar em Winterfall, mas simplesmente não posso partir sabendo que há algo acontecendo.

A boca feminina se abriu algumas vezes antes da sua voz sair em um sussurro e seu olhar cair para a pele exposta pela camisa do Baronete:

— O senhor não compreenderia.

Aquela era a confirmação de que ela escondia algo, com isso, sentindo toda a resistência da mulher ruir ele ousou afrouxar o aperto nos braços femininos mantendo o toque sutil enquanto suas mãos grandes, masculinas e quentes deslizavam lentamente. O toque inesperado fez o olhar verde voltar surpreso em busca do rosto sério e masculino iluminado parcamente pela lua.

Ele se aproximou um pouco mais e endireitou a postura antes de sussurrar:

— Então me faça compreender – deixou as palavras serem digeridas pela mulher de olhar surpreso antes de deslizar as mãos para os ombros cobertos pelos tecidos negros e prossegui enfatizando com o seu olhar o pedido: – Confie em mim.

A boca feminina se abriu mais uma vez sem que um som fosse proferido. Ele permaneceu em silêncio observando cada traço que denunciava a luta interna dentro do corpo feminino, Sasuke sabia que naquela luta ele havia sido o vencedor. Se ela não contasse, ele descobriria mais cedo ou mais tarde de uma forma que talvez fosse inadequada e sem a margem para os porquês de Sakura, assim, como um resultado esperado ele viu os olhos verdes adquirirem a convicção em uma decisão antes de fixarem nos seus olhos negros.

Era ali, ele sabia, ela não precisava dizer em palavras, pois o olhar firme já era a denúncia que a mulher contaria o que ele precisava saber e foi com uma batida mais forte que ele viu a boca feminina de lábios de tamanhos desproporcionais se abrir para revelar, mas a expressão chocada reverberando pelo corredor sobressaltou os dois senhores daquela residência fazendo com que a Baronetesa se libertasse com brusquidão das mãos de Sasuke antes que se voltasse para a governanta assustada com vestes brancas de dormir carregando um candelabro de três velas.

A boca coberta pela mão livre e os olhos arregalados eram a prova que ela havia visto e interpretado errado a cena.

Sasuke se martirizou por não ter notado a aproximação de uma pessoa pelos corredores além de começar a notar como foi inadequado sua conduta diante de Sakura, prostrando-se daquela forma e até mesmo a tocando quando não deveria.

Fechou os punhos com raiva enquanto a senhora repreendia a governanta e dizia que o som de música que a governanta escutou foi apenas da caixinha.

— Feche o quarto e mantenha a chave segura – foi a ordem da senhora antes que ela se dirigisse a passos firmes para a escuridão do corredor que a levaria ao seu quarto.

Sasuke não a seguiu, sabia que só pioraria a situação se seguisse a mulher para o seu quarto, já bastando o olhar chocado que a governanta direcionava para si, possivelmente taxando-o como um libertino em seus pensamentos.

A raiva inflou em seu peito por perder mais aquela oportunidade e por isso rumou para o seu próprio quarto sem buscar o candelabro. Guiou-se pela escuridão para os seus aposentos sabendo que teria que aguardar até o amanhecer para ter a sua resposta.

Ele suspirou imaginando a longa noite de insônia que teria pela frente...

 

***

 

Sasuke acordou com o som incessante contra a porta do seu quarto como se pedissem permissão para uma entrada.

Seus aposentos já estavam tomados pela claridade do dia, uma denúncia de que havia dormido mais do que de costume, mas não se repreenderia por tal fato, pois enquanto se erguia esfregando o rosto cansado e desenhado por bolsas escuras abaixo dos seus olhos, ele se lembrava da longa noite de insônia que percorreu em meio à escuridão nem ao menos se recordando em que momento conseguiu finalmente adormecer e esquecer por poucas horas aquela ideia infame de se erguer e ir até o quarto da Baronetesa para solicitar a resposta para seus eternos questionamentos.

As batidas retornaram suaves e ele suspirou se perguntando se não deixara claro o suficiente o quanto não gostava de empregados transitando em seu quarto quando o mesmo estivesse por lá.

Ele buscou por paciência deslizando os pés descalços para o piso frio, mantendo-se sentado na grande cama voltado para as grandes portas.

