Paternity escrita por Bruninhazinha


Capítulo 6
Ciúmes




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Chegava a ser assustador o quanto Boruto parecia com o pai — não só fisicamente, como também em personalidade. Aos sete meses de idade, ele já revelava ser um garotinho genioso, levado e muito inteligente. Enfiava na boca quase todos os objetos que encontrava — resultando em dois pais desesperados, tendo que ficar de olho nele a cada segundo — e já engatinhava.

Além disso, não revelou qualquer resistência em ser paparicado por pessoas que não fossem sua família. Dava os bracinhos para qualquer um, era todo sorrisos e chamava a atenção por ser bem humorado.

Naruto achava que, por parecerem muito — e também pela convivência diária —, nada que envolvesse o filho o surpreenderia. Até aquela noite.

Os Uzumakis resolveram convidar os amigos íntimos para um jantar casual numa noite de domingo. Hinata preparou a refeição, Naruto organizou a casa e Boruto ficou o dia inteiro no cercadinho, onde a mãe pudesse vigiá-lo.

Às oito da noite, a mesa já estava posta e os convidados chegaram. O casal Nara foi recebido com cumprimentos calorosos e o mesmo ocorreu com os Uchihas — apenas Sasuke permaneceu insípido em relação a todo aquele afeto que, em sua opinião, era um exagero.

Temari colocou Shikadai junto a Boruto no tapete da sala e, mesmo que o moreninho fosse mais silencioso, os dois se deram bem, brincando com os brinquedos odontológicos e murmurando sons incompreensíveis.

Por ser muito nova e ainda não conseguir sentar-se sozinha, Sarada permaneceu nos braços do pai. Ela era a bebê mais fofa do mundo e arrancava suspiros onde quer que estivesse. Naruto sempre foi apaixonado pela afilhada e, quando a menininha o encarou com os grandes olhos de ébano e esticou os bracinhos pedindo colo, não resistiu e rendeu-se aos encantos da pequena Uchiha.

Assim, seus problemas começaram.

No momento em que encaixou Sarada nos braços, um som dissonante reverberou pelo cômodo. Boruto abriu o maior berreiro, chorando e gritando aos quatro ventos, irritado com algo que ninguém sabia o que poderia ser. Ele mordeu o braço de Shikadai — que, após isso, também chorou —, atirou os brinquedos para longe e fez o inesperado: se recusou a permanecer no colo da mãe. Toda vez que a morena tentava acalmá-lo era empurrada pelas mãozinhas minúsculas. Mesmo sendo miúdo, Boruto conseguiu causar um caos com sua carranca.

A situação se apaziguou quando Naruto devolveu a afilhada à Sasuke e segurou o filho — o pequeno agarrou seu pescoço com força e, para sua total surpresa, fuzilou Sarada com o olhar.

Sua primeira reação foi o choque, depois gargalhou, concluindo que, no quesito personalidade, Boruto tinha sim suas discrepâncias. Sabia muito bem de quem todo aquele ciúme foi herdado, ah, como sabia.

— Eu não sou ciumenta. — Hinata defendeu-se, mais tarde, no quarto. Naruto estava escorado na cabeceira da cama com o filho entre as pernas.

— Ah, não? — sorriu de canto, pegando o neném e o colocando com as costinhas apoiadas em seu abdômen nu e definido. Boruto enfiou o polegar na boca, sugando-o e Naruto observou, malicioso, a esposa passar uma generosa quantia de creme nas pernas. — Sempre que aquelas fãs lunáticas vêm para cima de mim você dá um treco, amor.

Hinata estancou no lugar.

— Elas não têm um pingo de vergonha na cara! — exclamou, contrariada e crispou os lábios. — Você não pode nem sair na esquina que já tem um bando de depravadas te esperando.

O ninja conteve uma gargalhada alta e o pequeno levantou o rostinho, encarando a face do pai, curioso e ainda chupando o dedo.

— Sabe, Boruto, — iniciou um de seus costumeiros monólogos com o filho. Sabia que o loirinho ainda não entendia e contava isso só para provocar a esposa — sua mãe tem essa carinha de anjo, mas sabe ser assustadora quando quer. Ela quase matou uma coitada que me deu um presente.

— Não foi só por causa do presente. — contestou, rolando os olhos, entretanto o shinobi fingiu não escutar, continuando a narrativa.

— Sua mãe ameaçou fechar todos os tenketsus da menina se ela ousasse se aproximar de mim novamente. — levantou os orbes para a figura feminina e sorriu de canto ao vislumbrá-la com a face em tom rubro; voltou a atenção para o mais novo. — Eu e seu tio Sasuke tivemos que segurá-la e por pouco não pedimos reforços.

— Não seja exagerado. — bufou.

— A coitada da menina deve ter pesadelos até hoje.

Ao olhar a esposa soube que ela estava queimando de raiva só por relembrar o acontecido. Riu internamente. Hinata era um doce, um amor, um verdadeiro anjo na terra, quieta, tímida, mas ai de quem ousasse atravessar os limites de sua paciência. Naruto reconhecia que estava se aventurando em um terreno perigoso, todavia foi mais forte que ele. Conseguir importunar a morena quando bem entendesse era uma arte que só ele dominava — e também amava ver o biquinho emburrado nos lábios da jovem.

— Aquela vaca estava te despindo com os olhos. — explicou-se como se essa fosse o melhor pretexto do universo. — Duvido que demoraria para te atacar.

— Hina, aceite.

— Eu não sou ciumenta, ponto. — afirmou como uma criança emburrada. — Só cuido do que é meu.

Satisfeito, sorriu e ela corou com as próprias palavras.

— Chega de baboseiras! — a moça exclamou estendendo os braços para o bebê, que riu mostrando os únicos dois dentinhos da frente que ainda cresciam, em êxtase por ficar no colo da mãe. — Já está na hora de dormir.

Naruto colocou as mãos atrás da nuca, repuxando os lábios em um sorriso travesso.

— Viu só, neném? — forçou uma vozinha infantil olhando diretamente para o filho, que balançou os bracinhos gordos, entorpecido pelo timbre do pai. — Ela não quer aceitar a verdade. — continuou entonando de maneira fina para Boruto, que soltava uma risada doce e gostosa. — As outras garotas ficam em cima do papai, mas o papai só tem olhos para a sua mãe.

Hinata estufou as bochechas coradas e encaminhou-se, pisando duro, até o quartinho infantil com o filho no colo, a gargalhada do marido ressoando atrás de si.


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