— Entre – permitiu a entrada de qualquer que fosse o empregado, mas a abertura abrupta da porta que dava passagem para um corpo feminino trajado com vestidos caros e bufantes o fez ficar confuso.

— Vamos, Baronete, o senhor está atrasado para o desjejum e... – A fala rápida e decidida de Sakura morreu assim que a mulher viu a situação do seu cunhado recém-acordado não trajando nada além da roupa íntima masculina que consistia na calça até abaixo dos joelhos feito de flanela. Sentiu que o rosto ruborizar, por isso, antes que seu desconforto ficasse em evidência por tê-lo visto com tão poucas roupas e a parte superior do corpo masculino forte está completamente exposto aos seus olhos esmeraldinos, ela se virou com um arfar audível, antes de repreendê-lo em um tom forte controlando-se para não gaguejar: – Como ousa permitir a entrada de uma senhora se não está em trajes adequados?

Uma sobrancelha negra se ergueu para a mulher de costa para si, antes de dizer com sinceridade:

— Não supus ser a senhora pedindo permissão para adentrar em meus aposentos.

— Achou se tratar de uma das minhas empregadas? E mesmo assim se portaria de tal modo diante de uma jovem solteira ou de uma senhora? – Repreendeu-o arfando, não acreditando em tal insulto. – Tens sorte por ser eu a única a ver sua afronta, pois se tal ato ocorresse com uma das minhas subordinadas me sentiria extremamente insultada!

— Então a senhora não se sente insultada por ser a única a ver tal situação? – Ele questionou frio se erguendo para buscar algum sobretudo antes que a mulher colapsasse à sua frente pela vergonha. Por mais que os olhos estivessem voltados para a porta, ele conseguia ver o rubor desenhar pelo pescoço alvo exposto pelo vestido.

Sakura arfou com aquela afronta voltando-se para o moreno com o peito inflado de raiva pelo insulto:

— É claro que me sinto extremamente insultada pelas suas vestes, ou como eu deveria dizer, a falta delas! Até onde posso me recordar, durante a madrugada você usava outras, as quais também julguei extremamente inadequadas para ser transitada pela casa, porém, melhores que as suas atuais.

No entanto, sua coragem se esvaiu ao notar que o homem agora estava em pé mostrando toda sua imponência e altura em meio ao rosto sério antes de começar a caminhar na direção do corpo feminino.

— O que pretende? – Disse em um tom alto de desespero voltando mais uma vez as costas para o homem que suspirou parando o andar para pegar um sobretudo negro sobre uma poltrona esquecida.

— Não me aproximarei, não se preocupe – explicou se vestindo para esconder a nudez exposta pelos seus trajes inadequados, vendo a mulher se tornar mais calma, conseguindo que os olhos verdes se voltassem mais uma vez para si agora que mais vestido. – Estranho tal desespero partindo da mesma mulher que há alguns dias me insultou de seu amante.

Ele viu o rubor tomar conta do colo leitoso feminino antes dela partir enfurecida, dando a sua ordem:

— Vista-se com trajes adequados, sairemos em breve, Baronete.

Sasuke só pôde permanecer com os olhos confusos para a porta fechada com tanta força, se questionando o porquê de uma saída tão repentina quando ele só queria as suas respostas.

Ele soltou o ar antes de murmurar o porquê de ter que seguir as ordens daquela mulher:

— Se não obtiver sua confiança, não terei minhas respostas.

Dito isso, ele se arrumou de forma adequada e se posicionou em seu lugar na mesa do desjejum observando como a Baronetesa evitava o seu olhar ou qualquer conversa banal.

Ela estava firme em sua pose superior que por tantos dias ele se acostumou a observar, porém, existia uma certa tensão em sua fronte que não passou despercebido pelos olhos negros que estudavam sua peculiar figura.

Seguiram para a saída assim que prontos e ao chegarem no cascalho onde a carruagem já os esperava, ela anunciou ao cocheiro:

— Leve-nos para o mesmo lugar de sempre.

Sasuke viu a surpresa perpassar o olhar daquele simples cocheiro antes dos olhos castanhos e submissos desviarem para o Baronete em dúvida, mas a ordem da sua senhora era soberana, por isso o mesmo acatou abrindo a portinhola.

O homem de posses ofereceu sua mão para que Sakura subisse na carruagem antes dele, sentando-se após de frente para a mesma, esperando o início do andar dos cavalos.

— Para que lugar estamos indo, Baronetesa?

— Em busca das respostas para as suas perguntas, Baronete – ofertou a rápida resposta antes de voltar a perder o olhar através da paisagem imutável.

Ele não a questionou mais, apenas permaneceu em silêncio observando que seguiam pelo caminho que levava ao condado, porém, quando o alcançaram, os cavalos não diminuíram as passadas, apenas continuaram com o trote forte desbravando as estradas de terra para além do pacato condado.

Sasuke estreitou o olhar para as árvores que formavam uma abóbada com suas copas sobre aquela estrada pouco utilizada, levou algum tempo e mais outra estreita estrada à direita para que alcançassem um trecho de prados abertos, parando somente quando alcançaram as proximidades de um pequeno chalé de pedras com uma única janela no andar superior e um pequeno jardim colorido ao redor da residência.

O Baronete não pôde evitar o olhar questionador para sua acompanhante enquanto o cocheiro saia do seu aposento para abrir a portinhola, mas Sakura alertou com um olhar para que ele tivesse paciência pois tudo seria explicado.

Ele acatou a ordem descendo o transporte antes de ajudar sua cunhada na descida naquele terreno irregular. O braço que o mesmo ofertou foi prontamente aceito pela senhora enquanto eles subiam o pequeno aclive em busca da entrada daquele chalé esquecido em meio aos prados, deixando para trás a carruagem, o cocheiro e um cabriolé simples que também estava parado ali por perto e que Sasuke nunca havia visto antes, porém, suas dúvidas foram sanadas assim que seus olhos caíram sobre o homem gorducho vestindo um fraque que parecia inadequado ao seu corpo que detinha um rosto ofegante e suado.

 – Baronetesa! Que bom reencontrá-la! Muito bom, muito bom! – Fez uma mesura exagerada e desengonçada antes de retirar um lenço do seu bolso e enxugar a tez molhada, porém, os olhos pequenos olharam com suspeita para Sasuke.

O questionamento que os olhos de fuinha tanto transmitiam foram sanados pela educação da Baronetesa:

— Perdão pela minha demora Doutor! Tivemos um pequeno contratempo em nossa residência, mas aqui estou e quero que conheça o novo Baronete de Winterfall, Mr. Sasuke Uchiha. Baronete, este é o Doutor Morgan – apresentou buscando o olhar intrigado de Sasuke.

— O novo Baronete!? – O médico ofegou com aparente terror. – O irmão mais novo de Mr. Itachi? O que tal homem faz aqui? – Porém sua fala se extinguiu ao ver o olhar semicerrado e opressor do moreno à sua frente. – Perdão! Perdão! Não quis ofender. Não devo contrariar a minha senhora.

— Não há com que se preocupar, Doutor. O Baronete veio me acompanhar na visita de hoje – ela foi gentil em tocar a mão do médico que tremia culpado, antes de retornar a mão enluvada para o braço forte de Sasuke a qual ainda estava apoiada.

— É um grande prazer conhecê-lo Baronete – o doutor fez uma reverência desengonçada e apressada, a qual o Baronete correspondeu com um leve assentir educado.

— É um grande prazer também conhecê-lo, Doutor.

— Diga-me – Sakura exigiu assim que as apresentações foram encerradas. – Como ela tem passado? Alguma melhora? – Mas os questionamentos receberam a triste negativa do médico perturbado.

— A piora foi acentuada nos últimos dias, minha senhora, temo que não tenhamos mais do que alguns dias pela frente. Já fiz tudo o que estava ao meu alcance, a senhora é testemunha de todo o meu esforço.

— Sim, sou – Sakura assentiu como uma atenta ouvinte.

— Venha, venha, minha senhora. Ela gostará de recebê-la, quem sabe vê-la melhore seu estado de saúde nesta manhã – chamou com o passo desengonçado atravessando a simples e pequena cozinha que era a entrada daquele chalé para uma escada estreita que ficava ao fundo. Tão estreita que Sakura teve que se desfazer do braço de Sasuke para seguir o médico que já subia os degraus que rangiam audivelmente.

O homem estava intrigado com o chalé simples ou as palavras de Sakura, porém, suas dúvidas aumentaram exponencialmente ao alcançar o fim dos degraus e ver a passagem para um quarto simples e bem iluminado onde em uma cama de casal estava uma mulher enferma de idade semelhante à sua, porém as bochechas secas e os olhos fundos em meio a pele pálida, suada e com tremores, dava-lhe o aspecto de ser mais velha do que a realidade.

A estranheza o fez ficar no batente vendo Sakura se apressar para alcançar o velho pano em uma bacia com água antes de se sentar na beirada da cama e se preocupar em enxugar a tez da mulher claramente febril e de respiração dificultada.

Foi com surpresa disfarçada pela aparente indiferença que ele viu a mulher de porte elegante e adornada de joias se submeter ao cuidado de uma simples camponesa de olhar um pouco perdido pelo seu estado febril.

Sakura não aparentava vergonha pelos seus atos que seriam vistos com extrema estranheza pela nobreza a qual pertencia. Tudo o que ele via era uma Baronetesa que cuidava da sua companheira como uma enfermeira dedicada.

Sasuke voltou a estudar a figura enferma enquanto o médico falava sobre o estado anterior de saúde da mulher para a Baronetesa. Viu o momento que os olhos negros da mulher conseguiram focar no rosto sério da mulher de posses e um brilho de gratidão perpassar pelo seu olhar, no entanto, assim que a enferma conseguiu deslizar o olhar para o novo visitante, ele viu a dúvida e um dedo trêmulo apontando para si.

Sakura compreendeu o questionamento silencioso e com educação ela esclareceu em um tom baixo e gentil:

— Este é o novo Baronete de Winterfall, o irmão mais novo de Itachi.

O pavor se tornou evidente nos olhos da enferma e involuntariamente Sasuke uniu as sobrancelhas em dúvida sobre como aquela mulher desconhecida sabia sobre ele e porquê ela aparentava terror diante de si, mas suas dúvidas permaneceram em silêncio enquanto via a Baronetesa segurar as mãos trêmulas da enferma em pânico.

— Não há com o que se preocupar. Resolverei tudo. Tenha confiança em mim.

E com essas palavras ele testemunhou a enferma assentir para Sakura como se confiasse sua vida àquela mulher.

— Por hoje, tenho que partir, mas amanhã voltarei novamente, não se preocupe. Por favor, busque forças para suportar, o Doutor Morgan precisa da sua ajuda. Ele fará o possível por você! – A Baronetesa clamou vendo um assenti fraco da outra como uma pequena esperança antes de fazer um pequeno carinho na tez pálida da mulher. – Eu voltarei. Fique bem.

Terminou antes de se erguer e Sasuke ver nítida perturbação nas feições da mulher que vinha em sua direção.

— Vamos – confidenciou ao Baronete que ofertou passagem para a dama.

Ele olhou mais uma vez para a enferma com os olhos em si antes de seguir Sakura escada abaixo.

— Venha, há algo para lhe mostrar antes de partirmos – explicou assim que alcançaram a pequena cozinha mais uma vez.

Sasuke assentiu ofertando seu braço mais uma vez para saírem da residência. Assim que alcançaram a grama, Sakura indicou para continuarem subindo o pequeno aclive até o momento que ele pode ver uma mulher – possivelmente uma simples empregada pelas vestes brancas – e uma pequena garotinha pálida e saltitante, tendo seus longos e lisos cabelos negros saltitando atrás de si, enquanto os olhos tão escuros quanto a noite estavam fixos nas flores que ela carregava antes de se voltarem para os novos visitantes com inocência.

O homem de posses viu o momento que o largo sorriso infantil se abriu encantado para a Baronetesa que se desfez do braço masculino para se abaixar e se encontrar ao nível da garotinha que se aproximou os últimos metros correndo para si.

— Você voltou! – Ele ouviu a voz infantil ecoar.

— Eu prometi a minha volta, não foi?

— Foi – admitiu baixo com certa vergonha.

— Então não deveria supor que eu não voltaria – disse com a voz mais gentil que Sasuke já ouviu ela proferir, enquanto a senhora acariciava com a mão enluvada o rostinho infantil.

— Mamãe me contou que a senhora vive num palácio enorme que nem uma princesa! E que um dia ela vai me mostrar! – Mudou de assunto subitamente como a volatilidade infantil instruía. – É verdade? Posso ver o seu palácio um dia?

Sakura soltou uma risada espontânea e livre antes de se recompor e dizer:

— É claro que vocês podem me visitar, mas temo em dizer que minha residência não é do tamanho de um palácio, mas há bastante espaço.

A menina não pareceu se afetar por não ir ver um palácio digno de princesas, mas continuou contente com a possibilidade de ir conhecer a residência daquela mulher que a tratava tão bem e que em sua concepção infantil era uma princesa.

Seus olhos escuros desviaram momentaneamente para o homem taciturno ao lado da mulher e por mais que se sentisse apreensiva com o rosto sério do homem, ela não pôde deixar de questionar em um sussurro segredado para sua adulta confidente:

— Ele é o seu marido? Ele tem cara de mal.

Sasuke ergueu uma sobrancelha ao ouvir o que a menina tentava dizer em forma de segredo, antes de ver a sua companhia rir e negar com a cabeça.

— Não. Não querida. Ele é apenas um amigo meu, alguém que veio conhecê-la – explicou fazendo os olhos negros voltarem a estudar a figura imponente com inocência, mas o arrepio fez a menina segurar as saias bufantes de Sakura.

— Não quero conhecer o homem mal.

Sakura riu da menina antes de se erguer ainda com a pequena agarrada nas suas saias. Ela era capaz de ver toda a dúvida estampada no olhar de Sasuke, por isso ela finalizou:

— Não o tema. Um dia você verá que ele não é um homem mal, apenas tem essa cara de ranzinza, mas a verdade é que ele não morde.

O homem estreitou o olhar para a mulher cínica que deu um leve dar de ombros antes de ver a menina assenti lentamente e desconfiada.

— Já é hora de partir – a Baronetesa anunciou para a menina de olhos arregalados que protestava:

— Mas a senhora mal chegou – se agarrou com as duas mãos nas saias de Sakura por mais que ainda segurasse as flores recém-colhidas. – Não vai!

— É preciso, minha pequena – a mulher sorriu ternamente acariciando o rostinho infantil. – Porém, mais uma vez prometo que retornarei assim que possível. Aguardará meu retorno sem desconfiar que eu não retornarei?

— Sim – murmurou derrotada.

— Pois bem – a Baronetesa ergueu o olhar para a jovem empregada que era responsável pela pequena camponesa e que prontamente se agachou para convencer a menina a soltar as saias caras e negras de Sakura. – Comporte-se, ok?

— Sim, senhora – a menina abaixou a cabeça com obediência antes de reerguer os olhos como se lembrasse de algo e com a mesma volatilidade ela pegou uma das flores de campo e esticou para a mulher de caras vestes. – Eu acabei de colher essas flores. Gosto de flores.

— Elas são lindas mesmo, minha querida – Sakura aceitou de bom grado a simples flor de campo de pétalas brancas e centro amarelo. – Eu também gosto muito de flores e a colocarei nos meus aposentos.

A menina sorriu largamente exibindo o típico sorriso banguela e inocente que uma criança de tão tenra idade apresentava de forma tão espontânea.

Sakura fez uma mesura antes de começar a se afastar das duas com um olhar baixo.

Sasuke a acompanhou no mesmo passo oferecendo o seu braço e como se já fossem acostumados a tal, ela o aceitou espontaneamente enquanto desciam o declive irregular em direção a sua carruagem.

O homem notou como sua companheira parecia área e não questionou nada até que os dois estivessem acomodados dentro da pomposa carruagem em movimento.

No momento em que ele viu o primeiro arco de copas camuflar a carruagem, ele questionou:

— Creio que a senhora seja conhecedora das minhas atuais dúvidas.

Sakura assentiu com um suspiro antes de voltar a sustentar o olhar negro e inabalável do seu cunhado.

— Uma vez o senhor que me questionou como seu irmão seria capaz de se casar com alguém como eu – ela iniciou fazendo-o estreitar o olhar em dúvida. – Creio que para compreender nossa atual situação eu deva lhe contar a minha história e a história do seu irmão.

Ele assentiu como um pequeno estímulo para que ela prosseguisse.


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Notas finais do capítulo

Continua...

Agora está fácil para vocês adivinharem o que aconteceu hahaha
Sakura vai explicar tudo direitinho no próximo, mas esse capítulo deixou fácil esse pequeno mistério pra vocês!

OBS: As atualizações ocorrerão toda quarta e domingo nessas férias como eu expliquei na Página do Face!

Obrigada por lerem pessoal! Qualquer coisa informarei na Página:
https://www.facebook.com/gabyfanfiction/



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